O Estado de São Paulo (2020-06-04)

(Antfer) #1

Caderno 2


Literatura*


Leandro Karnal
Colunista do Estadão

Mediação: Rita Lisauskas


Confi rmado:


5/6, ÀS 17H30


O Media Lab Estadão e a Elo promovem,
com transmissão ao vivo pelas redes
sociais do Estadão, a live “Abraço a
distância: como demonstrar carinho
estando longe”, com o historiador e
colunista do Estadão, Leandro Karnal.

Abraço a distância:


como demonstrar


carinho estando longe


É Amanhã


EM ENSAIO, DIÁRIO E


LIVRO PARA CRIANÇAS


WOOLF


Uma das principais escritoras do século 20, Virginia Woolf


será homenageada no País, ainda, com o Dalloway Day


A autora. Em
domínio público,
a escritora
inglesa passa
a integrar o
catálogo da Nós

HOGARTH PRESS

Maria Fernanda Rodrigues


Londres, início do anos 1920.
Numa quarta-feira do meio do
mês de junho, Clarissa Dal-
loway percorre as ruas da cidade
cuidando dos preparativos para


uma festa que daria naquela noi-
te. Esse é, muito basicamente, o
enredo do romance mais conhe-
cido de Virginia Woolf (1882-
1941) e famoso por seu pioneiris-
mo ao ser narrado por meio do
fluxo de consciência.
Mrs. Dalloway foi publicado
em 1925. Assim como o Ulisses,
de James Joyce, de 1922 e que ins-

pirou o Bloomsday, uma série de
eventos no dia 16 de junho, quan-
do o autor situa sua história,
Mrs. Dalloway tem sido mote pa-
ra um dia de celebração da obra
de Virgina Woolf – uma tradição
mais forte na Inglaterra e que
chega este ano, ainda tímido por
causa da pandemia, ao Brasil.
No dia 17, uma quarta-feira

no meio do mês de junho, a Edi-
tora Nós e a The School of Life
Brasil promovem o Chá das 5
com Virginia Woolf, como par-
te da programação do Dalloway
Day, para discutir o pensamen-
to da escritora inglesa. Partici-
pam a editora Simone Paulino,
a tradutora Ana Carolina Mes-
quita e Jackie de Botton, sócia
da The School of Life. O evento
será realizado pelo Zoom, com
ingressos a R$ 88 e os participan-
tes ganham um Chá Virginia.
O encontro marca a chegada
de Virginia Woolf ao catálogo
da Nós. “Esse era um desejo an-
tigo. Desde que a obra de Virgi-
nia Woolf entrou em domínio
público (em 2012), eu passei a
pensar com mais coragem nes-
sa possibilidade. A ficção dela
vem sendo lindamente editada
no Brasil. Eu mesma compro
absolutamente tudo o que sai
dela. Mas Virginia tem uma pro-
dução tão vasta e diversa, que
ninguém conseguiu abarcar
ainda”, comenta Simone Pauli-
no. “Foi um pouco seguindo es-
se ‘fluxo de consciência’ que
acabei conhecendo Ana Caroli-

na Mesquita.”
Ana Carolina estudou e tradu-
ziu os diários de Virginia Woolf
para sua tese de doutorado, na
USP. E a publicação desses tex-
tos integra o que a editora está
chamando de Projeto Mrs. Dal-
loway. Foi a tradutora, tam-
bém, quem apresentou para a
editora o ensaio A Sketch of the
Past. Escrito entre 15 de maio de
1939 e 15 de novembro de 1940,
ele supostamente serviria para
Woolf fazer autobiografia. Nes-
te texto, ela elabora o que cha-
ma de “momentos de ser” e
“momentos de não ser”.
Este ensaio sai em livro ainda
este ano, quando a editora lança,
ainda, uma recente biografia ro-
manceada da autora de Ao Farol,
O Quarto de Jacob e As Mulheres
Devem Chorar... Ou Se Unir Con-
tra a Guerra: Patriarcado e Milita-
rismo. Escrito pela francesa Em-
manuelle Favier, Virginia conta
a vida de uma das maiores escri-
toras do século 20 num recorte a
partir dos seus 20 anos. A morte
de seu pai é o ponto de partida
do livro lançado em 2019.
Os Diários Completos de Virgi-

nia Woolf ficam para 2021. Tam-
bém no ano que vem, a editora
prevê o lançamento de uma edi-
ção de Um Teto Todo Seu para
meninas e o infantil A Cortina
da Tia Bá. Um Teto Todo Seu,
aliás, é encontrado nas livrarias
em uma edição da Tordesilhas,
que traz, além do ensaio que dá
título ao livro, e que reflete so-
bre as condições sociais das mu-
lheres, palestras dadas pela au-
tora em universidades, em


  1. Há ainda a versão pocket
    pela L&PM com o título Um
    Quarto Só Seu. O que a Nós vai
    publicar é uma espécie de adap-
    tação do ensaio para um públi-
    co jovem, pensando nos coleti-
    vos feministas adolescentes
    que estão surgindo no País.
    Entre as traduções mais re-
    centes da obra da autora nas li-
    vrarias brasileiras estão Três
    Guinéus, por Tomaz Tadeu, pe-
    la Autêntica – editora que vem
    investindo há anos em Virginia
    Woolf com edições de luxo –, e
    Flush, pela Penguin. Tanto Pen-
    guin quanto Autêntica, e tam-
    bém a Antofágica e a L&PM,
    têm em catálogo Mrs. Dalloway.


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O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 4 DE JUNHO DE 2020 Especial H7

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