O Estado de São Paulo (2020-06-02)

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H4 Especial TERÇA-FEIRA, 2 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

Suas exigências provo-

cam desentendimentos,

porque outras pessoas fazem

também as delas e, se ninguém

começar a fazer concessões,

então o que acontece agora é

tudo que acontecerá no futuro

também. Não sair do lugar.

LEÃO 22-7 a 22-8

O que você precisa é de

união e não de mais con-

flitos. Esse estado de discórdia

há de ter servido para alguma

coisa positiva, a de, pelo menos,

você chegar ao ponto de exaus-

tão e, por isso, começar a andar

por outro caminho.

TOURO 21-4 a 20-5

Os vínculos são precio-

sos, não porque brin-

dem a você sempre com boas

coisas, mas porque fornecem os

conflitos necessários para que

sua alma faça ajustes. Os relacio-

namentos nunca estão prontos,

são obras em andamento.

Muitas coisas são ditas,

poucas batem com suas

sensações e visões. Por isso,

continue você a amadurecer

suas ideias próprias, tomando

distância do barulho que as pes-

soas fazem na tentativa de te-

rem a razão.

Entre as obrigações e

seus desejos não há de

haver discordância, mas união,

porque de outra forma você fica-

ria no lugar dando cabeçada,

sem atinar a que direção tomar.

Procure superar os dilemas,

mesmo não os resolvendo.

SAGITÁRIO 22-11 a 21-12

LIBRA 23-9 a 22-10 CAPRICÓRNIO 22-12 a 20-1

Neste momento, as dis-

cordâncias parecem ocu-

par todo o cenário, mas seria

melhor você as tratar com dis-

tanciamento, evitando que to-

mem todo seu tempo. Com dis-

tanciamento, você manterá cla-

reza a respeito das prioridades.

As exigências que lhe

são feitas precisam ser

aceitas com a menor resistên-

cia possível de sua parte. De

início, a surpresa fará você ado-

tar atitudes defensivas, mas

será melhor passar por isso ra-

pidamente. Melhor.

Compartilhe tudo, mas

principalmente compar-

tilhe espaço e conhecimento

para que todas as pessoas en-

volvidas possam colaborar e

agir em uníssono. Ao mesmo

tempo, deixe de compartilhar

suas queixas e lamúrias.

Que nada saia como

você queria não é neces-

sariamente um castigo por al-

go que você tenha feito errado.

Neste caso, é um sistema mis-

terioso de proteção que tenta

inspirar sua alma a enxergar

outros caminhos diferentes.

É natural que você en-

contre dificuldade para

se fazer entender, porque suas

ideações andam na mesma velo-

cidade do pensamento. Contu-

do, todo esforço que você fizer

para o entendimento será co-

roado de bons resultados.

ÁRIES 21-3 a 20-4

ESCORPIÃO 23-10 a 21-11

É enorme, atualmente,

a tensão entre seus de-

sejos e as possibilidades ime-

diatas que fariam esses dese-

jos encontrar a satisfação.

Passe por isso com dignida-

de, porque este não é o cená-

rio definitivo.

AQUÁRIO 21-1 a 19-2

VIRGEM 23-8 a 22-9

Há toda uma transição

em andamento, que vo-

cê precisa trilhar com destreza

e sabedoria, resistindo o me-

nos possível a todas as mudan-

ças que se apresentarem, já

que são inevitáveis. Resistir ao

inevitável é sofrer.

GÊMEOS 21-5 a 20-6 PEIXES 20-2 a 20-3

CÂNCER 21-6 a 21-7

[email protected]

S

e tanto precisas ter um inimigo para concentrar tua
raiva, tua revolta, então faz um favor a ti, escolhe
bons inimigos, porque a dignidade de teus inimigos
será também o nível de dignidade de tua luta. Escolhe, por
exemplo, a preguiça com que trataste os assuntos mais
próximos, os que afetam teus relacionamentos com as pes-
soas com que convives, procrastinando a um futuro incer-
to o que poderia ter sido feito de imediato. Escolhe como
inimigo mortal tua preferência pela fantasia que só traz
prazer exclusivamente a ti, e que, mediante a prática, te le-
va a tratar as pessoas com objetos descartáveis. Escolhe ter
como inimigo o desrespeito aos teus semelhantes e diferen-
tes, para que deixes de semear divisões fratricidas. Escolhe
bem teus inimigos.

QUIROGA

Escolhe bem teus inimigos

Vênus e Marte em quadratura;

Lua Vazia das 7h41 até 13h07 HB

Dá o play*

Q

uando se fala em formatos

de podcasts – como tenho

feito nas últimas semanas

neste espaço –, o objetivo é também

estimular os leitores e produtores a

pensar em maneiras de diversificar

a produção e a terem ideias.

Muitas vezes, o formato “diver-

so” não quer dizer uma equipe enor-

me envolvida na produção, um gê-

nio da edição ou mesmo meses e me-

ses de escrita de um roteiro comple-

xo. Em alguns casos, a ideia inicial

dá conta de boa parte do recado.

É o que se vê no podcast Nigel

Goodman. Produzido e narrado pelo ro-

teirista e comediante carioca Nigel

Goodman, também escritor, “jardinei-

ro indoor”, “costureiro aposentado” e

“juiz de luta livre”, o podcast é um

“podcast para dormir”.

Numa voz pelo menos uma oitava

abaixo do seu tom comum, Goodman

deixa claro em todo início de progra-

ma que seu objetivo é fazer o ouvinte

dormir. “Você não precisa prestar aten-

ção no que está ouvindo, porque eu

não estou prestando atenção no que

estou falando”, explica – mas é difícil

imaginar que o podcast não tenha um

texto trabalhado, ou no mínimo uma

estrutura de tópicos bem montada.

Ao atuar em várias frentes – do

stand-up à literatura, seu livro mais re-

cente, Entrevista com a Pedra, está dis-

ponível na Amazon, e narra as aventu-

ras de um repórter frustrado com o ti-

po de matéria que deve produzir –

Goodman acumula diferentes habili-

dades, da entrega das piadas (o deli-

very está para a comédia assim como a

direção de fotografia para o cinema, é a

forma) ao texto bem construído, com

toques de absurdo desde a premissa

inicial do programa.

A modulação da voz é um dos aspec-

tos: outro que, numa manobra retórica

ganha um efeito cômico muito particu-

lar, é a construção das frases, o uso de

“reticências” entre orações interco-

nectadas e no limite do sentido. É real-

mente curioso como um punhado de

construções retóricas sobre o nada al-

cança esse efeito, mas qualquer espec-

tador de Seinfeld (aparentemente, em

menor quantidade do que nunca) sabe

do que estou falando.

Geralmente com episódios de 10 a

20 minutos, o podcast Nigel Goodman é

apenas a voz do narrador, e o ambiente

urbano (e noturno, afinal é um pod-

cast para dormir) faz a trilha sonora: o

som dos escapamentos das motocicle-

tas é marca registrada, reconhecível pe-

los ouvintes mais antigos.

Num dos episódios recentes, ele con-

ta que foi ao supermercado comprar

manteiga, papel toalha e guardanapo.

“Tenho certeza que as pessoas... na fi-

la... achavam que eu tava comprando

essas coisas... pra usar de papel hi-

giênico”, diz, em protesto silencio-

so contra os acumuladores. Ao con-

tinuar falando sobre a quarentena e

a necessidade de lutar contra uma

crise de cada vez, explica que ficou

paranoico na loja. “A gente faz coi-

sas sem pensar. Eu comprei duas

cueca slip da Zorba, aquela fininha

na borda, e uma camiseta do Super-

Homem. Nunca na minha vida com-

prei nada na seção de roupas do Car-

refour... mas eu entrei e comprei

uma camiseta do Super-Homem.

Com certeza, tem uma questão psi-

cológica aí...” Boa parte de qualquer

piada é a premissa e, quando a pre-

missa de um podcast é tão boa quan-

to essa – fazer “dormir” –, o que vier

em seguida é lucro.

Podcasts e humor (3)

GUILHERME SOBOTA

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