O Estado de São Paulo (2020-06-07)

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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 7 DE JUNHO DE 2020 NotaseInformações A


A


nte a perspectiva sombria de que o
País mergulhe na violência, como
resultado da escalada retórica au-
toritária do presidente Jair Bolso-
naro e da disposição belicosa de
seus camisas pardas, emerge um
debate crucial sobre os mecanismos por meio
dos quais a democracia se defende dos extremis-
tas que, maliciosamente, exploram as liberdades
constitucionais para tentar arruiná-la.
A Alemanha, por exemplo, construiu, logo de-
pois da 2.ª Guerra, um arcabouço legal e cívico
para proteger sua democracia da ação insidiosa
dos herdeiros do nazismo. O objetivo explícito
era impedir que a democracia liberal que se pre-
tendia construir fosse arruinada pelo extremis-
mo, como aconteceu com a República de Wei-
mar, que o nazismo pôs abaixo em 1933.
Na reconstrução do Estado alemão, o papel
dos partidos – isto é, da representação da vonta-
de política dos alemães – foi reforçado, enquanto
a formação de partidos extremistas, tanto de di-
reita como de esquerda, foi proibida. No mesmo
sentido, não se confundiu a liberdade de expres-
são com o discurso de ódio, que foi proibido.
Além disso, o Tribunal Constitucional – que fi-


ca em Karlsruhe, a 670 km da capital, Berlim, e
portanto geograficamente distante das pressões
das autoridades federais – conquistou o apreço
de todo o país por defender os cidadãos das in-
junções do poder e por transformar o respeito à
Constituição em demonstração
de patriotismo. A reverência à lei
substituiu a antiga devoção ale-
mã às autoridades fortes, de mo-
do que a Constituição se tornou
o elemento de coesão entre os ci-
dadãos. Uma democracia com es-
sas características é muito mais
sólida, mesmo diante da ameaça
constante do extremismo.
O Brasil não teve nada pareci-
do com o nazismo, e sua demo-
cracia já passou com louvor por
testes de estresse bastante signifi-
cativos desde o fim do regime mi-
litar. Mas talvez a ameaça de ruptura desta vez te-
nha alcançado um patamar tal que torne inevitá-
vel articular mecanismos para proteger a demo-
cracia de seus inimigos, cada vez mais desabri-
dos. E, assim como aconteceu na Alemanha, será
preciso fazer uma reforma do Estado que vá mui-

to além da simples reorganização administrativa.
Essa reforma precisa reduzir o tempo da buro-
cracia, excruciante para os cidadãos que esperam
valer seus direitos, tornando o Estado mais efi-
ciente e responsivo. A lentidão estatal, que serve
a propósitos obscuros, colabora
decisivamente para que os cida-
dãos percam a confiança na admi-
nistração pública – e a descrença
cresce à medida que, por outro la-
do, esse mesmo Estado se mostre
rápido para despachar demandas
de quem tem poder ou se relacio-
na bem com as autoridades.
É a impotência do cidadão ante
esse Leviatã, a despeito dos am-
plos direitos que a Constituição
lhe assegura, que alimenta a desi-
lusão cívica que pode resultar na
aceitação, quando não no desejo,
de uma solução antidemocrática.
Esse cidadão desencantado é o mesmo que
não se reconhece no Estado, e portanto não se
sente participante de sua construção e de seu
funcionamento. Foi isso o que historicamente
facilitou a ascensão dos regimes totalitários na

Europa no passado recente. Uma reforma do Es-
tado deve almejar, portanto, uma reconexão
com os cidadãos, para que a democracia faça
sentido de novo.
Para isso, esse Estado reformulado – necessa-
riamente menor e menos dispendioso do que é
hoje – deve se voltar para a execução eficiente de
políticas públicas em áreas como segurança, saú-
de, educação e saneamento básico. Deve, tam-
bém, ter mecanismos que ensejem uma fiscaliza-
ção ampla e transparente dos funcionários públi-
cos e das autoridades eleitas, responsabilizando-
os pelas suas falhas. Por fim, mas não menos im-
portante, deve ser capaz de estabelecer parcerias
com a iniciativa privada, para transformar ações
estatais em ações cidadãs. Um exemplo bem-su-
cedido desse modelo, no Brasil, é o Comitê Ges-
tor da Internet, que alcançou ótimos resultados
ao unir Estado e sociedade.
Em resumo, o Estado brasileiro precisa ser pro-
fundamente reformado para que o cidadão dele
se sinta participante integral, com direitos e deve-
res, sob os auspícios da Constituição – esta sim,
fonte de toda a autoridade e da coesão nacional.
Somente assim a democracia ganhará músculos
para se defender de seus inimigos.

E


nquanto o presi-
dente da Repúbli-
ca abandona o
País à deriva na
tormenta sanitá-
ria e econômica,
abrindo os braços à velha políti-
ca do chamado Centrão para
remendar um bote salva-vidas
que o mantenha na superfície,
uma auditoria do Tribunal de
Contas da União (TCU) sobre
a cadeia específica, mas decisi-
va, dos portos ilustra o quanto
legislações anacrônicas aliadas
ao fisiologismo político acarre-
tam ineficiência e estimulam a
corrupção, impondo entraves
à competitividade do mercado
nacional, desperdício de recur-
sos públicos e perdas ao inves-
tidor privado.
A auditoria, a ser submetida
ao plenário do TCU, foi moti-
vada pela ociosidade dos por-
tos públicos, de aproximada-
mente 56%. Com infraestrutu-
ra, localização privilegiada e
outras externalidades positi-
vas, o capital necessário para
investir em um terminal públi-
co é menor do que no privado.
Ainda assim, nos últimos seis
anos os terminais privados in-
vestiram mais de R$ 32 bi-
lhões, enquanto os leilões para
arrendamento nos portos pú-
blicos geraram apenas R$ 3 bi-
lhões. Ou seja, a demanda exis-
te, mas os portos públicos não
são atrativos.
O processo licitatório para
arrendamento portuário é com-
plexo, rígido e moroso, e os
contratos não conferem à auto-
ridade portuária flexibilidade
para se adaptar ao dinamismo
dos fluxos de comércio. O mo-
delo centralizado em Brasília,
com excesso de entidades e ins-


tâncias decisórias, faz com que
os controles recaiam muito
mais sobre formas e procedi-
mentos do que resultados.
Em contraste com a varieda-
de e flexibilidade das contrata-
ções nos portos internacio-
nais, no Brasil a única forma
de contratação é o arrenda-
mento regido pelo direito pú-
blico, resultando em modelos
complexos, longos e custosos
que frequentemente acabam
judicializados e dificultam
adaptações às mudanças nas
cargas e rotas comerciais ou
desenvolvimentos tecnológi-
cos e novas oportunidades de
negócios. Além disso, a mão de
obra precisa ser registrada no

Órgão de Gestão de Mão de
Obra, um monopólio que acar-
reta baixos incentivos à qualifi-
cação e à eficiência.
Segundo a auditoria, as no-
meações para cargos comissio-
nados são frequentemente su-
jeitas a interesses políticos.
Em enquete nos terminais ar-
rendados, 70% dos consulta-
dos afirmam que a autoridade
portuária é prejudicada por in-
dicações políticas, e para 43%,
é “muito” prejudicada. “Ao lon-
go dos anos temos sofrido com
portos políticos e não portos
públicos”, disse a Federação de
Operadores Portuários. Portos
como os de Antuérpia, Roterdã
ou Houston, apesar de serem
públicos, trabalham com a au-
tonomia de empresas privadas.
“Pode-se inferir que uma ges-

tão deficiente, pouco compro-
metida com resultados e pou-
co transparente favorece o sur-
gimento de ambiente mais pro-
pício à fraude, corrupção e ou-
tras práticas ilícitas”, diz o rela-
tório. Em 2018, parte da cúpula
da Companhia Docas, respon-
sável pela administração do
Porto de Santos, por exemplo,
foi presa por supostos crimes
na contratação de serviços que
somam R$ 37 milhões.
Assim, os portos nacionais
estão presos a um círculo vicio-
so. Cada vez mais o mercado
opta por portos privados. Isso
agrava a ociosidade dos portos
públicos, levando à perda de
oportunidades e receitas, que
por sua vez leva à contração de
investimentos, que leva à inefi-
ciência, mais custos e menos
atratividade. Essa fragilidade,
“além de causar prejuízo à
União, dificulta a inserção dos
bens e serviços brasileiros no
mercado internacional, aumen-
tando o custo Brasil, com sé-
rios impactos negativos em
nossa competitividade”.
Os auditores recomendam
alterações legislativas e proto-
colos administrativos que sim-
plifiquem procedimentos e fle-
xibilizem mecanismos de con-
tratação. Além disso, é preciso
fazer valer com mais rigor os
critérios da Lei das Estatais de


  1. Um dos destaques positi-
    vos foi a atuação recente do Mi-
    nistério da Infraestrutura para
    profissionalizar a gestão dos
    portos. O ministro Tarcísio de
    Freitas tem também planos
    ambiciosos de concessão de
    portos à iniciativa privada. A
    ver se resistirão à porteira aber-
    ta pelo presidente da Repúbli-
    ca à boiada fisiologista.


E


m entrevista no
dia 3 de junho, o
presidente da Câ-
mara dos Deputa-
dos, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), defen-
deu a necessidade de que a Co-
missão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) que investiga
a produção, disseminação e pa-
trocínio das fake news dê conti-
nuidade aos seus trabalhos. “A
CPMI precisa voltar a funcio-
nar. Esse tema das fake news é
muito sério”, disse Maia. O pre-
sidente da Câmara lembrou a
importância de apurar quem es-
tá financiando no País esse tipo
de desinformação.
Sendo um tema que interfere
diretamente no funcionamento
das instituições democráticas e
no exercício das liberdades fun-
damentais, não há dúvida de
que é preciso dar andamento à
CPMI das Fake News. Até o mo-
mento, o que veio à tona é mui-
to grave e reforça a necessidade
de concluir as investigações,
identificando os responsáveis.
A comissão descobriu, por
exemplo, detalhes do funciona-
mento do chamado “gabinete
do ódio”, formado por assesso-
res especiais da Presidência da
República. Também foram reve-
lados elementos ligando o depu-
tado Eduardo Bolsonaro (PSL-
SP) ao site “Bolsofeios”, usado
para desferir ataques virtuais
contra o STF, Rodrigo Maia, jor-
nalistas e adversários do presi-
dente Bolsonaro.
Mais recentemente, levanta-
mento feito pela CPMI das Fake
News mostrou que o governo fe-
deral investiu dinheiro público
para veicular 2 milhões de anún-
cios publicitários em canais que
apresentam “conteúdo inade-

quado”. Elaborada a partir de da-
dos da Secretaria de Comunica-
ção Social da Presidência (Se-
com) relativos ao período de ju-
nho a julho de 2019, a lista in-
clui páginas que difundem fake
news, promovem jogos de azar e
veiculam conteúdo pornográfi-
co. Constatou-se ainda que pu-
blicidade oficial foi utilizada pa-
ra financiar canais que apoiam o
presidente Bolsonaro.
Após a divulgação do levanta-
mento, a Secom – órgão res-
ponsável pela destinação da
verba publicitária estatal – re-
meteu a responsabilidade pelas
irregularidades ao Google, ale-
gando que os recursos foram
distribuídos por meio do pro-

grama Google Adsense. Segun-
do nota da Secom, “cabe à pla-
taforma as explicações perti-
nentes sobre a ocorrência. Os
veículos que constam na lista
citada pela matéria foram sele-
cionados pelo desempenho afe-
rido pelo algoritmo do Google,
e não pela Secom”.
Em entrevista no Palácio do
Planalto, o secretário de Comu-
nicação, Fabio Wajngarten, afir-
mou que cabe à empresa de in-
ternet definir as páginas que re-
ceberão os anúncios. “Na Se-
com do presidente Bolsonaro
não há desvios, não há favoreci-
mento de A, B ou Z. A Secom
preza a tecnicidade e a economi-
cidade”, disse.
A explicação do governo é ab-
surda, uma vez que a responsa-
bilidade pelo destino da verba

publicitária é da Secom. Fosse
verdade o que diz a nota da Se-
com, caberia perguntar o que
então faz o órgão, uma vez que,
segundo a nota, é uma empresa
privada que define onde as pro-
pagandas do governo irão apa-
recer. Vale lembrar que esse
mesmo governo, que não assu-
me o destino final de sua verba
publicitária, é o que interferiu,
em abril do ano passado, na pu-
blicidade do Banco do Brasil
(BB). “Nós não queremos que
dinheiro público seja usado des-
sa maneira”, disse o presidente
Bolsonaro na ocasião. Segundo
ele, a peça publicitária do BB
não refletia a sua “linha” de
pensamento.
Na mesma semana em que a
CPMI das Fake News apresen-
tou o levantamento de sites
com “conteúdo inadequado”
que recebem dinheiro público,
o governo federal editou porta-
ria transferindo à Secom R$
83,9 milhões que seriam usados
no programa Bolsa Família na
Região Nordeste do País. Os re-
cursos serão destinados à comu-
nicação institucional do Executi-
vo federal. Além de não reconhe-
cer o erro na gestão da Secom, o
governo Bolsonaro ainda engor-
da o caixa do órgão com verba
de assistência social.
Diante desse modus operandi
do Palácio do Planalto, com indí-
cios claros de mau uso do di-
nheiro público, com financia-
mento de fake news e até de site
pornográfico, além de uma evi-
dente confusão de esferas e res-
ponsabilidades, é indispensável
que o Poder Legislativo exerça
seu papel constitucional de fis-
calizar o Executivo. Com muito
trabalho pela frente, a CPMI
das Fake News não pode parar.

Democracia defensiva


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Há indícios claros de
mau uso do dinheiro
público, para financiar
notícias falsas

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


O custo Brasil nos portos


A ver se os planos
de concessão resistirão
à porteira aberta
à boiada fisiologista

O Palácio das ‘fake news’


lDesgoverno Bolsonaro
Venda de indulgências
Inacreditável! Como na Idade
Média, a Igreja Católica está
vendendo apoio ao governo!
Bem, inacreditável se a notícia
não estivesse estampada na
capa do Estado de ontem. E
depois os representantes da
Igreja dizem não entender por
que grande número de fiéis
abandona o catolicismo...
APARECIDA DILEIDE GAZIOLLA
[email protected]
SÃO CAETANO DO SUL


Vendilhões do templo
É curioso saber que a Igreja
Católica oferece apoio ao presi-
dente da República em troca
de dinheiro. Essa instituição,
que deveria estar voltada para
apoiar o povo, também está
corrompida? Creio que isso
explica por que Deus deixou
de ser brasileiro.
CARLOS GASPAR
[email protected]
SÃO PAULO


Sabotagem
O Brasil está caminhando para
ter amalgamados num bloco
único, similar ao das Diretas-


Já, todos os oponentes à im-
plantação de um regime de go-
verno mentiroso, autoritário,
boquirroto, antidemocrático,
milicianista e omisso quanto a
uma evolução civilizada do
País. Na contramão desse mo-
vimento, organizações religio-
sas e congressistas do Centrão,
a troco de bene$$es, disputam
entre si como ajudar o atual
governo a revogar a Constitui-
ção em vigor.
WILSON SCARPELLI
[email protected]
COTIA

Degradação
Se antes o governo Bolsonaro
tinha entre seus ministros o
ex-juiz federal Sergio Moro,
um ícone do combate à corrup-
ção, no momento presente seu
grande aliado, com direito a
foto juntos, é Arthur Lira, de-
putado federal do Centrão, de-
nunciado pela Procuradoria-
Geral da República por corrup-
ção passiva. Mas e as promes-
sas de campanha? Sei lá! Buscá-
las onde?
ENI MARIA MARTIN DE CARVALHO
[email protected]
BOTUCATU

Centrão
Agora que o sr. Jair Bolsonaro
chegou a “acordo” com o mal-
fadado Centrão, por que não
aproveitar esse apoio e come-
çar a trabalhar um pouco? As
necessidades são muitas, o
País carece de reforma tributá-
ria, reforma administrativa,
desburocratização, privatiza-
ções, etc. Ou o “acordo” se li-
mita a rejeitar o impeachment?
ELIE BARRAK
[email protected]
SÃO PAULO

Legado
A História é implacável na co-
brança aos líderes. O legado
de Jair Bolsonaro na saúde, na
educação, na economia e na
cidadania desta nação é trági-
co. Como consegue ser tão
competente em destruir o que
há de melhor no País? Bolsona-
ro consegue embutir e estimu-
lar o confronto, a belicosidade,
a intolerância... É vergonhoso
e inaceitável. Se não conseguir-
mos tirá-lo do poder antes da
próxima eleição, no pleito de
2022 teremos a oportunidade
de alijá-lo do Planalto.
EDSON SHITARA

[email protected]
SOROCABA

Pior a emenda...
A diferença entre a tristemen-
te notória Dilma Rousseff e o
atual alcaide de plantão é que
ela mais falava bobagens do
que as fazia e este fala tantas
asneiras quanto as realiza. Mas
a democracia tem suas vanta-
gens e com certeza vamos dar
um definitivo fim ao mandato
dele nas urnas em 2022!
PAULO SÉRGIO PECCHIO GONÇALVES
[email protected]
SÃO PAULO

Presidencialismo na UTI
O óbvio ululante e o canto das
sibilas coincidem: o regime pre-
sidencialista chegou ao estado
terminal. Não há mais oxigê-
nio nem pulmões capazes de
mantê-lo vivo, assim como dei-
xou de existir a imprescindível
vontade de respirar ares saudá-
veis e se passou a inalar gases
tóxicos. Um esquife esperanço-
so aguarda o corpo antes do
processo de putrefação, en-
quanto a sociedade civil sofre
aos pés de um desgoverno me-
dieval, dirigido por um ogro de

perfil esquizofrênico, sociopa-
ta e genocida, cercado de mili-
tares. Nesse meio tempo, uma
teimosa e assustadora pande-
mia toma o cenário mundial,
destroça a economia de alto a
baixo, põe fermento na miséria
dos desvalidos e, como parte
do vaticínio das sibilas, o gigan-
te “deitado eternamente em
berço esplêndido” arma seu
circo de horrores para a plateia
planetária assistir (e sentir alí-
vio por não viver aqui). A Presi-
dência da República – assesso-
rada por néscios replicantes
“dele”, em especial nos Minis-
térios da Educação, das Rela-
ções Exteriores, dos Direitos
Humanos, do Meio Ambiente,
da Saúde (o mais importante
desde março está ainda na ber-
linda), e por aí vamos – tam-
bém é um freak show, porém
muito mais assustador por ser
real e ao vivo, sem esquecer os
cruéis “e daí?” vituperados pe-
lo “messias”. Enquanto isso,
o novo coronavírus não brinca
em serviço em nenhum lugar
do planeta e, diligentemente,
continua a se propagar sem
distinguir países sérios dos
“alegres”, onde é bem recebi-

do, encontra dirigentes parvos
e se instala. O Brasil ainda está
no páreo para vencer essa “co-
pa do mundo da pandemia”.
Sinto-me angustiado. Essa é
realmente a sensação que te-
nho destes últimos meses.
NELSON M. DE ABREU SAMPAIO JUNIOR
[email protected]
CURITIBA

Divulgação postergada
A tentativa das autoridades fe-
derais de escamotear os núme-
ros das vítimas da covid-19 e
atrasar sua divulgação é uma
atitude muito perigosa. Nunca
como agora a transparência de
dados foi tão importante para
o combate a essa epidemia vi-
ral. E, diante disso, esses diri-
gentes podem estar cometen-
do criminosa omissão.
JOSÉ DE ANCHIETA NOBRE DE ALMEIDA
[email protected]
RIO DE JANEIRO

Ato de contrição
Que Deus me perdoe, eu não
sabia o que estava fazendo
quando votei nesse homem.
ISAC REISMANN
[email protected]
SÃO PAULO
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