Valor Econômico (2020-06-09)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 12 da edição"09/06/2020 1a CAD A" ---- Impressapor ccassiano às 08/06/2020@21:16:


A12|Valor| Terça-feira, 9 de junhode 2020

Especial


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


Clientesvão dispensarmoratória, projetambancos americanos


Laura Noonan
FinancialTimes,de New York

Os bancosamericanosesperam
que um número significativo de
tomadoresde crédito voltease
comprometercomos cronogra-
mas normais de pagamentoquan-
doseusacordosdetolerânciaexpi-
rarem, no fim deste mês, disseram
altos executivos,porque muitos
clientesnãoforamtãoafetadospe-
lapandemiaquantotemiam.
Entre4% e22% dos tomadores
de vários tiposde empréstimos
aderiram aos acordosde conces-
sãodemoratóriade90diasnospa-
gamentos, destinados a dar uma
margem de manobra às famílias e
empresas cuja subsistência estava
ameaçadapelapandemiadocoro-
navírus,segundoanálisefeita pela
Autonomous com baseem infor-
maçõesdivulgadasaopúblico.
A possibilidadede essesdeve-
dores retomaremos pagamentos

normaisé um primeiroindicador
do nívelde inadimplência ede
perdas comempréstimos que os
bancosdevem enfrentarpor causa
de uma crise que provocou um fe-
chamento de empresas sem prece-
denteseagoracomeçaaabrandar.
Depois de reservar dezenas de bi-
lhõesparaperdascomempréstimos
no primeirotrimestre,os bancos
passaramas últimassemanas estu-
dandoospadrõesderendadaqueles
que optaram pela moratória de pa-
gamentos.Elestambémcomeçaram
aentraremcontatocomclientesaos
quaisconcederammedidas de tole-
rância, paraperguntarse planeja-
vamprorrogá-laspormais90dias.
“Esperamosque uma partesig-
nificativa dessa [tolerância]não
seja maisnecessária”, disseBren-
dan Coughlin, chefe da área de
créditoao consumidor do ex-sub-
sidiário do RBS Citizens Bank,que
no fim de marçotinha acordos de
tolerânciapara7% dos emprésti-

mos de pequenasempresas e con-
sumidores.
Apenas 10% dos clientes do Citi-
zens Bankque têm seus salários pa-
gos diretamente em contas corren-
tes e recorreramàmoratória de pa-
gamentos enfrentaram problemas
de renda desdeo inícioda pande-
mia. Esses10% incluem pessoas cu-
jas rendas normais foram substituí-
das por cheques de auxílio desem-
prego. No setor de crédito imobiliá-
riodoCitizens,cercade25%dosque
se inscreverampara oacordo de to-
lerânciacontinuaram apagar seus
empréstimosnormalmente.
“Vamos tentar conversar com es-
ses clientes sobreos prós eos con-
tras”, disseCoughlin. “Se realmente
nãoprecisamdisso,podesermelhor
para eles que voltemao esquema de
pagamentoecomecema pagaros
juros, de modoque eles não se acu-
mulemnofimdoempréstimo.”
Eleacrescentou,noentanto,queo
banco seria “bastante liberal” em

permitir que as pessoas continuas-
sem nos esquemas de tolerânciase
sua renda não fossereduzida, mas
elasquisessemeconomizardinheiro
comouma“rededesegurança”.
Um alto executivo de um dos
maiores bancos dosEstadosUni-
dos disseque suas primeiras pes-
quisassugeriam que, uma vez ex-
pirados os termos iniciais, haveria
quedade20%nonúmerodetoma-
doresdecréditoimobiliárioquese
valiamdasmedidasdetolerância.
Cercade 40% dos beneficiários de
acordos de tolerância continuaram
a pagar seus empréstimos integral-
mente, disseram os executivos.Eles
acrescentaramque os dadossobre o
desemprego no país divulgados na
sexta-feira,muitomelhoresdoqueo
esperado,eram maisum sinalde
que os consumidores estãose sain-
domelhordoqueoprevisto.
Ofato de que onúmerode pes-
soas que pediram acordos de tole-
rância foi muitomenor do que o

previsto nos modelos originaisdo
bancotambémtornou oalto execu-
tivo “mais otimista”do que quando
saíram os resultados das empresas
no primeiro trimestre, em abril, em-
bora ele tenha alertado que émuito
cedopara predizercomoas perdas
comempréstimosvãoevoluir.
Os cartõesde crédito podem ter
reduções aindamaiores. ASynchro-
ny informourecentemente que 75%
de seus clientes que obtiverammo-
ratóriasdepagamento no iníciojá
tinham conseguidovoltar ao status
“corrente” eretomadoos pagamen-
tos. A Amexcontou que provavel-
mente encerraria seu programa de
tolerânciaporquedadademanda.
Nos empréstimos para pequenas
empresas,caso em que as medidas
de tolerância forammaisaltas, aso-
lução émais incerta, e algunsexecu-
tivos citaramum golpeinesperado
paraasempresasqueforamprejudi-
cadas por saques etoquesdereco-
lhernomomento em que se prepa-

ravamparasairdasquarentenas.
Altos executivosdo Bankof Ame-
rica, do Wells Fargo e do US Bankin-
formaram publicamente que entre
25% e40% dos beneficiáriosdepla-
nos de tolerânciacontinuaram a fa-
zer pagamentos.Ochefedo Citi-
group, MikeCorbat, disse em uma
conferênciarecenteque umapor-
centagemsignificativadaquelesque
se inscreveram em seus programas
de tolerância fizeramseuspaga-
mentosintegralmente.
“Para mim, o maisinteressante é
que muitaspessoasque pediram
medidas de tolerância eas recebe-
ram continuarama fazer os paga-
mentos agendados”, disseJason
Goldberg,analistadoBarclays.Brian
Foran, analista da Autonomous, dis-
se que as tendências eram um “sinal
promissor”, mas tambémpoderiam
ser “euforia decorrente do estímulo
do governo,especialmente para
consumidores de baixa renda”.
ColaborouRobertArmstrong.

LinhaemergencialprevêR$2 bi para


hospitaise grandeslaboratórios


Do Rio

O BancoNacionalde Desen-
volvimento Econômicoe Social
(BNDES) anunciouontemuma
linha de créditoemergencialde
R$2bilhõesparaempresasdose-
tordesaúde,comolaboratóriose
hospitais,que enfrentamdificul-
dadesfinanceirasemmeioàpan-
demiadecovid-19.
Chamado de Crédito Direto
Emergencial, o programaprevê
créditolivre direto,que podeser
usado, por exemplo,para refor-
çar ofluxode caixadas compa-
nhias privadas,sejamelas com
ousemfinslucrativos.
Deacordocomobanco,asem-
presasprecisam ter receitaope-
racional brutaigualou superior
a R$ 300 milhões paraserem
atendidaspelo programa.Os va-
loresmínimos emáximosde fi-
nanciamentoserãode R$ 10 mi-
lhõeseR$200milhões.

O créditooferecidoterá prazo
de até 48 meses,com até 12 me-
ses de carência.O custoanual do
financiamento será ataxa básica
dejuros,aSelic,mais1,5%aoano,
alémdospreadderisco.Essataxa
pode cair para 1,1% se a empresa
mantiverpostosdetrabalho.
Oprograma de créditovinha
sendodemandado pelaFedera-
çãoBrasileiradeHospitais(FBH),
que temiapor demissõesno se-
tor.Com a pandemia,aprocura
por atendimentosnão emergen-
ciaisnos hospitaisprivadosre-
cuarambruscamente.
Ao realizarbalanço das ações
do BNDES,odiretor de Privatiza-
ções, Leonardo Cabral, disse que
o banconegocia uma operação
de apoio àempresa aérea Latam,
mesmo após o pedido de recupe-
ração judicialnos EUAeChile. A
operaçãodesocorroabrangeain-
daascompanhiasGoleAzul.
“Apesarde ter entradocom

processode Chapter 11 (recupe-
raçãojudicialnos EUA),isso não
impactounoBrasil.Éumprogra-
ma de debênture,com custome-
nor paraas companhias. Como
são debêntures públicas, são
transaçõesquetomammaistem-
po do BNDES.No caso da Petro-
bras,essa operação duroucerca
de60dias”,disseCabral.
Sobreas montadorasde auto-
móveisinstaladas no país, o dire-
tor de privatizações disseque o
banconegociarapoioamonta-
dorascasoacaso,semumaplano
setorial.Ele acrescentouque já
mantevecontatos com outros
bancose montadoras paracolo-
carcondiçõesdefinanciamento.
“Soluções são maisindividuais
para osetor, diferentemente do se-
tor de energia, que tem uma conta
alimenta distribuidoras. Bancos es-
tão tendo conversas com as compa-
nhiasvisando investimentos especí-
ficos”,disseCabral.(BVBeAR).

Créditopara folhaseráflexibilizado


e atrairáas empresas,diz Montezano


Do Rio

O presidente do BancoNacio-
nal de DesenvolvimentoEconô-
mico e Social(BNDES), Gustavo
Montezano, disseontemque es-
pera umamaior adesãodas pe-
quenas e médias empresasao
Plano de Suporteao Emprego
após sua reformulaçãopelo Con-
gressoNacional.
Lançadoem março,oplano
disponibilizouuma linhade cré-
dito de R$ 40 bilhõespara ajudar
aspequenasemédiasempresasa
pagaremos saláriosdos funcio-
náriosdurantea pandemiade
covid-19.Desdeentão, porém,
apenascercade R$ 2 bilhõesfo-
ramrealmenteaprovados.
Um dos motivos paraabaixa
adesãoestá na exigênciade que
as empresasnão podemdemitir
funcionários por dois mesespa-
ra ter acesso ao crédito.Com a
recessãoeconômica, porém,as

empresasqueremter a opção de
reduziro quadrode pessoal pa-
ra enfrentara pandemia.
“O planodeveser flexibiliza-
do,ampliandoohall de empre-
sas, flexibilizandoaquestãode
manutenção de emprego”, disse
Montezano, duranteentrevista
coletiva pela internet. “É um
aprendizado, vamoscolocando
asmedidaseajustando.”
Para melhoraro acessoao cré-
dito pelaspequenas e médias
empresas, o BNDEStambémestá
estruturandooPrograma Emer-
gencial de Acesso ao Crédito
(PEAC),criadopela MedidaPro-
visória975/2020. Comorçamen-
to inicialde R$ 5bilhões,aação
do governovai oferecer garantia
de até 80% do valordo contrata-
dopelasempresas.
No domingo passado, opresi-
denteda Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia, disse que a Casa
iria “analisar ecorrigir os erros”

dessaMP.Maia disseque otexto
tem erros “parecidos”com a MP
dafolhadepagamento,oquepo-
deriasignificarbaixaconcessão.
Montezano solicitou reunião
comMaiaeoutrosdeputadospara
entender a questão.“Se oCongres-
so tiver sugestão amais que me-
lhoreoproduto,torneelemaisefi-
caz,estamosabertos”,disse.
Ele lembrouque o custodo
créditoparapequenose médios
empresáriosé um problemaan-
tigo eestrutural.Oexecutivodis-
se acreditar,porém,na eficácia
da medidade assumirorisco das
operações,mesmoque não ne-
cessariamente com taxasmais
baixasqueadomercado.
“Medidas estão sendo adotadas
assumindo orisco, e não na taxa
básica. E acreditamos que isso é
eficaz. Custo pagopor pequenoe
médio empresário é também es-
trutural, precisa ser enfrentado de
formaestrutural”, disse.(BVBeAR)

Fonte:BNDES

Contrao vírus
Medidasde apoioanunciadas peloBNDES

Medidasrecentes

Novasmedidas

R$ 3,9 bilhões
Suspensão até dezembrodos
pagamentosdeempréstimos
tomados por Estados,Distrito
Federale municípios

R$ 19 bilhões
Suspensãode
pagamentos de
operaçõesdiretas
comempresas,
incluindojurose
principal

R$ 456milhões
Repasseemergencialde
recursosparaos 13 Estados
que possuemcontratos ativos
como banco

R$ 2 bilhões
Créditoemergencialparaempresas
dosetordesaúde,comohospitaise
laboratórios,comfaturamento
acimade R$ 300milhões

R$ 40 bilhões
Financiamentoà
folhade pagamento
das empresas
pequenase médias,
por doismeses

R$ 11 bilhões
Suspensãode
pagamentos de
operaçõesindiretas
(via agentes
financeiros), incluindo
jurose principal

R$ 5 bilhões
Capitalde giropara
pequenase médias
empresas(repassesvia
agentesfinanceiros)

R$ 20 bilhões
Transferência do
recursodo
PIS/Pasepparao
FGTS,permitindo
saquede recursos
pelostrabalhadores

Contas públicasMedidafazpartedesocorroda


Uniãoaosentesfederados;prazosserãoprorrogados


BNDES suspende


dívida de R$ 3,9 bi de


Estados e municípios
os

GustavoMontezano:nãoexiste“baladeprata”para sairdacrisee é preciso,portanto, deumconjunto demedidas

ANABRANCO/AGÊNCIA O GLOBO

Bruno VillasBôase André
Ramalho
Do Rio

OBancoNacionaldeDesenvol-
vimento Econômico e Social (BN-
DES)anunciouontemasuspen-
são, até dezembrodeste ano, da
cobrançadasdívidasdefinancia-
mentos tomadospor Estados,Dis-
tritoFederale4 4 municípios,no
valor totalde R$ 3,9 bilhões. Cha-
madade“standstill”,amedidaper-
mite prorrogar os prazosdas ope-
raçõesporigualperíodo.
A medida atendeao projeto de
lei complementar 39/2020, san-
cionado no fim de maio, que pre-
vê socorro aosgovernossubna-
cionais durante a pandemia. O
pacote federaltotaliza R$ 60 bi-
lhõesaEstadosemunicípios,sen-
do R$ 13,9bilhões referentes a
obrigações do BNDES e da Caixa
EconômicaFederal.
Durante transmissão para
apresentar a medida,opresiden-
te do BNDES, Gustavo Monteza-
no, disseasuspensãode paga-
mentos refere-se aosjuros e ao
principalneste ano.Paraele, a ex-
pectativaédeumgrandedeman-
da dos Estadose dos municípios
para a suspensãodas cobranças
naspróximassemanas.:
“Bastaaos entespúblicos pro-
curaremobanco,quejáseprepa-
rou paraprocessaresse volume
enormede operações.Estamos

confortáveis que vamosconse-
guir gerenciarisso, apesar da
grandedemandaesperadapara
as próximassemanas.Vamos fa-
zer isso de formatransversal”,
disseMontezano.
Das cobrançasque podemser
suspensas, a maioré com o Esta-
do de São Paulo, de R$ 656 mi-
lhões.Logoatrásvem a prefeitu-
ra do Rio, com dívidasvencendo
de R$ 625 milhõesaté ofim do
ano, um dos legadosdos Jogos
Olímpicosde2016.
Umapartedos financiamen-
tosjánãovinhasendopaga.OEs-
tadodo Rio de Janeiro,com R$
400 milhõesa vencer,está em re-
gimede recuperação fiscale com
essespagamentosjá suspensos.
A Prefeitura do Rio conseguiuli-
minarno Supremo TribunalFe-
deral(STF)para não saldar esses
débitosedirecionarrecursos pa-
raenfrentarapandemia.
SegundoMontezano,mesmo
os governosestaduaiseprefeitu-
ras comatrasono pagamento
poderão aderir à suspensão.
“ExistemEstadosque já estavam
comsuspensãode pagamentos
por liminares da Justiça. Eles
tambémterãodo ‘standstill’ pro-
cessados.Todos terãoa suspen-
são eorefinanciamento”, disseo
presidentedoBNDES.
Asuspensãotemporáriadepa-
gamento de dívidasjá havia sido
implementada anteriormente
peloBNDESparaasempresas.No
caso das companhias,a suspen-
são de amortizações iniciada foi
anunciadanofimdemarçodeste
ano esomava cercade R$ 9bi-

lhõesem recursosaprovadosaté
asexta-feirapassada.
“Trabalhamoscom aideia que
a situação de calamidadeencer-
ra-seaté o fim do ano.Natural-
mentese por algumaquestãode
conjuntura ou de pandemiaisso
se estenda, poderemos discutir”,
disseopresidentedobanco.
O BNDEStambémanunciou
ontemqueosgovernosestaduais
comcontratosativosno banco
poderãoanteciparo desembolso
de recursosedestiná-losparao
enfrentamentoda pandemia.A
condicionanteé que essa anteci-
paçãonão afetea conclusãode
obrasemandamentocusteadas
poressescréditos.
Deacordocomobanco, 13 Esta-
dospodemsebeneficiardaanteci-
paçãodosrecursos:Acre,Amapá,
Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mara-
nhão,MinasGerais,MatoGrosso
do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio
GrandedoSuleSantaCatarina.So-
mados,esses governosestaduais
têm o potencial de receber do BN-
DES R$ 456 milhõespara investi-
remnocombateàpandemia.
Somadas,as medidasanuncia-
das peloBNDESpara enfrenta-
mentodos efeitosda pandemia
somamR$ 138 bilhõesaté aqui,
incluindo as voltadasparaose-
tor públicoe paraosetor priva-
do. Montezano disse que não
existe“balade prata”para sair da
crise eque épreciso, portanto,de
umconjuntodemedidas.
“Vamosconseguirabrandara
situação que vivemoscomuma
série de medidasque sejamcom-
plementares. O bancofez uma

sériede medidascomocrédito
giro, cadeiraprodutiva,linhapa-
ra saúdee combate à covid,seto-
rialaosetorsucroalcooleiroeou-
trossetores”,disseele.
Opresidentedo BNDESacres-
centouque maismedidaspara
enfrentaro períododa pande-
mia podemser anunciadas nas
próximassemanas.

Especializado em finançaspú-
blicas, o economista RaulVelloso
disseque as medidas anunciadas
pelo governo para apoiar os entes
federativos permanecem insufi-
cientes. Ele citou que nos últimos
quatro anos o déficit dos governos
estaduais foi R$ 30 bilhões por
ano,fruto de um déficitcorrente
deR$100bilhõesdaprevidência.

“Esse era oproblema antes da
pandemia. Agora, os Estados so-
fremdois impactos: aquedade ar-
recadação e necessidadede gastar
mais com saúde”, disse Velloso,
que defende maisapoio da União
aosEstadospormeiodesecuritiza-
ção de receita com ativos dos Esta-
dos, comoaluguel de prédiospú-
blicoseroyaltiesdepetróleo.

By_Lu*Ch@QuE

By_Lu*Ch@Qu£

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