O Estado de São Paulo (2020-06-04)

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O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 4 DE JUNHO DE 2020 NotaseInformações A


O

presidente Jair Bolsonaro qualifi-
cou como “marginais” e “terroris-
tas” os grupos que se denominam
“antifascistas” e que foram às
ruas no fim de semana passado
para protestar contra seu gover-
no. É assim que o presidente da República resol-
veu tratar movimentos que, a despeito das restri-
ções impostas pela pandemia de covid-19, come-
çam a sair de casa para expressar seu repúdio a
ele e a seu sistemático desrespeito à democracia.
Até agora, as ruas pareciam ser um território
francamente dominado pelos camisas pardas do
bolsonarismo. Hostis à quarentena imposta em
quase todo o País para conter a pandemia, esses
celerados desafiaram autoridades e realizaram
frequentes protestos ao longo dos últimos meses,
promovendo aglomerações em locais públicos e,
assim, contribuindo para a disseminação do coro-
navírus, em claro atentado à saúde pública.
Em diversas ocasiões, o presidente da Repú-
blica, em pessoa, participou desses atos, esti-
mulando seus apoiadores a continuar a afron-
tar governadores de Estado que haviam adota-
do medidas restritivas – tratados publicamente
como inimigos por Bolsonaro. O presidente


tampouco pareceu incomodar-se com as faixas
de teor golpista que infestavam esses protestos
contra o Judiciário e o Legislativo e demanda-
vam “intervenção militar”.
A insolência dos bolsonaristas jamais foi obje-
to de crítica ou censura por parte
do presidente, nem mesmo quan-
do se soube que havia armas no
acampamento de seus apoiado-
res em Brasília – cujos integran-
tes se apresentam como o “exérci-
to que vai exterminar a esquer-
da”. A líder desse bando chegou a
divulgar um vídeo na internet em
que faz ameaças diretas de violên-
cia contra o ministro do Supremo
Tribunal Federal Alexandre de
Moraes, dizendo que iria “inferni-
zar a vida” do magistrado.
Além disso, tem sido frequen-
te, nas manifestações bolsonaristas, a presença
de símbolos de um grupo paramilitar ucraniano
de extrema direita que se identifica com o nazis-
mo. Houve até um deputado bolsonarista que dis-
se que “está na hora de ucrânizar (sic) o Brasil”,
referindo-se aos confrontos que derrubaram o

governo ucraniano em 2014, especialmente ao
momento em que os manifestantes jogaram um
deputado em uma caçamba de lixo – sonho de
dez em dez bolsonaristas, hostis à política e à de-
mocracia representativa.
Para Bolsonaro, esse é o “povo”
que “quer liberdade, quer demo-
cracia”. Já os cidadãos que, cansa-
dos de tanta afronta à democracia,
resolveram deixar o confinamen-
to para demonstrar seu absoluto
repúdio a essa escalada autoritá-
ria, estes são chamados de “terro-
ristas” pelo presidente. “Não pode-
mos deixar que o Brasil se trans-
forme no que foi há pouco tempo
o Chile”, disse Bolsonaro, aludin-
do aos protestos contra o governo
chileno em 2019, que em vários
momentos se tornaram violentos.
“Não podemos admitir isso daí. Isso, no meu en-
tender, é terrorismo. A gente espera que esse mo-
vimento não cresça, porque o que a gente menos
quer é entrar em confronto com quem quer que
seja”, acrescentou o presidente, em ameaça ex-
plícita de violência contra seus opositores – exa-

tamente como fez seu ídolo, o presidente ameri-
cano, Donald Trump, que também chamou os
manifestantes que tomaram as ruas dos Estados
Unidos de “terroristas” e ofereceu o Exército pa-
ra enfrentá-los.
Com isso, Bolsonaro reivindica para seus fanáti-
cos devotos o exclusivo usufruto das ruas como
local de manifestação. Quem quer que ouse ocu-
pá-las para questionar seu governo, apontar sua
inépcia diante da pandemia e da crise econômica
e denunciar seus frequentes atentados à democra-
cia é, aos olhos do presidente, um delinquente.
Nada disso é por acaso. Premido pelo corona-
vírus e seu monumental impacto na vida nacio-
nal, obrigado a negociar cargos com a bancada
da boquinha no Congresso para evitar um impea-
chment e assombrado por investigações poli-
ciais contra si mesmo e contra os filhos, Bolsona-
ro parece disposto a derrubar o tabuleiro de xa-
drez diante do xeque. O presidente inventa um
confronto, que tão avidamente deseja, não só pa-
ra intimidar seus opositores, mas principalmen-
te para desviar a atenção de sua clamorosa inca-
pacidade de governar.
No que depender dos brasileiros decentes, não
vai conseguir nem uma coisa nem outra.

N


a campanha elei-
toral de 2018, o
então candidato
Jair Bolsonaro
prometeu reali-
zar uma ampla
agenda reformista e, em espe-
cial, muito falou sobre a neces-
sidade de uma renovação da
política. No entanto, uma vez
no cargo, o presidente Bolsona-
ro esqueceu completamente o
assunto. Até agora não houve
nenhum movimento seu para
promover a tão necessária re-
forma política.
Jair Bolsonaro fala com fre-
quência em democracia e em li-
berdade, o que em tese tem re-
lação direta com a reforma do
sistema político. Mas o fato é
que, até o momento, ele não
apresentou nenhuma proposta
para aprimorar a democracia
ou ampliar a proteção das liber-
dades. A completa ausência de
ideias nessa seara é contraditó-
ria com a própria biografia do
presidente. Por quase três déca-
das, Jair Bolsonaro foi deputa-
do federal, tendo passado, ao
longo desse tempo, por muitos
partidos. O presidente Bolsona-
ro deveria, portanto, conhecer
o sistema político e, se está
mesmo disposto a renovar a po-
lítica, como tantas vezes afir-
mou, tem a obrigação de apre-
sentar ao menos um conjunto
de propostas sobre o tema.
Não o fez e não há nenhuma in-
dicação de que o fará.
Sendo um tema vital para o
País, a reforma política não po-
de ficar à mercê da indiferença
do presidente da República. Ca-
be ao Congresso levá-la adian-
te. Só assim – avaliando as re-
gras atuais do sistema político,
enfrentando suas distorções,


aprendendo com a experiência
nacional e internacional e pro-
pondo as mudanças necessárias


  • a atual legislatura fará jus ao
    anseio popular, expresso nas ur-
    nas de 2018 e que renovou em
    proporções inéditas as cadeiras
    do Congresso, de uma profun-
    da transformação da política.
    Entre os temas obrigatórios
    de uma reforma política séria,
    que não venha a alterar algumas
    regras simplesmente para man-
    ter tudo como está, está o finan-
    ciamento dos partidos políticos
    com recursos públicos. A exis-
    tência do Fundo Partidário e do
    Fundo Eleitoral, destinando di-
    nheiro público a entidades pri-
    vadas, é uma aberração.


Com o sistema atual, ter um
partido é um excelente negócio
privado, o que estimula a cria-
ção de novas legendas, sem ne-
nhuma representatividade.
Além disso, com o financiamen-
to público, o partido registrado
no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) não precisa buscar pes-
soas que apoiem e banquem
suas atividades. É preciso mu-
dar esse modo de funcionamen-
to tão deletério.
Outro tópico da reforma po-
lítica é o fortalecimento da cláu-
sula de barreira, que já existe,
mas pode se tornar ainda mais
eficaz, com o aumento do pata-
mar mínimo de representativi-
dade das legendas. Hoje, são 33
partidos registrados no TSE.
Além de dificultar a governabili-
dade, esse número de legendas


  • quase todas sem nenhuma
    identidade programática – facili-
    ta a transformação da política
    num balcão de negócios.
    Um tema de grande impor-
    tância diz respeito ao modo co-
    mo o eleitor escolhe os candi-
    datos. Muitos países adotam,
    com grande sucesso, o voto dis-
    trital. Ao aproximar o candida-
    to do eleitor, ele contribui para
    diminuir o custo das campa-
    nhas eleitorais e melhorar a re-
    presentação. Atualmente, tra-
    mitam no Congresso projetos
    sobre o chamado voto distrital
    misto, no qual o eleitor faz na
    urna duas escolhas: o candida-
    to de seu respectivo distrito e
    o partido de sua preferência.
    Não é o ideal, mas pode ser um
    passo positivo.
    Cabe também à reforma po-
    lítica avaliar o calendário elei-
    toral. A separação das eleições
    para o Executivo e para o Le-
    gislativo pode ajudar a reduzir
    a fragmentação política, que
    tanto mal causa à governabili-
    dade e, muitas vezes, faz sub-
    meter o interesse público a ne-
    fastas barganhas.
    São muitos os temas que uma
    reforma política deve enfrentar,
    com realismo – soluções utópi-
    cas são inúteis – e audácia. O
    que não pode haver é uma aco-
    modação com um sistema cujos
    defeitos são tão evidentes. Por
    óbvio, também não se pode per-
    mitir que um candidato chegue
    à Presidência da República pre-
    gando a renovação da política e,
    uma vez no cargo, não faça na-
    da para melhorar o sistema po-
    lítico. Tal manobra significaria
    clara manipulação do anseio po-
    pular, valendo-se do desejo de
    mudança para manter tudo co-
    mo está. Chega de engodo.


A


votação do Proje-
to de Lei
2.630/2020 sobre
notícias falsas foi
adiada, o que nos
dá a oportunida-
de de evitar que mais uma
“boa intenção” redunde em er-
ro. Os princípios originais da
internet a definiram como
uma estrutura única, abrangen-
te, não excludente e sem um
centro de controle. Os milha-
res de redes autônomas que a
compõem aderiram esponta-
neamente ao adotarem seus
princípios e seu protocolo de
funcionamento. Parte impor-
tante dessa concepção está ins-
crita no Marco Civil da Inter-
net, lei que é vista, internacio-
nalmente, como exemplo de le-
gislação para a internet.
O Marco Civil defende os
princípios originais da internet
e seus usuários. Ao fazê-lo, esta-
belece direitos e responsabilida-
des para toda a cadeia que cons-
titui a rede. Importante é notar
o necessário equilíbrio: uma lei
que apoia a rede no País, mas
que não a segmenta. Temos a
“internet no Brasil” e não a “in-
ternet do Brasil”. É uma rede
única que serve a todos.
Se a espantosa resiliência da
estrutura lógica permitiu au-
mentos de velocidade e de nú-
mero de usuários de várias or-
dens de grandeza, há alguns
efeitos colaterais inevitáveis,
mas que não se confundem
com a essência da rede. Um
ponto importante: seu caráter
inicial era altamente distribuí-
do e permeável. Com o desen-
volvimento de poderosas ferra-
mentas e de plataformas de co-
municação e agregação de usuá-
rios, a “iniciativa” dos indiví-

duos em participar da rede aca-
bou perdendo protagonismo e
cedeu ao atrativo cômodo de in-
tegrar clubes gigantescos, “jar-
dins murados” que oferecem
uma vasta gama de serviços. De
alguma forma, as duas tendên-
cias haverão de conviver.
Qualquer tentativa de altera-
ção do Marco Civil deveria va-
ler-se das mesmas precauções
que houve em sua criação: am-
pla discussão pública até chegar
a uma lei que contemple as ne-
cessidades brasileiras, sem de-
formar a internet.
O Marco Civil baseia-se em
três pilares. A neutralidade: os
protocolos lógicos da internet
sempre foram agnósticos a con-

teúdos, e sua infraestrutura liga
todos os pontos, sem fazer dis-
criminações ou criar privilégios.
Liberdade de expressão: não de-
ve haver pré-filtragem do que al-
guém queira dizer ou expressar
na rede. Claro que, se seus atos
violam direitos de outrem, o res-
ponsável terá de arcar com as
consequências. Caberá só à Jus-
tiça decidir o que é passível de
punição. Criar outros “julgado-
res” ou induzir as poderosas pla-
taformas a usarem mais esse
enorme poder discricionário –
julgar entre “o bem e o mal” –
pode nos expulsar da internet li-
vre e aberta. Criar algum outro
censor ou decisor do que é “ver-
dade”, além de filosoficamente
falho, abre as portas para mais
controle e põe em risco liberda-
des fundamentais. O terceiro pi-

lar é a proteção à privacidade,
que ganhou um excelente refor-
ço com a promulgação da Lei
Geral da Proteção de Dados.
Na internet só funcionam re-
gras globais. Criar “regra nossa”
que exija que usuários se identi-
fiquem para participar de algu-
ma plataforma genérica resulta-
rá no contrário do que se busca:
as opções nacionais serão vistas
como restritivas e os usuários
buscarão inscrever-se em plata-
formas no exterior. Em vez de
termos mais informação que
permita rastrear um delito, esta-
remos “convidando” os usuá-
rios mais ciosos de sua privaci-
dade a se mudarem para plata-
formas no exterior, dificultan-
do investigações necessárias.
Também nessa linha “exótica”
surge a ideia de “pontuar usuá-
rios”. Além de facilmente mani-
pulável, a que visaria a tal pon-
tuação? Criar castas de usuá-
rios, os com mais crédito e os
desacreditados? A rede se ajus-
ta automaticamente. Quem de-
cide seguir alguém numa rede
social o faz por discernimento
próprio. E países que manipu-
lam a rede a seu talante não go-
zam de boa reputação no que
tange a direitos humanos e liber-
dade de expressão.
Responsabilizar usuários por
alguma ação não dolosa, como
a de repetir inadvertidamente
alguma informação que recebe-
ram, também não se coaduna
com os princípios abertos e li-
vres da internet, além da prag-
mática inviabilidade de o usuá-
rio fazer julgamentos sobre o
que é ou não verdadeiro.
O correto aqui é ir devagar
com o andor. A pressa gerada pe-
la angústia e o medo pode pro-
duzir inesperados mostrengos.

A rua não tem dono


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

A pressa gerada pela
angústia e o medo pode
produzir inesperados
mostrengos

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Notas & Informações


Bolsonaro e a reforma política


Não pode haver uma
acomodação com um
sistema cujos defeitos
são tão evidentes

A necessária neutralidade da rede


lDesgoverno Bolsonaro
‘Traidor da Pátria’
Em resposta a Jair Bolsonaro,
que afirmou não obedecer à de-
cisão judicial para entrega de
seu celular, como investigado
que é, o ministro decano do Su-
premo Tribunal Federal (STF),
Celso de Mello, mandou-lhe
duro recado: “Traidor da Cons-
tituição é traidor da Pátria”. Ou
seja, dando uma no cravo, Mel-
lo indeferiu a entrega do celu-
lar, e outra na ferradura, chama
Bolsonaro de “traidor da Pá-
tria”, por este achar que, como
presidente, está acima da Cons-
tituição. Uma afronta!
PAULO PANOSSIAN
[email protected]
SÃO CARLOS


Em defesa da Constituição
O editorial ‘Traidores da Pátria’
(3/6, A3), que trata da rejeição
por Celso de Mello, a pedido da
Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca, do requerimento de parti-
dos de oposição para que o celu-
lar do presidente Bolsonaro fos-
se apreendido para investigação
por interferir politicamente na
Polícia Federal, mostra que o
ministro apenas seguiu a lei.


Mas, diante do aparente desco-
nhecimento do presidente do
dever de todo brasileiro cum-
prir as determinações da Justi-
ça, o ministro aproveitou o en-
sejo para defender a Constitui-
ção, contrariando os bolsonaris-
tas que desejam fechar o Con-
gresso Nacional e o STF. Valeu,
ministro Celso de Mello!
EDGARD GOBBI
[email protected]
CAMPINAS

Tolerância e diálogo...
O artigo Opinião e princípios
(3/6, A2), do general Hamilton
Mourão, suscitou-me algumas
dúvidas. Parece confundir mani-
festações pacíficas de cidadãos
conscientes em defesa da demo-
cracia com movimentos crimi-
nosos de baderneiros profissio-
nais. Onde está o Estado, que
não coíbe esses atos de vânda-
los? Quando diz que “a legítima
defesa da democracia está fun-
dada na prática da tolerância e
do diálogo”, nem parece que é
vice-presidente de um senhor
que 24 horas por dia demonstra
não saber o que é tolerância e
nega o diálogo – por exemplo,
mandando jornalistas calarem a

boca. Ao ler que as “Forças Ar-
madas (...) estão desvinculadas
da política partidária”, quase
tive uma síncope. Um vice-pre-
sidente militar, vários ministros
militares e, agora, uns 40 milita-
res enxertados no Ministério da
Saúde, se isso não é um vínculo
político... Finalmente, quando
diz que “é preciso refletir sobre
o que está acontecendo no Bra-
sil”, recomendo fortemente que
o vice-presidente leia o excelen-
te artigo de Fabio Giambiagi
publicado ao lado do dele.
NELSON PENTEADO DE CASTRO
[email protected]
SÃO PAULO

O que aconteceu?
Assinante do Estado há anos,
sinto-me plenamente recom-
pensado por tudo o que o jor-
nal sempre me proporcionou,
pela elevada qualificação de
seus colaboradores. Hoje me
permito dar destaque ao mag-
nífico artigo O que aconteceu
com o Brasil?, de Fabio Giambia-
gi (3/6, A2). Sozinho, ele já va-
leu a minha assinatura.
FAUSTO RODRIGUES CHAVES
[email protected]
SÃO PAULO

Já se sabia
Ao nos dizer que não devemos
levar a sério o que emana do
Palácio do Planalto, visto que
são “exageros retóricos impen-
sadamente lançados sobre as
instituições”, o sr. vice-presi-
dente da República confirma o
que já se sabe. De lá, nos últi-
mos tempos, nada de bom tem
tido origem. E com isso não
nos podemos conformar. Mobili-
zações e manifestos supraparti-
dários são reações normais de
quem não se conforma com os
rumos dados ao País pelos
atuais ocupantes do palácio.
FLÁVIO MADUREIRA PADULA
[email protected]
SÃO PAULO

Parcialidade
No artigo do general Mourão
deu a lógica: sua parcialidade.
Não vê ou não reconhece erros
de seu ídolo e seus seguidores,
mas vê tudo errado nos oposito-
res (não que não haja erros).
Também, esperar imparcialida-
de dos bolsonaristas já seria ex-
cesso de inocência.
SÉRGIO BARBOSA
[email protected]
BATATAIS

‘Anos dourados’
O sr. vice-presidente Hamilton
Mourão acerta, em seu artigo
no Estado, ao dizer que a luta
por democracia não se faz com
violência, depredação e desres-
peito. Mas poupa o presidente
e comete enorme injustiça ao
dizer que “setentões nas reda-
ções resolveram voltar aos anos
dourados de agitação estudan-
til”. Parece-me óbvio que, pelos
últimos atos e falas, quem resol-
veu voltar aos “anos dourados”
da ditadura foi o presidente Bol-
sonaro, principalmente ao pei-
tar reiteradamente as institui-
ções democráticas e ameaçar
não cumprir decisões judiciais.
Porém, como toda ação gera
uma reação, compreende-se a
atuação dos “setentões das re-
dações” e também dos manifes-
tantes que vão às ruas e cla-
mam por democracia.
LUIZ ROCHA
[email protected]
GUARULHOS

De insensatez
O “nosso” vice-presidente em
seu artigo fala em insensatez.
Pergunto: essa insensatez não
está sendo fomentada pelo pró-

prio governo de que ele partici-
pa, como, por exemplo, vinda
das falas da maioria dos minis-
tros presentes à fatídica reu-
nião ministerial de 22/4, coman-
dada por um insensato? E, ain-
da agora, desse “presidente” da
Fundação Palmares?
ODILON CALDEIRA FILHO, setentão do
tempo da ditadura
[email protected]
ARAÇATUBA

Lula contra os manifestos
Lula é o maior responsável pelo
que o Brasil vive hoje. Não fos-
sem sua vocação para o caudi-
lhismo e sua baixa integridade
moral, não estaríamos neste
buraco. Lula está politicamente
morto, precisamos enterrá-lo.
Ele trocaria a democracia pela
própria sobrevivência política.
O PT respira por aparelhos.
Com a maior bancada na Câma-
ra dos Deputados, não tem au-
toridade moral nem força políti-
ca para formular qualquer alter-
nativa que não nos lembre a
república dos gatunos. Eles são
a força do bolsonarismo.
JOSÉ TADEU GOBBI
[email protected]
SÃO PAULO
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