O Estado de São Paulo (2020-06-12)

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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2020 Metrópole A


Márcia de Chiara

A


pesar de a Prefeitura
de São Paulo ter autori-
zado a volta gradual do
funcionamento dos escritó-

rios na cidade, com horários re-
duzidos e limite máximo de 20%
do quadro de funcionários, há
empresas que não vão retomar
as atividades presencialmente
porque não se sentem seguras de

que o momento permite isso.
Com 75 funcionários, a
CBA+G, agência de branding e
design do grupo WPP, planeja
voltar para o escritório de mil
metros quadrados que ocupava
antes da pandemia no bairro
paulista no Brooklin, zona sul
da capital, só em 1.º de setem-
bro. “Achamos que não é uma
opção saudável a volta agora”,
diz o sócio-fundador e CEO da
companhia, Luis Bartolomei.
De acordo com estudos feitos
pela empresa, com base na análi-

se de dados colhidos em cida-
des que também foram dura-
mente atingidas pela covid-19 e
onde funcionam escritórios da
companhia, como Milão, Paris
e Nova York, e em informações
sobre a evolução da doença em
São Paulo, a conclusão da em-
presa é que a pandemia neste
momento estaria na fase ascen-
dente. Portanto, não seria mo-
mento adequado ao retorno.
Bartolomei conta que a agên-
cia fez pesquisa recente com os
funcionários sobre o estilo de vi-

da deles: onde moram, condi-
ções de transporte até o local de
trabalho, entre outras informa-
ções, e questionou se queriam
voltar para o escritório. O resul-
tado da enquete foi que os fun-
cionários preferem continuar
trabalhando de casa. O home of-
fice da companhia começou em
março e continua até hoje.
“Não há a mínima condição
psicológica para retornarmos e
não há a mínima necessidade
operacional para que isso ocor-
ra”, comentou Bartolomei. Ele

diz que uma das preocupa-
ções da empresa é com a se-
gunda onda da doença, espe-
rada para 1.º de setembro.
O CEO acredita ainda que
em setembro o quadro de
funcionários não voltará in-
teiro ao escritório e metade,
provavelmente, vai conti-
nuar trabalhando em casa.
“Duvido que todo mundo vol-
te em setembro. Muitos não
querem voltar, temem vol-
tar. Acho que esse temor vai
durar além de setembro.”

Bruno Ribeiro
Paloma Cotes
Érika Motoda


No primeiro dia de reabertu-
ra dos shoppings na cidade
de São Paulo, houve estabele-
cimento que já funcionava an-
tes do horário combinado
com a Prefeitura, assim como
teve também centro comer-
cial que viu aproximadamen-
te um terço dos seus lojistas
optarem por não abrir as por-
tas ontem, véspera do Dia dos
Namorados – uma importan-
te data para o comércio.
Os centros de compras estão
autorizados a funcionar das 16
às 20 horas durante a fase dois
(laranja) do Plano São Paulo,


em que a operação só é permiti-
da durante quatro horas por
dia. O Estadão visitou seis
shoppings na capital paulista e,
no geral, os estabelecimentos
respeitaram a maioria dos pro-
tocolos exigidos pelo governo,
especialmente no que diz res-
peito à higiene pessoal e organi-
zação do fluxo do público, cujo
limite é de 20% da capacidade.
Com funcionários medindo a
temperatura de quem entrava e
faixas na calçada para organizar
a fila, os frequentadores já po-
diam ter acesso ao Shopping Pá-
tio Paulista, na Avenida Paulis-
ta, às 15h40, embora apenas al-
gumas lojas do interior do local
já tivessem com as portas aber-
tas. Em nota, o shopping infor-

mou que abriu mais cedo para
lojistas e clientes a fim de evitar
aglomeração na entrada.
As filas para o acesso, no co-
meço da tarde, eram de menos
de dez pessoas, e a espera para a
entrada não chegava a durar um
minuto. Havia controle nos
acessos pela garagem. Lá den-
tro, os corredores estavam com
adesivos no chão para organi-
zar o fluxo de clientes e evitar
aglomerações, conforme reco-
mendam diretrizes sanitárias.
O movimento foi um pouco
maior no Shopping Center Nor-
te, na Vila Guilherme, zona nor-
te. Ali, os corredores estavam
cheios, mas poucas pessoas
com sacolas nas mãos. “Não es-
tava planejado a gente vir aqui.

Vi que o shopping ia reabrir, li
que teriam um esquema de lim-
peza e então decidimos pas-
sar”, contou a funcionária públi-
ca Monique Mello, de 37 anos,
que estava com a família no cen-
tro de compras. “A gente sem-
pre tem de ter um pouco de
preocupação, e não sei se vou
voltar”, disse, enquanto obser-
vava suas crianças correrem em
uma área de descanso.

Esvaziado. No Shopping Frei
Caneca, no centro, a movimen-
tação de clientes não era grande
por volta das 17h30. Seguranças
mediam a temperatura de
quem chegava e a entrada e saí-
da só eram permitidas por por-
tas diferentes. Quem fizesse o

caminho contrário em direção
à porta era orientado a seguir
pelo caminho adequado.
Também na entrada, funcio-
nárias limpavam os corrimãos
com álcool e orientavam clien-
tes a usar álcool em gel disponí-
vel. O mobiliário interno do es-
tabelecimento foi removido.
Nas lojas, funcionários nas por-
tas usavam máscaras e alguns
utilizavam face shields (prote-
tores que cobrem todo o rosto).
Em grandes redes de departa-
mentos, a entrada dos clientes
era controlada e algumas lojas
colocaram fitas na porta para
restringir a entrada e saída.
Para o administrador Eduar-
do Sousa, de 45 anos, foi “impac-
tante” ver funcionários do shop-

ping Iguatemi, na zona sul, com
máscaras acrílicas, oferta de ál-
cool em gel e controle de tempe-
ratura. “Estava preocupado se
haveria muita gente. Mas me
senti seguro.” Ele comprar pre-
sente para a companheira.
No Higienópolis, que em
uma das entradas instalou câ-
meras térmicas, o movimento
foi fraco, de acordo com lojis-
tas. Poucas pessoas nos corre-
dores e lojas vazias na primeira
tarde de retorno às atividades
No Bourbon, zona oeste, ha-
via fila só nos postos de atendi-
mento das empresas de telefo-
nia, com pessoas querendo re-
solver problemas de seus celu-
lares. Havia muitas lojas fecha-
das ainda.

Funcionários voltarão apenas em setembro


AGÊNCIA OPTA POR


TRABALHO EM CASA


Denise Luna / RIO


Quarenta shoppings abriram
ontem no Estado do Rio, uma
semana antes do previsto e
após quase três meses fechados
para conter o avanço da covid-
19, segundo a Associação Brasi-
leira de Shoppings Centers (A-
brasce), elevando para 385 o nú-
mero de estabelecimentos em
operação no País. Há 577.
O shopping Rio Sul, um dos
mais antigos da capital, na zona
sul, decidiu manter a previsão


de abrir apenas no dia 16, como
previsto. Outros muito frequen-
tados decidiram reabrir, como
Norte Shopping, Shopping Tiju-
ca e Nova América, na zona nor-
te, Botafogo Praia Shopping,
Shopping da Gávea e Shopping
Leblon, na sul, e Barra Shop-
ping, na oeste, entre outros.
Cercados de restrições e com
baixa frequência no primeiro
dia de operação, a retomada
dos shoppings é uma tentativa
de manter empregos e a sobrevi-
vência das lojas, que há 83 dias
tiveram de fechar por causa da
pandemia, avaliou o vice-presi-
dente Institucional da Multi-
plan, Vander Giordano.
Com a experiência em sete
shoppings já reabertos em ou-
tras cidades em maio, a Multi-
plan reabriu o Barra Shopping,

um dos maiores da cidade do
Rio, além do Village Mall e do
Park Shopping Campo Grande.
“Contratamos um infectolo-
gista e criamos protocolo pró-
prio, validado pelo Hospital Sí-
rio-Libanês, que inclui medidas
adicionais às determinadas pe-
la Prefeitura”, diz Giordano.
No Rio, os estacionamentos
estão restritos a um terço da ca-
pacidade e para entrar no shop-
ping é necessário medir a tem-
peratura e higienizar as mãos
com álcool em gel. Alguns ado-
taram tapetes para higieniza-
ção dos sapatos. Quem estiver
com temperatura acima de 37,
graus é proibido de entrar. Não
é permitido aglomerações.
“Redobramos os cuidados
com a higienização, e é impor-
tante que a população siga as re-

comendações de saúde para
manter as lojas abertas”, afir-
mou o executivo, informando
que para a reabertura foi neces-
sário investir na compra de más-
caras, luvas, bactericidas, filtro
para ar condicionado, câmeras

para aferir temperatura, treina-
mento, álcool em gel e em cam-
panhas educacionais.
De acordo com Giordano, o
fato de restaurantes, cinemas e
lanchonetes estarem fechadas,
garante a menor permanência

dos consumidores no local, o
que ajuda a manter o ambiente
saudável contra o vírus. “O tem-
po de permanência nos shop-
pings que era de 70 minutos
caiu para 28 minutos nos que
foram abertos antes (maio),
acho que aqui vai ser o mesmo”,
diz o executivo, que não cria
qualquer expectativa em rela-
ção à reabertura na véspera do
Dia dos Namorados. “O mo-
mento é delicado para a econo-
mia, a renda da população foi
abalada e o consumo está retraí-
do, não temos nenhuma expec-
tativa em relação à data”, diz.

Taxas. A Multiplan reduziu
aluguel (50% em março e 100%
em abril), isentou em 100% o
fundo de promoção (março e
abril) e em 50% no condomínio
(março e abril). “Se não nos
unirmos, o setor vai enfrentar
mais problemas do que já está
enfrentando”, avaliou.

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


No Rio de Janeiro, lojas adotam medidas recomendadas


Temperatura. Clientes são obrigados a fazer a medição

PARA SEGUIR

TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-11/6/

Um dos centros de compras abriu 20 minutos mais cedo, antes do


horário combinado com a Prefeitura; entrada de clientes é restrita


Isolamento

Vice-presidente da


Multiplan, Giordano


estima que permanência


dos clientes caia de


70 minutos para 28


l Horário de funcionamento
Os shoppings vão funcionar das
16 às 20 horas ou das 6h às 10
horas. Neste momento, a opera-
ção só é permitida durante qua-
tro horas por dia.

l Fora do pico
A negociação feita pela Prefeitu-
ra determina que os shoppings
não poderiam abrir e fechar nos
horários de pico do transporte
público (das 7h às 10h e das 17h
às 20h). O horário não bate com
o funcionamento do comércio de
rua (das 11h às 15h).

l Totalmente liberado
Supermercados, farmácias e la-
boratórios clínicos que ficam no
interior dos shoppings não preci-
sarão respeitar o limite de horas
e operar o dia todo.

l Protocolo sanitário do
governo estadual


  1. Distanciamento social: o fluxo
    de pessoas deve ser controlado
    já durante o acesso ao estabeleci-
    mento, sempre se limitando a
    20% da capacidade. Não se deve
    fazer promoções ou eventos para
    atrair clientes. É recomendado
    implantar corredores de fluxo
    unidirecional para coordenar a
    movimentação nas lojas.

  2. Higiene pessoal: o shopping
    deve disponibilizar álcool em gel
    70% para funcionários e clien-
    tes, especialmente nas entradas
    e balcões de pagamento. Cestas
    e sacolas devem ser higieniza-
    das. Uso de máscara e de outros
    equipamentos de proteção tam-
    bém são obrigatórios. Funcioná-
    rios devem ser convocados para
    lavagem periódica das mãos.
    Deve haver comunicado de pre-
    venção em escadas rolantes,
    elevadores e cancelas.


TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Na reabertura,


shoppings de SP


têm baixa procura


Passeio. Movimento no corredor do Shopping Iguatemi

Bourbon. Filas só
foram vistas nas
lojas de telefonia
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