Elle - Portugal - Edição 381 (2020-06 & 2920-07)

(Antfer) #1
FOTOS: IMAXTREE (2) - JUERGEN TELLER (1)

ESTILO


20 ELLE PT


tria da moda, e o Rock’n’Roll, popularizado pelos Beatles,
começava a ser um estrondoso sucesso. No ar pairava uma
vibração de liberdade à qual Westwood não era indiferente,
especialmente porque os seus pés não resistiam a uma boa
batida. E foi precisamente devido a isso que, numa pista de
dança (assim como acontecera com os seus pais) , em 1961,
conheceu o seu primeiro marido, Derek Westwood.
Casaram-se rapidamente. E com a mesma velocidade que
se juntaram, separaram-se. Os dois tinham visões distintas da
vida e Vivienne queria recuperar a sua liberdade para poder
explorar melhor o mundo. O simples papel de mulher que
fica em casa à espera do marido não lhe assentava. Assim,
em 1963, acabou por se divorciar, pouco depois de ter tido
o seu primeiro filho (Benjamin Westwood).
Depois de ter terminado o casamento, Vivienne continuou
a dar aulas. No entanto, a sua carreira no ensino terminaria em
breve, depois de ter conhecido um dos colegas de universidade
do seu irmão: Malcolm McLaren. Os dois apaixonaram-se
perdidamente e alguns anos mais tarde acabaram por se
mudar, juntos, para um apartamento (juntamente com o
filho de Vivienne, Benjamin, claro), para um apartamento
em Clapham. Mas a relação era tudo menos fácil. Como a
própria recordou na seu livro biográfico «Ele portava-se
de uma forma tremendamente cruel. Profissionalmente,
pessoalmente, de todas as formas (...) Eu costumava bater-
-lhe. Um dia ele bateu-me também... Não conseguia sair
de casa sem me pôr a chorar.» Mas a relação manteve-se e,
em 1967, tiveram o seu primeiro filho juntos, Joseph Corré
(co-fundador da marca Agent Provocateur).

AT 430, KING’S ROAD
É em 1971 que a grande entrada da designer para o mundo da
moda se dá. Depois de ter deixado o ensino, Malcolm (que tal
como ela era um apaixonado por música) acreditou que seria

uma boa ideia revender discos de Rock’n’Roll da década de 50
e, assim, os dois abriram um espaço na parte de trás de uma
loja chamada Mr. Freedom, no nº430 de Kings Road, em
Londres. Mas Vivienne queria também ajudar neste espaço,
e foi então que decidiu começar a vender as suas roupas sob
o nome de Let It Rock (não porque tivesse grande vontade
de o fazer, mas porque queria apoiar o namorado).
Com o frenesim da época, a loja mudava de nome várias
vezes, como se fosse sempre um espaço novo. E, de facto,
era. Sempre que o nome era alterado, todo o seu interior era
transformado também, incluindo as peças de Westwood.
Era como se desenhasse novas coleções. Ali, ela explorou
e experimentou um pouco de tudo com a roupa, desde
reinterpretar o look Teddy da década de 50 ou construir
peças em cabedal e borracha repletas de fechos (inspirada
um pouco pela corrente fetichista que começava a surgir).
O grande Boom da marca dá-se em 1976, quando McLa-
ren cria os Sex Pistols (que se tornou num mega sucesso),
e a banda começa a usar roupas desenhadas pela designer,
repletas de simbolismos provocadores como suásticas ou
frases como God Save The Queen (título de um dos seus
maiores êxitos). Foram anos verdadeiramente loucos para a
designer. Mas tudo que é bom acaba rápido e, no início da
década de 80, Westwood estava desencantada com a forma
como a cultura punk se tinha tornado tão mainstream e,
por isso, decide mudar o nome da loja para World’s End (e
que mantém até aos dias de hoje), e investir a sério na sua
carreira como designer de moda, com a sua primeira grande
coleção a ser apresentada no ano de 1981.
Desde então, a designer britânica conseguiu tornar-se
num dos nomes mais respeitados da indústria da moda. A
forma como combina o punk, a alfaiataria inglesa, o roman-
tismo francês e a sexualidade, procurando ter sempre uma
voz politizada, garantiram-lhe sucesso após sucesso. Tanto
na sua linha principal como na secundária, Anglomania. E
tudo isto valeu-lhe ainda que, em 2006, fosse condecorada
com o título de Dama pela Rainha Isabel II.

MUNDO SUSTENTÁVEL
Existem três coisas que sempre caracterizaram Vivienne
Westwood: as suas sobrancelhas e cabelo pintados num
tom de ruivo intenso, as suas peças de roupa indiscutivel-
mente distintas e a sua voz ativa e contestatária, dentro e
fora das passerelles, sobre temas relacionados com política
e sustentabilidade. E claro que, neste momento, em relação
à última, podíamos apontar inúmeras situações, como uma
recente entrevista para o canal do YouTube da Vogue UK na
qual começou automaticamente a falar sobre a importância
da ecologia e como os manifestos anticapitalismo acabam
sempre por conduzir a um impacto no aquecimento global.
Mas quando o tema é sustentabilidade, mais importante

Imagem de campanha da coleção Ethical Africa, produzida
por mulheres locais para que ganhem um salário digno.
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