Um soldado norte-
-americano desembarca
na praia de Omaha
durante a invasão aliada da
França ocupada pelos
alemães no Dia D, em 6 de
Junho de 1944. Cerca de
sete mil embarcações
transportaram quase 160
mil soldados. Foi a maior
invasão por via marítima
da história e abriu caminho
para a libertação
da Europa.
ROBERT CAPA, INTERNATIONAL CENTER OF
PHOTOGRAPHY/MAGNUM PHOTOS
Sem acesso à Internet, nem aos outros meios
de comunicação instantâneos da actualidade,
antes da guerra, a maior parte destes homens e
mulheres pouco sabiam do mundo que existia
para lá das suas comunidades. Ao arrancá-los do
seu enquadramento familiar, a guerra expô-los a
terríveis novas experiências e pô-los à prova de
maneiras previamente inimagináveis. Para mui-
tos, esses desafios foram entusiasmantes.
Analise-se por exemplo o caso de Betty
Webb, de 18 anos (páginas 14-15), recrutada
para integrar o serviço britânico de opera-
ções secretas de decifração em Bletchley Park.
Betty foi uma de muitas mulheres cujo traba-
lho se revelou crucial para o esforço de guerra
dos seus países e que, nesse percurso, desco-
briram uma noção de amor-próprio e indepen-
dência que nunca tinham conhecido.
Harry T. Stewart, Jr. (páginas 20-21), de 20
anos, neto de um homem nascido na escrava-
tura, também provou o seu valor. Esse nova-
-iorquino que nunca conduzira um automóvel
tornou-se piloto de caças dos Tuskegee Air-
men, o famoso esquadrão de combate exclusi-
vamente constituído por negros, participando
em 43 missões de combate e sendo condecora-
do com a Distinguished Flying Cross.
Estes triunfos são inspiradores e devem ser
comemorados. Porém, aquilo que domina as
histórias dos sobreviventes são as tragédias
sofridas por muitos, quer em representação
das forças aliadas quer do Eixo. Os seus relatos
testemunham o horroroso inferno da Segunda
Guerra Mundial, a brutalidade, o sofrimento
e o terror vividos e infligidos pelos dois lados.
Particularmente impressionante é o depoi-
mento de Victor Gregg (página 18), um soldado
britânico capturado pelos alemães. A sua pri-
são foi destruída pelas bombas lançadas pelos
Aliados sobre Dresden em Fevereiro de 1945.
Gregg assistiu à morte de civis alemães carbo-
nizados (cerca de 25 mil morreram) ficou para
sempre marcado por um sentimento de culpa
e de vergonha. “Eram mulheres e crianças”,
disse. “Eu nem queria acreditar. Nós éramos,
supostamente, os bons da fita.” A sua história,
como tantas outras, deve deixar uma marca in-
delével nas nossas memórias.
Mais informação na Internet
Veteranos e sobreviventes de todo
o mundo partilham experiências
da guerra vividas na primeira pessoa
em natgeo.com/ww2.
Como esta reportagem se concretizou
Exprimimos o nosso especial
agradecimento ao fotógrafo Robert Clark
e ao seu pai, “Russell” Clark, veterano da
Marinha de Guerra dos EUA, R.R. (páginas
2 e 18), que inspirou esta história, e às
numerosas pessoas que acolheram
Robert e os nossos jornalistas em suas
casas e partilharam as suas recordações.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 13