Elle - Portugal - Edição 381 (2020-06 & 2920-07)

(Antfer) #1

18 ELLE PT


FOTO: IMAXTREE

ESTILO


uandoabrimoso nossonavegadordeinternet,
e colocamosnabarradepesquisadoGooglea
palavra“Glossop”(nomedeumapequenavila
ruralpertodeManchester),as imagensquenos
surgemsãomuitosemelhantesàquiloque,nonossoimagi-
nário,se assemelhariaa umatradicionallocalidadebritânica
do interior: um amontoado de casas perdidas no meio de um
vasto labirinto de árvores e colinas onde, aparentemente, reina
aquela sensação de tranquilidade que tanto associamos a este
tipo de paisagem. Mas, por muito relaxante que seja este
ambiente, não poderia ser mais contrastante com o espírito
de uma das suas filhas mais pródigas: Vivienne Isabel Swire,
mais conhecida como Vivienne Westwood.
Nascida numa família humilde, a 8 de abril de 1941, teve
o seu primeiro contacto com a moda quando tinha apenas
oito anos, na Escola Católica de Tintwistle, que frequentava
juntamente com os seus irmãos (Olga e Gordon Junior). A
aula de costura (que acontecia uma vez por semana) era uma
das suas prediletas e por isso dedicava-se a ela intensamente,
enquanto devorava livros sobre os mais variados temas (um
hábito que cultiva até aos dias de hoje). Ainda que, naquela
altura, a sua forma favorita de pôr em prática essa paixão fosse
costurando pequenas bonecas de pano, quando tinha por volta
de 11 ou 12 anos, numa mistura de necessidade e vaidade
(uma condição que é inerente a particamente todos os seres
humanos) decidiu que estava na hora de dar o próximo passo,
e por isso, começou a costurar as suas próprias roupas. Foi
precisamente por volta desta altura que a sua vida começou

a mudar. Não por causa da costura (até porque, na década de
50, por muito prazer que lhe desse, esse tipo de atividade
era vista mais como um “plus” para uma jovem menina
prendada), mas antes porque foi uma das selecionadas para
entrar na Escola Secundária de Glossop, um espaço que lhe
abriu portas para um novo mundo: o das artes.
Perdeu-se de amor por este novo universo e, quando tinha
17 anos (altura em que se mudou com a família para a cidade de
Harrow, nos subúrbios de Londres), percebeu que, de alguma
forma, a sua vida passaria a estar ligada a esse meio. Na mente
da jovem designer, essa era uma ideia em parte encantadora
em parte irrealista. O simples facto de ter vindo de uma
família de classe média, de origens humildes, fazia com que
não percebesse como é que poderia transformar a sua paixão
num trabalho rentável. Por isso, depois de ter frequentado
apenas um semestre do curso de moda e joalharia, na Escola
de Artes de Harrow, a convite do seu professor, o Sr. Bell,
decidiu mudar de planos. Em vez de se especializar nessa
área, optou por alterar a estratégia e estudar para se tornar
professora de artes. Assim, se nada corresse bem enquanto
artista, poderia sempre dar aulas.

WHAT’S LOVE GOT TO DO WITH IT
Após ter terminado o curso (que foi conciliando com o traba-
lho numa fábrica) começou a lecionar numa escola primária
e vender joias feitas por si no mercado de Portobello Road
aos fins de semana. Na altura (início dos anos 60) o Reino
Unido começava a ganhar mais importância na indús-

GOD


SAVE THE


QUEEN!


VivienneWestwoodé muitomaisdoqueumasimples designer de moda.
É umverdadeiroícone que não tem medo de dizer o que pensa,
nemdelutarporaquiloemqueacredita. Por Vítor Rodrigues Machado

Q


CRIADORES

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