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O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 9 DE JUNHO DE 2020 Economia B
MERCEDES-BENZ AXOR 2041 S 13/13 - LEILÃO DIA 11/06, QUINTA, 11H.
SCANIA P340 A4X2 11/11 - LEILÃO DIA 10/06, QUARTA, 11H.
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PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Idiana Tomazelli / BRASÍLIA
A pandemia do novo corona-
vírus levará a atividade econô-
mica no Brasil a encolher 8%
em 2020, prevê o Banco Mun-
dial em novo relatório divul-
gado ontem. Uma queda des-
sa magnitude seria a maior
em 120 anos, período para o
qual o instituto oficial de esta-
tísticas, o IBGE, tem dados so-
bre a evolução do Produto In-
terno Bruto (PIB) do País.
Na comparação com os ou-
tros países, a estimativa sobre o
desempenho da economia bra-
sileira é pior que a do Brics (a-
lém do Brasil, Rússia, Índia, Chi-
na e África do Sul). Na América
Latina, entre os emergentes, só
o Peru deve ter um recuo pior
do que o Brasil – de 12%.
O tombo da economia brasi-
leira é apenas uma das inúmeras
faces da “recessão severa” que o
Banco Mundial antevê no cená-
rio global por causa da covid-19.
A necessidade de isolamento so-
cial obrigou diversos países a im-
por medidas de fechamento
temporário de escolas, parques
e estabelecimentos comerciais,
com reflexos sobre a produção,
a renda e o emprego.
Nas projeções do Banco Mun-
dial, o “choque rápido e maci-
ço” da pandemia e as medidas
de bloqueio total para contê-la
farão a economia global enco-
lher 5,2% neste ano.
“Isso representaria a reces-
são mais profunda desde a Se-
gunda Guerra Mundial, com a
maior proporção de economias
desde 1870 a experimentar de-
clínio do produto per capita”,
afirma a instituição na publica-
ção Global Economic Prospects,
sobre perspectivas econômicas
globais. Segundo o relatório,
mais de 90% de 183 economias
devem experimentar uma retra-
ção por causa da covid-19, uma
proporção maior até do que na
grande depressão da década de
1930 (quando ficou em 85%).
A expectativa de queda para a
renda per capita é de 3,6%, o que
levará milhões de pessoas à si-
tuação de pobreza extrema nes-
te ano, prevê o Banco Mundial.
No diagnóstico dos economis-
tas da instituição, o golpe afeta
mais os países onde há forte de-
pendência do comércio global,
do turismo, da exportação de
produtos primários e do finan-
ciamento externo. Embora a
magnitude dos distúrbios varie
de uma região para outra, as eco-
nomias emergentes apresentam
vulnerabilidades que são intensi-
ficadas por choques externos.
Maior informalidade no merca-
do de trabalho é uma delas.
“Além disso, interrupções no
sistema escolar e no acesso à
atenção de saúde primária pro-
vavelmente terão impactos du-
radouros no desenvolvimento
do capital humano”, diz o Ban-
co Mundial.
‘Desanimador’. “Trata-se de
uma perspectiva profundamen-
te desanimadora, com a proba-
bilidade de a crise causar cicatri-
zes duradouras e impor gran-
des desafios globais”, disse a vi-
ce-presidente de Crescimento
Equitativo, Finanças e Institui-
ções do Grupo Banco Mundial,
Ceyla Pazarbasioglu. “Nossa
primeira ordem do dia é fazer
face à emergência global de saú-
de e econômica. Além disso, a
comunidade global deve unir-
se para encontrar maneiras de
reconstruir a recuperação mais
robusta possível para evitar que
mais pessoas caiam na pobreza
e no desemprego.”
Para 2021, o Banco Mundial
fixou algumas projeções de refe-
rência, que pressupõem que a
pandemia se atenue o suficiente
para permitir a suspensão das
medidas de mitigação do contá-
gio pela doença até meados do
ano nas economias avançadas –
e um pouco mais tarde nos emer-
gentes. Nesse cenário, o cresci-
mento global deve ser de 4,2%
em 2021, mas menos intenso no
Brasil, com alta de 2,2%.
“No entanto, as perspectivas
são extremamente incertas,
com o predomínio de riscos no
sentido descendente, incluindo
a possibilidade de uma pande-
mia mais prolongada, instabili-
dade financeira e retração do co-
mércio global e cadeias de supri-
mento”, reconhece o Banco
Mundial. Segundo a instituição,
um cenário mais negativo pode-
ria acarretar uma redução da
economia global em até 8% nes-
te ano, seguida de uma recupera-
ção lenta em 2021 de apenas 1%.
O relatório defende ainda que
economias emergentes e em de-
senvolvimento com espaço fis-
cal disponível e condições de fi-
nanciamento economicamente
acessíveis deveriam avaliar “estí-
mulos adicionais”, se persisti-
rem os efeitos da pandemia. “Is-
to deveria ser acompanhado de
medidas para ajudar a restaurar
a sustentabilidade fiscal de mé-
dio prazo, incluindo medidas
que fortaleçam os quadros fis-
cais, aumentem a mobilização
de receita interna e eficiência
das despesas e elevem a transpa-
rência fiscal e da dívida.”
Na sequência, o documento
diz que “a transparência quan-
to a todos os compromissos fi-
nanceiros, investimentos e ins-
trumentos como a dívida públi-
ca é um passo essencial para
criar um clima de investimento
atraente”.
PIB deve cair
6,48%, segundo
pesquisa Focus
Os mercados estão otimistas,
no Brasil e no mundo. A expecta-
tiva de uma retomada econômi-
ca mais rápida nos Estados Uni-
dos e regiões da Europa mobili-
zou investidores domésticos e
no exterior. No Brasil, dólar des-
pencou e Bolsa disparou. Nos
EUA, a Nasdaq fechou na máxi-
ma histórica e o S&P 500 apa-
gou as perdas acumuladas no
ano. E tudo isso em meio à crise
que pode resultar na maior con-
tração global em décadas.
O dólar teve ontem o terceiro
pregão seguido de queda. Re-
cuou 2,73%, a R$ 4,8544 no mer-
cado à vista – menor valor des-
de 13 de março. A moeda já acu-
mula desvalorização de 19% des-
de que atingiu a máxima históri-
ca de R$ 5,97 (durante o pre-
gão), há pouco menos de um
mês, em 14 de maio. Só em ju-
nho, o dólar já caiu 9%.
Já o Ibovespa engatou a séti-
ma sessão consecutiva de ga-
nhos – a mais longa desde feve-
reiro de 2018 – ao terminar o dia
com valorização de 3,18%, aos
97.644,67 pontos, o maior nível
de fechamento desde 6 de mar-
ço. As perdas da Bolsa em 2020
foram reduzidas para 15,57% e,
no período de 12 meses, pratica-
mente zeraram, com baixa de
apenas 0,18%.
Os investidores estrangeiros
ingressaram com R$ 670,751 mi-
lhões na B3 no pregão da quin-
ta-feira passada, último dado
disponível. “O fluxo de ingres-
so retira pressão do dólar, agora
convergindo para menos de R$
- O estrangeiro tem voltado,
mas há muitos fatores de incer-
teza para o segundo semestre,
como as eleições nos EUA, as
dificuldades econômicas aqui e
as dúvidas em relação à evolu-
ção da covid-19 no País, no mo-
mento em que as atividades co-
meçam a ser retomadas”, apon-
ta o economista Renato Chain,
da Parallaxis Economia, que
prevê o Ibovespa em faixa mais
acomodada, entre 84 e 86 mil
pontos no fechamento do ano.
“Para mim, os 97 mil pontos já
seriam um ponto de venda”,
acrescenta o economista.
Ontem, a XP Investimentos
elevou o preço-alvo do Iboves-
pa de 94 mil para 112 mil pontos
para o fim de 2020, o que coloca-
ria o índice de referência da B
não tão distante do ponto em
que havia encerrado o ano pas-
sado, então aos 115.645,34 pon-
tos, tendo acumulado ganhos
de 31,58% ao longo de 2019.
Parte dos analistas e econo-
mistas, contudo, observa que
apesar do fôlego demonstrado
a partir de abril, reforçado na
segunda quinzena de maio e
que, agora, leva o Ibovespa a
buscar novos níveis de preço
neste início de junho, os fatos –
ou seja, a economia, as incerte-
zas políticas, aqui e nos EUA, e a
falta de previsibilidade até o mo-
mento com relação à pandemia
no Brasil – tendem a coibir, em
algum momento, o entusiasmo
das últimas semanas. / LUÍS
EDUARDO LEAL e ALTAMIRO SILVA
JUNIOR
Quarentena mascara dados de desemprego. Pág. B4}
l‘Cicatrizes’
Fabrício de Castro/ BRASÍLIA
Os analistas do mercado finan-
ceiro reduziram pela décima sé-
tima vez seguida a previsão pa-
ra o Produto Interno Bruto
(PIB) neste ano e também bai-
xaram a expectativa de inflação
em 2020.
Para o PIB de 2020, a proje-
ção passou de 6,25% para
6,48%. As projeções fazem par-
te do boletim de mercado, co-
nhecido como relatório Focus,
divulgado ontem pelo Banco
Central (BC). Os dados foram
levantados na semana passada
em pesquisa com mais de 100
instituições financeiras.
A nova redução da expectati-
va para o nível de atividade foi
feita em meio à pandemia do no-
vo coronavírus, que tem derru-
bado a economia mundial e co-
locado o mundo no caminho de
uma recessão.
Em 13 de maio, o governo bra-
sileiro estimou uma queda de
4,7% para o PIB de 2020, tendo
como base a perspectiva de que
as medidas de distanciamento
social terminariam no fim de
maio, o que não aconteceu.
Segundo o Focus, caiu de
1,55% para 1,53%, a estimativa
de inflação para 2020. Foi a 13.ª
redução seguida do indicador.
Se confirmado, esse será o
menor patamar desde o início
da série histórica do Instituto
Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE), em 1995. A me-
nor inflação registrada, desde
então, foi em 1998 (1,65%).
TRÉGUA
FONTE: BROADCAST INFOGRÁFICO/ESTADÃO
Dólar
EM REAIS
Ibovespa
EM PONTOS
2
JAN
2020
3
FEV
2
MAR
4
MAI
4,
4,
5,
5,
6,
1º
ABR
8
JUN
4,
VARIAÇÃO NO DIA
3,18%
-2,73%
Bolsa
Dólar
4,
Expectativa com
retomada mais rápida
nos EUA e Europa faz
dólar recuar a R$ 4,
e Ibovespa subir 3,18%
Otimismo faz Bolsa
disparar, dólar cair e
leva recorde à Nasdaq
● Projeções do Banco Mundial para o PIB dos países
da América Latina e Caribe em 2020
TOMBO HISTÓRICO
FONTE: BANCO MUNDIAL INFOGRÁFICO/ESTADÃO
Belize
Peru
Granada
Santa Lúcia
Brasil
México
Equador
Argentina
Nicarágua
Jamaica
Bolívia
Honduras
El Salvador
Suriname
Colômbia
Chile
Uruguai
Haiti
Costa Rica
Guatemala
Paraguai
Panamá
República Dominicana
-13,
-9,
-8,
-7,
-7,
-7,
-6,
-6,
-5,
-5,
-5,
-4,
-4,
-3,
-3,
-3,
-2,
-0,
0
Banco Mundial vê
Brasil pior do que
outros emergentes
“(Há) probabilidade de a
crise causar cicatrizes
duradouras e impor grandes
desafios globais.”
Ceyla Pazarbasioglu
VICE-PRESIDENTE DE CRESCIMENTO
EQUITATIVO DO BANCO MUNDIAL
Instituição projeta queda de 8% do PIB brasileiro, a maior variação
entre o Brics; na América Latina, País só fica à frente do Peru