Valor Econômico (2020-06-05)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 2 da edição"05/06/20201a CADA" ---- Impressa por ccassianoàs 04/06/2020@21:26:5 2


A2|Valor|Sexta-feira, 5 dejunhode 2020

Brasil


Áreaeconômica propõe mais 2 meses


de auxílio emergencial de R$ 300


Fabio Granere MarceloRibeiro
DeBrasília

A equipeeconômica deve pro-
por que oauxílioemergencial,
benefício direcionadoa traba-
lhadores informaise pessoas de
baixa renda,seja renovadocom
valor de R$ 300 e por maisdois
meses,segundofontes do gover-
no.OCongresso,porém,já se
preparapara trabalharcoma
manutençãodo nívelatualde R$
600,peloperíododedoismeses.
O timedo ministro Paulo Gue-
des considerava incluir essa pro-
postaem umaMedida Provisória
(MP)em fase final de elaboração
ou inserir em algumtexto já em
tramitação no Congresso, que já
discute o tema. Na noite de ontem,
o presidente Jair Bolsonaroconfir-
mou que já estava definida a pror-

rogação por dois meses, mas dei-
xou em aberto ovalor, apontando
apenasque seria “um pouco me-
nor”doque o atual,oquepodein-
dicar a possibilidade de ele forçar
Guedesaaceitarumvalormaior.
A se confirmar a sugestão de
R$ 300 pelo governo, ocusto fiscal
adicional seria ao redorde R$ 50
bilhões. O benefício atual tem cus-
to projetado de R$ 152 bilhões nos
três mesesde vigência, segundo
dados do Tesouro.Cerca de meta-
dedo valorjá foi repassado para as
famílias beneficiárias. Se ficarem
R$ 400, o custo se aproximaria de
R$70bilhõesemumbimestre.
A estratégiado ministroPaulo
Guedes,que inicialmente queria
propordenovoosR$200queha-
via sugeridono inícioda opera-
ção de socorroàeconomia,éini-
ciar o processode voltaànorma-
lidade fiscal.Assim,a redução
pela metadeseriauma saídagra-
dual,que manteriaum apoioàs
famílias,mas já com impacto
menornascontaspúblicas.

Otema da renovação do auxílio
emergencial já estava ganhando
forçano Congresso. Ontem, opre-
sidente da Câmara, RodrigoMaia
(DEM-RJ), cobrou que ogoverno
encaminhasse umaproposta de
prorrogaçãodobenefíciofederal.
Evoltou adefender amanuten-
ção do nível de R$ 600 mensais. “A
gente sabedasdificuldades, en-
tende a preocupação do governo e
gostaria de ter uma posição oficial
do governo, que o governo enca-
minhe a matéria ao Parlamento
para que a gente possa fazer o de-
bate “, disse Maia. “Pelo que tenho
ouvidodosparlamentares,umavi-
são da importância do programa,
da manutençãodo valorpor al-
gum período, mas sabemosque
existeum custo.Ac onstrução da
manutenção do valor por algum
período precisa estar baseada em
construircondiçõesdeformacole-
tiva, a equipe econômica como
Parlamento.Por isso, tenhodefen-
didoque governo comeceafazer
esse debate de forma oficial para

que a equipe econômica mostre o
tamanhoda despesa que está sen-
docriada”, completou.
De acordo com ele,“se depen-
dessedosparlamentares”, seriade-
terminado opagamentode “mais
duasou três parcelas” de R$ 600.
“Tem oimpacto, ninguém está ne-
gando. Etambém ninguémestá
negando, nem ogoverno, a neces-
sidadede prorrogação do benefí-
cio. Se é um impacto grande, va-
mostentarconstruirsoluçõesden-
trodoorçamentofiscalnormalpa-
ra ver se a gente temalgum espaço
ondeagente consigaconstruir
umasoluçãoparamanterovalor”.
O deputado do DEMreforçou
que Congresso poderia “tomar a
iniciativa” da renovação,mas des-
tacouque “é bomque governote-
nha uma posição clarapara agen-
te saberem que condiçõesque nós
estamostrabalhando”. Maiadisse
ainda que será realizadoum deba-
te sobre aprorrogação do auxílio
emergencial na próxima terça-fei-
ra.(Colaborou FabioMurakawa)

AccentureB
AccionaA
AdidasB
AdventB
AirbnbB
AlcoaB
AmazonB
AndradeGutierrezB
AngloAmericanB
BancodoBrasilB
BancoOriginalC
BancoPátriaA
BankofAmericaB
BhartiAirtelB

BHPB
BNDESA3, B
BoaVistaA
BoeingB
BombardierB
BradoB
BraskemB2, B
BungeB
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CaterpillarB
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EconomaticaA
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DeutscheBankB
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WeWorkB
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Índicede empresascitadasemtextosnestaedição


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


Governodiscute termos


para renegociardívidas


Claudia Safatle


O


governocomeçaa
avaliarasituação
econômicae
financeiradas
empresasque
resistiram,atéagora,aotsunami
dacovid-19epreparaalguns
parâmetrosparaumagrande
renegociaçãodedívidas.
Acumulam-sedívidas
contraídaseimpostos
prorrogadoscomos
compromissoscorrentes.O
governotemciênciadeque
muitosvãoterquejogarcom
prazosmaislongosparafazer
essesacertos.Napartedos
tributosqueforamprotelados,
osparâmetrosdarenegociação
deverãoconstardapropostade
reformatributária.
Houve,demarçoparacá,a
suspensãodopagamentodo
FGTSportrêsmeses;foram
adiadasascontribuiçãode
empresasparaoPIS/Pasepe
COFINSe,também,foram
prorrogadososprazosparao
pagamentodoSimples
Nacional;dentreoutros.
Asmedidasdestinadasa
estimularaofertadecrédito
paraasmédias,pequenase
microempresasporforçada
pandemiaseesgotaram.Agoraa
tarefaéfazercomqueelas
cheguemaotomadorfinal.Para
isso,aopçãofoirevigoraralinha
decréditoparaopagamentoda
folhadesalários.construir
garantiasparaasoperaçõese
procurarpersuadirosbancos
privadosaentrarno
financiamentoparaesse
universodecompanhias.

Asúltimaslinhasdecrédito
foramprovidenciadasnesta
semanaquandoogoverno
editoumedidaprovisória
criandooProgramaEmergencial
deAcessoaCréditoparaas
pequenasemédiasempresas,
queirágarantirpartedos
empréstimosfeitosporbancosa
essasinstituiçõesmediante
aportedeaté20bilhõesdereais
doTesouronoFundoGarantidor
deInvestimentos(FGI)
administradopeloBNDES.Essa
iniciativadestina-seàempresas
comfaturamentoanualentre
360mile300milhõesdereaisem
2019,eosrecursosfinanciados
sãodelivreutilizaçãopodendo,
porexemplo,reforçarocapital
degirodascompanhias.
Cálculosdostécnicosdo
MinistériodaEconomia
indicamqueoprogramade
acessoaocréditopodeviabilizar
R$100bilhõesemempréstimos
aempresasdemédioporte.
OProgramaNacionalde
ApoioàsMicroempresaseàs
empresasdepequenoporte—
Pronampe—prevêumaporte
deR$15,9bilhõesdoTesourono
FundodeGarantiadeOperações
(FGO),administradopeloBanco
doBrasil,paracoberturada
inadimplênciadeaté85%da
carteira.
OPronampefoi,aoladodo
acessoaocréditocitadoacima,
umdosúltimosasercriadoda
listadenovaslinhasdecrédito
noâmbitodapandemiada
covid-19esóentraráemvigor
mesmonapróximasemana.
Pretende-se,comele,alcançar
maisde3milhõesde
microempresaseseosbancos
privadosnãoaderirem,o
governovaitentartransferir
todaaoperaçãoparaaCaixa.O
bancoestatalestánegociando
comasempresasdas
“maquininhas”parausa-las
comoinstrumentoparafazero

créditochegarnopipoqueiro.
Fontesdaáreaeconômicajá
começaram,também,aduvidar
dapossibilidadedetornaro
auxilioemergencialdeR$600,
umprogramaperene,aindaque
demenorvalor.Ascondições
fiscaisnãopermitemmaisum
planodeassistênciasemquese
revejatodososoutros.Aideiado
governoépagarmaisduasoutrês
parcelasdemenorvalordesse
auxílioeencerraroprograma,
assinalamtécnicos
Tambémnãoconstadoleque
dealternativasconsideradaspela
áreaeconômicadogoverno,
prorrogaroprazooriginaldetrês
mesesdasdemaismedidas
destinadasaajudarasempresasa
passarporessatempestade
preservandoempregos,taiscomo
reduçãodajornadadetrabalho
comarespectivareduçãodos
salários,suspensãodocontratode
trabalho,dentreoutrasAúnica
queteveseuprazodevigência
prorrogadofoiado
financiamentodafolhade
salários,quenãotevesucessoe
estásendorefeita.
Recuperaramedida
provisóriaquecriaacarteira
verdeamarelaéanova
prioridadedoministroda
Economia,PauloGuedes,para
abrirapossibilidadede
empregoparaquemvaiperder
oauxilioemergencial,indicam
fontesoficiais.AMP905,que
permitiaaescolhaentredois
regimesdecontratodetrabalho,
caducounofimdeabrilsemque
oCongressoavotasse.
Assessoresdaáreaeconômica
salientamqueseasiniciativas
concebidasnacarteiraverde
amarelademandarememenda
constitucionalenãoumasimples
medidaprovisória,“faremosa
propostadeemenda”.Aapostaé
quecommenosdireitos
trabalhistashaverámaisemprego
paraosjovensqueestãoentrando
nomercadodetrabalho.
Adesoneraçãodosencargos
queasempresaspagamsobrea
folhadesalárioéoutraideiaque
vemsendodiscutidadesdea
campanhaeleitoralmas,atéhoje,
ogovernonãoconseguiu
emplacá-la.
Apolíticadedesoneraçãoda
folhacomeçouaseradotadaem
2011,comasubstituiçãoda
cobrançadeumaalíquotade
20%decontribuição
previdenciáriasobreafolhade
saláriosporumporcentual
sobreofaturamento.Desde
então,aUniãojáabriumãode
maisdeR$100bilhõesem
arrecadaçãoereduziu
sobremaneiraossetores
beneficiados.
Adiscussãoesbarrouna
necessidadedeogoverno
arrumarumnovoimpostopara
compensaraperdadereceitas
comadesoneraçãodafolha.A
propostadeinstituiruma
tributaçãosobretransações
financeiras,seguindoomodelo
davelhaemalvistaCPMF,foi
barradapelopresidenteda
República.Masarealidadeéque
elanuncasaiudacabeçado
ministrodaEconomia.

U


mexperiente
ex-parlamentarque
foiconstituinte,
dissequenãohá
maisplateiaparaas
“bravatas”quesaemdacôrtede
Brasília.Elasnãomais
repercutemno“mundoreal”.
Paraesseex-parlamentarque
bemconheceoqueelechama
debravatasdacorte,asatenções
estãovoltadas,agora,paraa
costurapolíticaqueo
presidenteJairBolsonaroestá
alinhavandocomos
parlamentaresdoconhecido
Centrão.Énaconstruçãode
umabaseparlamentarqueo
governovêocaminhoparaa
aprovaçãodenovasreformas..
Serádepoucavalia,porém,
jogarnocolodoCentrão,a
tarefadeevitarumeventual
impeachmentdeBolsonaro.
Esseéumblocode
parlamentaresbastante
pragmático.

Claudia Safatleé diretora adjuntade
Redação e escreveàssextas-feiras
[email protected]

Desoneraçãoda
folhaestáemdebate
desdea campanha

Incentivo fiscal volta à pauta no Rio


RodrigoCarro
DoRio

No cargo desde a sexta-feira
passada, onovo secretário esta-
dual de Fazenda do Rio de Janei-
ro, GuilhermeMercês, têm pela
frente o desafio de pagarfuncio-
nários e fornecedores do Estado
em dia mesmonum momento
em que a queda da arrecadação
chega a25%, comoconsequência
da pandemia. Apesar do cenário
de turbulência políticaeincerte-
za econômica no Estado, o secre-
tário de 37 anos quer retomaro
debate em torno de um temaque
foi “demonizado” nos últimos
anos:osincentivostributários.
“Quandofalamosem incenti-
vofiscal,sódevemosterumobje-
tivo: aumento de arrecadação”,
afirma Mercês.“O incentivotri-
butárioé,naverdade,ofilhobas-
tardo de umaestrutura tributá-
riaaltaecomplexa”.Aposiçãodo
novo secretáriocontrastacom a
de seu antecessor.Otitular ante-
rior da pasta,Luiz ClaudioRodri-
guesdeCarvalho,enxergavacom
reservas ouso de benefíciosfis-
cais dentrode uma estratégia de
desenvolvimento.

Mercês fez questão de frisar
quesuaintenção,jáemdiscussão
com a AssembleiaLegislativa do
Estado do Rio de Janeiro (Alerj),é
aperfeiçoar aestrutura tributária
vigentenoEstado. Para tentar al-
cançar oobjetivo, osecretário es-
trutura uma nova áreadentro da
Fazendacomafunçãodeanalisar
em detalhe a política tributária
no Rio de Janeiro. O grupoficará
responsávelporcalcularoimpac-
to de diferentes medidas na arre-
cadaçãoenaeconomia.
Mercêsfoi nomeadoem meio
auma criseentreogovernador
Wilson Witzel(PSC) e aAlerj que
culminoucoma exoneraçãona
quarta-feira de LucasTristão, se-
cretário de Desenvolvimento
Econômico,Energia eRelações
Internacionais.Até asemana
passada,Mercês era um dos sub-
secretáriosdeTristão.
O novotitularda Fazendasus-
tentaque a pautasobreaperfei-
çoamento tributário deve ser
construídaem conjuntocoma
AssembleiaLegislativa a partir
deumaestratégiaclara:“Qualéo
desenho tributárioque colocaa
economiado Rio de Janeirocom-
petitivafrenteaos seusprinci-

pais Estadosconcorrentes e, com
isto, consegue atrairempresase
aumentar nossa arrecadação?
Essaéadiscussão”.
Na avaliaçãodele,a forma co-
mo os incentivos tributários
eramconcedidosno passado, de
formadiscricionária(semregras
nem limites) e muitas vezessem
aparticipação da Alerj,contri-
buíram paradesgastareste tipo
de medida.Ele argumentaque,
mesmono contextoatual,não
faria sentidotentar suspender
incentivos.
“Vamossuporque agora,em
meioàcovid-19, vamoscancelar
todos os incentivos fiscais.Eu
pergunto:paraondevai a carga
tributáriaque hoje éde 35%?Pa-
ra 50%,60%? O que aconteceria
na prática? Eu poderia arrecadar
maisno primeiromês,mas ob-
viamentequebrariatodas as em-
presase acabariacom a basede
arrecadação”,diz.
Dadosda Fazendafluminense
indicam que até agorao impacto
da pandemiana arrecadação tri-
butáriaficouentre20% e 25%.
Mesmoassim,afrustração de re-
ceitas estimada para o ano dimi-
nuiu.No inícioda pandemia,as

projeçõesindicavam uma insufi-
ciênciadeR$18bilhões,queago-
ra recuouparaum patamar ne-
gativodeR$14bilhões.
Os números maisfavoráveis
são consequênciade um desem-
penhomelhordoqueoesperado
na receitade ICMS. Pelas contas
de Mercês,foramR$ 2bilhõesa
maisem relaçãoàexpectativa
original.OutrosR$ 2 bilhõesvie-
ramda receitade royaltiesde
participações especiaisdo petró-
leo, influenciadapela subidana
cotaçãodacommodity.
Mercês espera ainda obter
cercade R$ 1 bilhãocom arene-
gociaçãode custosbancários do
Estado e tambémde contratos
firmadosentre 2014e2016 que
permitiramao Estado antecipar
receitasfuturas de royaltiesdo
petróleo.
Economista-chefe ediretorfi-
nanceiro da Federação das In-
dústrias do Estado do Rio de Ja-
neiro(Firjan)por maisde uma
década,Mercêsdeixouaentida-
deem2018paracoordenaraela-
boraçãodo planode governodo
senador Romário (Podemos),
candidatoao PalácioGuanabara
nasúltimaseleições.

GuilhermeMercês, novo secretáriode Fazenda do Rio: “Quandofalamosem incentivo fiscal,só devemoster um objetivo: aumento de arrecadação”

LEO PINHEIRO/VALOR

Vai Corinthianssssssss

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