Hora de avançar em projetos
estruturantes nas cidades
3 São Paulo, 10 de junho de 2020 |
Q
uando foi decretada a quaren-
tena, planos de um ano inteiro
precisaram ser revistos, e proje-
tos que nunca antes eram prioridade,
de repente, se tornaram fundamen-
tais para que as empresas pudessem se
adaptar ao novo cenário. Essas mudan-
ças trarão novos modelos de negócios,
hábitos e estruturas e é essa lógica que
quero trazer: como o poder público po-
deria também aproveitar este momento
para repensar projetos?
Se a pandemia impulsionou líderes
da área privada a reverem prioridades
e investirem em ações que, até então,
não constavam no calendário, o mundo
pós-pandemia pede que os líderes do
poder público repensem seus projetos.
No que tange à questão de mobilidade,
estamos presenciando uma transfor-
mação global única e rápida: várias ci-
dades do mundo estão começando a es-
timular novos hábitos de deslocamento.
Do meu último artigo para cá, as ações
citadas aumentaram rapidamente e
acredito que vêm mais coisas por aí.
INCENTIVO DO GOVERNO BRITÂNICO
O governo britânico anunciou um
investimento de £ 2 bilhões para es-
timular o uso da bicicleta e da cami-
EMBAIXADOR DA MOBILIDADE
Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.
nhada e facilitar o retorno ao traba-
lho no período pós-pandêmico. Na
Itália, a reabertura gradual do país
inclui um bônus do governo de até
€ 500 para pessoas comprarem uma
bicicleta para aliviar os transportes
públicos e a circulação de veículos
poluentes. Em Paris, a prefeita libe-
rou € 22 milhões para a criação de
ciclovias temporárias e também será
oferecido gratuitamente um treina-
mento para a população aprender a
pedalar com segurança.
IDEIAS PARA UMA CIDADE MELHOR
Essas são apenas algumas medidas de
planejamento que países estão tomando
para uma nova realidade da mobilidade
urbana, e que podem se tornar perma-
nentes no pós-pandemia. Agora, mais
que nunca, é fundamental que políticas
públicas e iniciativas sejam fortemente
direcionadas aos pedestres e ciclistas.
Segundo a Ciclocidade, Associa-
ção de Ciclistas Urbanos de São Paulo,
além do investimento em ciclovias e
ciclofaixas, há várias ações que podem
ser implementadas de maneira emer-
gencial e que impactam no uso seguro
da bicicleta, como o acalmamento do
trânsito e a redução de velocidade nas
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faixas da direita para 20 km/h, liberan-
do também o uso delas para pedestres,
permitindo, entre eles, o distancia-
mento que as calçadas não oferecem.
Muitas das ações não requerem gran-
des investimentos, mas exigem coragem
e planejamento dos órgãos públicos para
que as cidades pós-quarentena não apre-
sentem, por exemplo, níveis ainda mais
elevados de congestionamento e polui-
ção do ar, já que a tendência é que as pes-
soas utilizem automóveis para se loco-
mover diante do receio de aglomerações.
PROPULSOR DE NOVAS INICIATIVAS
Em Nova York, houve queda de 50% nas
emissões de monóxido de carbono de
automóveis comparadas ao ano passado,
segundo informações da Universidade
Columbia. De acordo com a Cetesb, o
mesmo aconteceu em São Paulo, após
uma semana de quarentena na capital.
Independentemente da pandemia en-
quanto infraestrutura urbana, já estáva-
mos atrasados na implementação de po-
líticas e ações para tornarem as cidades
uidas, sustentáveis e humanas. O mais fl
que espero é que este momento seja usa-
do como propulsor para iniciativas se-
rem implementadas e que elas sejam um
primeiro e importante passo de transfor-
nitiva do espaço urbano. mação defi
é CEO e cofundador da Tembici, empresa que opera bikes compartilhadas Tomás Martins
em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre outras grandes cidades do Brasil
COM A PANDEMIA, AS EMPRESAS SE VIRAM OBRIGADAS
A ACELERAR IMPLEMENTAÇÕES E ANTECIPAR PROJETOS.
O PODER PÚBLICO PODERIA FAZER O MESMO.
Foto: Mariana Pekin | Divulgação
Que mudanças
a pandemia
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