O Estado de São Paulo (2020-06-12)

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H8 Especial SEXTA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Marcelo Lima


Estamos a poucas horas do jan-
tar do Dia dos Namorados. Este
ano, a comemoração naquele
restaurante especial ou a esca-
pada de última hora para aquele
destino secreto tiveram de ser
adiadas. Nada impede, no en-
tanto, que por tudo – e talvez
até por isso – a comemoração
seja igualmente inesquecível.
Com pratos que você pode ela-
borar (ou encomendar), e em
meio a um cenário que, mesmo
não sendo o imaginado, pode
ser tão romântico quanto. E, se
for o caso, desfrutado pelos
dois, ainda que à distância.
Montar uma linda mesa para
um jantar a dois em casa não
requer nenhuma fortuna, mas,
basicamente, inspiração. Sem-
pre é possível aproveitar os
utensílios, acessórios e ador-
nos que você tem em casa e rea-
presentá-los de forma criativa,
acrescentando seu toque pes-
soal à decoração. Claro que in-
gredientes como flores e velas
não podem faltar. Mas estes po-
dem ser encontrados com facili-
dade – e a bons preços – nas re-
des de supermercados.
No caso da consultora de esti-
lo Virgínia Lamarco, (@virginia-
lamarco), convidada pelo Esta-
dão para produzir uma mesa pa-
ra a data, tudo começou pela ob-
servação detalhada de uma em-
balagem térmica que um dia ela
recebeu, revestindo uma garra-
fas de champanhe. Decorado
com delicados desenhos de flo-
res e ramos, em tons de rosa,
branco e laranja, o objeto, que
ela conserva até hoje, a fez lem-
brar de uma antiga toalha de li-
nho, também rosa, mas pontua-
da por flores brancas, que ela
herdou da avó italiana.
“Penso que o clima românti-
co que envolve a data merece
ser vivido com toda a intensida-
de e até com um certo exagero,
se for o caso. O importante é
emocionar. Aliás, acho que é dis-
so que estamos precisando nos
últimos tempos”, comenta ela
que, com este objetivo em men-
te, não se furtou a imprimir
uma atmosfera levemente
clássica à decoração de sua me-
sa, mas nada muito formal.
“Acredito que a leveza da com-
posição começou pela escolha
do laranja como contraponto
ao rosa e ao branco. Apesar de
muito associados à data, o ver-
melho e os corações às vezes po-
dem pesar”, considera a consul-
tora, que reuniu pequenos ador-
nos decorativos, como peque-
nos pratos, talheres antigos e xí-
caras para compor uma mesa
em um estilo eclético, que ela
define como “retrô romântico”.
“Na hora de decorar para o
Dia dos Namorados, o segredo
está em caprichar nos detalhes.
Uma vez definido o clima, tudo
deve ser disposto de maneira su-
til, equilibrada, sem pressa”, de-
clara Virgínia, que, no lugar de
optar por um vaso central, resol-
veu trabalhar com jarras e poti-
nhos repletos de mini-rosas, po-
sicionados em pontos estratégi-
cos. “Todos baixos, para não
atrapalhar a conversa”, diz.
“Imaginei a mesa como um
grande jardim. Assim, flores,
pássaros e borboletas apare-
cem nos pratos, potes e acessó-


rios. Nos castiçais, que é um
item que não pode faltar, mistu-
rei velas rosas e verdes, assim
como os guardanapos, que alter-
nam branco e rosa, e aparecem
envoltos em uma flor de papel
crepom, na cor salmão.
Por fim, um móbile feito de
rosas mais robustas, suspensas
por fios de náilon, arremata a
composição. “Sempre é válido
investir em um belo centro de
mesa para criar um clima. Mas

ele não precisa ser tradicional”,
comenta. “Este foi superfácil de
fazer. Amarrei as hastes com os
fios e prendi com fita adesiva
transparente. Só tomei o cuida-
do de regular bem a altura para
não atrapalhar a troca de olha-
res entre o casal.”
Suave e romântica, e com to-
dos os itens – louças, talheres,
souplats, guardanapos e toalhas


  • em seus devidos lugares, a me-
    sa elaborada por Virgínia tem tu-


do para agradar àqueles que so-
nham com um jantar à luz de
vela, no melhor estilo felizes pa-
ra sempre. Algumas dicas são ca-
pazes de tornar sua noite memo-
rável, seja qual for o estilo da co-
memoração. A seguir:

Local. Além da sala de jantar,
sua mesa, em qualquer escala,
pode fazer bonito na varanda,
na copa, na cozinha ou até na
mesinha de centro da sala. Se a

ideia for um jantar mais descon-
traído, experimente utilizá-la
como apoio, substituindo as ca-
deiras por almofadas.

Cores e símbolos. Quando pen-
samos em Dia dos Namorados,
o vermelho e os corações são
nossas principais referências.
Os dois, normalmente associa-
dos ao amor ou a paixão, podem
estar presentes nas louças, nas
flores, nos guardanapos. Mas
considere também outras op-
ções, como o ro-
sa e o laranja,
além de flores,
pássaros e notas
musicais.

Flores. São es-
senciais na mon-
tagem de qual-
quer mesa, pois, além de belas,
oferecem múltiplas possibilida-
des decorativas, podendo ser
usada tanto nos vasos, quanto
sobre os pratos, arrematando a
dobradura dos guardanapos. Pé-
talas de rosas, por si só, já for-
mam um lindo centro de mesa
em meio a velas e castiçais, mas
existem espécies que também
sugerem vínculos afetivos, co-
mo as tulipas e as astromélias.

Velas. Garantem a atmosfera
romântica e intimista necessá-
ria a um jantar a dois. Disponí-

veis nos mais diversos tama-
nhos e formatos, e utilizadas
com ou sem castiçais, elas po-
dem ser encontradas hoje, inclu-
sive, empregando lâmpadas
LED, que garantem uma ilumi-
nação sem riscos. No caso de ve-
las tradicionais, procure apenas
evitar as versões com cheiro:
elas podem interferir no aroma
da comida a ser servida.

Toque pessoal. Por fim, vale
personalizar sua mesa com obje-
tos que tenham
um significado es-
pecial para os
dois, tais como fo-
tos, mensagens,
lembrancinhas.
E, claro, não des-
cuide da playlist.
A música tem o
poder de invocar as melhores
memórias do casal.

ONDE ENCONTRAR: Serviços de
jantar e café: Porcelana Real by
Schmidt, da @larakasashop; potes
e colheres de café de porcelana,
prato em formato de coração, casti-
çais e copos canelados, da Divino
Espaço, @divinoespacodecor; pra-
tos de sobremesa descartáveis, ta-
lheres dourados com cabos bran-
cos e guardanapos de papel, da Ri-
ca Festa, @ricafesta; velas, Yara
Velas, @yaravelas; rosas e mini-ro-
sas, Uemura @uemuraflores.

casa


Antena


MESA ROMÂNTICA


PARA O JANTAR A DOIS


M


esmo diante de tantas res-
trições, se há algo que a ex-
periência de se isolar nos
ensinou foi o quanto pode ser saudá-
vel ampliar nosso contato com a na-
tureza. Tomados quase como man-
tras, abrir a casa para fora e aprovei-
tar qualquer espaço disponível para
criar um canto verde – seja qual for
seu tamanho ou proposta – são te-
mas que entraram na pauta de toda
e qualquer reforma. E o que não fal-
tam são razões para isso.
Aparentemente sem volta, a gui-
nada para o mundo digital colocou a
questão em outra dimensão. Em es-
pecial no meio urbano, olhar para

além das telas de nossas TVs, computa-
dores e smartphones se transformou
em um desejo quase físico. Assim co-
mo desfrutar de pequenos oásis em
nossas casas: lugares onde a natureza
pode reinar soberana e nós possamos,
enfim, nos sentir, ao menos por algu-
mas horas, distantes da tecnologia.
Sejamos sinceros. Por mais estra-
nho que pareça, o fato de morarmos
em um país tropical nem sempre nos
motivou a morar de maneira mais ver-
de. Sempre consideramos a natureza
um bem à nossa disposição, permanen-
temente ao alcance das nossas mãos,
ou ao menos dos nossos olhos. O isola-
mento, porém, nos colocou diante de

uma nova realidade. Aprendemos, a du-
ras penas, que a simples contemplação
das plantas não apenas enriquece a de-
coração, mas ajuda a reduzir nossa an-
siedade e, consequentemente, melho-
ra nossas condições de bem-estar.
Para tanto, ninguém precisa ser um
especialista em biofilia – hipótese ado-
tada em 1984 pelo biólogo norte-ameri-
cano Edward O. Wilson, que defende a
ideia de que os humanos estão visceral-
mente destinados a se sentir em comu-
nhão com o mundo natural. Hoje esta-
mos mais informados e conscientes
dos nomes e virtudes das plantas. As-
sim como mais atentos a qualquer can-
to subutilizado na casa, com algum po-
tencial de se transformar em nossa pe-
quena reserva ecológica.
Para muito além das samambaias e
suculentas, a própria ideia de associar
plantas e decoração mudou radical-

mente. A compulsão biofílica está
incorporando até pequenas árvores
aos interiores, dentro de uma estéti-
ca que combina espécies de manei-
ra aleatória, ou, em outras palavras,
o mais próximo possível do natural.
Atentas ao movimento, claro, em-
presas de todo o mundo já planejam
um futuro pós-pandemia, no qual o
mundo vegetal estará, direta ou indi-
retamente, associado a seus produ-
tos. Caso da catalã Nanimarquina,
que desenvolve tapetes de luxo,
mas para uso externo, a partir de téc-
nicas ancestrais e fibras ultramoder-
nas e resistentes. “Nossa coleção
surgiu do desejo de transferir o ca-
lor dos interiores para o meio exter-
no”, explica Nani Marquina, desig-
ner e fundadora da marca. “Afinal,
essa distinção, entre dentro e fora,
só tende mesmo a se diluir.”

MARCELO LIMA
ESCREVE QUINZENALMENTE

l]


NÃO É PRECISO USAR

VERMELHO E
CORAÇÕES PARA

EVOCAR O AMOR

À LUZ


DE VELAS


RIMA CASA

FOTOS: VÍRGINIA LAMARCO
Delicadeza.
À esq.,
centro
de mesa
formado
por rosas
suspensas;
à dir, flores
de papel
crepom
sobre
cada prato

Design.Tapetes em áreas externas

Luz.
Candelabro
rodeado por
potes
repletos de
mini-rosas;
ao fundo, a
embalagem
térmica que
inspirou a
montagem
da mesa

Meu canto verde


Flores, velas e inspiração são itens que não podem


faltar na montagem da mesa para o Dia dos Namorados

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