O Estado de São Paulo (2020-06-11)

(Antfer) #1

H2 Especial QUINTA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


SONIA RACY


DIRETO DA FONTE


SHOPPINGS INVESTEM EM TECNOLOGIA NA REABERTURA


Ana Lourenço


Romântico assumido, Sidney
Magal sentencia: “o amor tem
de ser brega”. Prestes a comple-
tar 70 anos (em 19 de junho) e
com um documentário sobre
sua carreira a ser lançado até se-
tembro, o cantor, casado há 41
anos, não perde oportunidades
de declarar seu amor a Magali,
com quem teve três filhos e, há
alguns meses, a netinha Madale-
na. Nesta entrevista especial pa-
ra o Dia dos Namorados, ele fa-
la sobre como o conceito de
“brega” mudou ao longo dos
anos – e sobre paixões.


lO que é brega para você?
Olha, pra mim o conceito de
brega sempre foi tudo aquilo
que não é do nosso gosto pes-
soal. Então nunca me incomo-
dou. Houve uma época que era
muito pejorativo, era muito pre-
conceito social. Uma maneira
de separar a música chamada
de classe A, que era a música
dos grandes compositores brasi-
leiros, daqueles artistas popula-
res que gostavam de se vestir de
maneira colorida, que tinham
cabelos extravagantes.


lDurante uma entrevista (ao pro-
grama Esquenta, de Regina Ca-
sé, em 2013) você falou que nós,
brasileiros, "somos coloridos,
somos tropicais e bregas”.
Sim, com o passar do tempo e
com o Brasil assumindo a sua
breguice, a sua forma populares-
ca de ser, o sertanejo virou chi-
que, o pagode virou chique, o
axé virou chique, o funk virou
chique. Graças a Deus que as
coisas se misturaram, mas você
percebe que muito disso era pre-
conceito social.


lE no amor? Pode ser brega?
Eu acho que tem de ser piegas,
tem de ser brega. Você tem de


fazer declaração de amor, dar
flores. No amor, tudo é válido.

l‘Brega’ é o termo utilizado para
designar as músicas românticas
com exageros dramáticos. Pode-
mos citar aqui as suas Meu San-
gue Ferve por Você, Me chama
que eu vou, Tenho. Pode ser as-
sim exagerado?
Eu acho que eu sou exagerado,
né? Por exemplo, as minhas rou-
pas coloridas que eu uso no
meu dia a dia... Eu acho que o ar-
tista tinha por obrigação apre-
sentar um espetáculo. E um es-
petáculo não é só o que ele can-
ta, é o que ele veste também.

lEntão não necessariamente o
exagerado – tanto no amor, quan-
to nas performances – tem a ver
com o brega?

Lógico que não. Você imagina o
carinho do público comigo,
sempre foi um carinho onde ca-
da um estava extravasando mui-
to os seus sentimentos, sua ma-
neira de pensar. Teve fã que já
jogou para mim no palco cartei-
ra de doador de sangue para po-
der dizer “meu sangue ferve
por você”. Então a gente se ex-
pressa como tem vontade, se é
engraçado, se é brega, se é feio,
se é bonito, não tem a menor
importância quando realmente
o sentimento é verdadeiro.

lA gente conversou com casais
(leia na página 3) que fazem exa-
geros no amor. Alguns enviaram
carros de som, fizeram serena-
ta... Você já fez algo assim?
Não, eu nunca fiz. Até faria,
mas eu tenho uma mulher, ca-

sada há 41 anos comigo, e sei
que ela ficaria envergonhada.
Eu sou muito romântico, mas
sou discreto nesse sentido.

lE se fosse ao contrário? Se a
Magali fizesse algo para você?
Ah, eu não me incomodaria. Eu
acho que qualquer atitude de
amor, de carinho, tem de ser
respeitada. Eu aprendi isso mui-
to mais com o meu público do
que com a minha vida pessoal.
(Certa vez) cheguei ao show, fui
para o camarim, e uma fã estava
lá do lado de fora, me cumpri-
mentou, e eu reparei que ela es-
tava toda de vermelho. Quando
entrei no palco, ele estava forra-
do, inteiro, com buquês de ro-
sas vermelhas que ela levou pa-
ra o show no porta-malas de
uma Kombi. Era pra mais de

cem buquês de rosas verme-
lhas. E quando eu olhei, imedia-
tamente associei à ela. Até hoje,
ninguém mais fez aquilo que
ela fez. Então ficou marcado o
carinho que ela teve e deve ter
por mim.

lVocê falou da fã, eu até ia te
perguntar: qual o seu segredo,
Magal? Porque são gerações te
idolatrando, te assediando...
Olha, se tem algum segredo,
um dia eu vou descobrir. A úni-
ca coisa que eu posso concluir
ao longo desses 55 anos de car-
reira é a veracidade do meu tra-
balho, mais uma vez aquilo
que eu falei: assumir aquilo
que você faz, respeitar a você
mesmo e ao que você faz em
primeiro lugar, e respeitar mui-
to as pessoas com a sua dife-

rença de público.

lE essa verdade e amor tam-
bém está no seu casamento, né?
Aliás é uma história tão bonita
que vai virar um filme musical.
Vai. Só atrasou um pouquinho
por causa da pandemia. Mui-
tas das filmagens já foram fei-
tas aqui em Salvador (onde vi-
ve), que foi o lugar que eu a co-
nheci, mas realmente vai ficar
lá pro ano que vem. O que vai
acontecer este ano ainda, em
agosto ou setembro, é o meu
documentário (Sidney Magal:
Me chama que eu vou), com dire-
ção da Joana Mariani, que já es-
tá pronto. Nele eu falo tudo da
minha vida, canto músicas de
Vinicius de Moraes (seu primo
de segundo grau), de Dorival
Caymmi.

VAREJO


Câmeras termográficas, com
inteligência artificial para
aferição de temperatura, bo-
tões de elevador ‘no touch’
já estão instaladas no Iguate-
mi, comandado por Carlos
Jereissati Filho. Já no Shop-
ping Cidade Jardim, onde já
foram realizados testes em
100% dos funcionários, será
mantido o céu
aberto, aprovei-
tando o ar
livre para
privilegiar
a circula-
ção natu-
ral do ar.
Jereissati
Filho, CEO
do Grupo
Iguatemi,
contou à colu-
na que inves-
tiu R$ 600

mil em tecnologia para a rea-
bertura dos quatro shop-
pings de SP – Iguatemi, JK,
Pátio Higienópolis e Market
Place. Já José Auriemo Ne-
to, do Grupo JHSF, aprovei-
tou a quarentena para fazer
reforma geral no empreendi-
mento – investimento de R$
4 milhões.

Com a experiência de
quem já reabriu, na fle-
xibilização da quaren-
tena, onze shoppings
em SP, RS, SC e BSB,
Jereissati Filho ates-
ta que “o fluxo é me-
nor, mas a conver-
são é maior”. Ou se-
ja, quem vai, compra.

“As pessoas estão sendo respei-
tosas com o horário e adapta-
das às exigências dos protoco-
los. Isso é importante para ter-
mos nosso ‘normal’ de volta”.

Auriemo Neto está com boa
expectativa. O empresário re-
torna sábado de Punta del Les-
te, onde passou o último mês,
para acompanhar de perto a
reabertura do Cidade Jardim.
Sem experiência ainda com
reabertura de shoppings, con-
tou à coluna, por celular, sobre
o hotel Fasano Boa Vista. “Vol-
tamos a funcionar há duas se-
manas e temos tido ocupação
total”, comemora, explicitan-
do que observaram todos pro-
tocolos internacionais para
dar o máximo de segurança
aos seus hospedes.

Ambos os empresários conside-
ram “compreensível” certo re-
ceio dos clientes nesse retor-
no, mas acreditam que está na

natureza das pessoas o desejo
de se encontrar e... comprar.
“O cérebro humano tem dois
picos de satisfação: o primeiro
é comprar e o segundo, doar”,
afirma o CEO do Iguatemi, ci-
tando Tal Ben-Shahar.

Os dois grupos também atua-
ram forte para dar suporte aos
lojistas. “Na pandemia, suspen-
demos os aluguéis para poder
continuar viabilizando o negó-
cio. E nessa volta vamos anali-
sar caso a caso no suporte co-
mercial, principalmente com
relação ao valor mínimo do
aluguel”, adianta Auriemo.

Já a rede Iguatemi suspendeu
50% do aluguel do mês de mar-
ço, isentou 100% em abril e
neste mês de maio também.
Concedeu descontos no paga-
mento de fundo de promoção
que variam de 60 a 100%, a
depender da praça, e anteci-
pou a redução de 10% do con-

domínio.

E os prejuízos? Os empresá-
rios preferem não fazer as
contas, nesse momento que
pede, entendem eles,
“união”. “Teve lojista pagan-
do 20% do seu custo total.
A indústria como um todo –
não só shoppings – foi a
mais generosa no mundo
que eu tenha conheci-
mento, na pande-
mia”, atesta Je-
reissati.

E todas lojas
toparam rea-
brir? Sim, res-
pondem. Terão
que ser observa-
das as novas nor-
mas: medição de
temperatura,
contagem de
pessoas,
máscaras
obrigató- rias, visei-

ras para os funcionários...
Restaurantes, salão de bele-
za e academias de ginástica
ficarão para uma próxima
fase de abertura. E as praças
de alimentação só funciona-
rão com take away como
tem sido desde o inicio da
quarentena.

A principal regra? Shop-
pings só poderão retomar
com 20% de sua capacida-
de. Jereissati faz questão de
passar nos seus quatro shop-
pings para confe-
rir a operação
e...“aproveitar
para fazer mi-
nhas com-
pras do Dia
dos Namora-
dos”, brinca
Jereissati.

Colaboração
Cecília Ramos [email protected]
Marcela Paes [email protected]

lO colégio Santa Cruz pro-
move o webnar Democracia
em Debate com Carolina
Kotscho (Juntos), José Car-
los Dias (Juntos e Basta) e
Flavia Rahal (Basta). Hoje.

lQuantias doadas por fun-
cionários da Nestlé serão do-
bradas pela companhia para
doação de cestas básicas.

lDavid Hertz convida Fábio
Porchat e Astrid Fontenelle,
entre outros, para partilhar
seus conhecimentos e aprendi-
zados na jornada de lives 21+
atitudes empreendedoras para
alimentar a humanidade com
humanidade” Até 29 de junho,
no Instagram @davidhertz.

RESPONSABILIDADE


SOCIAL


Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte

Medo de sair


Sai do forno pesquisa inter-
nacional da Ipsos: 71% dos
brasileiros não concordam
com a reabertura de estabele-
cimentos comerciais. Trata-
se do maior índice encontra-
do nos 16 países avaliados.

De acordo com o estudo
Tracking the Coronavirus, a
reabertura de comércios co-
locaria muitas pessoas em ris-
co. O Brasil é quem mais te-
me a reabertura dos negó-
cios. A Índia, em segundo lu-
gar, tem 69% contra e México
e Coreia do Sul estão empata-
dos em terceiro com 65%.

Na outra ponta, China
(35%), Itália (36%) e França
(41%) são os que estão me-
nos temerosos.

IARA MORSELLI/ESTADÃO

Sidney Magal, cantor

‘O AMOR


TEM DE


SER BREGA’


Prestes a completar 70 anos, ele


celebra uma carreira movida a paixões


Entrevista*


Medo de sair 2


A pandemia de covid-19 trouxe
também muita incerteza em re-
lação ao mercado de trabalho.
Apenas 42% dos brasileiros
acreditam que os empregos per-
didos serão recuperados ao fim
da quarentena. Na Índia, a onda
é otimista: 73% creem que terão
os empregos de volta. Em segun-
do, Alemanha, com 51% e México
em terceiro com 49%.

De molho


Faltou consenso para assinatu-
ra do protocolo para a reabertu-
ra dos clubes em SP. A reunião,
prevista para amanhã na Prefei-
tura, segundo Paulo Movizzo,
do Sindi Clube, foi adiada para a
próxima semana. O Paulistano,
que ele preside, ficou, então,
sem previsão de retomada.

DANIELA RAMIRO/ESTADÃO DENISE ANDRADE/ESTADÃO

Caderno 2


Anna Muylaert
aproveita a
quarentena para
“ser dona de casa
em tempo integral”.
A cineasta avalia
que, no Brasil, o
coronavírus revela
a vitória da
hipocrisia na nossa
sociedade.
“Incapaz de
enfrentar tanto a
pandemia quanto a
política irracional a
que estamos sendo
submetidos”. Por
outro lado, Anna
pontua que o
crescimento de
debates sobre o
racismo seja “uma
luz no fim do túnel”.
“Tenho esperança
nas lideranças
femininas negras”.

José
Auriemo
Neto

Carlos
Jereissati
Filho
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