O Estado de São Paulo (2020-06-09)

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O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 9 DE JUNHO DE 2020 NotaseInformações A


T


ivesse alguma coragem moral, o mi-


nistro interino da Saúde, general


Eduardo Pazuello, teria pedido de-


missão ao receber a ordem para es-


conder os números relativos à pan-


demia de covid-19. Ao permanecer


no cargo e cumprir a absurda determinação, Pa-


zuello não apenas colaborou para desmoralizar


ainda mais o Ministério da Saúde, como danifi-


cou a imagem das Forças Armadas, já que é mili-


tar da ativa e apresentado pelo presidente Bolso-


naro como um dos sustentáculos militares de


seu governo. Se não é, deveria deixar isso claro.


Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro


vem colocando em dúvida o número de mortos


na pandemia. Mais de uma vez, acusou os governa-


dores de Estado, seus desafetos, de inflar as esta-


tísticas para justificar a quarentena e, assim, criar


uma crise com o objetivo de prejudicar o governo.


Foi necessário afastar dois titulares da Saúde pa-


ra que Bolsonaro finalmente encontrasse um mi-


nistro subserviente o bastante para transformar


essa teoria da conspiração em política de governo.


Em perfeita sintonia, o empresário Carlos Wi-


zard, convidado para ocupar uma Secretaria no


Ministério da Saúde, deu o tom da presepada ao


dizer que os dados produzidos até aqui eram


“fantasiosos ou manipulados” e que uma “equipe


de inteligência militar” identificou sinais de frau-


de nas informações prestadas pelos Estados. Em


resposta, o Conselho Nacional de Secretários de


Saúde divulgou nota em que diz


que Wizard, “além de revelar sua


profunda ignorância sobre o te-


ma, insulta a memória de todas


aquelas vítimas indefesas desta


terrível pandemia e suas famí-


lias”. Quando já estava claro que


suas declarações prejudicariam a


imagem de suas empresas, Wi-


zard pediu desculpas e declinou


do convite – mas a lembrança da


ofensa que praticou será perene.


Ao maquiar os dados, o presi-


dente Bolsonaro e seus serviçais


no Ministério da Saúde atentam


contra as regras básicas de transparência da admi-


nistração pública. Sem a publicidade ampla e inte-


gral de informações produzidas pelo Estado, a de-


mocracia não se realiza, pois a manipulação de


dados compromete a capacidade dos cidadãos de


exercer o controle público da administração.


Além disso, informações distorcidas certamente


resultam em decisões equivocadas, tanto por par-


te dos cidadãos como por parte do governo.


Na hipótese de que a ardilosa revisão dos nú-


meros da pandemia desenhe um quadro menos


grave do que o atual, seria natural


que os cidadãos desafiassem as re-


gras de isolamento social impos-


tas pelas autoridades estaduais e


municipais – exatamente como de-


seja o presidente Bolsonaro. Ou se-


ja, tomariam uma decisão temerá-


ria baseados em estatísticas falsas


ou adulteradas, colocando em ris-


co ainda maior a saúde pública em


meio à pandemia.


Como bem lembrou o ministro


do Supremo Tribunal Federal Gil-


mar Mendes, “a manipulação de es-


tatísticas é manobra de regimes to-


talitários” e, portanto, é preciso “parar de brincar


de ditadura” no Brasil. Na Venezuela chavista, que


o presidente Bolsonaro tanto critica, os dados ofi-


ciais foram tão manipulados que perderam com-


pletamente a credibilidade, obrigando a sociedade


civil a apurar as informações por conta própria.


Há um movimento semelhante aqui no Brasil.


Logo depois que o País tomou conhecimento da


iniciativa do governo de esconder os dados da


pandemia, veículos de comunicação – entre os


quais o Estado – decidiram trabalhar de forma


colaborativa para obter as informações nas Secre-


tarias de Saúde de todos os Estados. Além disso,


o Tribunal de Contas da União ofereceu-se para


fazer a consolidação dos números. Por fim, parti-


dos de oposição entraram na Justiça para exigir a


divulgação correta e ágil das estatísticas.


A firme reação da sociedade ante as patranhas


do governo Bolsonaro em relação à pandemia co-


incide com o início de um movimento de defesa


da democracia, que no domingo passado, a des-


peito da necessidade de manter o isolamento so-


cial, levou milhares de pessoas às ruas, em protes-


tos pacíficos. Para o governo, esses cidadãos can-


sados do embuste bolsonarista são “terroristas”.


Um governo que vive de enganar os cidadãos e


de criminalizar a oposição não é democrático e


deve ser denunciado com o maior vigor, mesmo


diante das limitações sanitárias impostas pela


pandemia. A coragem moral que falta a alguns no


governo sobra entre os brasileiros de bem – maio-


ria absoluta da população.


O


ímpeto refor-


mista de Jair


Bolsonaro arre-


feceu bastante


desde que ele


assumiu a Presi-


dência da República. De todas


as reformas prometidas pelo


então candidato no curso da


campanha eleitoral de 2018,


apenas a reforma da Previdên-


cia foi aprovada pelo Congres-


so – e mesmo assim, a bem da


verdade, muito mais em fun-


ção da mobilização da socieda-


de e do empenho de um grupo


de parlamentares do que pro-


priamente do engajamento do


presidente naquele projeto vi-


tal para o País.


Para não ficar marcado co-


mo um descumpridor de pro-


messas, seria bom Bolsonaro


abandonar seu passatempo pre-


ferido – a produção de crises


descabidas – e mobilizar seu go-


verno para a retomada da agen-


da de reformas sem as quais o


Brasil permanecerá aferrado


ao atraso. Se o presidente já


não está totalmente dedicado


ao enfrentamento da maior


emergência sanitária deste sé-


culo, como lhe incumbe, que


ao menos cuide de outras ques-


tões de interesse nacional. A re-


forma administrativa é item


prioritário nessa agenda.


Em primeiro lugar, é funda-


mental esclarecer que a refor-


ma administrativa não visa pri-


mordialmente à redução do gas-


to público. É evidente que o en-


xugamento da chamada máqui-


na pública será benéfico para o


País, mas o objetivo primaz de


uma reforma administrativa há


de ser a racionalidade na presta-


ção de serviços à sociedade pe-


lo Estado, e não apenas o corte


de gastos. De nada adianta gas-


tar menos se a qualidade dos


serviços públicos prestados ao


cidadão cai em igual medida. O


Estado deve gastar bem, não ne-


cessariamente menos. Hoje gas-


ta muito e mal.


Mas nem isso o presidente


Jair Bolsonaro parece com-


preender, e menos ainda imple-


mentar. Eleito com a promessa


de realizar um “corte intenso”


de 30% dos quadros da adminis-


tração pública federal, Bolsona-


ro está longe de honrar a pala-


vra empenhada na campanha.


Como o Estado revelou recen-


temente, passado um ano e


meio de mandato, nem no Palá-


cio do Planalto o presidente


conseguiu concretizar a meta


prometida. O número de servi-


dores na sede do governo fede-


ral (3.395) é apenas 4,2% menor


do que era no governo anterior


(3.544). A criação do chamado


“gabinete do ódio” contribuiu


para manter o Planalto incha-


do. Sob Bolsonaro, a Assessoria


Especial da Presidência, onde


está abrigada essa espécie de


bunker da desinformação e da


ofensa, viu crescer o número


de servidores ali lotados.


Não sem uma boa dose de ra-


zão, os cidadãos veem o Estado


como um monumental e inefi-


ciente sorvedouro de recursos


públicos, independentemente


do matiz político-ideológico do


governo de turno. Passa da ho-


ra de isso mudar. Uma boa re-


forma administrativa se impõe


porque o Estado precisa ter a


medida exata para deixar livre


a atuação da iniciativa privada


nas muitas áreas em que ela é


mais competente e para atuar a


serviço do cidadão – não custa


lembrar que o Estado não é um


fim em si mesmo – com mais


racionalidade e eficiência. Co-


mo está, enredado por uma es-


pessa teia de estatais, autar-


quias, bancos, conselhos e fun-


dações, o Estado mal consegue


se mover na direção de seu fim


maior – a promoção do bem co-


mum –, capturado que está por


uma miríade de forças corpora-


tivas que sabotam qualquer es-


forço que venha na direção con-


trária de seus interesses. Quem


haverá de ser o presidente da


República a olhar pela socieda-


de e, enfim, quebrar este círcu-


lo pernicioso?


Bastante ligado às questões


de interesse dos servidores pú-


blicos, Jair Bolsonaro, ao que


parece, não se mostra inclina-


do a exercer esse papel. O presi-


dente tem adiado sucessiva-


mente a apresentação de seu


projeto de reforma administra-


tiva ao Congresso. “Vai apare-


cer, mas vai demorar um pou-


co”, disse Bolsonaro em novem-


bro do ano passado. Se demo-


rasse “um pouco” estaria bom.


Quanto mais o governo pro-


crastina a apresentação de seu


projeto de reforma administra-


tiva, mais tempo as corpora-


ções de servidores públicos


têm para se organizar e barrar


as eventuais mudanças que


lhes atinjam. E mais tempo e re-


cursos dos contribuintes o Bra-


sil desperdiça para manter into-


cada a administração pública fe-


deral, há muito cara, ineficien-


te e atrasada.


N


o domingo passa-


do, o ex-presiden-


te Fernando Hen-


rique Cardoso


(PSDB) partici-


pou de um deba-


te com Ciro Gomes (PDT) e Ma-


rina Silva (Rede) sobre o atual


cenário da democracia no País.


Em que pesem as profundas di-


ferenças políticas entre os parti-


cipantes, o que se viu no progra-


ma do canal GloboNews foi um


diálogo civilizado a respeito da


necessidade de unir esforços na


defesa da democracia. Se é alvis-


sareira a disposição de deixar


momentaneamente as diferen-


ças de lado para proteger um


bem maior, ela é também um


sintoma da gravidade do mo-


mento atual, que exige maturi-


dade e responsabilidade de to-


dos, especialmente das lideran-


ças políticas.


“Nós precisamos ter esperan-


ça. Ninguém projeta o futuro


sem esperança. (...) Nós precisa-


mos ter energia para descorti-


nar um futuro melhor”, disse


Fernando Henrique. “O que é


esse futuro melhor vamos tal-


vez discutir aqui e ali, depois.


Mas temos de estar, pelo me-


nos agora, unidos na ideia de


que, sem liberdade, não se faz


nada; sem que exista a regra de


que a maioria possa prevalecer,


não se faz nada. É muito impor-


tante que haja união. Não estou


dizendo que nós não tenhamos


diferenças. É que, diante de um


risco maior, real, de escorregar


num caminho que não nos con-


vém, nós temos de estar juntos,


nós temos de gritar juntos. (...)


Nós todos estamos no mesmo


barco, e esse barco pode ir a pi-


que, se não mantivermos as con-


dições de liberdade. Eu já vi isso


ocorrer no Brasil, eu fui para o


exílio, passei anos fora do Bra-


sil. (...) Nós temos, sobretudo,


de manter nossa convicção, nos-


sa esperança, e agir em direção


de um futuro melhor”, disse o


ex-presidente.


Em sua fala, Marina Silva re-


cordou o que tem unido, neste


momento, pessoas de posições


políticas ou ideológicas muito


diferentes. “Acima de nós, há 36


mil mortos por covid-19 e a defe-


sa do Estado de Direito”, disse.


“É com esse espírito que ho-


mens públicos e a sociedade ci-


vil estão se mobilizando”, disse


a ex-senadora pelo Acre.


Ao tratar do que qualificou co-


mo as três tarefas do País neste


momento – salvar vidas, salvar


empregos e defender a democra-


cia –, Ciro Gomes também pre-


gou a união em torno do Estado


Democrático de Direito. “A mi-


nha divergência fica guardada pa-


ra a hora própria. (...) Na defesa


da democracia, nós vamos fazer


o que for necessário”, disse o ex-


governador do Ceará. A respeito


de eventual resistência para se


unir a um adversário político, Ci-


ro Gomes minimizou as dificul-


dades. “Ninguém do povo vai en-


tender a superficialidade e a le-


viandade de qualquer um de nós


que, por mimimi, por manha,


por marra, não cumpra sua tare-


fa de proteger a democracia que


custou vidas a muitos brasilei-


ros. (...) Nós vamos defender a


democracia brasileira, e quem


não vier é traidor”, disse.


Questionado sobre as mani-


festações em defesa da demo-


cracia que envolvem também


outras bandeiras, como a rejei-


ção ao racismo, Fernando Henri-


que lembrou o caráter funda-


mental da democracia. “Eu


acho normal que (as manifesta-


ções) entrem em outras ques-


tões. No fundo, não são outras


questões, é a mesma – é a demo-


cracia na sociedade. Não é só a


democracia política, mas tam-


bém a inclusão social. É a mes-


ma bandeira, no fundo.”


O ex-presidente frisou tam-


bém a importância de não se


omitir na defesa da democracia.


“Chegou o momento em que


nós não podemos calar. Temos


de dizer o que nós pensamos,


com cuidado, mas sem temor.


Dizer com cuidado para que o


outro lado, algum grupo bolso-


narista mais feroz ou mais ideo-


lógico, não use o argumento de


que ‘não deixam o homem go-


vernar’. Ele pode governar do


jeito que quiser. O que ele não


sabe é governar, e isso é outra


coisa. Os que temos compro-


misso com a reconstrução da


democracia no Brasil, com o


exercício da democracia, nós


precisamos dizer o que pensa-


mos com simplicidade e clare-


za, para que a população enten-


da e perceba que a luta não é só


política; é social e econômica”,


disse Fernando Henrique.


A defesa da democracia e das


liberdades deve estar muito aci-


ma de eventuais diferenças po-


líticas. A união em torno do Es-


tado Democrático de Direito


que se começa a vislumbrar no


País é profundamente alentado-


ra. Há sociedade, há liberdade,


há responsabilidade. Os autori-


tários não prevalecerão.


Coragem moral


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Nós todos estamos no


mesmo barco, disse o


ex-presidente Fernando


Henrique Cardoso


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Notas & Informações


A racionalidade do Estado


Com razão, os cidadãos


veem o Estado como um


enorme sorvedouro de


recursos públicos


Unidos na defesa da democracia


lDesgoverno Bolsonaro


Os dados da gripezinha


Os dados consolidados de ca-


sos de contágio e morte pelo


novo coronavírus, no Brasil,


estão sendo escamoteados. No


pior momento da pandemia, o


governo assume atentado ao


bom senso e, pior, ao que está


inscrito no artigo 37 da Consti-


tuição Federal: “A administra-


ção pública (...) obedecerá aos


princípios de legalidade, impes-


soalidade, moralidade, publici-


dade e eficiência”. O País che-


gando a 40 mil óbitos por co-


vid-19 e o presidente Jair Bolso-


naro comete crime de responsa-


bilidade, desdenhando das mor-


tes: “É destino de todo mundo


morrer um dia”... E assim corre


em direção a um possível pro-


cesso de impeachment, segun-


do a Lei n.º 1.079, de 10/4/1950,


que define os crimes de respon-


sabilidade. Ainda não satisfeito,


Bolsonaro achou benfazejo


substituir o falecido Ministério


da Saúde do Brasil pelo neona-


to “Ministério da Censura e do


Abatimento Público”.


ELIZEU FERREIRA DOS SANTOS


[email protected]


SÃO VICENTE


Números oficiais


A mudança de metodologia


adotada pelo Ministério da Saú-


de para contar o número de


mortos vem tendo resultados


impressionantes: o que, num


primeiro momento, havia sido


anunciado como sendo um to-


tal de 1.382 mortes por covid-


no País num dia, mais tarde,


caiu para 525. Uma diferença


de 857. Ou seja, 60% do proble-


ma foi resolvido com uma cane-


tada. Nem a descoberta de


uma vacina teria impacto tão


grande em tão pouco tempo.


Genial: em vez de tratar os pa-


cientes, tratam-se os números!


Cura assim tem tudo para virar


mito. E moda.


JORGE ALBERTO NURKIN


[email protected]


SÃO PAULO


Ministério ideal


Depois de duas tentativas frus-


tradas, o nosso presidente final-


mente encontrou um ministro


da Saúde capaz de reduzir dras-


ticamente o número de óbitos


causados pela covid-19!


LUIZ ANTONIO RIBEIRO PINTO


[email protected]


RIBEIRÃO PRETO


Dama sinistra


Ela toma assento nas reuniões


presidenciais sem pedir licen-


ça. Põe a foice no canto da sala,


esparrama sua túnica negra na


cadeira, ajeita o capuz para ver


todos os presentes e assente


com a cabeça (ou melhor, o crâ-


nio) a cada decisão tomada.


Sua chegada empesteia o ar


com o odor de incontáveis ca-


dáveres, mas ninguém reclama,


nem os arrogantes generais, já


que a consultoria dela passou a


ser essencial. A eminência par-


da do governo Bolsonaro é


uma senhora sinistra, a morte.


TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO


[email protected]


BELO HORIZONTE


Golpe estatístico


Os números estão sendo tortu-


rados pelo golpe estatístico.


Vivemos num universo parale-


lo. Será preciso um salto quânti-


co para voltar à realidade.


LUIZ ROBERTO DA COSTA JR.


[email protected]


CAMPINAS


Tática do golpe


Jair Bolsonaro está trabalhan-


do há tempo para dominar as


polícias estaduais e “bolsonari-


zá-las”. Além disso, deliberada-


mente, está retardando a entre-


ga dos recursos destinados às


pequenas empresas, provocan-


do o aumento do desemprego,


e também aos desassistidos,


que não conseguem receber


suas ajudas. Quando estourar a


revolta provocada deliberada-


mente pelo governo, surgirá a


desculpa para dar o golpe para


“restabelecer a ordem”.


ALDO BERTOLUCCI


[email protected]


SÃO PAULO


Desilusão cívica


Eu tinha 20 anos quando parti-


cipei da minha primeira elei-


ção. Queria eleger bons repre-


sentantes. Até hoje não conse-


gui. Os partidos não depuram


seus candidatos, eles os esco-


lhem a esmo e pela quantidade


de votos que levarão para a le-


genda. Essa é a impotência do


cidadão, como descrita no edi-


torial Democracia defensiva (7/6,


A3). A despeito dos amplos di-


reitos que a Constituição nos


assegura, a dificuldade de ele-


ger alguém competente é que


alimenta a desilusão cívica.


Nós, cidadãos desencantados,


não conseguimos eleger um


bom timoneiro. É por isso que


não nos sentimos participantes


do Estado. Reforma política é o


que precisamos. Não quero a


ditadura. Mas como conseguir


essa reforma com os represen-


tantes que temos?


SÉRGIO BRUSCHINI


[email protected]


SÃO PAULO


lEm São Paulo


Diferenças sociais


Nos meus percursos diários,


entristece-me notar o crescen-


te número de moradores de


rua. Chama-me mais ainda a


atenção nestes dias em que o


mundo discute as questões so-


ciais e do racismo. Desses des-


favorecidos, que vivem sob as


marquises dos prédios, quase


100% são negros. Não é possí-


vel que no Brasil não consiga-


mos enxergar essas pessoas.


Temos de encontrar um cami-


nho para reduzir a brutal dife-


rença de oportunidades, gera-


dora dessa imensa desigualda-


de. Não tenho dúvidas de que


teremos uma solução quando a


sociedade inteira, como diz o


Evangelho, vestir saco e fizer


uma penitência coletiva.


JOSÉ PACHECO E SILVA


[email protected]


SÃO PAULO


lInfraestrutura


‘O custo Brasil nos portos’


Clara a análise do editorial so-


bre a recente auditoria portuá-


ria do Tribunal de Contas da


União (7/6, A3). Loteamento


político e gestores desqualifica-


dos nas Docas, porém, sur-


preendem menos pelo fato e


mais por recalcitrarem 13 anos


após a criação da SEP (hoje


SNPTA): fim dessas práticas e


“choque de gestão” não foram


motivações para sua criação e


as bandeiras de todos dirigen-


tes desde então? Também, nes-


se quadro, entrar no século 21


com 100% das operações priva-


tizadas não é surpreendente?


Valeria análise. Importante o


destaque do editorial para a


autonomia portuária, o bench-


marking internacional. Daí, “li-


poaspiração” dos processos de-


cisórios é a prioridade!


FREDERICO BUSSINGER, consultor


[email protected]


SÃO PAULO

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