O Estado de São Paulo (2020-06-10)

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 10 DE JUNHO DE 2020 Especial H3


Caderno 2


“T


acos são o remédio clássi-
co mexicano para qual-
quer tipo de aflição, pro-
blema de amor, desafio financeiro e
até para a deprê da quarentena”. As-
sim começa o áudio que você vai
receber pelo WhatsApp logo que
seu pedido deixar a Taquería La Sa-
brosa, no Baixo Augusta. No reca-
do, o mexicano Hugo Delgado, do-
no da casa, agradece a preferência e
dá as instruções necessárias para
aproveitar a comida. Se o prato
mais popular do México tem esse
poder todo, não sei dizer, mas pos-
so garantir que você vai fazer uma
refeição deliciosa – e divertida, por-
que a preparação e a degustação dos
tacos exigem um pequeno ritual.
Taco montado não viaja bem, de-

saba, amolece, perde a graça. Então a
solução foi mandar o prato “quase”
pronto, para ser finalizado em casa.
Tortillas, salsas, molhos e recheios
vêm separados e frios (você pode, in-
clusive, deixar na geladeira para co-
mer no dia seguinte).
Não conheço taco melhor na cidade
(desde que a guisandera Lourdes Her-
nandez voltou para o México). A base
da receita da La Sabrosa são tortillas
de milho artesanais, pequenas, ma-
cias, clarinhas, que acolhem o recheio
e são facilmente dobradas. O único sa-
bor fixo durante a quarentena é o de
carnitas, meu favorito ali: cubinhos de
carne de porco marinada, muito bem
temperada, com leve toque adocica-
do, muito suculenta. Também vem
com salsa, folhas de coentro fresco e

guacamole – a clássica pasta de abaca-
te temperada com cebola, pimenta,
alho e bastante limão é indispensável
no recheio dos tacos ou para comer
com totopos, pedacinhos de tortilla
fritos bem crocantes.
Toda semana há uma versão vegeta-
riana também, além de outro sabor,
como a carne assada. Há ainda quesa-
dillas e burritos, tortillas de trigo enro-
ladas no recheio. Os tacos são vendi-
dos em kits com seis unidades (R$
39), 12 (R$ 70) ou 24 tortillas (R$ 125).
Um aviso: você vai comer, fácil, três
ou quatro...Complete o pedido com
alguns extras, como totopos (nachos
de milho crocantes, 500g custa R$ 33),
frijoles refritos (a pasta de feijão,
250g, R$ 12) e porção de guacamole
com totopos (R$ 25 para 250g ou R$
45, para 500g). É tudo fresquíssimo,
bem feito e cheio de sabor.
Vale a pena montar uma mesa bem
colorida, começando pela parte fria da

refeição, as salsas, guacamole, er-
vas frescas e complementos em di-
ferentes potinhos. Depois você
aquece o recheio (pode ser no mi-
cro-ondas) e, por último, esquenta
as tortillas em uma frigideira ou cha-
pa quente, por dois ou três minu-
tos, virando. Empilhe as tortillas
prontas dentro de um guardanapo
de pano, para segurar o calor. Se sen-
tir falta da margarita para comple-
tar a taquiza, como os mexicanos
chamam a refeição de tacos, sem
problemas: eles mandam também o
drinque (R$ 18).
O delivery da Taquería La Sabro-
sa funciona apenas às sextas, sába-
dos e domingos, com entregas de
12h às 16h. É preciso encomendar
pelo WhatsApp (982732666) e fa-
zer a transferência bancária. Como
a entrega é própria e a produção,
limitada, a encomenda deve ser fei-
ta um dia antes.

Fica aí


l]


QUEREM AS


MULHERES


Escritora Isabel Allende lança livro sobre


feminismo e conta como a pandemia a libertou


A escritora chilena Isabel Allen-
de diz que a pandemia expõe
as desigualdades que continua-
rão provocando protestos em
massa nos EUA e no mundo, e
que caberá aos jovens trabalhar
por uma nova normalidade na
qual homens e mulheres com-
partilhem a gestão do planeta.
A autora de A Casa dos Espíri-
tos, que publicará em novem-
bro um livro de não ficção so-
bre feminismo intitulado O
que Nós Mulheres Queremos, é
disciplinada com uma tradi-
ção conhecida: todo 8 de janei-
ro se senta para escrever um
novo texto.
Este ano não foi diferente,
mas a pandemia significou um
desafio. A escritora de 77 anos
falou de seu processo de escri-
ta, sua visão de um mundo
pós-pandemia.


lComo a pandemia interrompeu
sua rotina?
A pandemia, o confinamento,
o medo do vírus e todos os pro-
testos que estão acontecendo
deixam as pessoas bloqueadas.

Não é fácil. Acontece comigo,
mas sou muito disciplinada.
Metade do trabalho é aparecer
no computador na mesma ho-
ra. Olha, é possível que o faça
num dia e não sirva para nada.

Mas não importa. É assim que
os livros são feitos. Pouco a
pouco e com paciência.

lA pandemia está influencian-
do sua obra?

A pandemia vai produzir uma
onda, uma avalanche, de no-
vas interpretações da realida-
de. Não apenas na arte, mas
na filosofia, na história, em
tudo. Tudo vai ser reinter-

pretado. Mas no meu caso,
preciso de tempo e distância
para ver as coisas. Poderia
ter escrito A Casa dos Espíritos
depois do golpe militar no
Chile em 1973. Demorei
mais de oito anos para escre-
vê-lo, porque precisava des-
se tempo para digerir o que
havia acontecido e poder ver
de longe, com ironia. E acre-
dito que vou passar o mes-
mo com isso.

lDescobriu algo graças ao confi-
namento?
O que a pandemia me ensi-
nou é a soltar coisas, a me
dar conta do pouco que preci-
so. Não preciso comprar, não
preciso de mais roupas, não
preciso ir a lugar nenhum, via-
jar. Me parece que tenho de-
mais. Vejo ao meu redor e me
pergunto para que tudo isso.
Para que preciso de mais de
dois pratos? / AFP

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O QUE


‘Remédio para todos os males’


Nova onda. Isabel Allende diz que tudo será reinterpretado
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