O Estado de São Paulo (2020-06-06)

(Antfer) #1

H6 Especial SÁBADO, 6 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Caio Nascimento


Miguel Falabella foi informa-
do pela Globo na quinta-feira,
4, que seu contrato com a emis-
sora, que vai até setembro, não
será renovado. Ao Estadão,
ele afirmou que foi avisado
com antecedência da demis-
são e que não houve um acordo
sobre sua saída.
“Meu contrato acabou, avisa-
ram com antecedência que não
iam renovar, mas foram supere-
legantes, não teve estresse,
não. Eu já estava meio que espe-
rando. Vida que segue, tem coi-
sa para fazer”, afirmou.
Falabella assinou seu primei-
ro contrato com a Globo em
1981, aos 25 anos. Hoje com 63,
o ator e diretor publicou em
seu perfil nas redes sociais
uma foto ainda jovem, de quan-
do estava começando sua car-
reira na empresa, e comentou
sua saída em tom nostálgico.
“Nesses quase 40 anos, fui mui-
to feliz e muito bem tratado
sempre. Seguir novos cami-
nhos não significa abandonar o
que se conquistou na caminha-
da. Só tenho boas lembranças.
Só tenho sorrisos. Cheio de gra-
tidão por todos os companhei-
ros que estiveram ao meu lado
nessa jornada e ao público que
viu algo em mim que nem eu
mesmo via. Obrigado”, disse.
“Eu ia fazer um vídeo, mas
nessas horas a gente fica com o
coração mole. Como diria
Drummond, amanhã eu reco-
meço”, completou.
Miguel Falabella estava esca-
lado para o grupo de jurados do
Show dos Famosos, quadro do
Domingão do Faustão, de 2020,
no entanto, a atração foi adia-
da devido à pandemia do novo
coronavírus.


Carreira. A primeira novela na
qual Miguel Falabella atuou foi
em Sol de Verão (1982), de Ma-
noel Carlos. Desde aquele tra-


balho, alavancou seu sucesso
nas telas brasileiras: no mesmo
ano, fez Caso Verdade, depois
encenou em Livre Para Voar
(1984), Amor Com Amor Se Paga
(1984), Selva de Pedra (1986), O

Outro (1987) e Tieta (1989).
Falabella se destacou tam-
bém em sua longa passagem pe-
lo Vídeo Show, que estreou em
março de 1983. Ele foi apresen-
tador da atração de 1987 a


  1. Em 2016, ele voltou para
    apresentar o quadro Memória
    Nacional, que homenageava ar-
    tistas consagrados. O progra-
    ma chegou ao fim em janeiro
    de 2019.


Na década de 1990, atuou em
seis projetos da Globo, até ir ao
ar com a sitcom Sai de Baixo
(1996-2002), considerada por
muitos um dos seus trabalhos
mais marcantes na TV, com o
papel de Caco Antibes, perso-
nagem que tinha ‘horror a po-
bre’ e era casado com Magda
(Marisa Or-
th). Até hoje,
suas frases
são comparti-
lhadas em pos-
tagens de hu-
mor nas redes
sociais.
Outro su-
cesso cômico foi em Toma Lá,
Dá Cá (2007-2009), vivendo
Mário Jorge, um corretor de
imóveis casado com Celinha
(Adriana Esteves) e vizinho da
ex-mulher (Marisa Orth), num

edifício do condomínio Jamba-
laya; a dinâmica teatral era se-
melhante à de Sai de Baixo.
Também roteirista, ele criou
a série Pé Na Cova, exibida entre
2013 e 2016, onde atuou como
Ruço, dono da funerária Fui, no
bairro do Irajá. Em 2017, foi jura-
do no Show dos Famosos. Criou
ainda a série
Brasil a Bordo,
que foi ao ar
na Globo em
2018 – e na
qual também
atuava.
Seu papel
mais recente
foi como Miguel em Cine Hol-
liúdy, uma série produzida e exi-
bida pelo Globoplay, cujo lança-
mento da primeira temporada
ocorreu em abril de 2019. /
COLABOROU UBIRATAN BRASIL

‘NÃO TEVE ESTRESSE. EU


JÁ ESTAVA ESPERANDO.


VIDA QUE SEGUE, TEM


COISA PARA FAZER’


l]


Prato do Dia


PATRÍCIA FERRAZ
[email protected]
@patriciacferraz

C


uscuz campeiro era prato tradi-
cional de café da manhã em Ca-
razinho, no interior do Rio
Grande do Sul, onde o chef Tuca Mez-
zomo passou a infância. Antes de sair
para trabalhar na lavoura, a avó dele,
dona Dalva, preparava o cuscuz com
charque e linguiça e deixava na mesa
do café da manhã junto de outras espe-
cialidades rurais. O cuscuz, quase
igual ao que a avó fazia, está no cardá-
pio do Charco, restaurante de cozi-
nha autoral com referências sulistas
do chef. Faz as vezes de acompanha-

mento, é delicioso e absolutamente
reconfortante. Tuca fez apenas duas
pequenas adaptações à receita da avó:
incluiu limão (que combina incrivel-
mente com a farinha de milho) e fa-
tias de cebola roxa crua, para dar cro-
cância, fazendo contraste com a ma-
ciez do cuscuz. O prato varia confor-
me a farinha que você usar – se quiser
com jeito de cuscuz, use a farinha de
milho em flocos; se quiser mais firme,
com ares de farofa, use farinha de mi-
lho moída grossa. Este da foto foi fei-
to com farinha grossa, por força das

circunstâncias: comprei pelo deli-
very, para não quebrar o isolamento,
e veio trocado.
Ingredientes
(4 a 6 porções)
1/2 kg de farinha de milho em flocos
200g de charque dessalgado
200g de linguiça fresca
1 cebola branca pequena (em fatias finas)
1 cebola roxa pequena (em fatias finas)
2 dentes de alho (bem picados)
1/2 maço de salsinha fresca (picada)
1/2 maço de cebolinha fresca (picada)
1/2 maço de coentro fresco (picado)
2 colheres (sopa) de manteiga
1 limão (apenas o suco)
Sal e pimenta-do-reino moída na hora
Preparo


  1. Cozinhe o charque em uma panela de
    pressão por mais ou menos 30 minutos,


escorra e desfie. Reserve.


  1. Coloque a farinha em uma tigela com
    300 ml de água filtrada para hidratar, até
    virar uma farofa úmida. Tempere.

  2. Ponha a farinha em uma peneira para
    cozimento no vapor, forrada por um pano,
    ou em uma cuscuzeira. Cozinhe por meia
    hora (para a farinha flocada, você vai pre-
    cisar de mais tempo). O sinal de que está
    cozida é quando desbota.

  3. Ponha o recheio da linguiça numa frigi-
    deira para dourar (se precisar, ponha um
    pouco de azeite), junte a cebola branca, o
    alho, refogue e junte o charque. Deixe co-
    zinhar, mexendo, por alguns minutos. Adi-
    cione a cebola roxa e o cuscuz cozido.

  4. Misture bem, ponha manteiga, salsi-
    nha, coentro e cebolinha, esprema o li-
    mão e ajuste o tempero. Sirva quente ou
    em temperatura ambiente.


Sem intervalo


Eliana Silva de Souza

Recentemente, o sambista
Nelson Sargento, de 95 anos,
se viu em uma situação com-
plicada financeiramente, pois
teve seus shows cancelados,
por causa da pandemia de co-
vid-19. Por esse motivo, o
músico havia decidido vender
objetos pessoais, como seus
ternos da Mangueira e sua co-
leção de vinis. Um dos nomes
mais respeitados e queridos
do samba, sua luta foi parar
nas redes sociais, e amigos e
fãs deram início a uma vaqui-
nha virtual, para arrecadar
fundos para o cantor e compo-
sitor. Assim, até a manhã de
sexta-feira, 5, havia 541 partici-
pantes, o que dava um total de
R$ 47.795,74 (quem quiser
contribuir pode acessar o link
https://www.vakinha.com.br/

vaquinha/nelson-sargento).
Nascido em 25 de julho de
1924, Nelson Sargento é um ar-
tista de múltiplas facetas. Não
se fixou apenas no ritmo que
guia sua trajetória. Ele é tam-
bém um pesquisador da músi-
ca popular brasileira, escritor
e ainda artista plástico. Um im-
portante sambista que mere-
ce respeito. Neste sábado, 6, a
TV Brasil vai mostrar um retra-
to de Sargento, no programa
Todas as Bossas, de 2018, que
vai ao ar às 22h30, e reúne
música e depoimentos de no-
mes como Áurea Martins, Mo-
narco, Noca da Portela e Wil-
son Moreira, que dividem o
palco com jovens talentos co-
mo Vidal Assis.

Cuscuz campeiro


do Charco


PATRÍCIA FERRAZ

Realidade cruel
Será exibido neste domingo, 7, às
20h50, no canal Lifetime, o filme
Betty & Coretta (2013), que traz
a história das viúvas de Martin
Luther King e Malcom X. Com o
assassinato de seus maridos na
década de 1960, a escritora e
ativista Coretta (Angela Bassett)
e a educadora Betty (Mary J. Bli-
ge) se aproximaram ainda mais,
nutrindo uma grande amizade
durante três décadas e se enga-
jando no movimento pelos direi-
tos civis. Elas também lutaram
para criar seus filhos sozinhas. A
direção é de Yves Simoneau.

Olhando para o céu
Estreia neste sábado, 6, às
23h10, no History, o especial Óv-
nis: Arquivos Ultrassecretos, que
é baseado em arquivos confiden-
ciais do governo dos Estados
Unidos, que revelam que objetos
não identificados foram vistos de
verdade. Com recriações drama-
tizadas, a produção mostra os
desafios enfrentados pelas for-
ças militares para proteger a hu-
manidade de possíveis encon-
tros com extraterrestres. O mate-
rial tem sequência no dia 20,
com outras partes do especial.

Notas de vida
O programa Altas Horas deste
sábado, 6, na Globo, exibe entre-
vista com o maestro João Car-
los Martins. Em noite especial
em sua homenagem, o pianista,
por meio de videoconferência,
conversa com o apresentador
Serginho Groisman sobre o mo-
mento atual, de isolamento so-
cial por causa da covid-19. Pres-
tes a completar 80 anos, ele
fala sobre sua dedicação à arte
e à música, após um longo perío-
do afastado do piano, que pôde
retomar com a ajuda de luvas
biônicas.

Participação especial
O ator Hugo Bonemer foi convida-
do pela segunda vez para fazer
parte do júri do Emmy Interna-
cional, que será realizado em 23
de novembro.

Jogo divertido
A ginasta Daniele Hypólito sur-
ge, a partir deste sábado, 6, co-
mo integrante do reality Made in
Japão, que é apresentado por
Sabrina Sato, na Record TV. Ela
substitui a passista Quitéria Cha-
gas, que lesionou o joelho. A atra-
ção vai ao ar a partir das 22h30.

DESTAQUE

Miss Simpatia/
Miss Congeniality
(EUA, 2001.) Dir. de Donald Petrie, com
Sandra Bullock, Michael Caine, Benjamin
Bratt, Heather Burns, Candice Bergen.

Luiz Carlos Merten

Na série de filmes ‘queridos do
público’ que a Globo vem exi-
bindo aos sábados à tarde, che-
ga a vez de Sandra Bullock co-
mo a policial que passa por um
banho de butique e vira miss.
O objetivo é prevenir um ato
terrorista no concurso de bele-
za. Sandra já era uma estrela,
mas ainda teria de esperar qua-
se dez anos até o Oscar de me-
lhor atriz, que recebeu por Um
Sonho Possível, de 2010.
GLOBO, 13H55. COL., 110 MIN.

WARNER BROS

FALABELLA DEIXA A


Caderno 2


Versátil. Miguel Falabella atuou em novelas e séries, foi apresentador do ‘Vídeo Show’ e fez sucessos cômicos como ‘Toma Lá, Dá Cá’ e ‘Sai de Baixo’

NELSON


SARGENTO:


CAMPANHA E


HOMENAGEM


Filmes na TV


Sangue do Meu Sangue
(Itália, 2015.) Dir. de Marco Bellocchio, com
Pier Giorgio Bellocchio, Lidiya Liberman,
Roberto Herlitzka, Alba Rohrwacher.

Baseado num romance clássico da
literatura italiana – I Promessi Spo-
si, de Manzoni –, Bellocchio narra
uma história em duas épocas. Um
frade que se suicida no passado e,
no presente, um agente imobiliário
que tenta comprar o convento em
que o fato ocorreu. Vencedor do
prêmio da crítica em Veneza, um
filme rico em camadas.
ARTE 1, 11H45. COLORIDO, 110 MIN.

Democracia em
Preto e Branco
(Brasil, 2014.) Dir. de Pedro Asberg, rotei-
ro de Arthur Muhlenberg.

Para quem não é corintiano, pode
ser pedir demais assistir a esse fil-
me, mas o que Asberg propõe ultra-
passa os limites do campo de fute-
bol. Política, esporte e rock'n'roll.
Sócrates, Casagrande e Vladimir
lideraram um movimento sem pre-
cedentes e adotaram a democracia
no futebol como ato de resistência
ao regime militar, nos anos 1980.
CURTA!, 22h20. COL. E P&B, 90 MIN.

Após quase 40 anos, ator e diretor não terá contrato renovado


pela emissora, onde fez sucessos marcantes como ‘Sai de Baixo’


GLOBO


SILVANA GARZARO/ESTADÃO
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