O Estado de São Paulo (2020-06-11)

(Antfer) #1

O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2020 NotaseInformações A


A


pesar da ação nefasta do presi-
dente da República, a agropecuá-
ria continua vigorosa, a safra de
grãos deve ser recorde e o agrone-
gócio continua garantindo, com
exportações crescentes, a segu-
rança externa da economia brasileira. A produ-
ção de grãos deve atingir 250,54 milhões de to-
neladas na safra 2019/20, com aumento de 8,
milhões de toneladas em relação à anterior.
Mesmo com mudanças na atividade, o agro se
mantém, até agora, como o único setor em
crescimento, numa economia severamente
abalada pela crise da covid-19. Mesmo com
pressões e tentativas de intervenção da Presi-
dência e de seu entorno, o Ministério da Agri-
cultura permanece como uma das poucas ilhas
de competência num arquipélago de desprepa-
ro e de incapacidade administrativa.
Comida na feira e nos mercados está garan-
tida, em 2020, assim como tem estado há mui-
to tempo. A safra de feijão, estimada em 3,
milhões de toneladas, deve ser 1,9% maior que
a da temporada 2018/2019. A de arroz, calcula-
da em 11,13 milhões de toneladas, deve ser
6,5% maior que a do período anterior. Com al-


gum esforço e algum interesse, o governo po-
derá proporcionar ajuda e coordenar a assis-
tência aos mais necessitados, enquanto demo-
ram a reativação dos negócios e a abertura de
vagas. Esse apoio será organizado mais facil-
mente se o presidente evitar de-
cisões como a de transferir di-
nheiro do Bolsa Família para a
propaganda do governo.
Recordes estão previstos pa-
ra as colheitas de soja (120,
milhões de toneladas), princi-
pal produto de exportação do
agro, e de milho (100,99 mi-
lhões de toneladas). O quadro
é favorável também para outras
culturas. O resultado final só
será conhecido no segundo se-
mestre, quando estiverem co-
lhidos os produtos de segunda
e de terceira safras e os típicos de inverno, co-
mo trigo e aveia. Em cada ano há dois plan-
tios de amendoim e três de feijão e milho. Es-
sa possibilidade é uma das vantagens da agri-
cultura brasileira.
Além de garantir boas condições de abasteci-

mento interno, o agronegócio sustenta o supe-
rávit no comércio de bens. Em abril, as exporta-
ções do setor chegaram a US$ 10,22 bilhões,
um recorde para o mês. Esse valor foi 25%
maior que o de um ano antes, de US$ 8,18 bi-
lhões. Em um ano a participação
do agro na receita total das ven-
das ao exterior passou de 42,2%
para 55,8%. O volume vendido,
31% maior que o de abril de
2019, permitiu a expansão do fa-
turamento, porque o índice de
preços caiu 4,6%.
O aumento da quantidade, de
11,1%, permitiu também o ganho
maior (5,9%) nas exportações do
primeiro quadrimestre. De janei-
ro a abril o agronegócio faturou
US$ 31,40 bilhões, soma equiva-
lente a 46,6% das exportações to-
tais do Brasil. O saldo positivo do setor, de US$
26,83 bilhões, novamente compensou o déficit
acumulado nos demais segmentos do comércio
exterior. Com isso, o País conseguiu nesse perío-
do um superávit comercial de US$ 11,80 bilhões.
A Ásia, liderada pela China, foi novamente o

principal mercado externo do agronegócio bra-
sileiro, apesar dos desaforos lançados por gen-
te do governo e pelo deputado Eduardo Bolso-
naro, filho do presidente. O mercado asiático
(excluído o Oriente Médio) absorveu 55,4%
das vendas. O segundo destino mais importan-
te foi a União Europeia, com participação de
16,4% no total negociado. A participação euro-
peia continua importante, embora o presiden-
te Bolsonaro, auxiliado por alguns de seus
mais medíocres ministros, continue manchan-
do a imagem do agronegócio brasileiro com
sua política antiambientalista, simbolizada pe-
la devastação da Amazônia. Cada improprieda-
de pronunciada ou materializada pelo presi-
dente e por esses ministros favorece o prote-
cionismo agrícola na Europa e, há menos tem-
po, também nos Estados Unidos. Até a ratifica-
ção do acordo comercial entre União Europeia
e Mercosul é rejeitada pelos críticos do bolso-
narismo, em nome da preservação ambiental,
da competição justa e dos direitos humanos.
Em 12 meses o superávit comercial do agrone-
gócio chegou a US$ 85,04 bilhões, apesar da
pandemia, das tensões no comércio mundial,
mas, sobretudo, apesar de Bolsonaro.

U


m dos traços
marcantes de lí-
deres populistas
como Jair Bolso-
naro é o anticien-
tificismo. Há
duas razões essenciais para que
seja assim. Primeiro, a origem
da produção científica é sempre
uma dúvida. Populistas só têm
certezas. Segundo, o que move
um cientista é o desejo genuíno
de encontrar a verdade factual
no seu campo de pesquisa.
Nem sempre o discurso de um
populista se coaduna com os fa-
tos, sejam naturais, sejam so-
ciais. Não raro, dá-se o exato
oposto. Se dados sobre desmata-
mento cientificamente aferidos
pelo Instituto Nacional de Pes-
quisas Espaciais (Inpe) contra-
dizem a convicção – ou o inte-
resse – do presidente da Repú-
blica, às favas com os fatos. Se
estatísticas de saúde pública so-
bre a covid-19 no Brasil apresen-
tam números desconfortáveis
para Bolsonaro, então que se
mude a metodologia até que es-
ses números caibam em suas
maquinações eleitoreiras.
É interessante observar, con-
tudo, que o mesmo Jair Bolsona-
ro que faz pouco-caso da ciên-
cia dela se vale quando lhe con-
vém, quando a deturpação de
um dado ou de uma declaração
dada por autoridade científica
pode ser usada como uma es-
pécie de chancela acadêmica a
algum de seus desatinos. No fi-
nal de março, por exemplo, o
presidente citou trecho de uma
declaração do diretor-geral da
Organização Mundial da Saúde
(OMS), Tedros Adhanom Ghe-
breyesus, para consubstanciar
sua tese contrária ao isolamen-
to social. “Vocês viram o presi-


dente (sic) da OMS ontem?”,
perguntou Bolsonaro a um gru-
po de apoiadores. “O que ele dis-
se, praticamente... Em especial,
com os informais, têm de traba-
lhar. O que acontece? Nós te-
mos dois problemas: o vírus e o
desemprego. Não pode (sic) ser
dissociados, temos de atacar
juntos”, dando a entender que a
OMS também defendia o relaxa-
mento de medidas de conten-
ção do novo coronavírus. O que
Bolsonaro não disse, porque
não lhe convinha, é que a ideia
contida na fala de Ghebreyesus,
quando ouvida por inteiro, era
completamente diferente do
que o presidente sugeria. O dire-
tor-geral da OMS falava de uma

legião de desvalidos no mundo
inteiro que de uma hora para ou-
tra tiveram suas fontes de renda
cessadas em decorrência da pan-
demia, dado que a esmagadora
maioria dessas pessoas está no
mercado de trabalho informal,
e, por esta razão, precisava ser
amparada pelo Estado no curso
da crise pandêmica.
Há dias, mais uma vez o presi-
dente tomou emprestada uma
declaração descontextualizada
de uma autoridade sanitária pa-
ra reforçar sua irresponsável po-
lítica anti-isolamento. Durante
uma entrevista coletiva, a chefe
da unidade de doenças emergen-
tes da OMS, Maria Van Kerkho-
ve, citou um estudo que indica-
va que pacientes assintomáti-
cos de covid-19 têm poucas
chances de transmitir a doença.

Foi o que bastou para Bolsona-
ro correr ao Twitter e escrever
que “após pedirem desculpas
pela hidroxicloroquina, agora a
OMS conclui que pacientes as-
sintomáticos (a grande maio-
ria) não têm potencial de infec-
tar outras pessoas. Milhões fica-
ram trancados em casa, perde-
ram seus empregos e afetaram
negativamente a economia”.
Da forma como foi dita por
Maria Van Kerkhove, a informa-
ção causou enorme e justificado
alvoroço no mundo inteiro. Afi-
nal, bilhões de pessoas que não
apresentam sintomas de covid-
19 estão fechadas em casa, com
todos os impactos sociais e eco-
nômicos que isso representa.
Noutras palavras: fosse inteira-
mente verdadeira a asserção da
chefe de doenças emergentes da
OMS, a história da pandemia
mudaria radicalmente. Mas não
era. Pouco tempo depois, a
OMS afirmou que a declaração
de Van Kerkhove foi um “mal-
entendido” e que o estudo por
ela citado era de “pequeno por-
te”. Ou seja, todas as pesquisas
feitas até agora sobre a evolução
da covid-19 não são conclusivas
para determinar claras distin-
ções entre as formas de trans-
missão do novo coronavírus por
pacientes sintomáticos, pré-sin-
tomáticos e assintomáticos.
A autocorreção da OMS – a
propósito, um traço benfazejo
dos cientistas – foi olimpicamen-
te ignorada por Jair Bolsonaro.
Ao presidente não interessa a
chamada verdade factual, inte-
ressam as versões que podem
ser vendidas como verdade para
sua base de apoiadores. Nem
que para isso tenha de agir co-
mo uma espécie de parasita do
conhecimento científico.

A


s Forças Arma-
das têm cumpri-
do exemplarmen-
te o seu papel
constitucional na
Nova República.
Isso deve ficar claro logo de iní-
cio para dissipar quaisquer nu-
vens carregadas de suspeição
que porventura pairem sobre o
Exército, a Marinha e a Aero-
náutica quanto às infundadas
inclinações golpistas que esta-
riam, na imaginação de alguns,
alvoroçando os quartéis. Com
tenacidade e disciplina, os mili-
tares trabalharam durante 35
anos para reconquistar o respei-
to e a admiração da esmagado-
ra maioria do povo brasileiro. E
se saíram muito bem na mis-
são. Durante o período de atua-
ção no regime democrático,
bem mais longo do que os 21
anos de ditadura militar no
País, as Forças Armadas mos-
traram inabalável reverência à
Constituição, restringindo sua
presença na vida nacional às si-
tuações previstas na Lei Maior,
nem um passo além. E nessas
três décadas e meia desde o fim
da ditadura não foram poucos
os testes de resistência aos
quais a jovem democracia brasi-
leira foi submetida.
Por circunstâncias históricas


  • e que dificilmente se repeti-
    rão –, a eleição de 2018 pode
    ser considerada uma eleição
    disruptiva. O Brasil, como ou-
    tros países, passava por uma
    profunda crise de representa-
    ção política. A sociedade, esgo-
    tada pelo sequestro do Estado
    por uma súcia de maus políti-
    cos, foi às urnas em busca de
    candidatos identificados com a
    depuração do trato da coisa pú-
    blica, com uma nova forma de


atuar na política, que nada
mais era, a bem da verdade, do
que o resgate de valores repu-
blicanos como a liberdade, a
igualdade de todos perante a
lei e a impessoalidade na admi-
nistração pública.
Embora não fosse um neófi-
to em política, um outsider, co-
mo tentou parecer e conse-
guiu, Jair Bolsonaro chegou à
Presidência da República, mas
absolutamente desprovido de
um plano de governo. A rigor,
para além das platitudes e dos
slogans vazios de sentido, o pre-
sidente não tinha e não tem se-
quer uma visão difusa do País
que deseja construir. Seus 28
anos na Câmara dos Deputa-

dos não serviram para educá-lo
sobre nossas renitentes maze-
las e possíveis caminhos para
superá-las. Não seria exagero
dizer, portanto, que, em que pe-
sem outros fatores que contri-
buíram decisivamente para a
sua eleição, o sucesso de um
candidato tão despreparado pa-
ra o elevado cargo que ocupa se
deve, em boa medida, à ligação
que Jair Bolsonaro conseguiu
estabelecer entre a sua triste fi-
gura e a reputação das Forças
Armadas. Por sua vez, muitos
militares viram no então candi-
dato Jair Bolsonaro a melhor
opção naquela encruzilhada de
nossa história.
Mas, se fazia algum sentido
o apoio a Bolsonaro no pleito
de 2018, é de estranhar a per-
manência de militares da ativa

e da reserva em cargos do go-
verno federal, passado um ano
e meio de mandato, tempo
mais do que suficiente para o
presidente mostrar quem, de
fato, ele é. Jair Bolsonaro ja-
mais comandou tropa e saiu
do Exército em desonra. Perso-
nifica valores e comportamen-
tos diametralmente opostos
aos dos militares, como deco-
ro, disciplina, respeito às insti-
tuições republicanas e reverên-
cia à Constituição.
No início do governo, costu-
mava-se dizer que os militares
no Palácio do Planalto repre-
sentariam uma espécie de mu-
ro de contenção aos arroubos
autoritários e antirrepublica-
nos de Bolsonaro. Eles seriam
os garantidores inequívocos do
respeito e da confiança que as
Forças Armadas inspiram. Mas
não é o que tem ocorrido. O
presidente é firmemente refra-
tário a qualquer tipo de aconse-
lhamento que não vá ao encon-
tro de suas próprias convic-
ções. Então, que bem pode fa-
zer às Forças Armadas, especial-
mente aos militares palacianos,
seguir ligadas formalmente a
um presidente que conspira
diariamente contra os valores
da democracia e da liberdade?
A eventual saída desses mili-
tares do governo não seria
traumática, como muitos ima-
ginam, e não teria o propósito
de desestabilizá-lo, até porque
o próprio presidente já se mos-
tra inigualável nessa tarefa.
Prestar-se-ia a preservar a ima-
gem das Forças Armadas, a re-
ferência moral que represen-
tam para milhões de brasilei-
ros. O País tem muito a ga-
nhar se este valor inestimável
não for dilapidado.

Sucesso no agro, apesar de Bolsonaro


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

Eventual saída não seria
traumática. Bolsonaro
sozinho desestabiliza
o próprio governo

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Notas & Informações


Parasitismo científico


Populistas desprezam
a ciência, mas dela se
valem quando lhes
convém

Os militares no governo


lOperação Para Bellum
Amadorismo..?
Acompanhei o noticiário de on-
tem sobre a batida da Polícia
Federal no Pará, onde foi feita
uma compra pública de respira-
dores no valor de R$ 50 mi-
lhões, tendo sido adiantados R$
25 milhões. A questão é que,
quando o material chegou, veri-
ficou-se que não servia. Minha
simples pergunta: como se com-
pra um produto que custa mais
de R$ 120 mil cada unidade
sem analisar as suas especifica-
ções técnicas? Amadorismo,
irresponsabilidade, má-fé, in-
competência ou tudo junto?
LUIZ FRANCISCO A. SALGADO
[email protected]
SÃO PAULO


Respiradores
Com os R$ 400 milhões do fun-
dão eleitoral que o PT e o PSL
vão receber, daria para comprar
quantos respiradores?
GUTO PACHECO
[email protected]
SÃO PAULO


lDesgoverno Bolsonaro
Dubiedade ou certeza?
O presidente do Supremo Tri-


bunal Federal (STF), ministro
Dias Toffoli, foi parcimonioso
ao classificar certas falas do pre-
sidente Jair Bolsonaro como
dúbias. Quem flerta constante-
mente com movimentos golpis-
tas e ousa desrespeitar o STF
ao vociferar que “ordens absur-
das não se cumprem” não tem
dubiedade alguma. Ao contrá-
rio, nunca teve apreço pela de-
mocracia, a não ser como ponte
para atingir outros objetivos.
Assim como com a “gripezi-
nha” e a cloroquina, Bolsonaro
não tem dúvidas, só certezas.
LUCIANO HARARY
[email protected]
SÃO PAULO

Intenção explícita
Não há, de fato, dubiedade do
presidente, como diz editorial
de ontem (A3), pois as inten-
ções antidemocráticas e fascis-
tas de Bolsonaro são explícitas
desde muito antes de ser candi-
dato a presidente. Ele precisa
ser urgentemente impedido,
para não causar mal ainda
maior. Os pequenos sinais de
apaziguamento que dá depois
de fortes e duras contestações
são apenas cortina de fumaça,

que não pode embaçar a visão
dos que realmente defendem as
instituições do País.
ADILSON ROBERTO GONÇALVES
[email protected]
CAMPINAS

Assombração
Jair Messias Bolsonaro foi elei-
to em 2018 com meu voto, o de
minha família e de milhares de
brasileiros que, fartos do engo-
do criminoso do PT, deposita-
vam no candidato a esperança
de liberdade dos grilhões cor-
ruptos que nos assolavam. Pro-
messas foram feitas, muita in-
dignação contra o sistema, fu-
ror de governar em prol da de-
mocracia e do avanço da Na-
ção. Mas o tempo está passan-
do e o candidato da esperança
vem dia a dia descumprindo
suas promessas e, não bastasse,
invertendo fatos pontuais. Ao
chamar os manifestantes de ter-
roristas, esquece-se de que ter-
rorismo é a sua atitude quanto
à pandemia, que mata o povo
aos milhares. Afronta a ciência,
associa-se ao Centrão, nomeia
terraplanistas, criacionistas e
até racistas, para afrontar o po-
vo com sua sanha autoritária.

Promete um nome terrivelmen-
te evangélico para o STF, esqui-
vando-se do requisito do méri-
to. Brinca com o número de
mortos pela covid-19, faz piadas
de mau gosto, afronta a impren-
sa e faz ouvidos moucos quan-
do esta é agredida por seus apoi-
adores. Espalha fake news, apaga
e pede desculpa. Promove con-
fusão, afronta acintosamente a
situação. E, como fazia o PT,
repete a velha tática de acusar
os adversários do que ele faz e
do que ele é, assombrando-nos
e espalhando terror entre nós.
ANA SILVIA P. PINHEIRO MACHADO
[email protected]
SÃO PAULO

Jabuticabas
Como disse Tom Jobim, o Bra-
sil não é para principiantes. Vá
entender... Enquanto pelo mun-
do pessoas vão a manifestações
e lutam dando a própria vida
pela democracia e pela liberda-
de, no nosso país um bando de
radicais mal informados luta
para termos uma ditadura mili-
tar! Está certo que nossa demo-
cracia tem de ser muito aperfei-
çoada, mas clamar por uma dita-
dura militar, só no Brasil mes-

mo. Haja jabuticabas!
JOAQUIM A. PEREIRA ALVES
[email protected]
SANTOS

Criador de crises e economia
O presidente Jair Bolsonaro
não consegue passar uma sema-
na sem criar uma nova crise.
Nas anteriores, prestigiou a co-
vid-19, pois convalidou, de cor-
po presente, as temerárias aglo-
merações de apoiadores, cuja
consequência deverá ser senti-
da (felizmente, só por alguns
deles) dentro de dias. Na últi-
ma semana resolveu brincar de
esconde-esconde com a Globo,
retardando a publicação do nú-
mero de vítimas da covid-
para prejudicar o Jornal Nacio-
nal, como se vangloriou. Mes-
quinhez. Completou a brinca-
deira de mau gosto permitindo
que o Ministério da Saúde esca-
moteasse o número de vítimas
do vírus, dado importante para
a tomada de decisões visando à
saúde dos brasileiros, aqueles
que vão recuperar a economia
quando isso for possível. E será.
A Nova Zelândia, após medidas
restritivas, está sem casos no-
vos de covid-19 há quase três

semanas. E, obviamente, com a
economia acelerando.
ANTONIO CARLOS GOMES DA SILVA
[email protected]
SÃO PAULO

lSegurança predial
Morte do menino Miguel
Na terça-feira tivemos a notícia
da morte de uma criança per-
nambucana, custodiada por pes-
soa inconsequente que lhe per-
mitiu brincar no elevador de
um edifício de 30 andares. A
criança caiu no vazio ao pular
um guarda-corpo no nono an-
dar. Então, deveríamos cuidar
também de quem determinou a
compra daquele guarda-corpo,
cuja resistência deveria ser para
uma pessoa de 70 kg. Como
pôde um menino de pouco
mais de 30 kg cair? Esse guar-
da-corpo estava subdimensiona-
do e os materiais usados pare-
cem errados para a maresia. Po-
dem ter sido adquiridos pelo
orçamento mais baixo, que leva
a inescrupulosos que não cum-
prem a proposta feita. É bom
que o Crea investigue também.
WASHINGTON BOTELLA
[email protected]
SÃO PAULO
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