O Estado de São Paulo (2020-06-06)

(Antfer) #1

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O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 6 DE JUNHO DE 2020 Economia B3


MERCEDES-BENZ AXOR 2041 S 13/13 - LEILÃO DIA 11/06, QUINTA, 11H.

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Amanda Pupo/ BRASÍLIA


O governo quer efetivar ainda
neste ano uma agenda de desbu-
rocratização do setor portuá-
rio, com a implantação de no-
vos procedimentos de contrata-
ção em portos públicos. As dis-
cussões ganharam fôlego após
auditoria do Tribunal de Con-
tas da União (TCU) concluir
que os portos organizados no
Brasil enfrentam problemas bu-
rocráticos e de ociosidade.
Sob coordenação em especial


da Secretaria Nacional de Por-
tos e Transportes Aquaviários
do Ministério da Infraestrutu-
ra, o trabalho busca resgatar,
por exemplo, o contrato de uso
temporário, que chegou a vigo-
rar no passado, mas foi derruba-
do por decisões judiciais.
Agora, com o entendimento
da área técnica do TCU, a Secre-
taria de Portos vê maior respal-
do para avançar na pauta e estu-
da propor ainda neste ano medi-
da legislativa sobre o tema. Uma
das recomendações da audito-
ria – que ainda precisa passar pe-
lo plenário da Corte – é para que
o governo crie mecanismos de
contratação que viabilizem a ex-
ploração de áreas operacionais
dos portos organizados para as
quais o arrendamento não seja
adequado, a exemplo do contra-

to de uso temporário.
“Estamos avaliando levantar
isso para status legal, essa e ou-
tras simplificações”, afirmou o
secretário nacional de Portos e
Transportes Aquaviários, Dio-
go Piloni, acrescentando que al-
terações infralegais também
são estudadas.
A solução é pensada num con-
texto de números preocupantes
para o segmento público de por-
tos. A auditoria do TCU identifi-
cou uma taxa média de ociosida-
de geral dos principais portos or-
ganizados de 56%. Para os técni-
cos da Corte, um dos limitado-
res para a exploração desses es-
paços é o fato de o arrendamen-
to – “com todas as suas dificulda-
des” – ser a única forma de con-
tratação entre a autoridade por-
tuária e os terminais.

Esse tipo de contrato é apon-
tado como rígido (tem até 35
anos de vigência) e incapaz de
conferir aos terminais arrenda-
dos e à autoridade portuária a
flexibilidade exigida pelo dina-
mismo dos fluxos comerciais
do setor de portos. Além disso,
seu processo licitatório é visto
como extremamente demora-
do, já que pode levar mais de
dois anos entre o início dos estu-
dos e a assinatura do contrato.
O contrato de uso temporá-
rio tem outra dinâmica. No mo-
delo usado pelo governo no pas-
sado, uma área poderia ser en-
tregue sem licitação por até 60
meses (5 anos). As condições
eram de que a empresa não ti-
vesse arrendamento no porto e
que a carga a ser movimentada
não estivesse consolidada no lo-

cal. Posteriormente, a operação
poderia, então, passar por um
processo de licitação.

Modelo. Segundo Piloni, o mo-
delo que o governo quer resga-
tar é muito similar ao usado an-
teriormente. Para o segmento
da cabotagem (transporte de
cargas ao longo da costa brasilei-
ra), a ideia é já prever o contrato
de uso temporário no projeto

de lei que deve ser enviado ao
Congresso.
Enquanto isso, os terminais
de uso privado (TUP) avançam,
já que dispõem de regras mais
flexíveis e dinâmicas, aponta o
TCU. Atualmente, são respon-
sáveis por aproximadamente
dois terços da movimentação
de cargas do setor portuário bra-
sileiro.
Para Piloni, não se trata de
uma defesa “intransigente” dos
portos públicos, mas um reco-
nhecimento de que os princi-
pais ativos portuários no Brasil
são organizados. “O Porto de
Santos está sofrendo essa assi-
metria de concorrência”, exem-
plifica o secretário.
Mesmo com um programa de
desestatização em andamento,
Piloni diz que não se pode des-
considerar que “talvez uma boa
parte dos portos organizados”
continue sendo gerida por auto-
ridades portuárias públicas.

BC deve lançar


novas medidas


para o crédito


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


l‘Simplificações’

Governo quer contrato temporário em portos públicos


Empresas preveem mais demissões nos próximos três meses. Pág.B4}


Adriana Fernandes/ BRASÍLIA


O avanço da covid-19 no Bra-
sil criou um ambiente favorá-
vel para a votação pelo Sena-
do do projeto que cria o novo
marco de saneamento do Bra-
sil, que abre espaço para a ini-
ciativa privada atuar com
mais força na exploração do
setor e institui o regime de li-
citações aos municípios para
a escolha das empresas que
prestarão serviços de abaste-
cimento de água, coleta e tra-
tamento de esgoto.
A expectativa é de que o presi-
dente do Senado, Davi Alcolum-
bre (DEM-AP), feche um acor-
do para votação a partir da se-
gunda quinzena de junho, ainda
com o funcionamento do plená-
rio virtual que foi instalada du-
rante a pandemia.
A avaliação é que o projeto es-
tá maduro e que é o momento
para a sua aprovação, principal-
mente depois que a covid-19
mostrou a dificuldade da popu-
lação de baixa renda de enfren-
tar a doença sem condições bási-
cas de acesso à água potável e
saneamento. No Brasil, 100 mi-
lhões não têm coleta de esgoto
e 35 milhões não têm acesso à
rede água.
Estudo da Associação Brasi-
leira de Engenharia Sanitária e
Ambiental (Abes), divulgado
ontem mostra que o Brasil teve
mais de 40 mil internações cau-
sadas por doenças relacionadas
a falhas de saneamento básico
no primeiro trimestre deste
ano. As internações ocuparam,
em média, 4,2% dos leitos do
SUS no período, por cerca de
três dias. Além disso, elas custa-
ram mais de R$ 16,1 milhões aos
cofres públicos.
Uma das possibilidades para
agilizar a aprovação do novo
marco legal é levar direto ao ple-
nário o texto que recebeu o aval
dos deputados. O relator Tasso
Jereissati (PSDB-CE) disse que
Alcolumbre e o líder do gover-
no, Fernando Bezerra (MDB-
PE), querem votar a proposta,
mas há ainda resistências de al-
guns senadores, que devem ser
vencidas até o dia 15.
“Não é um projeto de privati-
zação. É um projeto de universa-
lização de metas para o sanea-
mento básico”, afirmou Jereissa-
ti que foi relator da proposta
aprovada no ano passado. Como
houve mudanças na Câmara, o
projeto retornou ao Senado.
Pelo projeto, os serviços de
saneamento só poderão ser con-
cedidos (outorga de conces-
são), via licitação. Será permiti-
da a prorrogação, por até 30
anos, dos contratos existentes.
O novo marco cria uma meta de


universalização estabelecida
para 2033. Segundo a Abes, ho-
je, menos de 100 cidades brasi-
leiras estão perto de atingir a
universalização do saneamen-
to básico.
Jereissati destacou que nem
União, Estados, municípios e as
companhias estaduais têm re-
cursos para fazer andar investi-
mentos para cobrir o que cha-

mou de déficit vergonhoso para
o País. Ele ressaltou que já fo-
ram feitos mais de 20 audiên-
cias públicas sobre o tema no
Congresso. “O processo de dis-
cussão está esgotado, pode fa-
zer ajuste e aqui e ali”, disse.
Uma das possibilidades é nego-
ciar com o governo eventuais
vetos do presidente para fazer
os ajustes e evitar que o projeto
retorne à Câmara.
O relator rebateu a avaliação
de que é preciso esperar o fim
da pandemia para avançar na
proposta. Para ele, se o projeto
tivesse sido aprovado antes o
País estaria enfrentando a pan-
demia numa situação melhor.

Na veia. A presidente da Co-
missão de Constituição e Justi-
ça (CCJ), Simone Tebet (MDB-

MS), disse que apoia o movi-
mento para a votação ainda no
plenário virtual e que o projeto
está em boas mãos com Jereissa-
ti. “O projeto está relacionado
com a pandemia porque sanea-
mento é saúde pública na veia”,
disse Tebet, ressaltando que a
população pobre ficou numa si-
tuação difícil na ausência de sa-
neamento. Segundo ele, depois

da próxima semana, quando se-
rá votado projeto de combate às
fake news (informações falsas),
será possível um acordo para a
votação até o final do mês.
A equipe econômica também
considera importante a vota-
ção do projeto para estimular
os investimentos na retomada
da economia na fase pós-covid.
O secretário de Desenvolvimen-

to de Infraestrutura do Ministé-
rio da Economia, Diogo Mac
Cord, avaliou que o texto está
muito bom e é fruto de dois
anos e meio de debate.
A previsão é de investimen-
tos de R$ 50 bilhões por ano pa-
ra a universalização do sanea-
mento até 2033. Hoje, o valor é
de investimento é de apenas R$
12 bilhões por ano.

“Estamos avaliando
levantar isso (contratos
temporários) para status
legal, essa e outras
simplificações.”
Diogo Piloni
SECRETÁRIO NACIONAL DE PORTOS

Proposta deverá ser


enviada neste ano ao


Congresso; para TCU,


modelo atual gera
burocracia e ociosidade


Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA
Francisco Carlos de Assis

O diretor de Política Econômi-
ca do Banco Central, Fabio
Kanczuk, afirmou ontem que o
crédito para as pequenas e mé-
dias empresas do País está “flu-
indo”, mas acrescentou que a
procura está mais forte, o que,
em sua visão, gera a “incom-
preensão” de que os bancos não
estão emprestando.
Para ele, está “aumentando le-
gal” a oferta. “As empresas não
têm caixa. Mas está fluindo, es-
tá chegando nas pequenas? Es-
tá. A gente vai aperfeiçoar algu-
mas coisas, mas a gente tem no-
tado que está chegando sim nas
pequenas empresas, está fun-
cionando direitinho. É uma das
incompreensões que a gente es-
tá achando injusta. Está indo,
mas por que as pessoas recla-
mam? Porque a demanda por
crédito subiu tanto que a oferta,
apesar de ter subido bastante,
não está conseguindo satisfa-
zer o surto imenso de deman-
da”, declarou.
Em videoconferência promo-
vida pela XP Investimentos, o di-
retor do BC também afirmou
que o a instituição está traba-
lhando para aumentar a oferta
de crédito, e acrescentou que no-
vas medidas devem ser anuncia-
das neste sentido, mas não quis
antecipá-las:“O BC pode fazer a
mais. Eu vou me limitar à respos-
ta porque a gente vai anunciar
coisas a mais em breve. Não pos-
so dar ‘spoiler’ aqui.”

JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO-27/4/2020

Votação de marco


de saneamento


deve ser retomada


lUniversalização
“Não é um projeto
de privatização. É
um projeto de
universalização
de metas para o
saneamento básico.”
Tasso Jereissati
SENADOR (PSDB-CE)

Senado deve apreciar projeto, que pode ampliar investimentos no


setor; avanço da covid-19 ‘incentiva’ senadores a discutir tema


Voto virtual. Tasso Jereissati (na tela) e Davi Alcolumbre (direita) querem votar projeto
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