O Estado de São Paulo (2020-06-16)

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A12 Metrópole TERÇA-FEIRA, 16 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Interior de SP se


rebela e mantém


atividades abertas


“Todas as cidades vão
manter o funcionamento
restritivo, pois não
concordam com o retorno
da região de Barretos à
classificação da faixa
vermelha.”
Prefeitura de Barretos
SOBRE MANTER O COMÉRCIO ABERTO

José Maria Tomazela


A maioria dos municípios do
interior que foram rebaixa-
dos para faixas mais rígidas
do Plano São Paulo de reaber-
tura das atividades econômi-
cas do governo estadual man-
teve comércio e serviços aber-
tos nesta segunda-feira. As ci-
dades das regiões de Barretos
e Presidente Prudente caí-
ram duas posições, saindo da
faixa amarela (3) para a ver-
melha (1), a de maior restri-
ção por causa do avanço do


coronavírus. Já a região de Ri-
beirão Preto regrediu da fai-
xa laranja (2) para a verme-
lha. As medidas estaduais pas-
saram a valer nesta segunda-
feira, mas em muitas cidades
não foram cumpridas.
Em Barretos, o comércio per-
maneceu parcialmente funcio-
nando. A prefeitura informou
que está seguindo a decisão co-
letiva dos 25 municípios inte-
grantes do Consórcio de Desen-
volvimento do Vale do Rio Gran-
de de manter o funcionamento
do comércio, mesmo com res-

trições. Segundo o consórcio, al-
gumas cidades estão buscando
na Justiça respaldo para “fazer
cumprir a realidade local”.
O prefeito de Presidente Pru-
dente, Nelson Bugalho (PSDB),
decidiu viajar para São Paulo
com outros prefeitos da região
para conversar com o secretá-
rio do Desenvolvimento Regio-
nal, Marco Vinholi, e pedir a re-
visão de faixa – a cidade saiu da
faixa amarela (3) e foi colocada
na vermelha (1), a mais restriti-
va. “Não se discute que não era
possível trocar de faixa, mas o

prefeito considera extrema-
mente rigorosa a decisão”, in-
formou a assessoria.
A cidade de Bauru passou da
fase 3 (amarela) para a 2 (laran-
ja), mas um decreto da prefeitu-
ra manteve o funcionamento
de bares e restaurantes. Os
salões de beleza, estética e estú-
dios de tatuagem também fo-
ram autorizados a abrir quatro
horas diárias, exceto nos fins de
semana, contrariando o plano
estadual. Em nota, a prefeitura
informou que há necessidade
de garantir que os investimen-
tos realizados no setor de bares,
restaurantes e lanchonetes, no
curto espaço em que tiveram au-
torização para funcionamento,
sejam compensados.
Em Ribeirão Preto, a prefeitu-
ra reforçou a fiscalização para
dar cumprimento às regras da
faixa vermelha. Nesta segunda,
o departamento de fiscalização
recebeu 23 denúncias de estabe-
lecimentos que descumpriram
o decreto. Já a prefeitura de São
José do Rio Preto e a Procurado-
ria-Geral do Estado entraram
com recurso contra liminar da-
da pela Justiça local autorizan-
do o funcionamento de barbea-
rias e salões de beleza no muni-
cípio. A reportagem entrou em
contato com a Secretaria de De-

senvolvimento Econômico.
Não houve retorno até 19h30.

Grande São Paulo. Os 38 muni-
cípios da Grande São Paulo pas-
saram ontem da fase vermelha
para a laranja. O movimento no
comércio foi intenso no ABC,
Guarulhos e Osasco.
Na capital, a reabertura das
lojas do comércio de rua em ho-
rário reduzido desde a última
quinta-feira provocou mais
aglomeração do que vendas, se-
gundo avaliação dos lojistas de
rua. Para Aldo Macri, vice-presi-
dente do Sindicato dos Lojistas
(Sindilojas), que reúne mais de
30 mil lojas, a decisão inteligen-
te seria abrir no horário normal
ou até mesmo expandir o horá-
rio de funcionamento para di-
luir o público. / COLABOROU
GONÇALO JUNIOR

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Bruno Ribeiro
Marina Aragão


O chefe do Centro de Contin-
gência do Coronavírus em São
Paulo, Carlos Carvalho, afir-
mou que a possibilidade de uma
segunda onda da doença “exis-
te e é real” em meio ao processo
de abertura econômica do Esta-
do. Ele apresentou projeções so-
bre números de novos casos ain-
da maiores do que a de 265 mil
doentes divulgadas na semana
passada. Agora, São Paulo espe-
ra ter até 290 mil pessoas com
covid-19 até o fim do mês.


Por outro lado, a expectativa
de novas mortes caiu de no
máximo 22 mil para 18 mil, se-
gundo Carvalho. As informa-
ções foram prestadas durante
entrevista coletiva em que o go-
verno paulista apresentou o ba-

lanço atualizado sobre a doen-
ça. Em 24 horas, o total de casos
no Estado passou de 178.202 pa-
ra 181.460 (3.258 novos casos re-
gistrados), um aumento de
1,8%. Já o total de mortos pas-
sou de 10.694 para 10.767 – 73

novos óbitos registrados. “O nú-
mero de casos vem aumentan-
do porque estamos testando
mais, mas o número de óbitos
está caindo, mostrando que nós
temos uma certa segurança pa-
ra implementar as medidas que
estão sendo implementadas”,
disse Carvalho, ao comentar o
avanço da doença.
Dessa forma, ele disse que
houve a mudança nas projeções
de casos e mortes. “Pelo mode-
lo matemático, esperaríamos
20 mil (mortos) no final do mês.
Para ter 20 mil no final do mês,
teríamos de ter mil mortes por
dia. E na última semana tive-
mos em média 250 mortes por
dia”, disse.
Ao ser questionado sobre a va-
riação do cenário diante do pro-
cesso de abertura comercial do
Estado, Carvalho admitiu que
um novo pico da doença pode

acontecer. Mas, se esse for o ce-
nário, haveria espaço para que
as restrições aumentassem.
“A possibilidade de um segun-
do pico existe e é real. Do mes-
mo jeito que a abertura em ou-
tras cidades do mundo foi moni-
torada e, quando essa tendên-
cia existe, você pode dar um pas-
so atrás. Nosso comitê de saúde
vem observando isso e estamos
atentos para qualquer expecta-
tiva nesse sentido”, disse.

Ontem, a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) manifes-
tou preocupação com a onda de
novos casos da covid-19 em Pe-
quim, na China. Nesta segun-
da-feira, a entidade ligou o aler-
ta de outros países que reduzi-
ram o contágio, pois um ressur-
gimento pode acontecer a qual-
quer momento.
Só entre os dias 7 e 13 de ju-
nho, 1.523 pessoas morreram pe-
la covid-19 no Estado de São
Paulo. Em um intervalo de qua-
tro semanas, entre as duas últi-
mas semanas de março e duas
primeiras de abril, o total de
mortos havia sido de 976.
Mesmo assim, técnicos do go-
verno afirmaram ver uma desa-
celeração da pandemia no Esta-
do, uma vez que, porcentual-
mente, o crescimento desta se-
mana foi menor do que o da se-
mana anterior: entre 31 e 6 de
junho, o aumento em relação à
semana anterior foi de 20,26%.
Na semana entre 7 e 13 de junho,
o aumento foi de 16,81%.

O Brasil registrou 729 mortes e
23.674 novas infecções por co-
ronavírus em 24 horas, de acor-
do com dados do levantamen-
to realizado por Estadão, G1,
O Globo, Extra, Folha e UOL
com as secretarias estaduais
de Saúde. Com isso, o total de
óbitos no Brasil é de 44.118 e o
de contaminações, de 891.556,
nesta segunda-feira.


Em números absolutos, o
Brasil é, desde sexta-feira, o se-
gundo país no mundo com
mais mortes pela covid-19,
atrás apenas dos Estados Uni-
dos, que relataram 116 mil óbi-
tos, de acordo com os números
da Universidade Johns
Hopkins atualizados até as 20
horas de ontem.
Com 10.767 mortes, São Pau-

lo continua sendo o Estado
mais afetado pelo vírus no
País. A elevação do número de
óbitos acontece em um mo-
mento de flexibilização da qua-
rentena e retomada das ativida-
des econômicas na capital pau-
lista e na Grande São Paulo.
O Rio também continua em
estado crítico. Se fosse um
país, o Estado seria o 19.º do

mundo com mais infectados.
Ao todo, são 7.728 óbitos e
80.946 casos no total. A capital
é o município com o maior nú-
mero de casos, com 42.385, e de
mortes, com 5.090.

Imprensa. O balanço de óbi-
tos e casos é resultado da parce-
ria entre os jornalistas dos seis
meios de comunicação, que uni-

ram forças para coletar os da-
dos nas secretarias estaduais
de Saúde e divulgar os números
totais de mortos e contamina-
dos. A iniciativa inédita e é uma
resposta à decisão do governo
Jair Bolsonaro de restringir o
acesso a dados.
Mesmo com o recuo do Mi-
nistério da Saúde, que voltou a
divulgar o consolidado de ca-

sos e mortes, o consórcio conti-
nua com o objetivo de informar
os brasileiros sobre a evolução
da covid-19 no País, cumprindo
o papel de dar transparência
aos dados públicos.
Ontem, a pasta informou,
por volta das 18h50, que o Bra-
sil contabilizou 627 óbitos e
mais 20.647 pessoas infectadas
pelo novo coronavírus. Com is-
so, segundo o Ministério da Saú-
de, são 888.271 casos confirma-
dos e 43.959 mortes.

lEm grupo

lPerspectiva

Governo admite que possibilidade de segunda onda ‘existe’


Invasões: ação de


Aras surpreende


procurador de SP


Consórcio relata mais 729 mortes e 23.674 casos no País


MARCOS SANCHES-13/6/

Até bares, restaurantes e salões de beleza tiveram autorização


para reabrir; Grande SP também registra fluxo comercial intenso


Presidente Prudente. Movimento no calçadão; prefeito foi a São Paulo para tentar reverter a decisão estadual de colocar a cidade em faixa mais restritiva


FÁBIO VIEIRA/FOTORUA

São Paulo espera ter até


290 mil pessoas com


covid-19 até o fim do


mês, mas diz que ritmo


de óbitos está em queda


18 mil
É a expectativa de novas mortes.

250
Óbitos por dia foi a média na
semana passada.

Estação da Luz. Centro vê uma desaceleração em junho

Pepita Ortega
Fausto Macedo

O procurador-geral de Justiça
de São Paulo, Mário Luiz Sarru-
bo, diz não ter entendido qual
foi o objetivo do procurador-ge-
ral da República, Augusto Aras,
ao enviar ofícios aos Ministé-
rios Públicos Estaduais solici-
tando investigações sobre as in-
vasões a hospitais de campanha
e agressões a profissionais de
saúde. Segundo Sarrubbo, o pe-
dido de Aras – feito logo após o
presidente Jair Bolsonaro suge-
rir a seus apoiadores que entras-
sem nos hospitais para filmar
leitos – “soou muito estranho”
e causou surpresa à Promoto-
ria, tanto por não ser de atribui-
ção do Ministério Público Fede-
ral esse tipo de apuração como
pelo fato de o MP-SP ter aberto
investigação sobre o episódio
em São Paulo há dez dias.
“O Ministério Público de São
Paulo não consegue avaliar a ra-
zão pela qual esse ofício chega
aqui, solicitando uma investiga-
ção que já estava em andamen-
to, que é da nossa atribuição e
efetivamente não compete a
nossa coirmã da área federal re-
quisitar, ou solicitar, na medida
em que já havíamos instaurado
essas investigações assim que ti-
vemos a notícia. Não consegui-
mos compreender. Estamos
realmente surpresos”, decla-
rou ao Estadão.
Os pedidos de investigação
de Aras acontecem após o presi-
dente Jair Bolsonaro ter solicita-
do a apoiadores que entrem em
hospitais públicos e filmem os
leitos de UTI para comprovar
se as estruturas estão realmen-
te ocupadas. A atitude provo-
cou reação do ministro Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), que pediu publi-
camente uma interferência do
Ministério Público.
Segundo o chefe do MP-SP,
as investigações sobre a inva-
são do hospital de campanha do
Anhembi, na capital paulista,
por cinco deputados estaduais,
tiveram início no dia 5, quando
ocorreu o episódio. A Promoto-
ria investiga indícios de crime
contra a saúde pública, disse
Sarrubbo. Ele ainda classificou
a ação dos deputados como “no
mínimo atabalhoada”.
No documento enviado ao
PGJ de São Paulo, o chefe do
Ministério Público Federal cita
possível “responsabilidade cri-
minal ou por ato de improbida-
de” dos autores de invasão.
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