Estado de Minas (2020-06-12)

(Antfer) #1

  1. ESTADO DE MINAS () Sexta-feira,^12 junhode^2020 .3


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20

20

OPASSADO


ÉPRESENTE


Devoltaàslistasdosmaisvendidos,opesadelo


distópicodeGeorgeOrwellressurgecomoacenodo


poderexecutivobrasileiroaototalitarismoeà


tentativademudançanosdadosoficiaiscomofazo


MinistériodaVerdadeimaginadopeloescritor


“SÃOMUITOSOSSIGNOSDE 1984 QUESÃOVISÍVEISDOBRASIL
DEHOJE:APOLARIZAÇÃOCOMOMECANISMODEPODERPELO
PODER;OHORRORÀINTELIGÊNCIA;OSMINISTÉRIOSDA
EDUCAÇÃOQUEDESEDUCA, OUDAVERDADEENCARREGADOS
DAPROPAGAÇÃODAMENTIRA,SEMPRECOMARETÓRICADA
VIOLÊNCIA;OESPÍRITODAPERSEGUIÇÃOEAESTUPIDEZCOMO
VALOR;AVOLÚPIADAIGNORÂNCIAEAGUERRAPERMANENTE.
AFICÇÃODEORWELLPERMANECEPODEROSA.”
CRISTOVÃOTEZZA,ESCRITOR

mfantasmaassombraomundoe, emparticular,as
Américas.Contrabandeado,rondaoBrasil.Emprincípio,
insinuava-se;paralogorevelar-seostensivamente,em
passosaceleradosaoencontrodadistopiaorwelliana. Es-
tadodeguerrapermanente contrao“inimigointerno”e
externo,fiscalizaçãoconstantedoindivíduoedegru-
posoposicionistas,crescente militarizaçãodasocieda-
deedapolítica,redesdoódioparaapromoçãodelin-
chamentosvirtuaisemobilizaçãodasbasesacríticas
contravelhosenovosadversários.Apologiaàtortura
eaostorturadores;enxurradasdefakenewsemmulti-
plicidadedeversõesdahistória edosfatos,detalfor-
maque,emmeioaocaosinformacional,torna-sedifí-
cildiferenciaraverdadeobjetivadamentira.Cultoà
violência,aoarmamentismo,aonegacionismoeàig-
norância.Desprezopeloconhecimentoepelaciência.
Mudançasnacontagemdemortosdamaiorpandemia
dahistória,enfrentadapelopaís. Éoreinodadissonân-
ciacognitiva.Algumasemelhançaaoenredode 1984 ,
umdosclássicosdeGeorgeOrwellmais marcantesdo
século20?
Maisdesetentaanosdepoisdapublicação,oscon-
textoshistóricossãocompletamentediferentes.Mas
1984 –relançadopelaCompanhiadasLetrasemedição
comprojetográficodiferenciadoetextosdeensaístas
consagrados,–segueatualíssimo.GeorgeOrwell,que
morreuaos 46 anosem1950,muitopobreeemcondi-
çõesdesaúdeprecárias,éaquelequemais somouem
vendasnoséculo20,posiçãoparaaqualretornainsis-
tentemente:acabadevoltaràslistasdoslivrosmais
vendidosnoBrasil.Empermanente guerrainternaeex-
terna, sãoestadosqueseconstroemnosmoldesdoro-
teiroanunciadoemOceânia,sobcomandodoGrande
Irmão:“Guerraépaz;Liberdadeéescravidão;Ignorân-
ciaéforça”.Comose chegalá? Comotaistiraniasse con-
solidam,emqueideologiassesustentam,eisapergun-
ta perseguidaporOrwellem 1984 eemoutrasobras,co-
moArevoluçãodosbichoseoensaioApolíticaealín-
guainglesa.
Aomoldarpensamentoseimpulsionarparaaação,
alinguagemganhapapelcentralnaobradeOrwell.Eé
precisamente pormeiodamanipulaçãodalíngua,–pa-
lavrassãoditasparaenfraquecersignificadosecorrom-
perideias,parabanalizaromal,descompromissando-se
comadignidadehumana–queseestabelecemasfun-
daçõesdoestadototalitário.Éassimqueos“Camposde
Lazer”,são,emverdade,camposdeconcentraçãoparao
trabalhoforçado.Éno“Ministério doAmor”ondeprisio-
neirosdoregimesãodetidosetorturados.Eéno“Minis-
tério daPaz”ondeaguerrapermanenteéurdida.Toda
essaambiguidadeconduzao“duplipensamento”,uma
confusãomentalparalisante.Pelamanipulaçãodefatos
eestatísticasporpartedoMinistério daVe rdade,asrea-
lidadesparalelassãoconstruídas;imperaorevisionismo
históricopermanente,destruindoamemória easrefe-
rênciasfáticas.EmOceânia,opassadoémutante.Tais são
osfundamentosparaapromoçãodadissonância cogni-
tivacoletiva,condiçãonecessária àsubmissãoconsenti-
daaolídereaoestadoopressor.
“Sãomuitosossignosde 1984 quesãovisíveisdo
Brasildehoje:apolarizaçãocomomecanismodepo-
derpelopoder;ohorroràinteligência;osministérios
daeducaçãoquedeseduca,oudaverdadeencarregados
dapropagaçãodamentira,semprecomaretóricada
violência;oespíritodaperseguiçãoeaestupidezcomo
valor;avolúpiadaignorância eaguerrapermanente.A
ficçãodeOrwellpermanecepoderosa”,avaliaoroman-
cistaCristovãoTezza,autordelivroscomoAtiraniado
amoreOfilhoeterno.“Orwelléumadasfigurasmais
fantásticasdaculturadoséculo20.Viveuintensamen-
te aturbulência doseutempo,daguerracivilespanho-
la àSegundaGuerraMundial.NascidonaÍndia,viua
Europanaperspectivadacolônia.E, comodesprendi-
mentodossantos,viveuduranteumtempopratica-
mente comoummendigo.Sobtodasastentaçõesideo-
lógicasdomomentohistóricoqueviveu, enãoeram
poucas, manteveintactoumolharsobreadignidade
humanaquelhepermitiuchegaraomiolodoespírito
totalitário edosmecanismosdopoder,emduasobras
queparecemnuncaperderatualidade:Arevoluçãodos
bichose 1984 ”,consideraTezza.“A atualidadedaobraes-
tánofatodequeasombratotalitária nuncaseapaga:

elaestásempreaolado.Ehásemprealguémdispostoa
abraçá-la,porqueomemória dosensinamentosdaHis-
tória nãoégarantiadenadaseoprocessocivilizadorse
esfarela”,diz.

Averdadereeditada


EmOceânia,averdadeépermanentemente mutila-
da.Ereeditada.Fato eficçãose misturam,impossível di-
ferenciá-los.Mentesecorposcontroladosemtempoin-
tegral,mesmonaintimidadedolar,ondeateletelaatu-
dovêeouve. Ousarse rebelarfaceatamanhatiraniasig-
nificaapenademorte,expedidapelaPolícia dasIdeias.
Osmomentoscatárticossãocuidadosamente dirigidos
aosvelhosenovos“inimigos”deestado,queserebela-
ramcontraatirania.Algunsex-aliadosdoregimesãolin-
chadosemexibiçõespúblicasdiárias,denominadas
“Doisminutosdeódio”.Emguinchosestridentes,aber-
raria raivosatransbordacontraos“escolhidos”davez.
Quaseemespécie dehipnose,osindivíduossetornam
afeitosaocontroleeàopressãoestatal:estãocompleta-
mente dependentesdasdefiniçõesenarrativasvalorati-
vasdoGrandeIrmão,omessias,queconstróirealidade
àmargemdarealidade,paraqueahordacultivadadeig-
norantespasseaaceitaroinaceitável,orepugnante,
aquiloqueofendeavidaeadignidadehumana.
“OquetemoshojenoBrasiléum 1984 emsegunda
mão,umaleituraafastadadarealidade,semqualquer
empatia,focadanadestruiçãodooutro,nosentidocole-
tivo.Nemoriginal é, poisestedaqui(Bolsonaro)filtrade
lá,doamericano(Trump),edáospassosparatentarim-
plantarumaversãotupiniquimdeestadototalitário”,
avaliaJúlioJeha,professortitularaposentadodeestudos
literáriosdaUFMG,especializadoemliteraturadelíngua
inglesa.“Estamosvivendo1984,sim,nosentidodese
construirosfundamentosparaoestadoautoritário,uma
ditaduratupiniquimporpessoasdivorciadasdarealida-
de.Criaramos 300 deEsparta,masnasfotosnãohá 30
pessoas.Ondeestãoos300?”,critica.
Emanalogiaàlinguagemficcionalchamadapor
Orwelldenovilíngua–ounovafala–desenvolvidapelo
estadoautoritário pararestringiroescopodopensamen-
toeapartaroindivíduodacapacidadedaempatia,Júlio
Jehaassinaladiversosexemplos:“A constante citaçãobí-
blica‘E conhecereisaverdadeeaverdadevoslibertará’
,cumpreafunçãodanovilíngua.Soacomoumdeboche
se quemfala,sódizmentiras.Ogabinetedeódio,afábri-
ca defakenewsparacriarrealidadesparalelaseatacarad-
versários,éocontrário detudooqueseprega”,conside-
ra JúlioJeha.“Damesmaformaobordãodaameaçado
comunismo,aideiadequeapopulaçãoarmadajamais
seráescravizada.Háváriostiposdeescravidão.Essesse-
guidoressãoescravosmentais,ideológicos,nãotêmsen-
socrítico”,afirmaoprofessor,considerandoque,em
Orwell,anovilínguaéelaboradapelosdetentoresdopo-
der,paraimpediraexpressãodeopiniõescontráriasao
regime,paraconformar opensamentoeimpediraação
política.
ParaMarceloPen,professorDoutoremteoria literá-
riaeliteraturacomparada(USP),quefazaapresentação
danovaediçãopelaCompanhiadasLetrasde1984,aNo-
vafalarepresenta,pormeiodoempobrecimentodalin-
guagem,aperdadacapacidadeparaareflexãoeparaa
açãorevolucionária.“Alinguagemmoldaoser humano,
mastambémpodeservircomomecanismodeopressão
econtrole. OfilósofojudeuVictorKlempererétestemu-
nha-chavedesseprocesso.Suahistória éfantástica,tam-
bémporquesobreviveuaoReichmorandoemDresden,
naAlemanha, tendoconseguidonãoserenviadoaos
camposdeconcentração”,consideraPen.“Emseusdiá-
rios,elemostracomoamanipulaçãodalinguagemeo
seurebaixamento contribuíramparainstilaraideologia
nazista,comosefossevenenoministradoemdosesmi-
núsculas”,afirma, lembrandoque,poroutrolado,1984,
quetambémtrata doriscodadegradaçãodalinguagem,
sugereaindaqueasgrandesobrasdopensamentoeda
imaginação,comoasliterárias,têmacapacidadedere-
sistiraessamanipulação.“Sugerequeafasefinal dado-
minaçãonãolograêxitoporcausadessaresistência.É
umamensagembonita,muitosutil,quaseinvisível no
romance,querestauraumpoucodaconfiançanahuma-
nidade”,assinala.

N


BERTHAMAAKAROUN


●● 1984
●●De George Orwell
●●TraduçãodeAlexandreHubner
eHeloísa Jahn.
●●ApresentaçãodeMarcelo Pen.
●●408 páginas
●●R$ 119,90

MARCELOPEN


(DOUTOREMTEORIALITERÁRIAELITERATURACOMPARADA PELAUSP)

Que tipo de analogiasodistópicoclás-
sicodaliteraturainglesa1984,deGeor-
ge Orwell, suscitaquandose observa,
neste 2020,ogoverno brasileiro?
Devemoslembrarque 1984 éumro-
mance,umaobradeficção,nãoumtra-
tadonemumensaio,e,nestesentido,
estásujeitoainstabilidadesprópriasde
suafaturaliterária eseencontraenrai-
zadonumcontextohistóricoepolítico
específico,queprecisasercompreen-
dido.Senãotomarmosessecuidado,
corremosoriscodeabonar leiturasque
deturpamoespíritodaobraoudeseu
autor,comoaqueprocuraramimpor
ogovernoepartedamídiaamericana
nosanos 1950 e1960.Sabe-sequeaCIA,
porexemplo,financiousecretamente
versõesde 1984 edaRevoluçãodosbi-
chos,comoobjetivodeveicularuma
ideologiadeturpada.Levando-seares-
salvaemconsideração,creioquepode-
mosafirmar comsegurançaqueaobra
deOrwellvemàmentesempreque
umgovernoouumaparceladapopu-
laçãoflertacomototalitarismo,acena
paraasubstituiçãodoestadodemocrá-
ticopeloregimedoterror,oquepres-
supõetambémofimdaideiadeliber-
dadeindividual.Háumapassagemno
livrodeHannahArendt,Origensdoto-
talitarismo,que,paramim,ecoatanto
oromancequantooquevivemosho-
je.Otrechodizmais oumenosqueo
jugototalitário pressupõeprepararo
indivíduoparaexerceropapeldeao
mesmotempovítimaecarrasco.Para
esseindivíduo,dispostoadenunciaro
vizinho,amatar emorrer(emtempos
depandemia,nãopoderia soarmais
exato)emnomedafiguradeumco-
mandante supremo,jánãoexistedis-
tinçãoentrefatoeficçãoeentre over-
dadeiroeofalso.Esseestadodecoisas
nãoocorresónoBrasil,emboraaqui
naturalmenteadquirafisionomiae
funcionamentopróprios,masemvá-
rias partesdomundo,nosEstadosUni-
dos,naHungria,naÍndia,nasFilipinas,
entreoutros,ondeoultraliberalismo
globalizado,encabeçadoporumpu-
nhadodeultrarricos,conseguemani-
pularasmassascomamparodamo-
dernatecnologiaeletrônica.Trata-sede
ummomentomuitoperigosodaHis-
tória;nãoéexatamente omesmoque
vemestampadonoromance,maspen-
soqueestejalá insinuado,nasfiligra-
nasenasinstabilidadesqueeumen-
cioneinoinício.

Em meioàpandemiaque já matou
mais de 400 mil pessoasno mundoe,
só no Brasil,antes de atingir opicoda
disseminaçãodadoença,as mortes já
passamde 35 mil, oMinistérioda
Saúdeanunciouaalteraçãodaforma
de divulgaçãodos números de óbitos
em nossopaís. Algumasemelhança
ao Ministérioda Verdade, que edita
permanentemente fatosdopassadoe
do presente?
Comosabemos,oMinistério daVe rda-
dese ocupanoromancedamanipula-
çãoedeturpaçãodosfatos.Cuidade
falsearaHistória.Comisso,aomesmo
tempoaanula, pelaconstante abolição
eadulteraçãodosacontecimentos,ea
exacerba,poisatransformaemfonte
privilegiadadaideologiadopoderdo-
minante.Semdúvida,essaéumadas
dimensõesdoestadototalitário deque
estamosfalando,queimplicaaindis-
tinçãoentreoverdadeiroeofalso.Os
dados,como,noseuexemplo,onúme-
rodeinfectadosoudemortospelaCo-
vid,nãoapenas poderiampassarcomo
verdadeiros,comosetransformamna
verdade.Émuitograve.VejaqueOrwe-
ll associa essadeturpaçãoàtecnologia,
aindaqueelahojenospareçarudi-
mentarconformedescrita noroman-
ce.Maséatecnologiaqueforneceos
meiosparaessaadulteração,umpou-
cocomoatecnologiaeletrônicaatualé

auxiliarimportantíssimonapromo-
çãodegovernantesdespóticosetirâni-
cos,comseuelogioàignorânciaeà
barbárie,pormeio,porexemplo,das
fakenews.

Nãoapenasno caso recentedos dados
da Covid-19,mas algunsministros do
governo Bolsonarofazem coro como
movimento internacionalde extrema
direita-aalt-right–emquearealidade
factual eobjetivaépermanentemente
editadaemanipulada.Além disso,há
um estado permanente de guerra,
ameaçasautoritáriasdirigidaspelopre-
sidente Bolsonaroàsociedadeeaos
“inimigosinternos”–ouseja,todosque
ousamcriticarogoverno.Osr. imagi-
nou viver tal distopia no século21?
Nunca!Eaindaemmeioaumapande-
mia,quandoarazãoeobom-senso
mostramqueosestadosdemocráticos,
debem-estarsocial,sãoosmais bem
equipadosparalidarcomacrise epro-
tegerseuscidadãos.Vocêtemrazãode
falardaideologiaglobalizadadaalt-ri-
ght. Elaéperfeitaparaprotegeressa
meiadúziadeultramilionárioseseu
absolutodescasocomoscidadãos,os
trabalhadores,ooutro.Aéticaregressa
aopatamar baixíssimodaépocadaas-
censãodonazismo,quandoofilósofo
WalterBenjaminfamosamenteafir-
mouqueasaçõesdaexperiência mo-
raleramdesmentidaspelosgovernan-
tes.Benjaminescreveuissonadécada
emqueOrwellfoilutarnaGuerraCivil
Espanhola,episódioqueacendeuno
escritorsuarepulsaaototalitarismo.
Talvezsejaprecisoexperimentaralgo
doqueeles viveramparaentenderaté
amedulaoquequiseramdizer.Nunca
paramimficoumais evidentecomo
hojeaperversidadedessetipodecapi-
talismo,queliteralmente condenami-
lharesàmorteemnomedolucrode
poucos.Muitosvãoparaoabatedouro
porquenãotêmopção,masoutros
porqueachamqueéocerto.Nãoes-
queçamos.Preparadosparaexercero
papeldevítimaoucarrasco.

Quandoescreveu 1984 ,Orwell discutia
aquestãodocontrole do Estado totali-
tário sobreocidadão.Hoje, contudo,
alémdaespionagemindividualizadade
organismoscomo aNational Security
Agency (NSA) sobreoscidadãosdo pla-
neta,temostambémumacertavigilân-
cia socialpermanentemente exposta
nas redes sociais.Écomo se cada indi-
víduo tivesse se tornadoum Grande Ir-
mão. Odireitoàprivacidadese tornou
hoje uma utopia?
Parece-mequeOrwellestavamais in-
teressadoemdefenderodireitoàliber-
dadeindividual,umaconquistahistó-
rica queelequeria verestendidaatoda
apopulação,incluindoosmais pobres.
Ve ja queOrwelldefendiaaredistribui-
çãooulimitaçãoderenda, preconizan-
doqueadiferençamáximadeganhos
entreosmais ricosemaispobresfosse
nomáximode 10 para1. Delá paracá a
situaçãosópiorou.Noanopassado,a
fortunacombinadados 26 mais ricos
domundo,de$1.4trilhão,correspon-
deuàrendatotalde3,8bilhõesdaspes-
soasmais pobres,segundorelatório da
OxfamInternacional,queconcluiu
queosmais ricosnuncaforamtãori-
cos.Éassustador.Paraquearedistri-
buiçãoocorresse,Orwelldiziaqueseria
precisoumamudançaradical,tirando
opoderdasmãosdaclassedominante.
Eleprojetavaumaaçãorevolucionária.
Nãose sustenta,portanto,nemporum
segundo,aintençãodeconservadores
oudaextremadireitadeusar 1984 pa-
radefenderoempreendedorismoeo
americanwayoflife.Noentanto,con-
cordocomvocê queoembaralhamen-
toentreasesferaspúblicaeprivadaé
algoqueestamosvivendoequeencon-
trarespaldonassituaçõesdescritaspe-
lo romance.

‘‘TRATA-SEDEUMMOMENTO


MUITOPERIGOSODAHISTÓRIA’’

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