Valor Econômico (2020-06-05)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 10 da edição"05/06/2020 1a CAD A" ---- Impressapor ccassiano às 04/06/2020@20:08:


A10|Valor|Sexta-feira, 5 dejunhode 2020

Política


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


EntrevistaGarciajustificaaberturaemSP,descartaimpeachmentdeBolsonaroerechaçaapoioàreeleição


“DEM já escolheu seu caminho para 2022”


REPRODUÇÃO

Vice-governadorafirmaquereabertura foi planejada, considera cenáriocommais óbitose mais de 20 0 milinfectadosnomêse nãoocorreuporpressãoeconômica

MaluDelgado
DeSãoPaulo

EnquantoogovernadordeSão
Paulo, João Doria(PSDB), adotao
confronto diário como presi-
denteJair Bolsonaro, ovice-go-
vernadorRodrigo Garcia(DEM),
também secretário de Governo,
faz aarticulação políticacotidia-
na discreta,nos bastidores,mo-
nitorandotodasas açõesadmi-
nistrativas do Estado. Coubea
Garcia,dirigenteinfluente na cú-
pulanacionaldo DEM,coorde-
nar também oPlanoSão Paulo,
de reabertura gradualdas ativi-
dades econômicas do Estado, em
vigora partirdestasemana, ain-
da numcenáriode crescimento
significativodos casosde covid-
19.Elerespondecomassertivida-
de às críticas sobreuma flexibili-
zaçãoapontada por muitosco-
mo precipitadaede riscoeleva-
do. O avançodescontroladoda
pandemiano Estado, se ocorrer,
mancharáde maneirairreversí-
vel aretórica eimagemde Doria
noconfrontocomBolsonaro.
Os óbitos e elevação de casos
para mais de 200 mil estão consi-
derados no plano, dizGarcia,
comcertanaturalidade.Areaber-
tura égradual esignifica uma
convivência inteligente com o ví-
rus, sustenta. Ele descarta que a
medida tenha sidotomada por
pressão de setores econômicos.A
retomada econômica, defende,
passaráporSãoPauloeasaídafis-
cal para o Estado é ampliar o pro-
gramadeconcessõesePPPs,cujos
editais voltarão a ser publicados
possivelmenteemjulho,diz.
FechadocomDoria,ele vê a
aliança entreDEMe PSDBconso-
lidada. Asseguraque a maioria
de seu partido já descartou
apoiarBolsonaroem 2022, eque
ocaminho éconstruir um proje-
to de centro, tendoo tucanoco-
moumdosprotagonistas.
Aseguir, os principaistrechos
daentrevista:

Valor:Há muitas críticas, entre
especialistas, de que pode haver pre-
cipitação na retomadaem São Pau-
lo.Acurvaaindaéascendenteehou-
ve explosão de mortes na semana. O
risconãopodeserpiornofuturo?
RodrigoGarcia:O PlanoSão
Paulo, de abertura gradual e res-
ponsável da economia,foi muito
bem pensado nesses70 dias.No
Gabinetede Crisetínhamoscon-
sultoresonlinefazendoestudos
de casos,oque aItália acertou,o
que errou,o que aEspanhaacer-
tou, o que errou.Em São Paulo
não colapsou o sistemae não vai
colapsar. Seriamaisfácil parao
governoprorrogar por mais30,
60, 90, mais120 dias a quarente-
na.Em1odeabril,quandotínha-
mos2,9milcasos.Em1odemaio,
30 mil casos. Aepidemiacresceu
em abrilcresceu 10 vezes,em
maio3,6 vezes.Devemosestar
entre 190 mil e 250 mil casosem
1 ode julho. Aepidemiadeve
crescer 100%,120%agoraneste
mês. Em que pese os númerosas-
sustarem,estãono nossocená-
rio.Avelocidadeda epidemiaes-
tádiminuindoemSãoPaulo.
Valor:Masumaumentode120%
de junhoajulhonãoéextremamen-
teelevado?
Garcia:Asmorteseosnúmeros
queestão saindotodos os dias,
para o governo,não são surpresa.
Nósjáadotamos essecenário de
crescimento, nestemês, emesmo
comessecenáriofizemosoplano.
O mundoleva em conta dois
grandes critérios: taxa de ocupa-
ção de leitos e evolução da epide-
mia. Se trouxer para a realidade
de SãoPaulo, do Brasil, precisa
ponderar esses dois critérios.
Mesmo sem pandemia nunca ti-
vemos umataxa de ocupação de
leitos abaixo de 60%.OSUS sem-
previvenolimite.Óbvioquetere-
mosmaiscasosagora.HáEstados
quenãoestãotestandodepropó-
sito. Nós não vamos ficar com es-
sa falsa verdade aqui. Aevolução
daepidemiatemqueseracompa-
nhadaem São Paulocom três in-
dicadores: teste, óbitos etaxa de
internação. Olho esses três indi-
cadores com a média ponderada

de7dias.Oscritériosparaflexibi-
lização são esses, sabendoque a
epidemiavaicrescerparamaisde
200mil casosagora em junho.
Combase nestes indicadores, as
classificações das regiões podem
avançarnuma flexibilizaçãoou
retroceder um eventual aumento
exponencial da epidemia. O pla-
no tem essa inteligência por trás,
dá um passoimportantepara a
convivência inteligentecom a
epidemia e daqui pra frente evai
mostrar à sociedade para onde
estamos indo. Tem umapactua-
ção com a sociedade,namedida
em que agente deixatransparen-
tes os dados, e tambémcom os
prefeitos. Essaéaprimeira sema-
na de implantação do plano. Po-
demos colher sugestõese críticas
pertinentespara corrigirdepois
de15dejunho.

Valor:Aindaquehajaprevisibili-
dadede aumento de casos,assistir
ao volume de mortes diariamente é
algo chocante. É inevitávelse per-
guntarse ofechamento,ou amanu-
tençãodas restrições,poderiaredu-
zir drasticamente os óbitos.Não co-
gitarampostergaressaabertura?
Garcia:Opapeldo Estado é
proverosistema de saúde, cuidar
do controle da epidemiapara
que osistema cuide das pessoas
que fiquem doentes e precisem
dele. Temque calibrar issopor-
que, infelizmente, algumas pes-
soas que vão adquirir ovírus irão
aóbito. Outras, se o Estado não
cuidar, vão morrer.Ogrande
olhar do governo de São Paulo é
fazer comque os hospitais não
entremem colapso. E aquarente-
natemesseobjetivo.Númerosre-
cordes estão nos cenários. Existe
uma falsanarrativa de queaqua-
rentenaparouSãoPaulo.Tivemos
uma quarentena que restringiu
26% da economia. Os outros 74%
nãoforamrestritos.Mesmoassim
conseguimos fazer comque a
curva fosse achatada. Estamos fa-
lando de abertura ondefoi possí-
vel,emuitogradual,departedes-
ses 26%. Parte não vai abrir nos
próximostrês,quatromeses.
Valor:Ecomo osenhorresponde
aosalertasecríticassobreoplano?
Garcia:Éóbvioqueagenteres-
peita as críticas, mas foi um pla-
nomuitobempensado,validado
com 17 grandesespecialistasde
epidemiologianoBrasil.Quedis-
seramoseguinte: com a adapta-
ção que estamos fazendo, com
esses critériose esses indicado-
res, o governo[de SP] podeava-
liar essa abertura. Não éabertura
na prática. Não estamos abrindo


Existe umafalsa
narrativa de que
a quarentena
parou São Paulo.
Restringiu26%
da economia.A
abertura agora
serágradual’’


O trabalhodo
DEMé fazer com
que essecentro
possase reunir
em torno de
ideiase
apresenteum
projeto em 2022’’

aeconomiadeumavez.
Valor:Houve muitapressãoeco-
nômica,empresarial,paraareaber-
turaemSãoPaulo?Shoppingcenter
éatividadeessencial?
Garcia:Acrítica,apressão de
setores econômicos sempreexis-
tiu, desdeo primeirodia da qua-
rentenae continuaexistindo—
“ah,por que vocêsnão abrem
mais?”Ogovernoentendeerece-
be essascríticas com muitanatu-
ralidade. Agora, em nenhum
momentopautamosnossa deci-
são por pressãode nenhumsetor
econômico.Por que abrirshop-
pinge comérciode rua enão
abrir parques públicos esta-
duais?Se vocêolharuma25 de
Março, umaJosé Paulino,vai ver
que é mais difícil ali o distancia-
mentosocialdo que no shop-
ping.Foram feitosprotocolos.O
Estado vem e diz oseguinte:do
pontode vista da epidemia,você
podeabrir com esse protocolo.O
problemade parquepúblicoé
aglomeração.Édifícilevitar.
Valor:E comoassegurarocum-
primentodosprotocolos,afiscaliza-
çãoeoengajamento?
Garcia:Vamosmedirisso to-
dos os dias evamosperceberse
está caminhando paraum lado,
ou para outro. Oconceitodo de-
cretoé: regrasgerais,balizamen-
to de aberturaresponsável ede-
legação para as prefeituras.
Quemtem poder de polícia, nes-
te caso, são as vigilânciassanitá-
rias municipais. Podem ir lá efe-
charum estabelecimento, apli-
carmulta.EmSãoPaulooCódigo
SanitárioprevêmultadeR$270a
R$ 270 mil. É umafiscalização
municipal,combinadacom a fis-
calização do MinistérioPúblico,
que vai agir,com certeza. Tive-
mos um comitêeconômicoaqui
coma Ana CarlaAbrão, Persio
Arida, AlexandreSchwartsman,
EduardoHaddad,coordenados
pela PatríciaEllenepelo Henri-
que Meirellesepormim,ondea
genteolhou tudoisso. Tivemos
um trabalhoda Fipe em São Pau-
lo muitobem feito, ondeestabe-
lecemosa vulnerabilidadeeco-
nômicados setoresversusem-
pregos eevolução da pandemia.
Tudo foi pactuado eagoraoPla-
noSãoPaulodáregrasparaaber-
tura gradual.Se precisarendure-
cer em algumasregiões,o painel
decontrolevainosmostrarisso.
Valor:Qual previsãode perdade
arrecadaçãocom apandemia,des-
pesasextraordinárias,e comoman-
teralgumcontrolefiscal?
Garcia:Em abril aqueda de ar-
recadação chegou a21%. Para
maioestáemtorno de 29%, eessa
projeçãose mantém em junho.
Estamos falando de queda total
de receita de R$ 18 bilhões (no
ano). Vamos refazer obviamente
o nosso plano de metas.ASecre-
taria de GestãoeOrçamentoque
criamos agora, com o Mauro Ri-
cardo, terá esse olhar orçamentá-
rioederevisãodemetas,nospró-
ximos dois meses. O ano fiscal
que vai fechar,pelo menosem
São Paulo. Estamos trabalhando

paraqueagentefechesemdéficit
nenhum. Mas em 2021temos um
problema.Aconsequência eco-
nômica da crisevai muito além
de 2020, vai para2021, 2022 e
anos subsequentes. Temos quase
R$ 2 bilhões de despesas extraor-
dinárias comcovid-19. Saúde e
proteçãosocial,basicamente.
Valor:AentradadeMauroRicar-
do no governo tem comoobjetivoa
reduçãodorombofinanceiro?
Garcia:Na pandemiapercebe-
mos que o que já era importante
passoua ser essencial: controle
de gastose oprocesso de conces-
sões e privatizações.Eu e o[Hen-
rique]Meirelles que dividíamos
essatarefa,eagoranóstemosum
terceiro jogador. Passamos ao
Maurotoda a gestão orçamentá-
ria, controlede gastose todaa
áreaexecutiva de concessõese
PPPs.Queremosestruturar mais
rapidamenteas parceriaseos
projetos. As concessões, que
eramimportantes,serãoimpres-
cindíveisnestemomentode re-
tomada.SãoPaulovaiteressepa-
pel de ajudar o Brasilna retoma-
da. Vamoster que reestruturar
todo o governoe planode metas,
refinara execuçãoe buscar sim
umainterlocuçãopolíticacada
vez maispróximaquando opro-
cessoeleitoralnacionalcomeçar.
Etemosaseleiçõesmunicipais.
Valor:Considerando previsões
de quedadrásticado PIB, em que
medidao planoestadual de privati-
zaçõesePPPsserácomprometido?
Garcia:Tivemosumagrande
vitóriaque foi aefetivaçãoda
maiorconcessão de rodovias no
meiodapandemia.Fizemosolei-
lão no começodo ano eocontra-
to foi assinado agora,um investi-
mentode R$ 14 bilhões,coma
concessionáriado BancoPátria.
Aproveitamos o período de pan-
demia para cumprir procedi-
mentosburocráticos de conces-
são,de PPPs.Agoraestamospre-
parando esses 21 projetosem
carteira para,no segundo semes-
tre, avaliaro cenárioeconômico
se a gentecolocaeles ou não.São
Paulo tem responsabilidadecom
o Brasil porque aporta de entra-
da e saídade investimentos é
aqui.Vamoster que mostrara
responsabilidadefiscaldo Esta-
do eisso gera confiança dos in-
vestidorese interesse em proje-
tos do Estado. Apartir desta pre-
missa,vamosreforçaressa área
de concessões e PPPse avaliaro
cenário e momentoparapubli-
car os editais.Abusca de investi-
mentosprivadospelogoverna-
dor Doriaeagestãode responsa-
bilidadefiscalémodeloque vai
continuarpós-pandemia.É oca-
minhoquetemosderetomada.
Valor:Háumdebatemundialso-
bre o papelinvestidordo Estado,
pós-pandemia. São Paulo vai au-
mentarinvestimentospúblicos?
Garcia:Estamos trabalhando
parareduziraindamaisocusteio
da máquina e abrirespaço fiscal
parainvestimento.Estadosemu-
nicípiostêm muitadificuldade
de fazerisso porqueeles não

emitem títulosda dívida.Vamos
buscarfinanciamentopara bons
projetos de infraestrutura,Ro-
doanel,Tamoios,programa de
vicinais... Esperamosconcretizar
a Linha6 agoraem junho,com a
Acciona, aempresaespanhola
que comprou aconcessãoda
Odebrecht. Esperamosretomara
linha 17 do Metrô.Não tem di-
nheiro público, mas tem criação
de ambienteadequadopara que
esses investimentosocorram.Va-
mos ficar olhandoessestrês pon-
tos: investimentosdiretosdo Es-
tado, concessões e PPPs e estímu-
losaosetorprivado.
Valor:Adecisãode retomarou
não editaisdessacarteira dos 21
projetosvaisertomadasónosegun-
dosemestreentão?
Garcia:A partirde julho. Va-
mos trabalhar no novoplanode
metase analisaro novocenário
econômicoparaque a gentete-
nha sucessonos leilões.Prova-
velmenteno segundo semestre,
a partir de julhoe agosto, vamos
tomar essasdecisões.Esses 21
projetosprioritários continuam,
e a eles vão se agregaroutros.
Vai dependerdo apetitedo in-
vestidor,do cenárioexterno.No
nosso cronograma original, a
grande maioriaseriaem 2020.
Vamos trabalharpara manter es-
te cronograma.
Valor:ODEM não vive uma en-
cruzilhadaem relação ao governo
Bolsonaro?Em São Paulo o gover-
nadorseelegeunaondaBolsodoria.
RonaldoCaiadorompeuagoracom
Bolsonaro,masdásinaisdereconci-
liação. Eom omento é de questiona-
mentoprofundosobreaposturaan-
tidemocráticadopresidente.

Garcia:O DEMjá escolheu seu
caminho. É um partido indepen-
dente que não apoia o governo
Bolsonaro, que não apoia, emab-
soluto, essas medidas autoritá-
rias do governo,mas que quando
observa projetos de interesse co-
mum, vota a favor. Achoque o
grandeporta-voz do DEMneste
processo de reafirmação da de-
mocracia tem sidoo Rodrigo
Maia.Vocêtemquesepararacon-
vivência institucionalde gover-
nos, que deve existir. Agora, isso
não se confunde com a posição
partidária que édeindependên-
ciatotalaogovernoBolsonaro.
Valor:Mas o DEM não apoiane-
nhumprocessode impeachmentde
Bolsonaronestemomento.
Garcia:Não, porque isso não es-
tá colocado.Opresidente Rodrigo
Maiajádeixouclaroqueosproces-
sos que ele tem em mãos,até ago-

ra,nãotêmfundamentosjurídicos
paradar sequência. O DEMneste
momento não fala em impeach-
mentou afastamento.Opresiden-
te foi eleito para governar durante
quatroanose o DEMnão vai hesi-
taremapontarequívocos.
Valor:O fato de Doriater se posi-
cionadoclaramente como oposição
a Bolsonaro,abalouessa relação
institucionalcomaUnião?
Garcia: Ogovernador Doria
semprefez adefesados interes-
ses do Estado. Ele tem altiveze
semprecolocouissoemprimeiro
lugar. Da partedo governode
São Paulo, nós não misturamos
as coisas.Temos a administração
de maisde 30% do PIB nas nossas
ações,temosrelaçõesinstitucio-
nais comministros,comgover-
nos, e esperamos que isso não te-
nha descontinuidade.Porqueo
Brasil precisadisso,São Paulo
precisadoBrasileoBrasilprecisa
de São Paulo.Teve retaliação?
Objetivamentenão teve.Temos
queteratenção, osprojetosestão
em andamento. Não vamoshesi-
tar em gritarse acharmosque es-
tamossendopreteridospor cri-
tériosnãoobjetivosetécnicos.
Valor:RodrigoMaiadeixaráa
presidênciada Câmaraevoltaráà
planície. ODEM algumprojetoes-
pecíficoparaele?
Garcia:O Rodrigocontinuará
sendoreferência no Congresso
Nacional,de equilíbrioeanálise
permanenteda conjunturapolí-
tica. Dentrodo partido,seja ele
ou o ACMNeto,que deixarãode
ter cargosque demandam mais
no cotidiano, vão se dedicar,a
partirde2021,àconstruçãode
um projetode país paraque a
genteapresenteem2022.
Valor:O caminhodestaconstru-
çãopara2022épelocentro?
Garcia:Éosonhode todos
aqueles que fazemumaleitura
da conjuntura políticade hoje e
observamque os anseios da so-
ciedadenão foramrespondidos
com a últimaeleiçãoetemos
2022 para buscaras respostasao
que asociedadequer.Édifícil
avaliarqualocaminho, maso
trabalhodo DEM,dos líderesdo
partido,éfazercomqueessecen-
tro possase reunirem tornode
ideiaseapresenteum projetoa
partirde2022.
Valor:Doriapode ser orepresen-
tantedestecentro?
Garcia:Não tenhodúvidasde
que ele já é vistocomorepresen-
tantedestecentro. Doriaé um li-
beral,ele nuncaescondeuisso,
mas que tem um olharde prote-
ção socialmuitoclaro.Ele éum
representantedestecentrode-
mocráticoe em 2022se decidirá.
Aindaestá muitolonge.Temos
eleições municipais etemos
2021,que pra mimvai ser oano
maisdesafiador do pontode vis-
taeconômico.Éoresultadodeste
processoque vai nos colocaros
desafiosaseremescolhidos.
Valor:O DEMdesembarcoude
vezdareeleiçãodeBolsonaro?
Garcia:ODEM não buscaesse
caminhopara2022.Isso já está
claro. Respeitando eventuaisfi-
liadosdo partido, que estãolon-
ge de ser maioria,e têm opiniões
divergentes.
Valor:Quala opiniãodo senhor
sobreos váriosprotestose manifes-
tos a favorda democraciaque sur-
gem nestemomento, enfatizando
que há no país 70% de cidadãosque
nãoapoiamestepresidente?
Garcia: Essareafirmação da
democraciae da liberdadeéuma
relação de causaeefeito. Àmedi-
da que começa ater setoresda
sociedade defendendo a volta
das Forças Armadas, atitudes
maisautoritárias,é óbvioque a
grande maioria da sociedade
reagea isso, dizendo:olha,aqui
não! Nós temosuma democracia
que já não é jovem,consolidada.
Obrasileiroprimapor sua liber-
dadee aqui não terá nenhumso-
prodeautoritarismo.
Valor:Qualsua opiniãosobrea
posturacotidianadeBolsonaro?
Garcia:Vejo com muita triste-
za. Opresidente tem umacarac-
terística de provocação perma-
nente, à sociedade e às institui-
ções. Mas tudoisso tem um limi-
te. Percebo que as instituiçõeses-
tão reforçandoo papelde cada
umaese colocandode maneira
muito clara, dizendoque nin-
guémestáacimadaConstituição.

Vai Corinthianssssssss

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