O Estado de São Paulo (2020-06-03)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:B-1:20200603:B1 QUARTA-FEIRA, 3 DE JUNHO DE 2020 INCLUI CLASSIFICADOS O ESTADO DE S. PAULO


E&N


ECONOMIA & NEGÓCIOS


TCU vê irregularidade no pagamento


de auxílio emergencial a 8,1 milhões


Mesmo relatório aponta que outros 2,3 milhões de trabalhadores que teriam direito aos R$ 600 foram excluídos do cadastro; Corte usou


dados da Pnad Contínua, do IBGE, para comparar com os valores depositados pelo governo na primeira parcela do benefício, em abril


Corte quer busca de ‘excluídos’


que têm direito a benefício


Idiana Tomazelli / BRASÍLIA


Um relatório do Tribunal de
Contas da União (TCU) aler-
ta para o risco de 8,1 milhões
de brasileiros terem recebido
indevidamente o auxílio
emergencial de R$ 600, pago
a trabalhadores informais, au-
tônomos, microempreende-
dores e desempregados que fi-
caram sem renda durante a
pandemia do novo coronaví-
rus. Por outro lado, 2,3 mi-
lhões de cidadãos que estão
no Cadastro Único de progra-
mas sociais podem ter sido ex-
cluídos mesmo fazendo jus
ao benefício.
Os dados fazem parte de um
relatório de acompanhamento
do auxílio emergencial obtido pe-
lo Estadão/Broadcast. O relator
da fiscalização é o ministro Bru-
no Dantas. O parecer, que deve
ser apreciado hoje pelo plenário
da Corte de Contas, faz uma
série de recomendações ao go-
verno federal para aprimorar a
gestão do programa e evitar o pa-
gamento irregular de benefícios
(mais informações nesta página).
Os técnicos do TCU usaram
dados de 2019 da Pnad Contí-
nua, pesquisa realizada pelo IB-
GE e que traz informações deta-
lhadas sobre emprego, renda e
composição domiciliar, para es-
timar quantos brasileiros se-
riam elegíveis aos R$ 600 do au-
xílio emergencial. Com base nis-
so, eles compararam com os da-
dos divulgados pelo governo fe-
deral sobre o pagamento da pri-
meira parcela, em abril.


O Estadão já mostrou que
brasileiros vivendo no exterior
estão recebendo o auxílio emer-
gencial. Jovens militares das
Forças Armadas, dependentes
de famílias beneficiárias de pro-
gramas sociais também foram
contemplados.
Pelas contas dos auditores,
21,2 milhões de cidadãos deve-
riam obter a ajuda por meio do

aplicativo ou site da Caixa Eco-
nômica Federal. No entanto, o
número de concessões foi bem
maior, de 29,3 milhões. Por ou-
tro lado, o TCU previa 13,1 mi-
lhões de cadastrados no Ca-
dÚnico fora do Bolsa Família
como beneficiários, mas o nú-
mero efetivo foi de 10,8 mi-
lhões.
Os números projetados e efe-

tivados sobre os beneficiários
do Bolsa Família foram bastan-
te semelhantes. No saldo final,
a diferença pode gerar um paga-
mento indevido de R$ 3,6 bi-
lhões ao mês, alertou a Corte.
Ainda de acordo com o relató-
rio, há também divergências en-
tre a quantidade de benefícios
pagos em dobro a mulheres che-
fes de família (9,4 milhões) e a

projeção do TCU para o núme-
ro de mães nessa condição (
milhões), sempre consideran-
do os dados da Pnad Contínua.
O auxílio é pago a brasileiros
maiores de 18 anos com renda
de até R$ 522,50 por pessoa, ou
R$ 3.135 por família. No caso do
cadastro pelo site ou aplicativo,
as informações prestadas são
autodeclaratórias, ou seja, o

próprio beneficiário é quem
preenche dados de renda e com-
posição familiar.
A Dataprev faz cruzamentos
com outras bases para verificar
se as informações estão corre-
tas – mas os resultados têm de-
monstrado fragilidades no siste-
ma. O próprio TCU critica no
documento a baixa integração
entre os cadastros públicos.

BRASÍLIA


Entre as sugestões incluídas
no relatório de acompanha-
mento do Tribunal de Contas
da União (TCU), que deverá
ser apreciado hoje pelo plená-
rio da Corte, está o uso da rede
do Sistema Único de Assistên-


cia Social (SUAS) para buscar
por brasileiros que têm direito
à ajuda, mas neste momento es-
tão sendo excluídos por barrei-
ras tecnológicas e até de apren-
dizado.
Os técnicos estimam que 2,
milhões dos “invisíveis”, públi-
co que precisa fazer o cadastro

no site ou aplicativo da Caixa
para ganhar o auxílio, vivem
em domicílios sem nenhum ti-
po de acesso à internet. Outras
734 mil pessoas não saberiam
ler nem escrever.
“Há um potencial risco de ex-
clusão dessas pessoas caracte-
rizadas por vulnerabilidades
sociais e, muitas vezes, perten-
centes a comunidades tradicio-
nais ou distantes de centros ur-
banos”, diz o documento, que
recomenda a utilização da rede
de 8.357 Centros de Referência

de Assistência Social (Cras) pa-
ra fazer a busca dos elegíveis.
O TCU também orienta o go-
verno a desenvolver um meca-
nismo simplificado de atualiza-
ção mensal do cadastro de be-
neficiários de programas so-
ciais. Na fiscalização, os técni-
cos detectaram que mais de 12
milhões de famílias atualiza-
ram suas informações no Ca-
dÚnico há mais de um ano, e
outro um milhão de famílias,
há mais de dois anos. Isso signi-
fica que o rendimento informa-

do pode estar defasado, indu-
zindo o sistema de análise do
auxílio a erro.
“Uma separação ou inclusão
de novos membros no grupo fa-
miliar não registrada pode dei-
xar um cadastrado equivocada-
mente inelegível para o benefí-
cio emergencial ou prejudicar
seu enquadramento em grupo
especial”, diz o relatório. “Um
aumento na renda familiar ou a
obtenção de um emprego for-
mal são exemplos de altera-
ções que, se não registradas, fa-

zem o cadastrado constar co-
mo equivocadamente elegível
para o auxílio emergencial.
Os técnicos ainda recomen-
dam ao governo que desenvol-
vam uma ferramenta de presta-
ção de contas anual de renda
pelo beneficiário de programas
sociais. Seria uma espécie de
declaração do Imposto de Ren-
da, só que apresentada pelos
brasileiros que são contempla-
dos com algum benefício, co-
mo o Bolsa Família ou o pró-
prio auxílio emergencial.” / I.T.

Luci Ribeiro / BRASÍLIA
Aline Bronzati / SÃO PAULO


O governo federal editou a me-
dida provisória (MP) ontem
que criou o Programa Emergen-
cial de Acesso a Crédito e fez
alterações em duas leis na tenta-
tiva de destravar empréstimos
para as pequenas e médias em-
presas do País durante a pande-
mia do novo coronavírus.
Dentre os vários pontos, o tex-
to autoriza a União a aumentar
em até R$ 20 bilhões a sua parti-
cipação no Fundo Garantidor
para Investimentos (FGI), geri-
do pelo BNDES, exclusivamen-
te para a cobertura das opera-


ções contratadas no âmbito do
programa instituído pela MP.
O Ministério da Economia in-
formou que, para cada R$ 1 des-
tinado ao fundo, até R$ 5 em fi-
nanciamentos às pequenas e
médias empresas podem ser li-
berados. Desse modo, se o apor-
te somar os R$ 20 bilhões dispo-
níveis (liberados de acordo
com a demanda), até R$ 100 bi-
lhões poderão ser empresta-
dos.

Porém, a nova linha de crédi-
to ainda depende de regulamen-
tação. A expectativa do governo
é o programa estar “operacio-
nal” no fim deste mês e atender
empresas com faturamento en-
tre R$ 360 mil R$ 300 milhões
que empregam juntas 3,3 mi-
lhões de trabalhadores.
Medidas provisórias têm for-
ça de lei assim que publicadas
no Diário Oficial, mas precisam
ser aprovadas pelo Congresso
em até 120 dias para não perde-
rem a validade.

Opções. Antes dessa MP, o go-
verno já havia lançado outros
programas para os pequenos
negócios. No entanto, os resul-
tados ficaram aquém do espe-
rado. Como o Estadão/Broad-
cast mostrou, desde o início da
turbulência econômica defla-
grada pelo novo coronavírus,
os bancos já emprestaram
mais de R$ 900 bilhões em re-

cursos novos, renovações e
suspensão de parcelas de em-
préstimos, conforme balanço
da Federação Brasileira de Ban-
cos (Febraban) publicado na
segunda-feira. Apesar de o vo-
lume beirar R$ 1 trilhão, o re-

curso à pequena e média em-
presa ainda enfrenta dificulda-
des para chegar na ponta, seja
por problemas na oferta seja
até mesmo pelo baixo apetite
por endividamento frente às
restrições impostas para con-

cessão aos empréstimos.
Antes desse programa, o go-
verno já anunciou duas linhas
de crédito emergenciais, mas
que ainda não tiveram grande
impacto para os empresários.
Uma delas disponibiliza um
total de R$ 40 bilhões, com ju-
ros de 3,75% ao ano, mas que só
pode ser acessada caso as em-
presas não demitam os traba-
lhadores. Os recursos são de-
positados diretamente nas
contas dos funcionários. Co-
mo a adesão foi baixa até o mo-
mento, com R$ 2 bilhões em
crédito contratados, ela será
reformulada.
A outra é o Programa Nacio-
nal de Apoio às Microempre-
sas e Empresas de Pequeno
Porte (Pronampe). A linha de
crédito foi sancionada pelo
presidente em 19 de maio, para
capital de giro (despesas como
água, luz, aluguel, reposição de
estoque, entre outras), com
possibilidade de emprestar até
R$ 18 bilhões. Os juros são de
1,25% ao ano, mais a taxa Selic
(atualmente em 3% ao ano).

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


lA Câmara aprovou projeto da
líder do PSOL na Câmara, Fernan-
da Melchionna (RS), que prioriza a
mulher chefe de família para rece-
ber o auxílio emergencial em do-
bro, no valor de R$ 1,2 mil. Os de-
putados retomaram a possibilida-
de de conceder o benefício em
dobro aos pais solteiros. O texto
ainda precisa passar pelo Senado.
“Temos recebido relatos de
que mulheres estão sendo víti-
mas de fraudes por maridos que
nunca se responsabilizaram pelo
cuidado das crianças e que ca-
dastram os CPFs delas no siste-
ma do governo para receber o
auxílio em nome da família”, ex-
plicou Fernanda. De acordo com
o parecer aprovado, se houver
conflito de informações presta-
das pela mãe e pelo pai, preferên-
cia de recebimento será da
mães. / CAMILA TURTELLI

lAbrangência

Governo edita MP que destrava crédito para empresas


‘Pai’ da LRF defende atrelar meta para dívida a teto flexível. Pág. B3}


Prioridade para


receber auxílio é da


mãe chefe de família


WILTON JUNIOR / ESTADÃO - 19/6/

R$ 360 mil
é o piso do faturamento
que as companhias devem
ter para poderem participar
do programa e o teto é
R$ 300 milhões; as pequenas
e médias empresas
empregam juntas 3,3 milhões
de trabalhadores

Empréstimo. Operação é do FGI, gerido pelo BNDES

Programa para pequenos


e médios negócios terá


aporte de R$ 20 bi, mas


liberação de recursos


pode alcançar R$ 100 bi


WILTON JUNIOR / ESTADÃO - 6/5/

Auditoria. Número de concessões do benefício foi bem maior do que o estimado, segundo levantamento de técnicos do TCU

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