O Estado de São Paulo (2020-06-13)

(Antfer) #1

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A2 Espaçoaberto SÁBADO, 13 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO






O chinês Xin Wang foi detido
em 7 de junho antes de embar-
car em um voo para Tianjin,
na China, segundo um comu-
nicado conjunto da Procura-
doria Federal e do escritório
local do FBI. Wang entrou nos
Estados Unidos em março do
ano passado, fazendo-se pas-
sar por um pesquisador médi-


co interessado em trabalhar
na Universidade da Califórnia
em São Francisco. No entan-
to, quando interrogado pelas
autoridades da fronteira no ae-
roporto, Wang disse ser um
oficial do Exército de Liberta-
ção do Povo Chinês.

http://www.estadao.com.br/e/espionagem

T


ranscorreu em 18 de
maio passado o cente-
nário de nascimento
do papa São João Paulo II. Na
sua Polônia natal, em Roma e
em muitos outros lugares do
mundo, seu centenário foi
marcado por comemorações
para lembrar a sua vida, sua
atuação e seu legado para a
Igreja Católica e para a huma-
nidade. De alguma forma, o
“papa que veio de longe” se
tornou próximo de todos os
que o conheceram.
Na sua eleição, em 1978,
poucos tinham ouvido falar
do cardeal Karol Wojtila, de
Cracóvia, na Polônia. Eu era
então um jovem sacerdote e
me recordo de que meu bis-
po, já falecido, comentou com
satisfação que tinha uma lem-
brança da atuação do jovem
bispo polonês Wojtila duran-
te o Concílio Vaticano II, com
o qual ele havia participado
de um mesmo grupo de traba-
lho. Mais tarde vim a saber
que esse jovem bispo polonês
participara ativamente da ela-
boração da Constituição Pas-
toral Gaudium et Spes, um dos
documentos mais marcantes
daquele concílio.
Sua eleição para o pontifica-
do trouxe ares de novidade e
esperança para a Igreja. De-
pois de um longo período de
papas de origem italiana, a
eleição do papa polonês pôs
novamente em evidência a
universalidade da Igreja e a
abertura de sua missão a to-
das as nações, todos os povos,
línguas e culturas. Ainda
mais: o novo papa vinha de
um país que vivia a experiên-
cia do regime comunista so-
viético. Sua eleição não pode-
ria ser insignificante para a po-
lítica internacional, pois tra-
zia um elemento novo e sur-
preendente, que fazia pensar
logo em possíveis mudanças
nas relações entre os blocos
comunista e capitalista. E não
se enganou quem pensou as-
sim, pois a atuação de João
Paulo II foi importante para
as mudanças no mundo socia-
lista e comunista, que não de-
moraram a se manifestar.
Para muitos, São João Pau-

lo II foi um papa político e
não se pode negar isso. De fa-
to, cabe ao papa exercer esse
papel no seu significado mais
elevado de promoção do bem
comum, da justiça e da paz. O
papa polonês empenhou-se
na promoção do diálogo com
os governantes e responsá-
veis pelos organismos inter-
nacionais, clamou pela supe-
ração dos conflitos e pela pro-
moção da paz justa, pelo res-
peito à dignidade da pessoa
humana e aos seus direitos
fundamentais. Empenhou-se
no estabelecimento de uma
ordem econômica e financei-
ra internacional justa, que ti-
vesse o homem como centro,
conforme aparece nos seus
documentos sociais e pronun-
ciamentos diante de autorida-
des e organismos internacio-
nais. Promoveu a solidarieda-
de entre os povos e culturas,

a superação da miséria e da
fome, o respeito pelas cultu-
ras dos povos, o diálogo entre
os cristãos e com as diversas
religiões.
Tudo isso, certamente, tem
um peso político relevante e
o reconhecimento da autori-
dade moral do papa apareceu
de maneira eloquente no seu
funeral, em abril de 2005. Na
Praça de São Pedro, no espa-
ço reservado às autoridades e
representações internacio-
nais, estavam presentes, ou re-
presentados, chefes de Esta-
do e de governo da maioria
dos países. Lado a lado, viam-
se governantes de países an-
tes em guerra entre si e que al-
cançaram a paz graças à ação
diplomática do papa falecido.
Até chefes de países ainda em
conflito sentaram-se próxi-
mos na cena do funeral, pres-
tando reconhecimento e ho-
menagem ao pontífice que
muito contribuiu para a convi-
vência pacífica da grande fa-
mília humana.
O longo pontificado de

João Paulo II, de quase 27
anos, foi especialmente signi-
ficativo para a vida da Igreja e
lhe deixou um legado imenso.
Coube-lhe levar avante a re-
forma e a renovação da Igre-
ja, já iniciada por Paulo VI,
conforme decisões do Concí-
lio Vaticano II. E o fez com
grande determinação e fruto,
apesar da fase difícil que a
Igreja atravessava. As refor-
mas envolveram os mais di-
versos aspectos da vida e da
missão da Igreja. Fez publicar
o novo Código de Direito Ca-
nônico e o Catecismo da Igre-
ja, consolidou a reforma li-
túrgica, deu novas diretrizes
à formação do clero e dos reli-
giosos, incentivou os leigos
católicos a assumirem seu pa-
pel na Igreja e na sociedade.
Incentivou os jovens e as fa-
mílias, promoveu uma nova
ação missionária, valorizou a
ação da Igreja nos meios de
comunicação, promoveu o
diálogo ecumênico com as ou-
tras igrejas e comunidades
cristãs, valorizou o diálogo e
a colaboração com as reli-
giões não cristãs em prol da
paz e da dignidade humana.
Enfrentou as difíceis ques-
tões morais da atualidade, co-
mo o respeito à vida humana,
as diversas formas de injusti-
ça e violência, as ideologias
promotoras da violência, a mi-
séria desumana, o comércio
sujo das drogas, a exploração
vil das pessoas em função de
lucro, o escândalo da fome e
das desigualdades absurdas
entre ricos e pobres na comu-
nidade humana.
A História dará seu julga-
mento sobre a importância de
João Paulo II para a Igreja e a
humanidade. Desde logo, po-
rém, podemos afirmar sem
medo de errar que ele passou
à História como um dos maio-
res pontífices que a Igreja te-
ve em sua história quase bimi-
lenar. Que ele, junto de Deus,
continue a olhar pela Igreja e
pela humanidade, que enfren-
tam novos e antigos desafios.

]
CARDEAL-ARCEBISPO
DE SÃO PAULO

Preparador físico usou qua-
rentena para colocar o sér-
vio Nikola Jokic em forma.

http://www.estadao.com.br/e/nba

INTERNACIONAL


EUA prendem suposto espião chinês


Agentes apreendem 65 litros
de destilados, 44 garrafas e
100 latas de cerveja e 24 gar-
rafas de energético, além de
100 maços de cigarros.

http://www.estadao.com.br/e/rave

l“É muito triste, mas é a realidade que vivemos aqui no Brasil. Hoje é
só Deus para ter misericórdia de todos nós brasileiros!”
LUCILENY FREITAS

l“A crise econômica também traz mortes e desespero.”
LEA MOHALLEM

l“O problema nunca foi quem passa fome, mas o próprio umbigo! A
última coisa com que essas pessoas se preocupam é com os pobres!”
THAIS SOUSA

l“Quem quiser morrer de fome, de tédio, de depressão fica em ca-
sa para sempre. Quem quer viver saia e se proteja. A vida é para os
corajosos.”
ROSE GODOY

INTERAÇÕES

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA
MEMBROS
FERNANDO C. MESQUITA
FERNÃO LARA MESQUITA
FRANCISCO MESQUITA NETO
GETULIO LUIZ DE ALENCAR
JÚLIO CÉSAR MESQUITA

SOROCABA
Fiscalização flagra
rave com 700 pessoas

Atacante brasileiro é o joga-
dor que mais movimentou
dinheiro em mudança de
clube no mundo. Lista in-
clui CR7 e Ibrahimovic.

http://www.estadao.com.br/e/neymar

REUTERS

Espaço Aberto


C


omeço a escrever estas
linhas relembrando a
canção que afirma ser
“sempre bom lembrar coisas pas-
sadas”. A superposição do pas-
sado e do presente leva-me de
repente ao Itamarati, que lá es-
tava, na Rua José Bonifácio
270, desde os anos 40! O res-
taurante que encantou minha
juventude e me emociona
sem parar estará inserido no
meu futuro. O tempo não exis-
te, em razão do que estive-
mos, estamos, estaremos to-
dos eternamente juntos.
Ponho-me a escrevê-las, de
um lado, porque desejo liber-
tar-me da aflição que suporto
por conta da superposição en-
tre afirmações de políticos
membros da “corona” e a epi-
demia do coronavírus. Os pri-
meiros, a gritar que a saúde
não vale nada – em latim, sa-
nitas tua potius nulla erit. A
pandemia de covid-19 seria,
para eles, mera ficção! De ou-
tro lado, escrevo-as, estas li-
nhas, transtornado pelo que
leio num texto do José Rogé-
rio Cruz e Tucci – Sinal dos
tempos: o apagar das luzes do
velho Itamarati – dando notí-
cia do fechamento do nosso
Itamarati.
Vencendo o tempo volto a
lá estar com amigos que ain-
da por aqui estão e alguns que
já se foram para o Céu. Mi-
chel Temer, Sergio e Renato
Mange, Edmur Andrade Nu-
nes Pereira Neto, Erasmo Va-
ladão Novaes França, Luiz An-
tônio Sampaio Gouveia, Luiz
Eduardo Lopes da Silva, Eras-
mo de Boer, Luiz Antônio Fer-
reira de Castilho, José Rogé-
rio et caterva.
Retorno inopinadamente ao
tempo em que, ainda estudan-
te, trabalhei no escritório dos
inesquecíveis José Bueno de
Aguiar e Duarte Vaz Pacheco
do Canto e Castro. Cabia-me
diariamente ir ao Fórum da
Praça João Mendes, retornan-
do ao escritório – na esquina
do Viaduto do Chá e da Líbero
Badaró – cruzando a Praça da
Sé e a Rua José Bonifácio. Dia-
riamente passando pela porta
do Itamarati! Uma vez ou ou-
tra eu entrava por um peque-


no trecho da Rua São Bento
para encontrar um amigo de
meu pai, Alencar Burti, mais
moço do que ele, porém mais
velho do que eu. Fomos e so-
mos, os três, inseparáveis.
Meu pai já se foi para o Céu,
onde um dia certamente esta-
remos todos juntos, reunidos.
A primeira vez que almocei no
Itamarati fui levado por eles,
início dos anos 50. Inúmeras
vezes depois, certamente
mais de mil.
Nos anos 60 o estudante
que estivesse no quarto ano da
Faculdade de Direito podia ad-
vogar como solicitador acadê-
mico. Instalei-me então numa
pequena sala que aluguei na
Rua José Bonifácio 250, bem
ao lado do Itamarati. Mundo
pequeno! Um dos meus vizi-
nhos no prédio, recém-forma-
do em Direito pela PUC de
Campinas, alguns meses de-

pois foi eleito vereador lá na ci-
dade dele e deixou sua sala.
Permanecemos, contudo, ami-
gos, Orestes Quércia e eu. De-
pois, já advogado, instalei meu
escritório no pequeno prédio
ao lado, entre o 250 e o Itama-
rati. Todos os dias da semana
almoçando no Itamarati!
Momentos inesquecíveis!
Minha mesa próxima àquelas
onde uma vez ou outra almo-
çaram dois presidentes, Jânio
Quadros e Fernando Henri-
que. O presidente Michel,
meu amigo desde muitos
anos, numa que era nossa. E
outro momento mais que ines-
quecível, quando ao entrar lá
dois seres humanos maravi-
lhosos, Roger de Carvalho
Mange e Sebastião Giraldes,
me chamaram para sentar, al-
moçar ao seu lado.
Na frente de nós as Velhas
Arcadas do Largo de São Fran-
cisco, onde fui professor du-
rante mais de 40 anos. A única
glória da minha vida, de verda-
de. O centro de tudo, em tor-
no do qual eu adorava cami-

nhar, sobretudo vindo da livra-
ria do Gazeau, na Praça da Sé,
onde encontrei Aureliano Lei-
te a primeira vez. Peguei um li-
vro na estante, ele viu qual –
Retratos a Pena – e me pediu.
Neguei, ele disse que eu nada
saberia do autor, respondi
que sim e hoje cá o tenho co-
migo, com sua afetuosa dedi-
catória. Até hoje o encontro
nas reuniões da minha Acade-
mia Paulista de Letras (APL),
ele naquele quadro na parede
assim como a piscar os olhos
para mim. Antes e após almo-
çar no Itamarati eu escapava
para livrarias, desde a Acadê-
mica – ali mesmo, no Largo
do Ouvidor –, a Ornabi, na
Benjamin Constant, até a estu-
penda Lael, plena de livros ju-
rídicos formidáveis. Tão de
verdade esses livros que as
três fecharam as portas, mas o
pequeno prédio no qual se en-
contrava a Lael foi integrado
às Arcadas nas quais moram a
Amizade e a Alegria.
É mesmo assim, realmente.
O tempo existe concomitante-
mente consigo mesmo! Pas-
mem! Um bom amigo que me
veio das Velhas Arcadas hoje é
meu confrade na APL e dirige
a Santa Casa de Misericórdia
de São Paulo. Mais, pasmem
mais e mais: descobri de re-
pente que o imóvel onde está
o nosso Itamarati é uma pro-
priedade da Santa Casa! A es-
ta altura, portanto, espero,
mais do que tudo, que ele nos
possa salvar. Antonio Pentea-
do de Mendonça, tão meu ami-
go que o chamo de Nico, há de
nos dar as mãos para seguir-
mos o caminho da salvação, fa-
zendo dele, o Itamarati, nosso
restaurante para sempre!
Sorrio para mim mesmo ao
divisar, de repente, uma luz
no fim do túnel. Duas, duas lu-
zes. Uma afirmando que o “co-
rona” e o coronavírus parti-
rão; a outra, que o Itamarati fi-
cará mesmo lá onde está e pa-
ra sempre estaremos!

]
ADVOGADO, PROFESSOR
TITULAR APOSENTADO DA
FACULDADE DE DIREITO DA USP,
FOI MINISTRO DO STF

PUBLICADO DESDE 1875

LUIZ CARLOS MESQUITA (1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)

FRANCISCO MESQUITA NETO / DIRETOR PRESIDENTE
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]
Eros Roberto Grau


Tema do dia


Festival na Califórnia cance-
lou edição de 2020 por cau-
sa da pandemia de covid-19.

http://www.estadao.com.br/e/coachella

O Itamarati,


para sempre!


O restaurante que
encantou minha
juventude me
emociona sem parar

Centenário de


São João Paulo II


Ele passou à História
como um dos maiores
pontífices que a Igreja
teve em sua história

AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)

AV. ENGENHEIRO CAETANO ÁLVARES, 55
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SÁBADO) E R$ 7,00 (DOMINGO). RJ, MG, PR, SC E DF:
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ES, RS, GO, MT E MS: R$ 7,50 (SEGUNDA A SÁBADO)
E R$ 9,50 (DOMINGO). BA, SE, PE, TO E AL: R$ 8,
(SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 10,50 (DOMINGO). AM, RR,
CE, MA, PI, RN, PA, PB, AC E RO: R$ 9,00 (SEGUN-
DA A SÁBADO) E R$ 11,00 (DOMINGO)
PREÇOS ASSINATURAS: DE SEGUNDA A DOMINGO


  • SP E GRANDE SÃO PAULO – R$ 134,90/MÊS. DEMAIS
    LOCALIDADES E CONDIÇÕES SOB CONSULTA.
    CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL: 3,65%.


Reabertura brasileira


é ‘política camicase’,


diz pesquisador


Para especialista, ação neste momento é
inédita no mundo e gera ‘risco de
montanha aumentar de tamanho’

]
Dom Odilo P. Scherer

JIM BOURG/REUTERS

No estadao.com.br


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da NBA a emagrecer

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