O Estado de São Paulo (2020-06-13)

(Antfer) #1

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A4 SÁBADO, 13 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


COLUNA DO


ESTADÃO


Política


»SINAIS
PARTICULARES.
Fernando
Henrique
Cardoso,
ex-presidente
da República

»O filho é teu. Quem é
crítico alega não ser demo-
crático ou constitucional
prorrogar o mandato dos
prefeitos atuais. Já a CNM
escreve: “Quem assumirá a
responsabilização pela saú-
de e pelas vidas durante e
pós processo eleitoral?”.

»Plano B? A entidade mu-
nicipalista diz ainda que, se
a disputa for mantida em
2020, que seja na data pre-
vista (outubro), para garan-
tir o período de transição.

»Deu ruim. Repercutiu
mal no meio militar e até
mesmo no Planalto a entre-
vista do ministro Luiz
Eduardo Ramos à revista
Veja. Segundo disse ele, é
“ultrajante e ofensivo dizer
que as Forças Armadas vão
dar golpe”. Resultado: rea-
cendeu assunto incômodo.

»Como assim? O alerta de
Ramos à oposição para que
“não estique a corda” tam-
bém não pegou bem entre
os militares. Eles viram na
fala uma dubiedade. Ou se-
ja, se a oposição esticar a
corda, pode ter golpe?

»Já vai tarde. O anúncio
de que pretende ir para a
reserva foi visto com ironia.
Para alguns militares, Ra-
mos já deveria ter tomado
essa decisão quando acei-
tou o cargo de ministro no
Palácio do Planalto.

»Nem aí. No entorno de
Ramos, porém, a avaliação
é de que, apesar das críti-
cas, ele não se arrependeu.
Queria mesmo era dar o
recado. Conseguiu.

»O que deu. Live do Gru-
po Prerrogativas com o jor-
nalista Glenn Greenwald
hoje, às 11h30, debate os
desdobramentos da “Vaza
Jato”, um ano após a divul-
gação das mensagens troca-
das por Sérgio Moro e pro-
curadores federais. Será
transmitida pelo YouTube.

»Muro. A crise da covid-
parece ser capaz de mudar
quase tudo no mundo, me-
nos a ambivalência da dire-
ção do PSDB. As diferenças
internas continuam impe-
dindo o partido de ter posi-
ções claras sobre Bolsonaro
e em defesa de seus gover-
nadores, prefeitos e militan-
tes, constantemente ataca-
dos pelo bolsonarismo.

»Muro 2. Parlamentares
do PSDB disseram à Coluna
que pedirão ao presidente
Bruno Araújo nova reunião
da Executiva Nacional. Há
forte pressão interna para
que o partido vá oficialmen-
te para a oposição.

»Muro 3. Mas há cargos
em jogo, além do medo de
se misturar ao PT. Araújo
foi consultado sobre nomea-
ções por Luiz Eduardo Ra-
mos. Disse que o partido
não fará indicações. Mas, se
algum parlamentar empla-
car um nome, tudo bem...

»Deixa comigo. Enquanto
a direção nacional se omite,
o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso tem de
entrar em campo para ser o
contraponto crítico a Jair
Bolsonaro em questões rela-
tivas à democracia, decoro
e ataque às instituições.

COM MARIANA HAUBERT E
MARIANNA HOLANDA

A


Confederação Nacional dos Municípios (CNM) pas-
sou a defender, oficialmente, o adiamento das elei-
ções para 2021. Na prática, significa advogar pela
prorrogação de mandato dos atuais prefeitos. Em docu-
mento enviado a líderes no Congresso, a entidade lista
razões sanitárias, econômicas e jurídicas. O argumento
central é a covid-19. A CNM diz não haver previsão de fim
da pandemia. Além dos riscos, os gastos com as eleições,
em meio à baixa arrecadação, seriam inoportunos. Sugere
até repassar o Fundo Eleitoral para o combate ao vírus.

CNM quer adiar eleição


para o ano que vem


ALBERTO BOMBIG
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KLEBER SALES/ESTADÃO

Fux delimita uso
das Forças Armadas.

Pág. A


Supremo


Exército cita indústria ao


reduzir controle de armas


Portarias. Chefe do Comando Logístico da Força diz em ofício ao STF que revogou normas


sobre armamentos em concordância com argumentos de empresas do setor e clubes de tiro


Patrik Camporez / BRASÍLIA

O Exército justificou ao Su-
premo Tribunal Federal
(STF) que revogou portarias
que facilitavam o rastreamen-
to de armas e munições, en-
tre outros motivos, por preo-
cupação com a indústria das
armas e clubes de atiradores
e colecionadores. Em ofício
enviado no último dia 27 à
Corte, o general Laerte de
Souza Santos, chefe do Co-
mando Logístico do Exército
(Colog), escreveu que as me-
didas poderiam “inviabilizar
economicamente” o setor.
A mensagem do oficial que
chefia o órgão responsável pela
fiscalização do setor foi em res-
posta a uma ação do PDT que
pediu à Justiça a restauração
das portarias 40, 60 e 61 revoga-
das em abril por ordem do presi-
dente Jair Bolsonaro. No ofício
de 18 páginas encaminhado à
Corte, o general informou que
o Exército cancelou as normas
após empresas e Clubes de Ca-
çadores, Atiradores e Colecio-
nadores (CACs) questionarem
a exigência do rastreamento.
“Tal obrigatoriedade gerou vá-
rios questionamentos, tanto por
empresas quanto por CACs”, es-
creveu o general no documento
encaminhado ao Supremo ao
qual o Estadão teve acesso. O
chefe do Colog manifestou, in-
clusive, preocupação com a pos-
sibilidade da marcação de canos
e embalagens “inviabilizar eco-
nomicamente as atividades dos
setores”.
Procurado para comentar o as-

sunto, o Exército se limitou a di-
zer que as portarias foram revo-
gadas para um aperfeiçoamento
da redação e dirimir “questiona-
mentos” recebidos da “socieda-
de em geral” e da “administra-
ção pública”.
A revogação dos atos foi
anunciada pelo próprio presi-
dente Jair Bolsonaro, em 17 de
abril, nas redes sociais e oficia-
lizada pelo Colog, em edição
extra do Diário Oficial, no mes-
mo dia. No entendimento de
especialistas, as normas ser-
viam para dificultar o acesso
do crime organizado a muni-
ções e armamentos extravia-
dos das forças de segurança.
Em maio, o Estadão revelou
que 15 inquéritos no Superior
Tribunal Militar (STM) inves-
tigam desvio de armas e muni-
ções legais para facções crimi-
nosas, clubes de tiro e milícias.
O cancelamento das normas
levou o Tribunal de Contas da
União e o Ministério Público
Federal a abrirem investiga-
ções. Uma das suspeitas do
MPF é que Bolsonaro pode ter
agido para beneficiar uma par-
cela do seu eleitorado pró-ar-
mamento.
Havia mais de um ano em que
representantes dos dois órgãos
atuavam em conjunto com reco-
mendações de melhorias no sis-
tema de rastreamento. Recebe-
ram apoio de Representantes
do MPF da Paraíba, que investi-
garam a origem das balas usa-
das pelos matadores da verea-
dora Marielle Franco (PSOL-
RJ) e seu motorista, Anderson
Gomes, em 2018.

Recuo. O argumento que o
atual chefe do Comando Lo-
gístico do Exército encami-
nhou ao Supremo para justifi-
car a revogação das portarias di-
verge da explicação dada pelo
seu antecessor, o general Eugê-
nio Pacelli Vieira Mota, que as
elaborou. Conforme o Estadão
revelou, Pacelli disse, em carta
de despedida da função, que as
normas visavam à segurança na-
cional e não atenderam “inte-

resses pontuais” do setor arma-
mentista. E deixou um recado
aos lobistas: “Desculpe-me se
por vezes não os atendi em inte-
resses pontuais. Não podia e
não podemos.”
O coordenador do Instituto
Sou da Paz, Bruno Langeani,
considerou o ofício do Exército
revelador. “A opinião de empre-
sas de armas e munições, e gru-
pos privados com muito dinhei-
ro, como CACs, prevalecem so-
bre outros grupos impactados,
como vítimas da violência arma-
da, autoridades que combatem
o tráfico de arma e o crime orga-
nizado”, afirmou.
O ministro do Supremo Gil-
mar Mendes postou no Twitter,
na última segunda-feira, que
não há como avançar no comba-
te ao crime organizado abrindo
mão da rastreabilidade das ar-
mas e munições. “Espalhar a
violência e o poder de fogo na
sociedade civil equivale a aban-
donar o Estado Democrático de
Direito. Significa aumentar o
número de homicídios. Nada
mais que isso”, afirmou.
Um levantamento do Instituto
Sou da Paz revela que o governo
enfrenta, atualmente, 10 ações na
Justiça Federal referentes a porta-
rias sobre armas e munições pu-
blicadas ou revogadas em 2020.
Algumas dessas ações correm no
STF e outras foram abertas na pri-
meira instância do Judiciário. Ou-
tra frente de embate se dá no Con-
gresso, onde foram protocolados
12 projetos de lei que buscam re-
vogar medidas recentes de Bolso-
naro que ampliam acesso a muni-
ções ou afrouxam regras.

O Ministro da Secretaria de Go-
verno, o general Luiz Eduardo
Ramos, declarou que o presi-
dente da República, Jair Bolso-
naro, nunca defendeu um golpe
militar no País, mas alertou a
oposição a “não esticar a cor-
da”. A afirmação foi feita em
uma entrevista à revista Veja,
publicada em sua versão online.
A declaração de Ramos foi res-
posta a um questionamento so-
bre a possibilidade de um golpe
militar no Brasil. O ministro dis-
se que foi instrutor da acade-

mia do Exército por vários anos
e que formou boa parte dos co-
mandantes da Força. E que eles
veem como ofensiva a narrati-
va de que as Forças Armadas
vão romper com o regime de-
mocrático. “O próprio presi-
dente nunca pregou o golpe.
Agora o outro lado tem de en-
tender também o seguinte: não
estica a corda”, afirmou.
Na entrevista, o ministro tam-
bém criticou o Poder Judiciário,
citando o processo de impugna-
ção da chapa Bolsonaro-Mou-

rão que corre no Tribunal Supe-
rior Eleitoral (TSE), o qual disse
ter viés político e classificou co-
mo um “julgamento casuísti-
co”. Ele citou a declaração do mi-
nistro Celso de Mello, que com-
parou o presidente a Hitler. “Va-
zou a mensagem de WhatsApp
em que o ministro do Supremo
comparou o presidente Bolso-
naro ao Hitler e os seus seguido-
res a nazistas. Isso contribui pa-
ra o clima de diálogo e para bus-
car uma harmonia entre os po-
deres? Acredito que não.”
Em outro momento, ele afir-
mou que se infiltrou na manifes-
tação contra o presidente no do-
mingo passado, em Brasília, dis-
farçado com gorro, máscara e
óculos escuros.

Renato Sérgio de Lima

‘Não estica a corda’, alerta


Ramos sobre opositores


PRONTO, FALEI!

TRECHO

l Na entrevista à Veja, o general
Luiz Eduardo Ramos também afir-
mou que pretende passar para a
reserva do Exército e se dedicar à
articulação do governo. “Já con-
versei com o ministro da Defesa e
com o comandante do Exército”,
afirmou. Ramos expressou seu
desejo de aposentadoria após ser
questionado sobre sua participa-
ção, ao lado do presidente Jair
Bolsonaro, em uma manifestação
que atacava o Supremo Tribunal
Federal (STF) e o Congresso.

TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-17/9/

Armas. Imagem de clube de tiro em São Paulo; portarias revogadas previam regras de rastreamento de armas e munições

“Não será escondendo dados que as polícias serão
valorizadas. Só as prejudica”, sobre governo excluir da-
dos de violência policial de relatório sobre direitos humanos.

Presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

»CLICK. Shéridan
(PSDB-RR) e Vicentinho
Júnior (PL-TO) formam
um dos casais da Câma-
ra. A deputada publicou
homenagem a ele ontem,
Dia dos Namorados.

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

“T


ais fatores con-
tribuíram so-
bremaneira para a
reavaliação dos dispo-
sitivos, visando escla-
recer também sobre
a obrigatoriedade da
marcação de cano, ...

...de embalagens e demais mar-
cações com vistas a não inviabili-
zar economicamente as ativida-
des dos setores regulados pela
Diretoria de Fiscalização de Pro-
dutos Controlados (DFPC).
“...a decisão pela revogação das
portarias não trouxe inseguran-
ça à sociedade tampouco há,
no presente caso, urgência ou
perigo de lesão que fundamen-
te uma decisão liminar, pois
ainda existem regulamentos
que disciplinam a fiscalização
desses produtos controlados.”

General diz que vai


para a reserva

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