O Estado de São Paulo (2020-06-05)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:A-6:20200605:
H6 Especial SEXTA-FEIRA, 5 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Paladar


Renata Mesquita


De portas fechadas há mais de
dois meses – desde o início da
quarentena imposta na cidade
devido à pandemia do novo co-
ronavírus –, os quatro restau-
rantes comandados pelo casal
Janaina e Jefferson Rueda, a pre-
miada Casa do Porco, o Bar da
Dona Onça, a lanchonete Hot
Pork e a Sorveteria do Centro,
estavam, inclusive, fora dos ser-
viços de delivery, alternativa a
que muitos restaurantes da ci-
dade recorreram no período.
Depois de muita reflexão, o ca-
sal fez sua estreia esta semana
nos aplicativos de entrega. Des-
de quarta-feira (3), pela primeira
vez, é possível escolher entre os
pratos do Bar da Dona Onça para
comer em casa, pelo iFood. Es-
tão ali da sua clássica galinhada
(The modernist, R$ 59) a pratos
criados exclusivamente para o ca-
nal, entre elas a seção macarrão
da Jana, com receitas que ela cos-
tuma fazer na cozinha da sua ca-
sa, e o nhoque de batatas (R$ 42).
Aos sábados, a célebre feijoada
da chef também vai sair da cozi-
nha do bar no Edifício Copan.
O cachorro-quente do Hot
Pork voltou ao delivery na terça
(2) – antes da pandemia já era
possível receber o sanduíche
em casa –, com opção de pedir o
dog sozinho (R$ 20) ou em com-
bos (a partir de R$ 30) com bebi-
das e acompanhamentos, como
nuggets de porco caipira, porco-


poca (pururuca) ou batata
chips, tudo caseiro.
A novidade agora é que é possí-
vel pedir kits semiprontos, que
incluem os pães de batata artesa-
nal, salsichas, picles de cebola ro-
xa e pepino, catchup de tomate
com maçã, mostarda e maione-
se com limão (a partir de R$ 60, 4
unidades), para replicar o san-
duíche em casa, acompanhado

de instruções de como fazer.
Ontem (4) foi a vez de a Casa
do Porco lançar seu menu para
viagem. A demora, entrega Jef-
ferson, tem motivo: “delivery
não é só colocar comida na emba-
lagem”. A preocupação era ga-
rantir a qualidade dos pratos na
“viagem” até a casa do cliente.
Por essa razão, não espere encon-
trar o cardápio da Casa do Porco

tal e qual nas telas do celular.
Rueda desenvolveu, como
era de se esperar da sua mente
criativa, uma nova proposta,
que batizou de #CPF – Caixa
Prato Feito, mas que você pode
chamar como quiser: de Casa
do Porco Funcionando, ou
Comfort Pork Food, ou Comi-
da Por Favor ou, ainda, Cami-
nhando Para Frente...

Trata-se de uma caixa – no es-
tilo de um bentô japonês – com
seis itens, da salada ao prato
principal, sempre com preparos
que seguem a premissa de com-
fort food, uma comida caseira e
afetiva. A cada semana, os itens
mudam, de acordo com os ingre-
dientes disponíveis. Mas o Por-
co San Zé estará sempre lá.
Os combos incluem clássicos
do menu-degustação do restau-
rante, que é o único brasileiro
entre os 50 melhores do mundo
pela lista do 50 Best, como o
sushi de papada, que compõe a
caixa (ou #CPF) Do Centro,
que vem ainda com bife milane-
sa, arroz branco, cogumelos na
brasa, salada de batata, rabane-
te fermentado e coalhada.
Preparados com ingredien-
tes orgânicos de produtores de
São José do Rio Pardo, terra na-
tal de Jefferson, os pratos che-
gam em embalagens ecológicas
e recicláveis, com design inspi-
rado nas antigas caixas de cami-
sas. Adesivos bem-humorados
com retratos de Jefferson e Ja-
naína dão graça ao conjunto.
Além de seis opções do #CPF


  • incluindo versões vegetariana
    e vegana –, o cardápio online in-
    clui os embutidos e curados pro-
    duzidos por Jefferson, vendi-
    dos em gramas, como a morta-
    dela e o seu presunto real, além
    de picles e geleias, pães e sanduí-
    ches. O cardápio segue com op-
    ções de carnes direto da chur-
    rasqueira e pratos para compar-
    tilhar, além de sacos da famosa
    porcopoca. Sem esquecer das
    sobremesas, que também che-
    gam em caixas, sempre em três.


Seguindo a proposta já vista
em outras casas da cidade, Jef-
ferson também vai disponibili-
zar alguns dos seus pratos icôni-
cos para serem finalizados pe-
los clientes em casa, como a pan-
cetta com goiabada. Todos es-
tão disponíveis pelo iFood ou
para buscar nos respectivos res-
taurantes, das 12h às 23h.

Ataque. Na quarta-feira (3),
justo no dia de estreia do deli-
very do Bar da Dona Onça, o sis-
tema da casa foi invadido por
hackers e ficou fora do ar duran-
te todo o período do almoço – o
que impediu que as entregas
ocorressem. A invasão também
ocorreu no Hot Pork, e em ou-
tros estabelecimentos da cida-
de – estima-se que mais cem do
setor sofreram o ataque. Por vol-
ta das 17 horas, o sistema foi res-
tabelecido tanto no Dona Onça
quanto no Hot Pork.

Sem intervalo


E


ntre os entusiastas da cerveja,
cervejinha muitas vezes é o ter-
mo usado para se referir às con-
vencionais, aquelas bem neutras, de
boteco. Mas em inglês small beer quer
dizer outra coisa – é o nome da família
de cervejas com teor alcoólico bem
baixinho, menos de 2,3%. E nesses
tempos de quarentena, é também
uma boa ideia.
A Avós, cervejaria especializada em

lagers, lançou uma série de small
beers, ou cervejinhas, da boa. A pri-
meira é a Citrus Dew, com 1,9% de
teor alcoólico. É a metade de uma cer-
veja convencional. Mas eles já fize-
ram mais cinco receitas, que vão ser
lançadas nas próximas semanas.
Lançar uma família de cervejas de
baixo teor alcoólico neste momento é
genial. A quarentena levou, no mundo
todo, a um aumento no consumo de

álcool. Para quem gosta de beber, essa
falta do que fazer (sem poder sair,
com a faxina já agilizada, e quem
aguenta ver série o dia inteiro) dá von-
tade de abrir uma cerveja no começo
da tarde, no fim da manhã, quando o
sol se põe, uma antes de dormir. Mas é
uma boa ideia evitar os exageros. Para
alguns dias, pode ser beber uma única
lata de cerveja forte. Para outros, po-
de ser ficar mais à vontade, mas redu-
zir o teor alcoólico da cerveja.
A próxima small beer da Avós vai ser
a Amber Galaxy, uma red lager com
lúpulo galaxy, como o nome indica. Já

está em tanque e vai combinar com
o começo do inverno, aposto.

Avós Citrus Dew
Sabe quando você engole uma cerve-
ja e nem dá tempo de encostar o co-
po na mesa, já dá vontade de tomar
outro gole? A Citrus Dew é bem as-
sim. Bem refrescante (harmoniza
com faxina), é cítrica, marcante e fa-
cílima de beber. Não parece que vo-
cê está abrindo mão de algo (no caso
aqui, o teor alcoólico). Muito boa.
R$ 36 (pack com 4 latas de
355 ml, na avosemcasa.com.br)

Só de Birra


Restaurantes do casal Jefferson e Janaína Rueda lançam


cardápios desenvolvidos exclusivamente para entrega


Luiz Carlos Merten


Nesta sexta, 5, tem Billy Wilder
no Telecine Cult – a obra-prima
noir Pacto de Sangue, às 15h05. Pa-
rece difícil vincular o nome de
Wilder ao neorrealismo, mas foi
assim que ele surgiu, colaboran-


do com Robert Siodmak num fil-
me de observação sobre gente
comum na Alemanha, Menschen
am Sonntag. Fugindo do nazis-

mo, chegou aos EUA, onde ga-
nhou fama como roteirista em
dupla com Charles Brackett. A
partir de 1942, dividiram tarefas.
Escreviam juntos, Wilder diri-
gia, Brackett produzia.
Antes de virar o grande dire-
tor de comédias dos anos 1950 e
60, Wilder flertou com o filme
noir. Ganhou o primeiro trio de
Oscars – filme, direção e roteiro


  • por Farrapo Humano, de 1945.
    Um ano antes, se pensarmos na
    parceria com Brackett como
    um casamento artístico, Wilder
    cometeu adultério. Com a cum-
    plicidade de Raymond Chand-


ler, que assina o roteiro com
ele, fez Pacto de Sangue, basea-
do no livro de James M. Cain.
Quem quiser saber o que é o
noir é só sintonizar no horário.
Fred MacMurray vende segu-
ros e parece muito “seguro” de
si, mas, na realidade, é um tolo
de quem a mulher fatal Barba-
ra Stanwyck se serve para ma-
tar o marido. A construção des-
ses personagens é magnífica.
A verdadeira mulher-aranha.
Wilder, Chandler e seu elenco


  • Edward G. Robinson tem im-
    portante participação – fazem
    do filme um clássico.


Agente 86
/ Get Smart
(EUA, 2008). Dir. de Peter Segal, com Steve
Carell, Anne Hathaway, Dwayne ‘The Rock’
Johnson, Alan Arkin, Terence Stamp.

Nos anos 1960, para estar por
dentro, era preciso ver a série
do Agente 86, com Don Adams
e Barbara Feldon. Décadas de-
pois, Steve Carell virou, no ci-
nema, o agente atrapalhado
que tenta impedir a K.A.O.S.
de dominar o mundo. Anne Ha-
thaway como a Agente 99,
Dwayne Johnson, que ainda
era The Rock, como o Agente
23, incrementam a trama. Mas
são ineptos. O mundo fica por
um triz. / L.C.M.
GLOBO, 14H59, COL., 110 MIN.

INOVAR


PARA


SOBREVIVER


l]


CASA DO PORCO AGORA EM CASA


Filmes na TV


DESTAQUE
WARNER BROS

Chefs ao redor do mundo todo
estão tentando entender e se
adaptar ao chamado “novo nor-
mal”. No mês passado, o restau-
rante dinamarquês Noma, elei-
to algumas vezes o melhor do
mundo, reabriu para o público
depois de três meses de portas
fechadas, mas de uma forma
completamente inesperada: tro-
cou seu menu-degustação por al-
go bem diferente. Em vez de seu
menu sazonal de 350 euros (cer-
ca de R$ 2 mil), o chef René Red-
zepi apostou em usar seu espaço
e equipe premiada para servir a
comunidade local como um bar
de vinhos com hambúrgueres.
Por aqui os restaurantes per-
manecem de portas fechadas, e
os chefs continuam na busca da
melhor forma de chegar aos
clientes e, claro, sobreviver. Na
semana passada, o Mensa, res-
taurante contemporâneo co-
mandado pelo chef Rafael Nava-

rini, lançou seu delivery tam-
bém com conceito um pouco di-
ferente da casa-mãe. O Mensa
em Casa (disponível no iFood)
foca em comidas descomplica-
das, com opções de sanduíches
e massas, pratos que normal-
mente não apareceriam no me-
nu do restaurante.
Saída parecida foi tomada pe-
lo Pipo, casa do chef-celebrida-
de Felipe Bronze em São Paulo.
O restaurante, que já estava nos
aplicativos de entrega com seu
menu tradicional, criou uma no-
va marca, o MarmiPipo (no Rap-
pi), com pratos mais acessíveis,
para o dia a dia, mas que seguem
a filosofia da casa. As marmitas
mudam diariamente, com pedi-
das como o estrogonofe com co-
gumelos defumados, arroz e ba-
tata palha.
Outros seguiram o mesmo ca-
minho, como o Ristorantino,
que lançou há pouco o Riso
Street Food, linha mais acessível
do restaurante italiano. A marca
oferece sanduíches, saladas e
massas mais simples, em que é
possível escolher o tipo de mas-
sa e o molho (a partir de R$ 29 no
iFood). / R.M.

Cervejinha da boa


Heloisa Lupinacci

FOTOS: MAURO HOLANDA

DELIVERY


Novidade. Kit para finalizar
seu Hot Pork sem casa

O CLÁSSICO


NOIR DE


BILLY


WILDER


CERVEJARIA AVÓS
Free download pdf