Valor Econômico (2020-06-09)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 11 da edição"09/06/2020 1a CAD A" ---- Impressapor ccassiano às 08/06/2020@20:29:


Terça-feira, 9 de junhode 2020|Valor |A

A nova política monetária

Faltamregrasambientaisparacamposdepetróleoesgotados.PorLuizBezerrae G. Gomes


“Nãoé uma


demanda


saudável. É a


demandados


desesperados”.
DopresidentedoBancodoBrasil,
RubemNovaes,emexposição
ontememcomissãomistado
Congressoque acompanhaas
medidasdogovernona
pandemia,aodizerquenãohá
‘empoçamento’de recursosnos
bancos,queestariam
trabalhando ‘no limite’

Maria Clara R. M.
do Prado

O ocaso da política
neoliberal ocorre ao
lado da maiordefesa
de medidasem prol da
redistribuiçãoda renda

M

uito se especulaso-
breosdestinosdo
mundo quando a
pandemiativerido
embora.A primeiradúvida que
surgetem aver com aglobaliza-
ção, que moldou ocomporta-
mentodas empresas,das pes-
soas edos governos nos últimos
30 anos.
O movimento do comércio
global será um desastre este ano
—aOMC prevê quedade 13%so-
bre2019,nomelhorcenário, mas
indica que pode cair até 32%—,
mas, arigor,já estava em rotade
declínio. No campopolítico, te-
me-se queaondadenacionalis-
mo aprofundeas medidasprote-
cionistasefavoreçaaidolatriape-
la pátria em detrimentode uma
convivência harmônica e coope-
rativaentreospaíses.
Pode-se dizer queaglobaliza-
ção representou o coroamentoda
políticaeconômicaneoliberal que
começouadominar aagendados
governos apartir da crise interna-
cional do petróleo,que fez dispa-
rar as taxas de inflaçãonos anos
70, tendo sido consagrada nos

anos 80 porMargarethThatchere
Ronald Reagan. O neoliberalismo,
em verdade, nasceu bem antes,em
1947,quandoumgrupodeecono-
mistasresolveuapresentarumaal-
ternativaàpolítica intervencionis-
ta de John Maynard Keynes,utili-
zadapelogovernodosEUAparati-
rar o país da debacle de
1929/1933. Lideradopor Friedrich
HayekeMiltonFriedman,ficouco-
nhecido como aEscola de Pèlerin,
uma referência ao nomeda cidade
suíça (Mont Pèlerin) ondese reali-
zouaprimeirareuniãodogrupo.
Anossepassaramatéqueacri-
seeconômicadosanos70abrisse
a oportunidadepara que a recei-
ta do neoliberalismofossedisse-
minada.Parte da ideia centralde
que ohomeméessencialmente
um ser egoístae, por isso,deve
funcionarcomoomotor que im-
pulsionaofuncionamento do li-
vre mercado, capazde dar asolu-
ção para todosos problemas,in-
clusiveos de ordemsocial,como
aeducaçãoeasaúde.Olivro de
Friedman“Capitalismoe Liber-
dade”,de1982, éumclássicono
universodoneoliberalismo.
Masomundocomeçouamudar
em2008,comacrisefinanceira/hi-
potecáriaqueabalouospaíses,a
começar pelos Estados Unidos.O
riscodeumagrandedepressãofoi
contornadopelapolíticadoQuan-
titativeEasing(QE),pelaqualos
bancos centrais entupiram as eco-
nomiasdeliquidezviaoperações
deaquisiçãodosativosirrecuperá-
veis diretamenteda carteirados
bancos. Desmistificou-se ali o
grande dogmade Milton Fried-

derno.Namesmaépoca,doisou-
tros franceses, Gerard Duménil e
Dominique Lévy publicaramo li-
vro“A crisedoNeoliberalismo”.
Não àtoa, oocasoda política
neoliberalistaocorreemparaleloà
defesacada vezmaior de medidas
emproldaredistribuiçãodarenda
e do desprezo pelaimportância
dos controles monetário efiscal.
Autora do livro “The Deficit Myth”
(O Mitodo Déficit),aarticulada
economista norte-americana Ste-
phanie Kelton defende que o go-
vernorecorraàemissão de moeda
sempreque necessário,domesmo
modo como a dívida pública e os
déficits fiscais nãodeveriam ser
vistoscomoumproblema.

Ela está no grupodos que
apregoama ModernMonetary
Theory (MMT)—ModernaTeoria
Monetária—, com oargumento
de que os governosdeveriamfa-
zer uso da prerrogativaque têm
de emitirmoeda acusto zero pa-
ra atender as necessidades de
manter as economiasemfuncio-
namento enquanto os limitesda
inflaçãoassimpermitirem. Ou
seja, o MMTdeveser usadopara
evitarconstrangimentoseconô-
micosdesnecessários, mastendo
na miraocomportamento dos
preços.Afinal,diz ela, “é oemis-

mandequeaemissãomonetária
careciadetotalcontroleparaman-
ter ainflação baixa egarantiro
crescimento.Arigor,aquelaverda-
de absoluta já havia sido abalada
quando os bancoscentrais troca-
ram os agregados monetários pela
metade inflação comoparâmetro
desuaspolíticas,apartirde1992.
Pode-sedizerque nos últimos
dozeanos boa parte da expansão
econômicaocorridano mundo foi
viabilizada pela injeção de largas
somas de liquidezprovidas pelos
bancos centrais, especialmente na
Europa, sem que a inflação tenha
sido abalada. Agoraque o mundo
se vê diante de uma crise muitíssi-
momaiordoqueade2008,ganha
evidênciano debate econômico
internacionalas posiçõesde jo-
venseconomistas quecontestam
abertamente o conceitodo neoli-
beralismo e, em particular, as polí-
ticas de aperto fiscal emonetário
queaindafazempartedoreceituá-
riodeorganismostãoimportantes
comooFMI.
Entre 2013e2014, como se sa-
be,ganhouevidênciaumacorren-
tedepensamentonascidanaFran-
çacomoportentosolivrodeTho-
mas Piketty “O Capitalismodo Sé-
culoXXI”,resultadodacompila-
ção de dadossobre a distribuição
darendadesdeosanos20,quede-
senvolveu com outroeconomista
francêsde renome, Emmanuel
Saez.Ficouali demonstrada a forte
concentraçãodarendatotalnas
mãosdepoucosesugeridaumata-
xação sobre a riqueza como forma
de compensar os desequilíbrios
provocados pelo capitalismomo-

tematizada paraas atividades de
descomissionamento, contem-
plando não apenasaspectos regu-
latórios, mas também ambientais
e de segurançada navegação, ANP,
Ibamae Marinhasomaram esfor-
ços nessesentido, do que resultou
anova Resolução ANP817. Não se
pretende aqui adentrar os deta-
lhesdo novoregulamento, que
certamente ainda será objeto de
estudose críticas diante de sua im-
portânciaparaaindústria,mastão
somente trazeralgumas breves re-
flexõesarespeitodecomoosas-
pectos ambientaisda atividadede
descomissionamentoforamabor-
dados na resolução, eem que me-
dida anorma éautossuficiente em
relaçãoaotema.
Afinal,comosetratoudenorma
“escrita a seis mãos”, duas das
quaispertencentesao Ibama,ge-
rou-se aexpectativa de que a Reso-
lução 817 regularia aspectosam-
bientais do descomissionamento
deformaintegradaeholísticacom
os aspectosregulatóriosede segu-
rança da navegação.Contudo,pe-
lo menosem uma primeira leitura
da versão final da resolução e, es-
pecialmente, diante de uma análi-
se comparativa entre tal versãofi-
naleaminutasubmetidaàconsul-
tapública,nãoparecequeesteseja
realmenteocaso.
Acomeçar peladinâmicado
processo de consulta pública, du-
rante oqual foram submetidas

sor de moeda,ou seja, ogoverno,
e não os pagadores de impostos,
quefinanciaosgastospúblicos”.
É, sem dúvida,umarevolução
paraos padrõesmonetáriosen-
tão vigentes.Mesmoo QE sem-
pre foi vistocomoalgoexcep-
cionale admissível apenas para
casosespecíficos.
Não há dúvidade que neste
mundodemudanças,asnovasli-
nhasde pensamento econômico
terãodeserconsideradasmesmo
pelosmaisortodoxos.No Brasil,
só conseguementenderpor en-
quantoo que se passae aceitaras
alternativas maisousadas para a
criseatualos economistasque
sãocapazesdepensarforadacai-
xinha,comoAndréLara Resende
ePérsioArida.
De fato,émais confortável se-
guiramanadadoqueaventurar-se
em algo diferente e, por isso mes-
mo,assustador,mas já se provou
queéjustamentenocenáriodecri-
se que as novasideias prosperam.
Porissomesmo,chegaaserincom-
preensível ainsistência do minis-
trodaEconomia,PauloGuedes,no
sentidode introduziraprevidên-
ciaporregimedecapitalizaçãono
país,algo que brotou das ideias
neoliberaisdopassadodistantee
quejáprovounãoterdadocerto.É
horadeseolharparaohojeepara
frenteenãoparaopassado.

MariaClara R. M.doPrado, jornalista,
é sóciadiretora da Cin —Comunicação
Inteligente e autora do livro “A Real
Históriado Real”. Escreve mensalmente
às terças-feiras. E-mail:
[email protected]

N

ofinal do mês de abril,
a Agência Nacionaldo
Petróleo,Gás Natural e
Biocombustíveis(ANP)
publicou sua Resolução no817, a
tãoaguardadanormatizaçãodos
procedimentosde descomissio-
namentode instalaçõesde ex-
ploraçãoedeproduçãodepetró-
leo egás natural.Quemacompa-
nhou o assunto de perto, ao lon-
go dos anosde discussão edos
sucessivosadiamentos das con-
sultaspúblicassobreseu teor, sa-
be da importânciado novoregu-
lamento,não apenasparaain-
dústria de petróleoe gás em si,
mastambémparaoprópriopaís,
especialmente diante da pers-
pectiva de bilhões em investi-
mentosque aatividadepode ge-
rar nos próximosanos—investi-
mentosque,de certaforma,se
encontravam represados, no
aguardodaregulamentação.
O descomissionamento de ati-
vos de exploraçãoeprodução é
etapainevitável na cadeiada in-
dústria de petróleo egás, mas,his-
toricamente,oassuntonão rece-
beu a atençãoquemerecia no Bra-
sil. Comachegada do fim da vida
útil dos primeiros camposde pro-
dução de petróleo egás existentes
na plataformacontinental brasi-
leira, com curvas decrescentes de
produção e fatores de recuperação
que nãomais enxergam possibili-
dadede melhoria, a indústria na-
cional e os agentesdo Estado se vi-
ram obrigadosadiscutir,talvezde
formatardia,osaspectosregulató-
rios e ambientaisenvolvidosnas
atividadesde descomissionamen-
todessesativos.
Ébemverdadeque,olhandopa-
ra trás, pode-se enxergar algumas
normas e dispositivos que já se de-
bruçavam sobre o assunto, muito
emborade forma limitada egené-
rica. Éocaso da própria Lei
9.478/97,conhecida comoLei do
Petróleo; da Resolução ANP27/06,
hoje revogada,que já abordavaa
desativação de instalações eade-
volução de áreas na fase de produ-
ção; da ResoluçãoANP 41/15,que
perpassa o descomissionamento e
desativação de dutos e sistemas
submarinos; e da InstruçãoNor-
mativaIbama22/09,tambémjáre-
vogada, que tratava do licencia-
mento ambiental parainstalação
derecifesartificiais.
Considerando alimitaçãodes-
sasnormaseanecessidadedeuma
regulamentaçãoabrangente esis-

mais de cinco dezenasde comen-
tários pelo próprio Ibama. Tal si-
tuação demonstrou que,muito
embora estivessem desenvolven-
do um elogiadotrabalhoconjun-
to para pensar aregulamentação
do descomissionamento no Bra-
sil, talsomade esforços não ne-
cessariamentese traduziu em
uma norma que de fato fora “es-
critaaseismãos”equesetornaria
referência a respeitode todas as
obrigaçõesecondições relacio-
nadas ao descomissionamento,
inclusiveambientais.
Oscomentáriosesugestõessub-
metidos pelo Ibamadurante o
processo de consulta pública tam-
bémdeixam isso claro.Umbom
exemplodessasituaçãoéocomen-
tário relacionado ao dispositivo
que determinava a entrega do Re-
latório de Descomissionamento
de Instalações (RDI)concomitan-
tementeàANP,ao órgão ambien-
tal licenciadore, no caso de áreas
marítimas, àDiretoria de Portos e
Costas eàCapitania dos Portos da
áreadejurisdiçãoenvolvida.
Tal dispositivo pretendia defi-
nir desdejá que o RDI seriao do-
cumentopertinentea ser entre-
gue às autoridades competentes
apósa conclusãodo descomis-
sionamento, maso trechoque
mencionava Ibamae Marinhafoi
removido,após comentáriodo
Ibama de que “nãotem comoa
ANP determinaro que os outros

órgãosvãoreceber”.
Outroexemplo pode ser verifi-
cadono AnexoIII da norma, que
prevêum roteiropara elaboração
do Programade Descomissiona-
mento de Instalações (PDI) Maríti-
mas. Na minutasubmetidaàcon-
sulta pública,talanexoestabelecia
que o PDI deveria conter itens que
contemplasseminformaçõestais
comoAvaliação de ImpactosAm-
bientais e Análise de Riscos Am-
bientais, mas quetambém foram
excluídas após comentário do Iba-
ma de que tais exigências não são
decompetênciadaANP.
Por fim,outro exemplo aserci-
tadodiz respeito àpossibilidade
de constituiçãode recifesartifi-
ciais. Nos dois momentos em que
tal possibilidade era mencionada
na minuta de resolução submeti-
da à consulta pública, houveco-
mentário por partedo Ibama no
sentidode que tal análise não
competeàANP, oquetambémre-
sultounaexclusãodetaisitens.
Apesar dos reconhecidos esfor-
ços envidados por ANP, Ibama e
Marinha na construção de uma
novaregulamentação paraodes-
comissionamento, parece claro
que a Resolução 817 não é autos-
suficiente no queconcerne aos as-
pectos ambientaisda atividade. É
de se esperar, principalmente
diante dos comentários realizados
pelo Ibama ao longo da consulta
pública, que normativasambien-
tais específicasaindaterãode ser
editadaspararegularquestõestais
comoo conteúdode documentos
a serem apresentados aos órgãos
ambientaise a possibilidade de
criaçãoderecifesartificiais.
Detodomodo,nãosepodene-
gar oimportantíssimopassoda-
do com a publicaçãoda Resolu-
ção 817 em direção à maior
transparênciaesegurançajurídi-
canostantosprocessosdedesco-
missionamentoque aindaestão
por vir.Aexpectativaé que a no-
va normaverdadeiramentepo-
nha em marchaosetor de desco-
missionamentono país, que,
apesarde seu enormee reconhe-
cido potencial,encontrava-seem
compassode esperapor uma re-
gulamentação que garantisse
clarezasobreosrequisitoseobri-
gaçõesrelacionadosàatividade.

Luiz GustavoBezerra e Gedham
Gomessão, respectivamente, sócioe
associadoda práticade Ambientaldo
Tauil & ChequerAdvogados.

Cartasde


Leitores


Descomissionamento e ambiente

Frase do dia


Covid-
Oex-ministrodaSaúde,Luiz
HenriqueMandetta,estimou
que150milbrasileirosvãomor-
rerdecovid-19.Ponderandoes-
sesdados,podemosconcluirque
osatuais36milfalecimentos
correspondema24%dototal
previstopelomédico. Asautori-
dadesdasesferasmunicipais,es-
taduaisefederaltêmaobrigação
degarantiromínimodedigni-
dadeàpopulaçãomenosfavore-
cidaeàquelespertencentesaos
gruposdealtorisco.Precisamos
confiarnadignidadeenocará-
terdosprefeitos,governadorese
presidente,quedeverãoagir
comdeterminaçãonautilização
dosrecursosnecessáriospara
salvarcadavida,realizandoas
melhorespráticasadministrati-
vas,semprerespaldadospela
ciênciaedadostransparentes.
Asliçõesaprendidasemou-
trospaísespoderãoservirdefun-
damentoparaevitarsofrimento
egarantirprocedimentosmais
assertivos.Jápassoudahorade
colocarumpontofinalnessas
discussõespolíticasedetraba-
lharcomseriedade
JoséCarlosSaraiva daCosta
[email protected]

Energia
Aodefenderapenasoequilíbrio
econômicofinanceirodasem-
presas,opresidenteeodiretor
doInstitutoAcendeBrasilmos-
tramquenãoentenderamoarti-
godoIluminasobreosetorelé-
tricopublicadonoValorde
05/06.Ninguémafirmouquea
crisenãoégrave.Oqueseestá
mostrandocomdadoséque,em
relaçãoaoutrossetores,oelétri-
conãoestáentreospiores.
Ocustocairánobolsodos
consumidorese,diferiressepas-
sivonotempo,nãoalteraseupe-
soenemseudestinoeconômico.
Se,comodizemosautoresda
carta,arentabilidadedosetor
elétricofoinegativade2011a
2018,éprecisoexplicardoiste-
mas:ospagamentosdedividen-
dosnesseperíodoeoimpacto
domercadolivrenoequilíbrio
dasdistribuidorasantesdecul-
paracovid.
Roberto Pereira D’Araujo
Diretor do Instituto Ilumina

Amazônia
Ocomeçodetomadademedi-
dasmaissériasparacombatero
desmatamentodaAmazônia,
pelogovernofederal(Valor,
8/6),emprimeirolugar,nãore-
paradanosirreparáveisjácausa-
dosàfloresta.Eanovapreocupa-
çãodosagentesdogovernopelo
“ambientalismoderesultado”
nãosignificarepentinatomada
deconsciênciadosaloprados
quequeriamver“aboiadapas-
sar”, masdesériosriscosdeo
paísperderinvestimentosde
fundosestrangeiros,inibidosem
investirempaísesquedespre-
zamomeioambiente.Oúnico
motivoqueossensibilizaéodi-
nheiroe,aindaassim,sériasdú-
vidaspairamsobanovainten-
ção—simplesmentemercenária,
nãoderespeitopornossaemun-
dialAmazônia.
AmadeuGarridodePaula
[email protected]

Apesardos esforçosde
para a regulamentação
do descomissionamento,
a Resolução817 não é
autossuficienteem
relaçãoao ambiente.
Normas específicas
ainda terãode ser
editadaspara regular
questõescomoa da
possibilidade de criação
de recifes artificiais

Opinião


Correspondênciaspara
Av. 9 de Julho,5229 - Jardim
Paulista- CEP01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
[email protected],comnome,
endereço e telefone. Os textos
poderãoser editados.

By_Lu*Ch@QuE

By_Lu*Ch@Qu£

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