O Estado de São Paulo (2020-06-14)

(Antfer) #1

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A4 DOMINGO, 14 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


COLUNA DO


ESTADÃO


Política


»SINAIS
PARTICULARES.
Rodrigo Maia,
presidente da
Câmara dos
Deputados

»Na chuva. Sobre as inves-
tigações relativas às fake
news, também conduzidas
por Moraes, aos poucos a
linha de defesa do presiden-
te vai ganhando músculos.

»Alerta... Além do questio-
namento à definição do que
é notícia falsa, no Planalto
agora se repete a letra da
música cantada por Karina
Kufa no Estadão: o presi-
dente não pode se responsa-
bilizar por seus eleitores.

»...ligado. Palacianos mais
empolgados vão além: nem
se a investigação chegar per-
to dos filhos dele, em espe-
cial, de Carlos Bolsonaro.
Por outro lado, o fato de
começarem a mencionar o
02 é uma forma de se vaci-
nar do que pode vir por aí.

»Frankenstein. Além de
Kufa, o time que monta a
linha de defesa dos Bolsona-
ros conta com vários men-
tores, entre eles o ministro
André Mendonça (Justiça).

»Assim... O PSOL recla-
ma: Og Fernandes (TSE)
defendeu a rejeição de
ações contra a chapa Bolso-
naro-Mourão por entender
que as investigações não
foram conclusivas.

»...não. Se o ministro en-
tende como essencial a
“prova da autoria”, deveria
ter deferido a perícia, pela
PF, do hackeamento a gru-
po de Facebook que teria
favorecido a chapa. O
PSOL pediu quatro vezes a
medida no processo.

»Parabéns a você. Rodrigo
Maia (DEM-RJ) passou pa-
ra comer um bolinho no
comitê de imprensa da Câ-
mara semana passada. O
vídeo da inusitada visita foi
parar nas redes sociais. Ra-
pidamente começou a cho-
ver comentários: querem
mandar um lindo bolo para
Maia escrito “impeach-
ment” na cobertura.

»Ainda pulsa. O Centrão
não desistiu da presidência
do Banco do Nordeste. Bol-
sonaro pediu tempo para
apagar o desgaste da nomea-
ção de Alexandre Cabral,
que caiu em 24 horas. Para
acalmar a fúria dos presi-
dentes do PL, Valdemar
Costa Neto, e do PP, sena-
dor Ciro Nogueira, o Planal-
to também teria prometido
quatro diretorias ao grupo.

»Ficha. Um dos nomes
que a Abin analisa para sa-
ber se passa é Jefferson Ca-
valcante Albuquerque, que
já foi diretor do banco. Po-
derá ser nomeado para dire-
toria de Controle e Risco.

»Tese. O Laboratório de
Política, Comportamento e
Mídia (PUC-SP) deu a larga-
da ao projeto Bolsonaris-
mo: o Novo Fascismo Brasi-
leiro, investigação multidis-
ciplinar e colaborativa que
envolve pesquisadores de
diversas instituições de en-
sino superior do Brasil.

»Tese 2. Segundo seu coor-
denador, Eduardo Wolf, o
projeto unirá esforços para
compreender a crise da de-
mocracia, a ascensão de po-
pulismos de extrema direi-
ta, a degradação das institui-
ções e a ameaça representa-
da pelo bolsonarismo.

COM MARIANA HAUBERT E
MARIANNA HOLANDA

O


pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes
no julgamento do TSE de ações que pedem a cassa-
ção da chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão foi
lido como “provocação” no Planalto. As duas ações tra-
tam de ataques cibernéticos a um grupo de Facebook, o
“Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, e são vistas como
de baixo grau de periculosidade para o governo, que so-
nhava tirá-las logo da frente e avaliava estar em boas con-
dições para tal. Mas não rolou... Para palacianos, Moraes
decidiu prolongar mais essa angústia de Jair Bolsonaro.

Planalto vê provocação


em pedido de Moraes


ALBERTO BOMBIG
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
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KLEBER SALES/ESTADÃO

‘Sugerimos adiar as
eleições’, afirma

Barroso. Pág.A


Presidente do TSE


Base de Bolsonaro, 1/4 do


Centrão é alvo da Justiça


Poderes. Entre os cerca de 200 deputados que compõem as bancadas do bloco informal


na Câmara, ao menos 60 respondem por crimes ou ações por improbidade administrativa


Tulio Kruse

Nas bancadas dos partidos
que formam o Centrão, nova
base de apoio ao presidente
Jair Bolsonaro no Congresso,
um em cada quatro deputados
é investigado ou responde por
crimes ou ações por improbi-
dade administrativa com da-
no ao erário e enriquecimento
ilícito. Dos cerca de 200 depu-
tados que formam o bloco in-
formal na Câmara, ao menos
60 possuem implicações na
Justiça com acusações e sus-
peitas que envolvem desde la-
vagem de dinheiro e corrup-
ção a crimes ambientais.
Com o agravamento da crise
política, o Planalto passou a fa-
zer uma investida explícita para
atrair apoio das siglas do Cen-
trão em troca de cargos. As ne-
gociações se chocam com o dis-
curso contra a “velha política” e
o “toma lá, dá cá” no Congres-
so, adotado por Bolsonaro des-
de a campanha eleitoral. Esse
movimento se intensificou
após Sérgio Moro deixar o Mi-
nistério da Justiça e Segurança
Pública acusando o presidente
de tentar interferir indevida-
mente na Polícia Federal.
Na última semana, ações cri-
minais avançaram sobre dois
dos principais líderes do Cen-
trão. O presidente do Solidarie-
dade, deputado Paulinho da
Força (SP), foi condenado a dez
anos e dois meses de prisão pe-
lo Supremo Tribunal Federal
(STF) por crimes contra o siste-
ma financeiro nacional, lava-
gem de dinheiro e associação
criminosa. Já o líder do Progres-
sistas (antigo PP), Arthur Lira
(AL), foi denunciado por cor-
rupção passiva pela Procurado-
ria-Geral da República (PGR)
em uma investigação da Opera-
ção Lava Jato.
Lira e Paulinho da Força lide-
ram as agremiações que fazem
parte do Centrão mais atingi-
das por investigações ou denún-
cias. Entre os sete partidos do
bloco, o Solidariedade tem a
bancada com o maior número
de deputados comprometidos
na Justiça. Seis dos 14 parlamen-
tares, mais de 40%, são alvo de
processos judiciais que questio-
nam sua conduta no setor públi-
co. A maior parte dos casos é
referente a improbidade admi-
nistrativa, com suspeita de da-
nos aos cofres públicos.
O Progressistas vem em se-
guida, com 38% de seus repre-
sentantes na Câmara implica-
dos em processos que apontam
ou investigam desde lavagem
de dinheiro até fraude em licita-

ção. Outras siglas que integram
o Centrão são PTB (33% da ban-
cada investigada) – que tem o
ex-deputado Roberto Jefferson
como presidente nacional –,
PSD (25%), Republicanos
(25%), DEM (27%) e PL (23%).
No total, os casos de improbi-
dade administrativa e dano ao
erário correspondem a mais da
metade dos processos levanta-
dos. Fraude em licitação e falsi-
dade ideológica também estão
entre os crimes mais comuns
pelos quais os parlamentares
respondem.
O levantamento do Estadão
não leva em conta processos já
extintos, ações de danos morais
ou execuções fiscais. A inclusão

desses casos aumentaria o nú-
mero de processados no Cen-
trão de 60 para 77 deputados.
Fora do levantamento, há si-
tuações em que inquéritos fo-
ram arquivados por falta de pro-
vas. É o caso do deputado Fábio
Faria (PSD-RN), indicado por
Bolsonaro na quarta-feira passa-
da para chefiar o recém-criado
Ministério das Comunicações.
Em 2017, Faria foi citado em
depoimentos de cinco delato-
res da construtora Odebrecht,
após um acordo de leniência ce-
lebrado com o Ministério Públi-
co Federal. Eles afirmaram ter
pago R$ 100 mil à sua campa-
nha para deputado federal, que
não teriam sido contabilizados.

A doação, segundo os delato-
res, teria sido paga em troca de
apoio à Odebrecht Ambiental
nas áreas de saneamento básico
e infraestrutura no Rio Grande
do Norte.
O então governador do Esta-
do e pai do deputado, Robinson
Faria (PSD), também foi investi-
gado no mesmo inquérito – ele
foi arquivado após pedido da en-
tão PGR Raquel Dodge, que ale-
gou não ter encontrado elemen-
tos suficientes para o ofereci-
mento de denúncia, “apesar
dos fortes indícios da prática do
delito”. À época, o deputado dis-
se que prestaria “todos os escla-
recimentos à Justiça e ao Minis-
tério Público para provar minha
inocência”. A reportagem não
conseguiu contato com Faria.

Recurso. Ao Estadão , o Solida-
riedade respondeu que os depu-
tados não iriam se manifestar. A
defesa do deputado Paulinho da
Força disse, após sua condena-
ção no STF, que respeita a deci-
são, mas discorda da sentença, e
afirmou que irá recorrer.
Contatado, o Progressistas
não respondeu. Após a denún-
cia contra o deputado Arthur Li-
ra ser apresentada, sua defesa
disse que a argumentação da
PGR “não se sustenta”, que a
versão da acusação já foi des-
mentida por envolvidos, e que a
delação que baseia a denúncia
já teve “inverdades” reconheci-
das pelo Supremo. O deputado
não havia se manifestado até a
conclusão desta edição.

ACM Neto, presidente do DEM e prefeito de Salvador

‘Me inclua fora dessa’, diz


ACM Neto sobre o bloco


Luciano Huck

ENTREVISTA

Pedro Venceslau

No momento que o Centrão
recebe cargos no governo fe-
deral, o prefeito de Salvador e
presidente nacional do DEM,
ACM Neto rechaçou em entre-
vista ao Estadão o bloco par-
lamentar que hoje dá sustenta-
ção ao Palácio do Planalto.
Apesar do seu partido ocupar
o maior número de ministé-
rios e avançar no 2.°escalão
da máquina federal, Neto dis-
se que o Democratas não faz
parte do Centrão. “Os qua-

dros do partido que estão no
governo foram escolhidos por
Bolsonaro”, afirmou.

lO DEM é do centrão?
Me inclua fora dessa. Nós
não integramos o Centrão. O
Democratas deixou claro ao
presidente da República des-
de o processo de transição
em 2018 que não participaria
da indicação de cargos e não
aceitaria discutir espaços no
governo. Os quadros do parti-
do que estão no governo fo-
ram escolhidos pelo próprio

presidente Bolsonaro, que
quando quis também tirou, a
exemplo do ministro ( da Saú-
de, Luiz Henrique ) Mandetta.
O presidente o demitiu e não
teve que dar nenhuma satisfa-
ção ao partido, como não deu
quando na hora que esco-
lheu. Não vamos participar
dessa política de negociação
de espaços.

lQual o papel que o sr. acha que
o Centrão cumpre hoje?
Eu não gosto de generaliza-
ções. Existem situações dife-
rentes entre os partidos cha-
mados de Centrão. Mas é evi-
dente que alguns desses parti-
dos foram governistas com
Fernando Henrique Cardoso,
Lula, Dilma, Temer e agora
com Bolsonaro. Eles serão go-
verno com qualquer um que

chegar à presidência da Repú-
blica. Esse é um traço que dis-
tingue o Democratas. Nós fize-
mos oposição ao PT durante
todo o período que o partido
esteve no governo. Temos
uma linha ideológica e de prin-
cípios muito clara. Existe um
jogo de interesses muito claro
de lado a lado que torna conve-
niente a relação, mas ela não é
baseada em crenças comuns e
em princípios. Portanto não
tem a solidez necessária para
a articulação de um governo
com o Congresso Nacional.

INVESTIGADOS

Deputados do Centrão investigados
e processados

Casos

● Porcentual de deputados do Centrão investigados e processados

PARTIDOS

INFOGRÁFICO/ESTADÃO

VARIAÇÃO

*A REPORTAGEM NÃO CONSIDEROU OS DEPUTADO KIM KATAGUIRI (SP) E RODRIGO MAIA (RJ),
QUE NÃO VOTAM EM CONJUNTO COM O CENTRÃO

Solidariedade

Progressistas

PTB

DEM

Republicanos

PSD

PL

42%

38,4%

33%

27%

25%

25%

23%

Improbidade administrativa
Fraude em licitação

Falsidade ideológica
Formação de quadrilha

Lavagem de dinheiro
Corrupção passiva

Crime eleitoral
Crime ambiental

Peculato
Corrupção ativa
Extorsão

Assédio sexual

DEPUTADOS

14 6

39 15

12 4

26* 7

32 8

36 9

39 9

33

5 5 4 4 4 4 4 3 3 1 1

BOMBOU NAS REDES!

“O 5G não é comunista nem capitalista. Politizar
esse debate não ajuda. A inclusão digital é uma
importante aliada no combate à desigualdade.”

Apresentador de TV

»CLICK. Mais um mo-
mento “fofura” em home-
nagem ao Dia dos Namo-
rados na política: a depu-
tada federal Tabata Ama-
ral (SP) e o deputado
João Campos (PE).

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Aliados. Planalto ofereceu cargos em troca de apoio político

NA WEB
Portal. Leia
a íntegra da
entrevista

estadao.com.br/e/acmnetointegra
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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 22/5/
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