Valor Econômico (2020-06-09)

JornalValor--- Página 2 da edição"09/06/20201a CADB" ---- Impressa por cgbarbosaàs 08/06/2020@20:35:

B2|Valor| Te rça-feira, 9 dejunhode 2020

Empresas|Infraestrutura

IMPACTOSDO

CORONAVÍRUS

BP cortará10 mil empregoscom impactosnegativosda pandemia

Anjli Raval

FinancialTimes

Em razão do impacto da pande-

mia da covid-19 em suas contas, a

petrolífera britânica BP vai cortar

10 mil empregos eacelerar a tran-

siçãoestratégicasob ocomando

do novo executivo-chefe, para tor-

nar-se uma empresa “maislimpa”.

A pandemiafoi um grande golpe

paraademandadepetróleoepara

olucrodaBP,provocandodanosfi-

nanceirosgeneralizados em todo

o setor e obrigando as empresas a

reduzirinvestimentos, aaumentar

oendividamentoeapouparmais.

“Estamos gastandomuito, mui-

to maisdo que ganhamos”, escre-

veu Bernard Looney, que assumiu

ocomando da BP em fevereiro,em

cartaaosfuncionáriosnasegunda-

feira.O congelamentonos cortes

de emprego por três meses anun-

ciadoemmarçofoilevantado.ABP

pretende cortarquase15% deu seu

quadro, de cerca de 70 mil funcio-

nários,atéofimdoano.

“A maioria das pessoas afeta-

dasestaráemempregosadminis-

trativos.Estamosprotegendoali-

nha de frentee, como sempre,

priorizando operações seguras e

confiáveis”, disse Looney. “Isso

ajudaráa fortalecer nossas con-

tas”, acrescentou. “E ajudará a

criar uma companhiamais enxu-

ta, rápida e competitiva para a

maioriaqueestáficando.”

Na carta, Looney disse que o

custo anual de operação da em-

presa é de US$ 22 bilhões —dos

quaiscercadeUS$8bilhõesestão

alocados em “custoscom pes-

soal”. Arival americana Chevron

tambémplaneja reduzir o qua-

drodefuncionáriosematé15%.

O maisnovoanúncio se segue

ao feito em maio sobre cortarpe-

la metade onúmero de gerentes

em altoscargos na BP, sendo que

muitos desses que estão deixan-

do a empresa assumiramcargos

de liderançasob ocomandode

BobDudley, executivo-chefe an-

terior. “A BP está cortando cama-

das enormesde gerenciamento”,

disse Jason Gammel, do bancode

investimentoJefferies.

A ofensiva do grupopor novas

estruturasoperacionais edelide-

rançachegaem meio aos esforços

do grupo para zerarsuas emissões

líquidasdecarbonoaté2050.“Em-

borao cenário externoesteja nos

obrigandoaandarmaisrápido—e

talvez a ir mais fundoa esta altura

do que pretendíamos original-

mente—,orumodajornadaconti-

nua o mesmo”, disse Looney, na

carta. A empresa, porém, ainda

continuará gerando amaior parte

de seu caixagraças aos combustí-

veisfósseisnofuturopróximo.

Em abril, Looneydisseao “Fi-

nancial Times” que haveria“cor-

tes de empregosmundialmente,

maispara ofim do ano”, umavez

que ogrupo tenta reduzircustos

e reorganizar as operações, em-

borativesse negado que aBPpla-

nejava demissões significativas

emjunho. ABPreduziráosgastos

em bensde capital neste ano em

25%,umcortedeUS$3 bilhões.

Para 2021, oplano é reduziros

custosoperacionais tambémem

US$ 3bilhões. “Provavelmente,

teremosque ir ainda mais longe”,

disseLooneynasegunda-feira.

Alémdo enxugamento,aem-

presatambémgarantiu novas li-

nhas de créditoe recorreuao mer-

cadode títulosde dívida para con-

seguir quase US$ 7bilhões. ABP

manteve intacta a distribuiçãode

dividendos,mas avisou que revisa-

rá apolítica a cada trimestre.Ana-

listas têm dito que os atuaisdivi-

dendossãoinsustentáveis,umavez

que os níveis de endividamento da

BP estãoentreos maiores do setor.

LooneydissequeaBPnãodarárea-

justes salariais aos funcionáriosde

altahierarquiaatémarçode2021e

considerouimprovável o paga-

mentode qualquerbonifica-

çãoemdinheironesteano.

EnergiaEnevadizquejáhaviatomadomedidasde

formaproativaparatestar100%daforçadetrabalho

Liminar permite

retorno da obra do

Campo de Azulão

Cançado,daEneva: ‘Estamoscomforçadetrabalhoreduzida,masqualquer atrasodissoé recuperável maisà frente’

LEO PINHEIRO/VALOR

LetíciaFucuchima

DeSãoPaulo

AEnevaconseguiuumalimi-

nar na Justiça paraprosseguir

com as obras de desenvolvimen-

todoCampodeAzulão(AM).Re-

tomados ontem,os trabalhosha-

viamsidosuspensos por deter-

minaçãodo Tribunal Regional

do Trabalho da 11aRegião, que

acatou parcialmente umaação

civilpúblicaquepediaaparalisa-

ção devidoao elevado número

de casosda covid-19entreos tra-

balhadoresdoprojeto.

Emsuadecisão,adesembarga-

doraSolangeMariaSantiagoMo-

rais entendeuque a obra da Ene-

va se enquadracomo“atividade

essencial”e deveser mantida,

desde que acompanhada das

medidas de segurança necessá-

riasàpreservaçãodasaúdeevida

dos funcionários edos habitan-

tes das cidadesvizinhasàobra.

que possamos ter é oda redução

da forçade trabalho, mas até o

momento,não preocupamuito,

qualquereventualatrasoé recu-

perável quandotivermospassa-

do pelo pico dapandemia.Tam-

bém já vínhamos um pouco

adiantados no cronograma”,

afirmaodiretoroperacional da

companhia,LinoCançado.

Dos cercade 350 trabalhado-

res na obra,a Enevacontahoje

com 180 a200 pessoas, conside-

randocasosrecuperados.

A liminar foi expedida no

plantãodojudiciário,epodeain-

da ser cassada até o julgamento

do méritodo caso. Porém, o exe-

cutivodiz confiarque a decisão

será mantida.De acordo com ele,

acompanhiavemtrabalhando

de formaproativadesdeoinício

da pandemia,e até se antecipan-

do a algumas medidas,comoa

testagemem massados traba-

lhadores.O local contacom um

estoquede quase3mil kits de

testesda covid-19,que estãosen-

do aplicadosem 100%da força

de trabalho, comrepetiçãodos

testesacada15dias.

"Tudo o que nos foi solicitado

[na decisão] acompanhiajá ti-

nha feito com antecedência.

Alémdisso, acreditamosque a

importânciado projetoparaa

geraçãode trabalho local,para o

desenvolvimento da regiãoepa-

ra as possibilidades futurasda

BaciadoAmazonas,tudoissode-

veriaser levado em considera-

ção",dizCançado.

Localizado entreos municí-

pios de Silves eItapiranga, o

Campodo Azulão foi descoberto

há 20 anos, mas não havia sido

exploradoatéomomento.A

Enevaadquiriu o campoda Pe-

trobrasem 2017,por US$ 54,

milhões,ecriou o“projetointe-

gradoAzulão-Jaguatirica”: ogás

produzido, tratadoe liquefeito

em Azulão será transportado,via

caminhões,paraBoa Vista(RR),

ondeacompanhia está cons-

truindoa usinatermelétricaJa-

guatiricaII. Oprojetotermelétri-

co, de 117 megawatts(MW)de

capacidade instalada, ganhou

um leilãoda Agência Nacional

de Energia Elétrica(Aneel)para

atender ao sistemaisoladode

Roraima.Oinvestimento total

estimadopara a implantaçãode

Azulão-JaguatiricaédeR$ 1,8 bi-

lhãoeaentrega de energiaestá

previstaparaocorrerem2021.

Sobreasituaçãosanitária,julgou

que,pelas provasapresentadas,

não há comoatribuirexclusiva-

menteà empresaa responsabili-

dade pela proliferaçãodo coro-

navírusentreosempregados.

Adecisão pela interrupçãodas

atividadesno Campo de Azulão

havia sido tomada em 26 de

maio.Ela atendiaaumpleito

apresentado em conjuntopela

DefensoriaPúblicado Estadodo

Amazonas (DPE-AM),Ministério

Públicodo Estado(MPE-AM)e

Ministério Públicodo Trabalho

(MPT). Para os órgãos, houve

uma expansão descontrolada do

número de casosde coronavírus

entre os trabalhadoresdo Cam-

po de Azulão. A ação menciona

que,dos 342 empregados no lo-

cal, 204 apresentaramdiagnósti-

copositivoparaacovid-19.

AEnevasó foi formalmente

notificadasobrea determinação

nasemanapassada-naprática,o

projetoficouapenastrês dias pa-

ralisado. Por isso,acompanhia

não prevêatrasosdo empreendi-

mento. “O impacto[da paralisa-

ção]é mínimo. Talvez oefeito

Gasmig está pronta para abrir capital

MarcosdeMoura e Souza

DeBeloHorizonte

A Companhia de Gás de Minas

Gerais (Gasmig) está se prepa-

rando para abrirseu capitale de-

ve formalizaraté agosto o proce-

dimentoderegistrodaComissão

deValoresMobiliários(CVM).

“Nósvamosabrirocapital,isso

já está decidido”, afirmouna tar-

dedeontemaoValoropresiden-

te da estatalmineira,Pedro Ma-

galhães.A Gasmigpertenceà Ce-

mig, elétricacontrolada pelo Es-

tadode MinasGerais.A Cemig

detém99,6%do capitalsocietá-

rio da empresae0,4% éda prefei-

turadeBeloHorizonte.

O governomineirode Romeu

Zema(Novo)tem levadoà dian-

te discussõesinternassobrepri-

vatizações e já houveduasreu-

niõessobreo futuroda Gasmig.

Magalhães afirmou queaté

agosto—ou talvezjá em julho—

a companhiateráformalizado

seu registrona CVM.Esse é o pri-

meiroprocedimentoformalpa-

ra que uma empresa abra seu ca-

pital.“Até agostoestamoscom a

empresapronta na CVM”, disse o

presidente da Gasmig.

A decisãosobrequandopode-

rá ser feita umaofertainicialde

ações,um IPO ( na siglaem in-

glês),não éassuntoparaagora.

“Dependedo ambiente,masa

gentetem que ir andandocom o

projeto,para deixarpronto”,

acrescentouMagalhães.

AGasmigregistroulucrolí-

quidode R$ 165 milhõesem no

ano passado. Entre janeiro e

abrilde 2020,a empresa alcan-

çou ganhode R$ 63,48milhões,

28% a maisdo que no mesmo

períododo ano passado.Uma

das razões,disseMagalhães,foi

umareduçãode 10% no início

do ano no preçocobradopela

Petrobras da estatalmineira pe-

lo gás que ela adquire da estatal.

O governador RomeuZemafoi

eleitoem 2018comumaplata-

formapró-privatização.

Há algunsdias,oEstadode

Minas Gerais anunciou queo

BancoNacionalde Desenvolvi-

mentoEconômicoe Social(BN-

DES)iria ajudarabuscarempre-

sas interessadasem preparara

estruturaçãoda vendaestatal de

águae esgoto, a Copasa.

ACompanhiade Desenvolvi-

mentoEconômicode MinasGe-

rais (Codemig) —sócia do maior

empreendimentodo mundo na

produçãoeexportaçãodenióbio

—éoutra empresada qual o go-

vernoplanejasedesfazer.

Ogoverno tambémpretende

venderaCemig,mas esse éum

caso tratadocomo bem mais

complexoenãoparaagora.

AConstituição de Minasesta-

belecelimitaçõesparaaprivati-

zações,masumamudançare-

centeprevê a vendade 49% das

empresas.

A venda integral das compa-

nhias —incluindoaGasmig —

precisaria de aprovação da As-

sembleia Legislativa e, pela legis-

lação atual, precisa passar tam-

bémporumaconsultapopular.

Umapossibilidade discutida

pela equipede Zema—que não

tem maioriaestabelecidanoLe-

gislativomineiro—émudar a

Constituição para extinguir a

necessidadede um referendo.

DIVULGAÇÃO

Magalhães,presidente:“Dependedoambiente,mastemosdeavançarnoprojeto”

Rodoviasdo Tietêatraiinteressede investidores

Concessão

AnaPaulaRagazzi

DeSãoPaulo

Depoisque aLatacheanun-

cioua comprada fatiade co-

controleda portuguesa Lineas

na Rodoviasdo Tietê, começa-

ram asurgirno mercadodiver-

sos nomesde novosinteressados

na concessionária,que está em

recuperaçãojudicial.

Alémda existênciade um ou-

tro investidor financeiro, comoa

Latache, o mercadofala em pro-

postas da CCR,Ecorodovias eCo-

nasa.Até o momento,apenasa

Conasa,umaempresade enge-

nhariado Paraná que operaduas

concessões, conversouinformal-

mentecomosdebenturistas.

Ocontato com os donos das

debêntures, principal dívidada

empresa, de cerca de R$ 1,4 bi-

lhão, seria necessário porque é

preciso aaprovação delespara

que haja a troca no controle da

companhia,conforme previstona

escritura da emissão. Oentendi-

mentoda Latache,segundo fon-

tes, é de que não comproua Ro-

dovias diretamente, mas sim a Li-

neas,portanto não precisaria des-

sa permissão. Além de ter adquiri-

do ações, aLatache, especializada

em ativos em dificuldades, tam-

bém tem debêntures da Rodovias.

Na manhã de ontem, houve

umareunião virtual informalde

debenturistas com representantes

daConasa.Aempresa,queatuaem

saneamento, rodovias e energia,

pediu oaval desses credores para

negociar acomprade 100% do

controle da Rodovias do Tietê. De

acordo com fontes, a Conasanão

conseguiuessa aprovaçãoprévia

paratratar da aquisição comos

acionistas ontem. Nesta terça-fei-

ra, deverá haveruma assembleia

de debenturistas da Rodovias para

tratar do acompanhamento da re-

cuperaçãojudicial,masotemaCo-

nasanãoestánaordemdodia.

Apesarda negativainicial,na-

da impedeque debenturistas fa-

voráveis ou contráriosàpropos-

ta da Conasamanifestemsua

opiniãoem ata da reunião.

Um pontoque tem sido cen-

tralnasdiscussõesparaatrairum

novoinvestidorparaaconcessio-

náriacom uma propostaque fa-

ça sentidoé anecessidade de co-

nhecerpreviamenteos valores

devidospela Rodoviasàregula-

doraArtesp,que ficaramde fora

darecuperaçãojudicial.

Conforme informou ocolunis-

ta LauroJardim, do Globo, aLata-

che estaria negociando a venda

da participação recém-adquirida

da Líneasna Rodovias para aCCR.

Procuradas, a Latache não deu en-

trevista e a CCR informouque não

comentaespeculações de merca-

do.Ecorodoviastambémnão co-

mentou e a Conasanão retornou

a pedidode entrevista.

Curta

Implemento rodoviário

Os fabricantesde implemen-

tos rodoviários fecharamo acu-

muladodo ano, até maio, com

quedade 20,14%nos emplaca-

mentostotais. Somenteem

maio, o volumefoi 41,8%menor

do que no mesmomês de 2019.

Foram 37.332unidades nos cin-

co mesesde 2020contra46.

unidadesno mesmoperíodo do

ano passado, segundo números

divulgados a poucopela Anfir.

Os pedidosem carteirafeitos no

fim de 2019e começodesteano

aindaestãogarantindoas ativi-

dadesnas indústrias.Em maio

foram emplacados6.454imple-

mentos,contra 11.096há um

ano, uma quedade 41,84%na

comparaçãoanual. Por segmen-

to, a maiorquedaacontecenos

pesados, os chamadosreboques

e semirreboques,com a venda

de 20.105unidades.No acumu-

lado de 2020foram 25.597im-

plementos,reduçãode 21,46%.

No segmento de levesa queda

foi de 18,54%,com 17.227uni-

dades em 2020contra21.148há

um ano. Em nota,o presidente

da Anfir, NorbertoFabris, afirma

que o agronegócio deveráredu-

zir o impactoda crise econômi-

ca. “O setoré bastanterepresen-

tativono faturamentoda indús-

tria de implementos rodoviá-

rios, sendo responsável por

aproximadamente um terço das

nossas vendas.” Fabris não acre-

dita numarápidaretomada eco-

nômicanesteano.

By_Lu*Ch@QuE

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