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H2 Especial TERÇA-FEIRA, 9 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
SONIA RACY
DIRETO DA FONTE
Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]
Maria Fernanda Rodrigues
Passado o susto da entrada das
duas principais redes de livra-
rias brasileiras em recuperação
judicial, o mercado editorial te-
ve um ano melhor em 2019 –
muito melhor do que vinha ten-
do desde 2014, quando passou a
registrar desempenho negativo.
A Pesquisa Produção e Venda
do Setor Editorial, revelada nes-
ta segunda, 8, mostra um cresci-
mento real de 6,1% no fatura-
mento das editoras, que fecha-
ram o ano em R$ 5,67 bilhões.
Realizada pela primeira vez
pela Nielsen Book para a Câma-
ra Brasileira do Livro (CBL) e
Sindicato Nacional de Editores
de Livros (Snel), a pesquisa, fei-
ta até então pela Fipe, mostrou
ainda que, sem poder contar tan-
to com Cultura e Saraiva, o mer-
cado precisou procurar canais
alternativos para vender seus li-
vros. A participação das livra-
rias exclusivamente digitais na
venda das editoras saltou de
3,4% em 2018 para 12,7% em
- A venda nas escolas, algo
que sempre gerou controvérsia
entre livreiros porque os tira do
jogo num dos principais mo-
mentos do ano, cresceu de 1,8%
para 5,9%. A ven-
da na internet e
em market place
aumentou de
0,74% para 5,2%.
“Vemos uma re-
cuperação do
mercado, mas ela
não é significati-
va. Não é possível dizer, por
exemplo, que voltamos a 2006,
mas sim que chegamos mais
próximos da crise econômica. O
mercado está tentando se recu-
perar. 2019 foi um ano bastante
positivo e vai dar fôlego para as
editoras passarem por este 2020
de pandemia”, afirma a econo-
mista Mariana Bueno, responsá-
vel pela pesquisa que ouviu 167
editoras.
Enquanto isso, a venda em li-
vrarias físicas, que já tinha des-
pencado em 2018, fechou o ano
passado respondendo por 41,6%
do faturamento das editoras (e-
ra 50,5% em
2018). Ainda as-
sim, este é o prin-
cipal canal de ven-
da – seguido pelas
distribuidoras, cu-
ja participação
também enco-
lheu de 29,5% pa-
ra 22,9%.
O ano ainda foi de cautela nos
lançamentos em primeira edi-
ção, com uma queda de 6,6% na
produção de novos livros, so-
mando 13.671 novos ISBNs. O nú-
mero de reedições e de exempla-
res impressos, no entanto, pu-
xou o resultado para cima. O mer-
cado editorial produziu 395 mi-
lhões de exemplares em 2019,
um aumento de 13% em relação
ao ano anterior, e editou 50.331
títulos, entre primeira edição e
reimpressão, 7,5% a mais. Houve
menos traduções em 2019, uma
queda de 32,4% em número de
títulos produzidos (3.823), e
mais obras de autores brasilei-
ros, um aumento de 10,16%
(9.929).
No que diz respeito à venda,
foram comercializados 434 mi-
lhões de exemplares de livros no
Brasil. Desses, 209 milhões fo-
ram para vendas ao mercado e
224 milhões para o governo – es-
sas compras são sazonais, mas os-
cilaram nos últimos anos. O Pro-
grama Nacional do Livro e do Ma-
terial Didático (PNLD) Literá-
rio, por exemplo, comprou 53 mi-
lhões de exemplares e rendeu às
editoras R$ 280 milhões, sendo
responsável por 4,9% do total da
receita do setor. Com isso, a parti-
cipação dos livros infantis e juve-
nis ganhou destaque.
Dividindo o faturamento de
R$ 5,67 bilhões, temos R$ 3,9 bi-
lhões provenientes da venda pa-
ra o mercado e R$ 1,6 bilhão para
o governo (embora o número de
exemplares seja semelhante, os
livros saem mais baratos nas
compras governamentais).
Em termos gerais, e reais, hou-
ve um crescimento de 3,3% nas
vendas para o mercado e de 6,1%
quando somamos também o que
foi vendido para o governo.
Foi um bom ano para o subse-
tor de obras gerais. O crescimen-
to real foi de 14,8% em vendas pa-
ra o mercado e de 27,5% para o
mercado e o governo. O subsetor
de didáticos segue estável, regis-
trando queda real de 0,4% nas
vendas para o mercado e de 0,1%
geral. E o CTP (Científico, Técni-
co e Profissional), em queda des-
de 2015, perdeu 8,2% em vendas
para o mercado. O subsetor de
livros religiosos continua bem,
com crescimento real de 6,1%.
O preço médio do livro aumen-
tou 4,18%, de R$18,19 para
R$18,95, o que ajudou no bom de-
sempenho do setor. Vale lem-
brar que não se trata de um índi-
ce de preço, mas de média feita
pelas editoras, levando-se em
conta o faturamento e o número
de exemplares vendidos.
l,O Banco BV está dando
R$ 30 milhões para hospitais
e projetos sociais. Além dis-
so, a cada R$1 doado por uma
pessoa, através do banco, a
instituição financeira dará
quantia igual.
lNo meio dessa pandemia,
a Casa do Saber amplia seu
alcance e passa a oferecer
cursos online inclusive pe-
las redes sociais. Está tam-
bém promovendo opções
gratuitas, como O melhor da
Filosofia, ministrada, em qua-
tro capítulos, por Clóvis de
Barros Filho. Reuniu mais
de 60 mil inscritos.
lA Cultura Inglesa de SP doa
cestas básicas para bolsistas
da comunidade de Paraisópo-
lis e outras 18 instituições.
lRicardo Saad, da
St.James, promove venda
solidária. A cada porta álcool
em gel da marca, assinado
por Anna Carolina Bassi,
um litro de álcool gel é doado
para a Obra do Berço.
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
lDESEMPENHO
CAMILA TEIXEIRA
POLAROID
Desde ontem, todo convidado do Superpop – programa
apresentado por Luciana Gimenez na Rede TV –, é obrigado a
passar pelo crivo de uma cabine hi-tech. Com sensor de
presença, o aparelho da Neobrax promete criar camada
protetora higienizante, até nas roupas e acessórios. Luciana,
com sua cachorrinha Lola, foi a primeira a testar. “Todos os
funcionários também estão usando. Me sinto mais segura,
junto com as demais medidas de prevenção. É uma fase
difícil, mas vai passar,” afirma.
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Casa Real
Jair Bolsonaro não pode
participar de atos e manifes-
tações pedindo intervenção
militar. Principalmente, não
pode ir a atos públicos con-
tra o STF. “Inadmissível,
uma afronta”.
A opinião é de Dom João Or-
léans de Bragança, conheci-
do por Joãozinho Príncipe. Pa-
ra ele, o papel suprapartidá-
rio das forças armadas com a
isenção política que a insti-
tuição requer pode ser seria-
mente comprometido.
Casa Real 2
Como? Quando o presidente
traz para o governo mem-
bros de uma instituição que
foram formados para defen-
der o Estado, a Nação, e não o
governo. “O presidente não é
a Constituição, ele obedece a
Constituição”.
Em texto enviado à coluna,
atesta que “O Brasil está de
luto, o presidente debocha
de um País em desgraça”.
Mãos dadas
Derrubar muros e construir
pontes. Esse é o lema que
guia o trabalho de Edu Lyra à
frente da ONG Gerando Fal-
cões. É também a receita do
empreendedor social para
combater o racismo.
O ONG completa sete anos
com a campanha “Corona no
Paredão, Fome Não” que ar-
recadou nada menos que R$
16 milhões e, com isso, distri-
buiu 320 mil cestas básicas
em favelas de todo o País.
Mãos dadas 2
Na opinião de Lyra, “a Av. Fa-
ria Lima tem que estar junto
da favela, do morro e do asfal-
to. É assim que a verdadeira
mudança acontece”.
MERCADO EDITORIAL
Valor. O preço médio de um livro aumentou em 4,18% entre 2018 e 2019, o que ajudou a melhorar o desempenho do setor
Com a covid-19 impedindo contato físico, Flávia
Terpins e Paola de Picciotto, sua mãe e sócia na 100%
Eventos, lançaram a Hug Machine, a Máquina do
Abraço. No que consiste? Em uma estrutura metálica
com cortina transparente, com espaço para braços, e
de fácil higienização. “Assim, pais e filhos, avós e
netos, amigos poderão sentir o aconchego de um
abraço sem temer contaminação”, ressalta Flávia.
R$ 5,67
bilhões foi o faturamento das
editoras em 2019
434
milhões de exemplares vendidos
12,7%
é a participação das livrarias
exclusivamente digitais na venda
das editoras; índice era de
3,4% em 2018
O PNLD LITERÁRIO
RENDEU ÀS
EDITORAS
R$ 280 MILHÕES
WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Caderno 2
Surpreendentemente, editoras cresceram 6%
no ano passado, com destaque para as vendas online
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