O Estado de São Paulo (2020-06-07)

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H2 Especial DOMINGO, 7 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


SONIA RACY


DIRETO DA FONTE


Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]

Pedro Venceslau
Paula Reverbel


Criada por Alex Pina, o mesmo
que assina La Casa de Papel e Vis
a Vis – dois sucessos de público
–, a série White Lines, da Netflix,
estreou em maio cercada de ex-
pectativas. A embalagem de
apresentação parece promisso-
ra: uma ilha paradisíaca, cená-
rios deslumbrantes, drogas, se-
xo, liberdade e um crime. En-
fim, um enredo sobre as esco-
lhas da vida e suas consequên-
cias, falado em inglês e espa-
nhol, além de muita gente boni-
ta e baladas sem censura.
Com algum esforço é possí-
vel enxergar em alguns episó-
dios um manifesto sobre o li-
vre-arbítrio, refletir sobre o pre-
ço de uma vida hedonista e se
encantar com um ou outro ro-
mance que surge no meio do ca-
minho. Mas, no final das con-
tas, tudo se resume a uma per-
gunta: quem matou? A história
começa quando são encontra-
dos os restos mortais do DJ
Axel Collins (Tom Rhys Har-
ries), 20 anos, após ter desapare-
cido em Ibiza.
Sua irmã, Zoe (Laura Had-
dock), uma bibliotecária de-
pressiva, decide deixar para
trás o pai, o marido e a filha
adolescente na cinzenta Man-
chester e partir para a ensola-
rada ilha espanhola para inves-
tigar o que aconteceu com o
DJ que, duas décadas antes,
era o cara mais popular do pe-
daço. Ao chegar ao balneário,
Zoe se envolve com os amigos
da juventude do irmão, desa-
brocha para uma nova vida e
enfrenta um tremendo dile-
ma: voltar ou não?
Assim como em outras séries
de Alex Pina, White Lines im-
pressiona mais pela estética
que pelo roteiro. Alguns perso-
nagens são cativantes, como o
troglodita Boxer (Nuno Lo-


pes), chefe de segurança da fa-
mília mafiosa Calafat. O sujeito
vai sendo desconstruído e se re-
vela um malvado adorável e
bem-intencionado. Outro inte-
grante da turma que segura
bem as pontas é Marcus (Da-
niel Mays), um DJ/traficante

bonachão e atrapalhado. Mas,
na média, o elenco deixa muito
a desejar, especialmente nas ce-
nas de flashback dos anos 1990.
A grande sacada de White Li-
nes, porém, é amarrar o público
na base da curiosidade. A série
não passa de “Whodunit” bron-

zeado. Para quem não conhece,
trata-se de uma expressão colo-
quial para a pergunta em inglês:
“Who has done it?”, que signifi-
ca “Quem fez?” ou “Quem ma-
tou?”. Essa expressão dá um no-
me a um subgênero de ficção de
histórias de detetive em que há

um assassinato e é preciso des-
cobrir quem é o culpado.
Esse nicho ficou muito co-
mum na literatura no início do
século 20 com os autores Ar-
thur Conan Doyle – criador de
Sherlock Holmes –, e Agatha
Christie. O estilo dominou a fic-
ção de detetives nos anos 1930
e, naturalmente, ganhou inú-
meras adaptações e homena-
gens no cinema. Foram tantos
os filmes do tipo que o subgêne-
ro “Whodunit” acabou associa-
do a uma série de convenções
que acompanham tais histó-
rias, como: um assassinato logo
no começo; um enorme rol de
suspeitos que se conhecem de
longa data, cada um com uma
motivação para ter cometido o
assassinato; bilhetes com men-
sagens cifradas e um detetive
com raciocínio muito aguçado.
E, claro, a trama tem de ser
concluída com uma reviravol-

ta, quando o assassino é revela-
do e surpreende todo mundo.
São tantas as convenções cria-
das que os filmes acabaram fi-
cando cada vez mais parecidos
uns com os outros. E com o
agravante de o público apren-
der a esperar o “plot twist” no
final. Assim, cada novo “Who-
dunit” lançado deixa os espec-
tadores mais atentos, o que difi-
culta a tarefa de diretores e ro-
teiristas, interessados em for-
mular um final surpreendente.
Faz alguns anos que uma le-
va de roteiristas cientes do pro-
blema tem encontrado manei-
ras de subverter a estrutura do
“Whodunit” para conseguir
cumprir a promessa de entre-
gar um filme original. Eles sa-
bem que, se seguirem todas as
convenções à risca, vão só fa-
zer mais do mesmo. Dentro
desse modelo, White Lines se-
gue a regra à risca.

lA Norah Jour Et Nuit e a
Shop2Gether lançam collab
com parte da renda destina-
da à Associação Fala Mulher.

lA Ariel, com serviço de la-
vanderias próprias, irá lavar
37 toneladas de peças do
Exército da Salvação.

lA General Mills doou R$ 5
milhões ao combate da covid-
19, sendo 15.500 cestas básicas
a crianças sem merenda.

l A Bio Extratus apoia o Mo-
vimento Não Demita e mante-
rá seus funcionários.

RESPONSABILIDADE
SOCIAL

POLAROID
Alessandra Maestrini trocou a
“pressa pelo apreço” durante a
pandemia da covid-19. A atriz conta
que está fazendo uma revisão,
conscientização, reorganização e
redirecionamento geral. “Estou
investindo este tempo no cultivo e
resgate dos laços de família, da
reorganização da saúde física,
mental e espiritual. Acho que o
mundo pós-pausa tende a se
atropelar menos e a valorizar mais
seus vínculos afetivos”.

Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte

Entre elas


Luís Roberto Barroso, do STF,
fará uma live, dia 19, batizada de
Diálogos Democráticos, para de-
bater a importância das mulhe-
res na política.

Participam Camila Pitanga,
embaixadora da ONU Mulheres
Brasil, a filósofa Djamila Ribei-
ro e a senadora Simone Tebet.

Paulista


Wilson Witzel contratou o cri-
minalista Roberto Podval para
defendê-lo na operação da PF
que apura indícios de desvios
de recursos da saúde destina-
dos ao combate da covid-19.

Sem pressa


Janaina Rueda acabou retiran-
do da fachada de seu restauran-
te, Dona Onça, faixa com os di-
zeres “Não nos deixem fechar
as portas”, reivindicando exten-
são de MP que autoriza suspen-
são de contratos. Retirou o car-
taz quando começou o sistema
de delivery – invadido por
hackers em seu dia de estreia.

Hedge Azul


Enquanto o mercado tenta
acompanhar de perto os mo-
vimentos do Thomaz Bas-
tos, Waisberg, Kurzweil Ad-
vogados – escritório especia-
lizado em recuperações judi-
ciais que atuou pela Avianca
Brasil e que também foi con-
tratado pela Azul – a cartada
final pode vir do Pinheiro Ne-
to Advogados.

Hedge Azul II


Segundo fontes, o time de in-
solvência do escritório teria
sido contratado para coorde-
nar eventual recuperação ju-
dicial brasileira com simultâ-
neo pedido de “Chapter XI”
na jurisdição norte-america-
na, onde são negociadas
ADRs da empresa.

Hedge Azul III


Advogados da área explicam
que, enquanto a lei brasileira
permite, em tese, a retomada
imediata de aeronaves arren-
dadas à Azul por financiadores
estrangeiros, a lei norte-ameri-
cana daria um respiro tempo-
rário nos pesados alugueis.

Hedge Azul IV


Indagada se teria contratado
o Pinheiro Neto, a Azul con-
firma, mas explica que con-
tratou o escritório “bem co-
mo a TWK, para auxiliar nas
negociações comerciais”.

Informa também que contra-
tou a “Galeazzi & Associados
e a Plane View Partners, para
apoiar na estratégia do plano
de frota da Azul e no relacio-
namento com fabricantes e
empresas de arrendamento
de aeronaves”.

Tudo, segundo a companhia
aérea, para minimizar os im-
pactos da crise do coronaví-
rus e preparar a empresa pa-
ra o pós-pandemia.

CRIME E MISTÉRIO EM


SILVANA GARZARO/ESTADÃO

NICK WALL

Caderno 2


Em cenário deslumbrante, série ‘White Lines’ mistura


manifesto sobre livre-arbítrio com baladas sem censura


IBIZA

Laura Haddock. Ela é a britânica Zoe, que parte para a ilha espanhola para investigar o que aconteceu com seu irmão, desaparecido duas décadas antes

Com o
restaurante Ici
Bistrô fechado
desde o dia 17 de
março, o chef
Benny Novak
montou um
grupo, junto com
mais de 200
chefs, em busca
de soluções para
o setor.
“Restaurante é
um tipo de
negócio que se
baixa as portas,
acaba. Por isso,
montamos um
delivery para
sobreviver e
estamos
ansiosos
esperando por
esta reabertura”.

DENISE ANDRADE/ESTADÃO
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