Valor Econômico (2020-06-09)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 3 da edição"09/06/20201a CADC" ---- Impressa por gaveniaàs 08/06/2020@20:24:18


Te rça-feira, 9 dejunhode (^2020) | Valor|C3
Finanças
Itaúcria
diretoriade
créditoe
cobrança
Ta litaMoreira
DeSãoPaulo
OItaú Unibancoanunciou a
criaçãode umadiretoria-execu-
tiva de créditoecobrança, vincu-
ladaàdiretoria-geral de varejo,
para “dar suporte aos clientes no
cenáriopós-pandemia”. A posi-
çãoseráocupadaporMarcosMa-
galhães,que até agoraestava na
presidência da credenciadora
Rede,controladapelobanco.
Emnota,odiretor-geraldevare-
jo do Itaú, Márcio Schettini, disse
que a crise exigiu que o banco rea-
dequasse suasprioridades,com
maiorfoco na saúdefinanceirada
própria instituição eno apoio es-
trutural a clientes. “Neste contex-
to,eusandoacapacidadecompro-
vadado Itaú de se adaptar a dife-
rentescenários,entendemosque
era o momento de dar ainda mais
foconasestruturasdecréditoeco-
brança”,afirmouoexecutivo.
Aárea será constituídapelas
diretoriasde créditopessoafísi-
ca, créditopessoajurídicae co-
brança,todassobaalçadadeMa-
galhães.O executivose reportará
diretamenteaSchettini.
Emabril,oItaútambémanun-
ciouumplanode“travessia”paraa
crise,queprevêcarênciadeaté120
dias acarência nas prestações de
contratosde créditode pessoas fí-
sicasede até 180dias no caso de
pequenas e médias empresas,
alémdoalongamentodeprazos.
Para olugarde Magalhãesno
comando da Rede, foi contratada
Paula Cardoso, que já foi presi-
dentedo Banco Carrefour ere-
centemente atuava como presi-
denteda divisão de e-businesse
negócios digitais da varejista. A
executivasereportaráaSchettini.
EstratégiaParaexecutivo,amarrasimpedemquebanco
seprepareparaumnovoambientedefortecompetição


Privatização daria

agilidade ao BB,

defende Novaes

CLAUDIO BELLI/VALOR

Novaes,doBB:saltonaprocura porcrédito é “demandadosdesesperados”

LuAikoOtta
DeBrasília

A privatização do Bancodo Bra-
sil não deverá ocorrer com a venda
da instituição aum grande con-
correntenacionalouestrangeiro,e
sim pela pulverização de seu capi-
tal. Ogoverno planeja venderpar-
tedasaçõesqueseencontramhoje
em seu poder, eficar com menos
de50%.Comisso,obancodeixaria
deserestatal,maspreservariauma
participaçãograndedaUniãoem
seucapital.Aáreaagrícola,umati-
vo“importantíssimo”,não seria
abandonada. Essa foi a explicação
dadapelopresidentedainstitui-
ção,RubemNovaes,emreuniãoda
comissãomistadoCongressoque
acompanha as ações do governo
nocombateàpandemia.
Em sua fala inicial,ele expôs
dadossobre o reconhecimento
nacionale internacionalda qua-
lidadedo banco. Diantedos co-
mentários,o deputado Mauro
Benevides Filho (PDT-CE) per-
guntoupor que privatizar uma
empresaquevaitãobem.
AprivatizaçãodoBBéumproje-
todo ministro da Economia, Paulo
Guedes, e do próprio Novaes. Na
reunião ministerial do dia 22 de
abril,oministroafirmouserneces-
sáriovenderlogo a“p...” do banco.
O presidente Jair Bolsonaro, po-
rém, deixou claro que a operação
nãoserátratadanoatualmandato.

Dissequeéumtemapara2023.
Em entrevista aoValorno dia 26
de maio,Novaesdisse que há resis-
tências políticas à vendada institui-
ção. As ressalvasficaramclaras na
reuniãoda comissão da covid-19.
Diversos parlamentares questiona-
ram a necessidade da operação. E é
preciso autorizaçãodo Congresso
paradesestatizarobanco.
A privatização,explicouNo-
vaes,não édefendidapor ques-
tão ideológicaou “dogmafilosó-
fico”.Omotivoéque obanco
precisadeumaagilidadequeho-
je não tem, para seguirvivo num
mercado que passaráem breve
por modificações profundas.Ha-
verá forteimpacto das novastec-
nologias. Citouuma frasede Bill
Gates,em que afirmaque os ser-
viçosbancáriossão necessários,
masosbancosnão.
Hoje,disseele, em poucosse-
toresda economia brasileirahá
tantacompetição comono ban-
cário.São cincograndesinstitui-
ções edezenasde outrasde mé-
dio porte.Aconcorrência ficará
aindamaisacirradaquandoas
chamadas“big techs”, comoFa-
cebook e Google,passarem a
prestarserviçosfinanceiros.
“A partir de 2021será algo total-
mente diferente”, afirmou.O Ban-
co Central, disse ele, vem pressio-
nando para transformar o merca-
do financeiro brasileiro muito ra-
pidamenteevai “impor”osistema

de openbanking. Assim,asfinte-
chs eas “big techs”serãofavoreci-
das. “O mercado bancário vai mu-
dar radicalmente”, afirmou. “Cada
vez mais,os bancosserão empre-
sas de tecnologia que prestam ser-
viçosecorremriscosbancários.”
Ofatodeserumaestatalimpõe
ao Banco do Brasiluma série de
amarras que dificultama prepa-
ração para esse novo ambiente e
sua entradanele, disse Novaes.As
decisões importantes precisam
ser discutidas comoTribunal de
Contas da União (TCU), exempli-
ficou. Ações de propagandae
marketing passam pelo crivoda
Secretariade Comunicação do
governo. E tudoé supervisionado
pelaSecretaria de Coordenação e
Governançadas Empresas Esta-
tais (Sest). “Isso nos tira velocida-
deeagilidade”,afirmou.
Apolíticaderecursoshumanos
“amarrada” é outroproblema. No
anopassado,disseNovaes,obanco
perdeu perto de 50 executivosde
primeiralinha,queforamatraídos
por propostasde instituições pri-
vadas. O ingresso nos quadros do
bancodependedeconcursopúbli-
co para escriturário. Isso é uma di-
ficuldadea mais,nummomento
em queénecessário trazer os qua-
dros para fortalecer aárea de tec-
nologia,argumentou.
O banco perdeu “privilégios”de
quedesfrutavaporserumaestatal.
Por exemplo, ovirtual monopólio

dasfolhassalariaisdosetorpúbli-
co e das empresasestatais,eaad-
ministraçãodedepósitosjudiciais.
Essesitens são hoje disputados no
mercado,frisou.Poroutrolado,as
desvantagens de ser uma empresa
estatalpermaneceram.
Novaes falou ainda sobreos
programasdecréditoemergen-
cial.Segundoele, oPrograma Na-
cionalde ApoioàsMicroempre-
sas eEmpresas de PequenoPorte
(Pronampe),principalpendência
do governo na estratégia de com-
bate aos efeitos econômicosda
pandemia, deve comece a funcio-
naraindanestasemana.
“Vamos ver a receptividade de
ambos os lados: empresários e
bancos”,comentou. Éprecisoque
as instituiçõesfinanceiras se inte-
ressem em operar alinha, expli-
cou. Ogovernose propôs acobrir
as perdas dos bancos com os em-
préstimos, em até 85% da carteira.
No entanto, operações commi-
croempresasnãosãoasmaisfáceis
e rentáveis, reconheceu. “Os ban-

cossabemquealgumsacrifíciote-
rádevirdoladodelestambém.”
Emoutrafrenteparamelhorara
oferta de crédito, o governo pre-
tendeampliaroespectrodasem-
presas atendidas pela linha para
pagamentodafolhasalarial.Co-
nhecida comoFopas, não teve a
procuraesperadapelogovernoe
passa por ajustes. Ainda assim,
afirmouoexecutivo,seráimpossí-
vel atender a toda a demanda por
financiamentos surgidacom a cri-
se. “Não éuma demanda saudá-
vel”, afirmou.“É ademandados
desesperados.”
Cobradopor deputados e se-
nadores pelasdificuldadesdas
empresasemobterfinanciamen-
tos, opresidentedo BB afirmoua
deputadosque oaumentoda
procura alimentaa impressão
que há “empoçamento” de liqui-
dez nos bancos. É, porém,uma
impressão“distorcida”, avaliou.
O sistemabancáriotem atuado
próximodos limitesde capital
paraaconcessãodecrédito.

By_Lu*Ch@QuE

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