O Estado de São Paulo (2020-06-08)

(Antfer) #1

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A4 SEGUNDA-FEIRA, 8 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


COLUNA DO


ESTADÃO


Política

»Estratégia. Um interlocu-
tor de Bolsonaro lembra
que o TSE tentou, mais de
uma vez, inibir a divulgação
de notícias falsas e a defini-
ção do que é, de fato, “men-
tira”. Sem sucesso.

»Opa. Na sexta-feira passa-
da advogados de Bolsonaro
pediram ao TSE que o in-
quérito das fake news não
seja incluído em processos
nos quais ele é alvo.

»Expectativa... Ao todo,
tramitam no TSE oito
ações que investigam a cam-
panha da chapa Bolsonaro-
Mourão. Duas delas devem
ser julgadas nas próximas
semanas pelo plenário.

»... jurídica. A tendência,
segundo fontes do tribunal,
é de que sejam arquivadas,
mesmo destino de outras
sete já analisadas.

»Como está... A cúpula do
Ministério da Justiça quer
manter a Segurança Pública
sob sua alçada. A avaliação,
já transmitida ao presiden-
te Jair Bolsonaro, é de que
este não é o momento ideal
de recriar o ministério e en-
tregá-lo a aliados.

»...fica. Em privado André
Mendonça admite a discus-
são depois de a pandemia
passar, ou seja, a partir de


  1. A área é tida como
    uma das prioridades da ges-
    tão de Mendonça à frente
    da Justiça. A interlocutores,
    ele defende uma análise
    “técnica” sobre a divisão e,
    até o momento, não há na-
    da em estudo na pasta.


»Vai dar água. Parlamenta-
res avaliam que a mudança
defendida por parte dos
procuradores de obrigar o
presidente a indicar nome
da lista tríplice para o co-
mando da PGR não deve
avançar no Congresso. Um
dos motivos é a indisposi-
ção do poderoso Centrão
com o Ministério Público.

»Tic-tac. As manifestações
deste domingo foram, den-
tro das circunstâncias sani-
tárias, consideradas relevan-
tes por analistas e políticos
de alta rodagem democráti-
ca. Quando a pandemia der
refresco, os protestos de-
vem crescer ainda mais,
apostam. É melhor Bolsona-
ro começar a trabalhar pelo
conjunto do País ou pela
manutenção do isolamento.

»Abre... Dois dias antes de
o Ministério da Saúde anun-
ciar o apagão nos dados
com os indicadores do no-
vo coronavírus no Brasil, o
governador de São Paulo,
João Doria, determinou que
a sua equipe fizesse justa-
mente o contrário.

»...tudo. Doria quer maior
divulgação aos indicadores
da Fundação Seade, que per-
mitem acompanhar o anda-
mento do novo coronavírus
em São Paulo pelo site do
governo estadual.

»Já deu saudade. No rin-
gue com Jair Bolsonaro, o
ministro do STF Celso de
Mello recebeu apoio duran-
te sessão recente da Corte.
Luís Roberto Barroso afir-
mou que a iminência da
aposentadoria de Mello
(deixa a Corte em novem-
bro) “é desoladora”.

COM MARIANA HAUBERT E
MARIANNA HOLANDA.
COLABOROU BRENO PIRES.

O


Planalto começa a desenvolver a linha de defesa de
Jair Bolsonaro no inquérito das fake news, que tra-
mita no Supremo e poder reverberar no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). A tese central até agora: mesmo
se for comprovado o disparo em massa de notícias falsas
favorecendo o então candidato do PSL, ainda não há regu-
lamentação sobre o que são fake news e como punir essa
prática, caso ela seja mesmo passível de punição. Como
poderia o TSE, na leitura dos advogados do presidente,
deslegitimar uma eleição antes mesmo dessas definições?

Planalto desenha sua


linha de defesa no TSE


ALBERTO BOMBIG
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Onze Estados e DF têm


atos contra Bolsonaro


Ruas. Governo é alvo de protestos e manifestantes, chamados de ‘marginais’ e ‘terroristas’


pelo presidente, promovem eventos majoritariamente pacíficos; maior adesão ocorre em SP


O presidente Jair Bolsonaro
foi alvo ontem de protestos
no Distrito Federal e em ao
menos 11 capitais. Classifica-
dos por Bolsonaro na semana
passada como “marginais” e
“terroristas”, os manifestan-
tes fizeram atos foram majo-
ritariamente pacíficas. A ade-
são foi maior em São Paulo,
onde também houve panela-
ços e buzinaços contra o pre-
sidente. Após a manifestação
terminar, a Polícia Militar
(PM) usou bombas de gás la-
crimogêneo para dispersar
um grupo que continuava nas
ruas de Pinheiros, Zona Oes-
te. Os jovens quebraram vi-
draças de agências bancárias
e viraram uma caçamba de
material de construção.
Os grupos que foram ontem
para também levantaram ou-
tras bandeiras, como o comba-
te ao racismo. Ao longo do dia,
foram registrados atos a favor
de Bolsonaro bastante reduzi-
dos. O presidente havia reco-
mendado a seus seguidores que
não saíssem de casa. Ainda as-
sim, houve aglomerações a fa-
vor do presidente em São Paulo
e Brasília. Se nas semanas ante-
riores, Bolsonaro sobrevoou os
atos e os visitou a cavalo, ontem
ele apenas cumprimentou um
grupo de simpatizantes na por-
ta do Palácio da Alvorada (mais
informações na página A5).
Em São Paulo, os defensores
de Bolsonaro ocuparam parte
da calçada do cruzamento da
Avenida Paulista com a Rua
Pamplona. Eles carregavam fai-
xas que pediam “intervenção
militar” e criticavam o governa-
dor de São Paulo, João Doria
(PSDB). O tráfego de veículos
na via não foi afetado. Previsto
inicialmente para ocorrer no
mesmo lugar, o protesto contra
Bolsonaro foi deslocado para a
Zona Oeste, após decisão judi-
cial. Opositores do presidente
chegaram a preencher parte do
Largo da Batata e duas faixas da
Avenida Brigadeiro Faria Lima.
Depois, caminharam por um
trecho de 700 metros da Rua
dos Pinheiros, até um bloqueio
montado pela PM.
Parte das pessoas carregava
faixas com os dizeres “Fora Bol-
sonaro”, enquanto outros le-
vantavam cartazes questionan-
do ações do governo nas áreas
cultural e indígena, além de pa-
lavras de ordem contra ataques
a negros. No carro de som, líde-
res de movimentos sociais, ati-
vistas ligados ao PSOL e repre-
sentantes de torcidas organiza-
das discursaram sobre direitos
humanos. Não havia outras ban-
deiras de partidos políticos. Al-
guns manifestantes entrega-

ram cravos para integrantes da
PM para fazer referência à Revo-
lução dos Cravos, movimento
histórico contra os fascistas em
Portugal. Alguns policiais acei-
taram as flores, mas depois fo-
ram orientados pelo comando a
devolvê-las.
A maior parte dos participan-
tes usava máscaras. Mas, duran-
te a manifestação, não mantive-
ram a distância de 1,5 metro en-
tre cada pessoa.
Por volta das 18h30, quando o
ato já tinha terminado, um gru-
po menor de manifestantes con-
tinuou na Rua dos Pinheiros,
próximo à estação Fradique
Coutinho do Metrô. Eles pre-
tendiam seguir até a Avenida
Paulista, mas foram impedidos
pela PM. Secretário-executivo
da Polícia Militar de SP, o coro-

nel Álvaro Batista Camilo afir-
mou ao Estadão que as pessoas
que entraram em confronto
com a PM não eram manifestan-
tes. “Meia dúzia de vândalos
não representam os manifestan-
tes. O dia inteiro o protesto
ocorreu de forma pacífica.”

Capitais. Nos demais Estados,
os atos também ocorreram
com tranquilidade. Em Brasília,
protestantes ocuparam parte
da Esplanada dos Ministérios
para se posicionarem contra o
presidente Jair Bolsonaro e con-
tra o racismo. A Polícia Militar
fez um cordão de isolamento pa-
ra impedir que os manifestan-
tes avançassem até a Praça dos
Três Poderes, onde fica o Palá-
cio da Alvorada.
Rio, Belo Horizonte, Belém,
Recife, Porto Alegre, Curitiba.
Salvador, Fortaleza e Goiânia
também registraram atos políti-
cos neste domingo. Manifestan-
tes vestidos, em sua maioria, de
preto e usando máscaras para
proteção contra o novo corona-
vírus tomaram uma das pistas
da Avenida Presidente Vargas,
no Centro do Rio, para protes-
tar contra o racismo e a violên-
cia policial nas favelas da cida-

de..O ato também criticou go-
verno Bolsonaro e pediu a sua
saída do poder.
Na capital mineira, a concen-
tração de opositores a Bolsona-
ro se deu na Praça da Bandeira,
região sul, e seguiu em direção à
Praça Sete, no centro da cidade.
Já em Belém, um esquema de
segurança impediu manifesta-
ção contra o presidente. A capi-
tal do Pará também não teve
atos a favor do presidente da Re-
pública. Mais de 100 manifes-
tantes foram detidos e levados
para uma delegacia.
O centro de Porto Alegre se
tornou palco de atos contra o
presidente Bolsonaro. Embora
organizadores dos atos que se
denominam antifascistas não
tenham chegado a um consen-
so sobre sair ou não às ruas, te-
mendo atos de vandalismo pro-
vocados por infiltrados e tam-
bém a pandemia do coronaví-
rus, manifestantes tomaram a
região Central. / PEDRO
VENCESLAU, ADRIANA FERRAZ,
ANDRÉ BORGES, DENISE LUNA,
ISABEL CRISTINA, ANGELO SFAIR,
LEONARDO AUGUSTO, LUCAS RIVAS,
FERNANDA LIMA, LÔRRANE
MENDONÇA, THAISE ROCHA e
ROBERTA PARAENSE

KLEBER SALES/ESTADÃO

»SINAIS
PARTICULARES.
Luís Roberto
Barroso,
ministro do
Supremo

Elena Landau

l’Não representam’

BOMBOU NAS REDES!

Comando afasta


cabo que ameaçou


manifestantes


“Meia dúzia de vândalos
não representam os
manifestantes. O dia
inteiro o protesto ocorreu
de forma pacífica.”
Álvaro Camilo
SECRETÁRIO-EXECUTIVO DA POLÍCIA
MILITAR DE SÃO PAULO

“Tem Marina e Ciro no debate e os caras (petistas)
reclamando que a esquerda não foi ouvida. Por que
os petistas acham que só eles falam pela esquerda?”

Economista

»CLICK. Flávio Amary,
presidente do ITV-SP,
responsável pela forma-
ção política do PSDB, rea-
lizou sábado seminário
virtual para pré-candida-
tos do partido no Estado.

COLUNA DO ESTADÃO

lA Polícia Militar de São Paulo
afastou das ruas ontem um cabo
que fez, em suas redes sociais,
postagens ofensivas a grupos
que protestam contra o presiden-
te Jair Bolsonaro. Segundo o co-
mando da PM, uma apuração foi
instaurada para averiguar a con-
duta do cabo Lemos, da Rondas
Ostensivas com Apoio de Motoci-
cletas (ROCAM). Reportagem do
Estadão mostrou, neste domin-
go, que o governo de São Paulo
tem tentado conter o bolsonaris-
mo na corporação e manter a
neutralidade e o caráter apartidá-
rio da instituição.
A apuração contra o cabo Le-
mos foi instaurada porque ele
escreveu, em sua conta no Insta-
gram: “Hoje tem manifestação no
Largo da Batata, e os ANTIFAS
(anti-fascistas) querem marcar
presença. Eu quero cacetar a
lomba dos baderneiros”. Após
tomar conhecimento da publica-
ção, a PM retirou Lemos da esca-
la de trabalho. “A polícia não
compactua com essas atitudes”,
disse ao Estadão, o secretário
executivo da PM, coronel Alvaro
Batista Camilo. / MARCELO GODOY

DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

Capital. Manifestantes ocuparam a Esplanada em Brasília

GABRIELA BILO/ ESTADÃO

Rio. Ato teve pauta antirracista na Avenida Presidente Vargas

ANTONIO LACERDA/EFE

Largo da Batata. Ato em São Paulo aconteceu no bairro de Pinheiros; apoiadores do presidente se reuniram na Av. Paulista
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