O Estado de São Paulo (2020-06-11)

(Antfer) #1

A2 Espaçoaberto QUINTA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO






Em meio aos protestos contra
o racismo e sob o lema Black
Lives Matter que ganharam o
mundo após tomar as ruas dos
Estados Unidos, a Bélgica e o
Reino Unido decidiram remo-
ver algumas de suas estátuas
ligadas ao passado imperial
dessas nações. Algumas delas
já estavam vandalizadas por


protestos em suas cidades no
último fim de semana. O pre-
feito de Londres, Sadiq Khan,
ordenou uma revisão das está-
tuas e nomes das ruas da capi-
tal britânica após a derrubada
da estátua de um comerciante
de escravos inglês.

http://www.estadao.com.br/e/estatuas

A


Guerra da Tríplice
Aliança (1864-1870)
deixou um legado de
união, solidariedade e supera-
ção aos brasileiros, com plena
mobilização da nossa socieda-
de e emprego das Forças Ar-
madas na defesa dos interes-
ses nacionais e, sobretudo, de
contribuição para a paz com
os países sul-americanos.
Na campanha naval, enfren-
tamos uma Marinha prepara-
da para o ambiente fluvial,
com vantagens no apoio lo-
gístico e de fogo de terra. A
Batalha Naval do Riachuelo,
evento decisivo, ocorrida em
11 de junho de 1865, foi marca-
da pela bravura de marinhei-
ros e fuzileiros navais que, in-
centivados pelos célebres si-
nais de Barroso – “O Brasil es-
pera que cada um cumpra o
seu dever” e “Sustentar o fo-
go, que a vitória é nossa” –, su-
peraram adversidades de toda
ordem, muitos deixando sua
vida em combate. Por conta
desse episódio, em 11 de ju-
nho celebramos a Data Mag-
na da Marinha.
Com o legado de Riachuelo,
a Marinha do Brasil vem cres-
cendo e se desenvolvendo ao
longo do tempo e das gera-
ções. Estamos presentes na
Amazônia Azul, conceito po-
lítico-estratégico que envolve
22 mil km de vias fluviais e 5,
milhões km^2 de águas oceâni-
cas sob jurisdição brasileira.
Uma imensa área com rique-
zas e potencialidades contem-
pladas nas vertentes da sobe-
rania, econômica, científica e
ambiental, de onde mais de
90% do petróleo e gás são ex-
traídos e em que trafega quase
a totalidade do nosso comér-
cio exterior. Importantes pro-
jetos de pesquisa sobre biodi-
versidade, biotecnologia, ener-
gia alternativa, recursos vivos
e minerais coexistem com
920 mil km^2 de áreas maríti-
mas sob proteção ambiental,
marca do desenvolvimento
sustentável que caracteriza o
Brasil como um dos líderes
mundiais em iniciativas para a
preservação dos oceanos.
Integrada a diversos setores
da sociedade e suas respecti-

vas instituições, a Marinha do
Brasil atua nas quatro verten-
tes da Amazônia Azul, em con-
formidade com suas atribui-
ções constitucionais e legais:
defender a Pátria, salvaguar-
dar a vida humana no mar,
promover a segurança da nave-
gação, combater a poluição, a
pirataria e a pesca ilegal, pre-
servar o meio ambiente e con-
tribuir para fortalecer a pre-
sença do Estado, levando as-
sistência de saúde e social a lu-
gares longínquos do Pantanal
e da Amazônia. Ações que con-
tribuem para o desenvolvi-
mento nacional e, juntamente
com as demais Forças Arma-
das e outras instituições, se
contrapõem a ameaças à sobe-
rania nacional derivadas de ini-
ciativas contrárias aos nossos
interesses ou, ainda, de ativi-
dades ilícitas e predatórias ou
de desastres naturais.

A participação no Programa
Antártico Brasileiro, com
apoio logístico e operacional,
calcados numa gestão intermi-
nisterial coordenada pela Au-
toridade Marítima, garante a
participação estratégica do
Brasil nas discussões sobre o
presente e o futuro do conti-
nente gelado, além de contri-
buir com pesquisas científi-
cas relevantes para o País e o
planeta.
A Marinha busca constante
desenvolvimento da capacida-
de operacional, por meio de
programas estratégicos: o Pro-
grama de Construção do Nú-
cleo do Poder Naval, com des-
taque para o desenvolvimen-
to de submarinos e de fraga-
tas Tamandaré; o Programa
de Recuperação da Capacida-
de Operacional Plena para os
meios operativos; o Programa
de Ampliação da Capacidade
de Apoio Logístico; o Desen-
volvimento da Mentalidade
Marítima, destacando a inte-
gração de setores e atividades
que fomentam a Economia

Azul; o Sistema de Gerencia-
mento da Amazônia Azul, que
visa a monitorar e controlar,
integradamente, as Águas Ju-
risdicionais Brasileiras e as
áreas internacionais de res-
ponsabilidade para operações
de socorro e salvamento.
O momento atual envolve
nova dimensão e imensos de-
safios, demandando quebra
de paradigmas de atuação,
tanto no cenário político-es-
tratégico internacional como
nacional.
Desde o início da pandemia
do coronavírus, com serenida-
de e firmeza a Marinha atua
sob diretrizes do Ministério
da Defesa, coordenada com
as demais Forças Armadas,
em consonância com autori-
dades federais, estaduais e
municipais, em amplitude de
ações que abrangem apoio à
saúde, desinfecção de áreas
públicas, doação de alimentos
e de sangue, transporte logísti-
co e confecção de refeições,
dentre outros, sintonizada no
esforço nacional. Uma nova
guerra que tira a vida de bra-
vos brasileiros e deixa graves
efeitos, nas esferas econômi-
ca, sanitária e social.
Neste 11 junho, as cerimô-
nias militares dão lugar à con-
tinuação do combate. Mari-
nheiros e fuzileiros, homens e
mulheres da Marinha saúdam
seus concidadãos com o es-
pírito fomentado pelo almi-
rante Barroso, guarda-mari-
nha João Guilherme Gree-
nhalgh e imperial marinheiro
Marcílio Dias, com trabalho
diuturno e dedicação no cum-
primento da missão.
Tormentas sempre passam,
seguiremos navegando com
proa firme. Vamos sustentar
o fogo, pois a vitória será nos-
sa, de todos os brasileiros.
E a Marinha, como ontem,
hoje e sempre, consoante
com a convicção de que no
mar se encontram as bases da
sobrevivência e prosperidade
do País, mantém no passadi-
ço o listel “tudo pela Pátria!”.

]
COMANDANTE DA MARINHA
DO BRASIL

Vários policiais e oficiais da
Guarda Nacional agiram
sem máscara nos atos.

http://www.estadao.com.br/e/washington

ATOS CONTRA O RACISMO


Inglaterra e Bélgica removem estátuas


Companhia diz que não vai
mais oferecer o serviço e
que se opõe a esse tipo do
software devido ao viés ra-
cial de algoritmos.

http://www.estadao.com.br/e/ibm

l“Que ao menos ele finja ter compaixão. Mas nem isso é capaz. Ignora
especialistas, distorce informações e desdenha de vidas humanas.”
LINDA ALMEIDA

l“Errado Bolsonaro não está. Infelizmente, governadores e prefeitos
dos Estados e municípios estão à frente quando o assunto é covid-19.”
MARCUS VINICIUS TOSTA

l“Três ingredientes para a catástrofe: imperícia, imprudência e negli-
gência! Mas ele nunca foi gestor de nada! Nem os filhos ele controla.”
ANTONIO OLIVEIRA

l“O STF tirou de Bolsonaro o poder de definir a situação e passou
para os governadores. O presidente está isento dessas questões.”
HÉLIO TONZAR

INTERAÇÕES


CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA
MEMBROS
FERNANDO C. MESQUITA
FERNÃO LARA MESQUITA
FRANCISCO MESQUITA NETO
GETULIO LUIZ DE ALENCAR
JÚLIO CÉSAR MESQUITA

Estudo sobre o valor de mer-
cado dos jogadores das cin-
co grandes ligas europeias
coloca os dois brasileiros
entre os 20 mais valiosos.

http://www.estadao.com.br/e/futeboleuropeu

Espaço Aberto


A


pandemia de covid-19 é
uma calamidade que
combina três dimen-
sões: econômica, sanitária e so-
cial. Ela causa um choque ne-
gativo na demanda e na oferta
da economia, afetando a pro-
dução, o emprego e a renda.
Suas proporções de doença e
mortes provocam um choque
social: milhões de pessoas,
sem emprego ou renda, tor-
nam-se vulneráveis e outras
tantas aprofundam sua vulne-
rabilidade preexistente. Parale-
lamente, os efeitos da pande-
mia sobre a população causam
um choque no sistema de saú-
de, ameaçando-o de colapso. A
existência prévia de acentuada
crise política é sério agravante.
Uma pandemia de coronaví-
rus era prevista pela comunida-
de científica internacional,
mas ao eclodir obrigou o po-
der público em todos os países
a atuar de improviso. A maio-
ria das nações tem adotado
medidas pontuais de enfrenta-
mento de emergência da disse-
minação do vírus e de trata-
mento dos infectados: transfe-
rências de recursos para gru-
pos vulneráveis ou afetados pe-
la pandemia, garantias e subsí-
dios para empresas e proteção
ao mercado de trabalho.
A experiência internacional
aponta novos rumos para en-
frentar calamidades públicas.
O Fundo Monetário Interna-
cional (FMI), por exemplo, pu-
blicou recentemente uma no-
ta técnica que defende a ideia
de “válvulas de escape” a se-
rem acionadas em situações
de calamidade. Isso permitiria
que “regras contra desastres”
fossem automaticamente acio-
nadas, assim como é feito
quando as regras fiscais são
desobedecidas.
O desafio de desenhar políti-
cas públicas às pressas, entre-
tanto, é imenso e afeta mais
os países onde há falhas de go-
verno. Nesta pandemia, saí-
ram-se melhor países como a
Nova Zelândia, onde a espi-
nha dorsal do orçamento pú-
blico são políticas de bem-es-
tar e saúde. A Austrália ado-
tou um modelo de gestão com-
partilhada entre o governo fe-


deral e os entes federativos no
enfrentamento da covid-19,
dando transparência às inicia-
tivas do poder público e fun-
cionando como uma política
nacional contra a pandemia.
No caso dos Estados Uni-
dos, não foram tomadas medi-
das de planejamento de longo
prazo, nem medidas imediatas
de pronta resposta. Entretan-
to, desde a pandemia da Sín-
drome Respiratória Aguda Gra-
ve (Sars), em 2003, causada
por coronavírus, a ocorrência
de novas pandemias era tida
por certa, a dúvida seria quan-
do. Naquele ano, um Estoque
Farmacêutico Nacional, cria-
do ainda na administração
Clinton (1993-2001), fora
transformado em Estoque Es-
tratégico Nacional, que, no en-
tanto, nunca chegou a reunir
insumos e equipamentos bási-
cos, tais como máscaras ou re-

médios genéricos, indispensá-
veis para enfrentar uma pande-
mia. O resultado é conhecido,
tendo sido agravado pelo em-
penho presidencial em se opor
ao combate à pandemia.
O governo brasileiro, desde
o início, tinha várias condições
favoráveis para encarar com
eficiência a pandemia. O pri-
meiro, fortuito, foi o começo
tardio da presença e dissemi-
nação do vírus em nosso terri-
tório, dando aos órgãos públi-
cos mais tempo para se prepa-
rarem, além de proporcionar
exemplos, em outros países,
do que fazer e do que evitar.
Conta também com um siste-
ma de saúde nacional e de al-
cance universal, gratuito, co-
brindo desde o atendimento
médico, do mais simples ao
mais complexo, até o desenvol-
vimento de pesquisa e a distri-
buição gratuita de medicamen-
tos essenciais. E acumulou, ao
longo de décadas, uma bem-su-
cedida experiência de campa-
nhas nacionais de vacinação.
Entretanto, essas vantagens

de nossa gestão da saúde públi-
ca não se converteram automa-
ticamente em mecanismo ca-
paz de planejar e gerir uma
máquina de guerra de comba-
te a um desastre das propor-
ções da pandemia de covid-19.
A começar por planejamento
estratégico de diagnóstico, ela-
boração de políticas, imple-
mentação de gestão da crise
provocada pela pandemia, que
vai muito além de seus aspec-
tos sanitários.
Um importante obstáculo
são as inevitáveis oposições in-
ternas a uma política dessa
magnitude. O surgimento de
uma quinta-coluna, comanda-
da pelo próprio presidente da
República, certamente não aju-
dou, e ficamos condenados à
improvisação em todos os ní-
veis de governo. No início da
crise, regras fiscais foram usa-
das pelo Executivo como pre-
texto para não atuar energica-
mente, mesmo após o Congres-
so e o Supremo Tribunal flexi-
bilizarem os diplomas legais
em vigor. Diante dessa omis-
são, partiu do Congresso a ini-
ciativa de aprovar a Emenda
Constitucional 106, a fim de
instituir um apropriado regime
fiscal, financeiro e de contrata-
ções para atender às necessida-
des de um estado de calamida-
de pública internacional.
Cabe destacar que o novo
dispositivo constitucional não
deveria restringir-se à pande-
mia do novo coronavírus, mas
alcançar qualquer calamidade
decretada pelo Congresso Na-
cional em razão de emergência
provocada por fatores exter-
nos. O regime extraordinário
instituído pela Emenda 106 ali-
nha-se às “válvulas de escape”
propostas pelo FMI. Nesse sen-
tido, é urgente a adoção de le-
gislação geral estabelecendo,
nos três níveis de governo, a re-
gulamentação de uma política
nacional de segurança sanitá-
ria, dotada de um arranjo insti-
tucional permanente de com-
bate a pandemias e outros de-
sastres que provoquem esta-
dos de calamidade nacional.

]
SENADOR (PSDB-SP)

PUBLICADO DESDE 1875

LUIZ CARLOS MESQUITA (1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
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]
José Serra


Tema do dia


Clube foi processado na Jus-
tiça e deve pagar R$ 1,2 mi-
lhão para empresa.

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Política nacional


de segurança sanitária


Urge uma legislação
geral de combate a
pandemias e desastres
de calamidade nacional

Batalha Naval do Riachuelo,


155 anos de um legado


Uma nova guerra está
tirando a vida de
bravos brasileiros. Mas
a vitória será nossa

AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
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JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)

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Questionado sobre


mortes, Bolsonaro


‘expulsa’ apoiadora


Integrante do MBL perguntou sobre
óbitos por covid e presidente pediu que
ela cobrasse resposta ‘do governador’

]
Ilques Barbosa Junior

JOHN SIBLEY/REUTERS FUTEBOL

No estadao.com.br


WASHINGTON

Policiais pegam covid
ao reprimir protesto

DÍVIDAS

Em crise, Corinthians
pode sofrer penhora
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