O Estado de São Paulo (2020-06-16)

(Antfer) #1

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A14 TERÇA-FEIRA, 16 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Esportes


Raphael Ramos


Maior palco do futebol brasi-
leiro, o estádio do Maracanã
completa hoje 70 anos. Com-
parado ao Coliseu de Roma
pelo ex-presidente da Fifa Ju-
les Rimet e chamado de Tem-
plo do Futebol por muitos tor-
cedores, o Estádio Mário Fi-
lho passou por inúmeras
transformações ao longo de
sete décadas de história e,
sem receber jogos, hoje abri-
ga um hospital de campanha
para atender pacientes infec-
tados pelo novo coronavírus.
Quando foi inaugurado, no
dia 16 de junho de 1950, o está-
dio era o maior do mundo e ti-
nha capacidade para receber
200 mil pessoas, quase 10% da
população do Rio, segundo cen-
so da época. A última grande re-
forma no Maracanã foi concluí-
da em 2013, custou aos cofres
públicos mais de R$ 1 bilhão e
reduziu a sua capacidade máxi-
ma para 78 mil torcedores. O re-
corde de público é de 199 mil
espectadores, registrado na fi-
nal da Copa do Mundo de 1950.


Hoje, o estádio não aparece
nem entre os 20 do mundo em
capacidades de público.
O Maracanã foi construído
justamente por causa do Mun-
dial de 1950. O Brasil foi escolhi-
do em 1946 para ser sede da Co-
pa de 1949, mas, em 1947, a Fifa
adiou o torneio em um ano para
que as seleções da Europa pu-
dessem se reestruturar após a
Segunda Guerra Mundial.
Apesar dos 12 meses a mais
para entregar os estádios, o Bra-
sil teve problemas na prepara-
ção do evento. A Presidência da
República chegou a montar a
“Comissão de Estádios”, mes-
mo assim nenhum ficou pronto
com antecedência. Nem mes-

mo o gigante Maracanã.
Cinco construtoras e 3.
operários levantaram o estádio
em 22 meses – as obras começa-
ram em 1948. A rapidez com que
o estádio foi construído chegou
a criar entre os moradores do
Rio o temor de que a estrutura
não era forte o suficiente para
abrigar grandes públicos. Na
tentativa de tranquilizar os tor-
cedores, três mil funcionários
foram convocados para pular si-
multaneamente nas arquiban-
cadas antes de sua abertura.
À época, as exigências da Fifa
não eram muitas. A entidade pe-
dia estádios com arquibanca-
das para no mínimo 20 mil tor-
cedores, cabines para a impren-
sa e autoridades e túneis interli-
gando os vestiários ao grama-
do. O Maracanã cumpria todos
os requisitos com sobras, mas
imprevistos acabaram ocorren-
do de última hora. As traves,
por exemplo, foram colocadas
com atraso, às vésperas da inau-
guração, porque o primeiro jo-
go de balizas, feito com madeira
de má qualidade, acabou ceden-
do durante os testes.

Um dia após a abertura oficial
em cerimônia que contou com
a presença de Eurico Gaspar Du-
tra, então presidente da Repú-
blica, a partida inaugural ocor-
reu em 17 de junho de 1950, en-
tre as seleções do Rio e de São
Paulo. Dentro de campo, vitó-
ria por 3 a 1 dos paulistas. Fora,
problemas e improvisações.
“Observou-se que dois seto-
res do estádio estavam repletos
de andaimes sustentando dois
lances da marquise que circun-
dava a arquibancada. Isso impe-
diu, certamente, que o estádio
alcançasse a sua capacidade
máxima”, informava reporta-
gem do Estadão à época.
Sete dias depois, na abertura
do Mundial de 1950, no jogo en-
tre Brasil e México, os andai-
mes foram retirados das arqui-
bancadas. Mas havia ainda mui-
ta lama e material de constru-
ção espalhado pelo estádio.
Ao longo de sete décadas, o
Maracanã recebeu partidas his-
tóricas de duas Copas do Mun-
do, Mundial de Clubes, Copa
América, Libertadores, Cam-
peonato Brasileiro e, é claro,

Campeonato Carioca.
Não apenas times do Rio fize-
ram jogos memoráveis no está-
dio. O Santos, por exemplo, foi

campeão mundial em 1963 con-
tra o Milan no Maracanã. O mes-
mo ocorreu com o Corinthians,
em 2000, diante do Vasco.
A seleção brasileira viveu al-
tos e baixos no estádio. A pri-
meira decisão, na Copa de 1950,
acabou em derrota para o Uru-
guai. Mas, no mesmo palco, o
Brasil faturou os títulos da Co-
pa América em 1989 e 2019.
Antes da pandemia do coro-
navírus, a Conmebol havia esco-
lhido o Maracanã como sede da
final da Libertadores deste ano.
A decisão do principal torneio
de clubes da América do Sul es-
tá marcada para o dia 21 de no-
vembro, mas deverá ser altera-
da por causa da paralisação do
futebol no continente.

Além do futebol. A lista de
eventos históricos que aconte-
ceram no estádio é extensa,
com destaque para a missa do
papa João Paulo II (1980), show
de Frank Sinatra (1980), apre-
sentação de Paul McCartney
(1990), Rock in Rio (1991) e
abertura e encerramento dos Jo-
gos Olímpicos (2016).

MARINHO, EX-SELEÇÃO E
BANGU, MORRE AOS 62 ANOS

l Nome e
apelido. O
nome oficial
do Maracanã é
Estádio Mario
Filho, jornalis-
ta cujo empe-
nho foi decisi-
vo para a sua
construção.
Maracanã é
o nome de
um rio que
cruza a região.

BANGU ATLÉTICO CLUBE-15/7/

]O atacante Marinho, ídolo do Ban-
gu na década de 1980 e que também
jogou no Atlético-MG e Botafogo, mor-
reu ontem em Belo Horizonte, aos 62

anos, em decorrência de infecção no
pâncreas. Ele atuou no Bangu vice-
campeão brasileiro de 1985 – perdeu
a final para o Coritiba – e foi eleito o
melhor jogador do torneio. Convoca-
do para a seleção brasileira, foi corta-
do pouco antes da Copa de 1986.

Setor da Geral e até as
marquises, que eram
tombadas, não existem
mais; do projeto original,
pouca coisa restou

O


Maracanã foi central como afir-
mação da paixão do povo brasi-
leiro pelo futebol. A partir da sua
construção, mesmo que a primeira gran-
de competição nele, a Copa do Mundo
de 1950, não tenha trazido o resultado
positivo esperado, o futebol brasileiro
se viu em um grande palco. Durante um
longo tempo, o estádio carregou a místi-
ca de maior do mundo, um cenário espe-
cial para uma modalidade que se firma-
va como a de maior interesse no País,
associada a resultados positivos.
A ideia de um estádio monumental
dialogou com a afirmação de um país
que se queria fazer novo, moderno, gran-
dioso e, assim, vitorioso. Sendo então o
Rio capital do País, sede de clubes de re-
levância, o Maracanã passou também a
ser de interesse brasileiro e não apenas
carioca e os resultados da seleção de-
ram ares mundiais ao estádio.
Os jogos do Santos, que contava com
Pelé, o maior jogador de todos os tem-
po, também deram uma potente visibili-
dade ao Maracanã. Por isso, é inevitável
vincular o Maracanã à afirmação do gos-
to nacional pelo futebol.

]
PESQUISADOR DO LABORATÓRIO DE HISTÓRIA
DO ESPORTE E DO LAZER DA UFRJ

OS 10 MAIORES JOGOS

ARTILHARIA

l Brasil 1 x 2 Uruguai (1950)
l Santos 1 x 0 Milan (1963)
l Vasco 1 x 2 Santos (1969)
l Flu 1 x 1 Corinthians (1976)
l Fla 3 x 2 Atlético-MG (1980)
l Brasil 1 x 0 Uruguai (1989)
l Brasil 2 x 0 Uruguai (1993)
l Corinthians 0 x 0 Vasco (2000)
l Alemanha 1 x 0 Argentina (2014)
l Brasil 1 x 1 Alemanha (2016)

Lista elaborada por Leandro Sil-
veira, Roberto Bascchera, Ugo
Giorgetti, Almir Leite, Marcio Dol-
zan, José Nêumanne Pinto, An-
dreza Galdeano, Ubiratan Brasil,
Alberto Bombig, Wilson Baldini
Junior, Ciro Campos, Mauro Ce-
zar Pereira, Raphael Ramos, Vini-
cius Saponara, Daniel Batista,
Paulo Favero e Robson Morelli

Maracanã. Estádio passou por várias transformações ao longo do tempo e hoje abriga hospital de campanha no combate à covid-


Desde 2000, obras


mudaram a arena


Estádio dialogou com a


ideia de um país que se


queria fazer grandioso


CONSELHO ]ANÁLISE: Coriolano Junior
SANTOS DELIBERATIVO
FUTEBOL CLUBE
CNPJ: 58.196.684/0001-

De acordo com o artigo 51, alínea “a”, do Estatuto Social, combinados com o Regimento Interno
através dos artigos 20, alínea “e”, 44, 45, 79, alínea “b”, 80, alínea “a” e 83, fica convocado o
Conselho Deliberativo do SANTOS FUTEBOL CLUBE para reunir-se em Sessão Extraordinária,
HOJE, dia 16 de junho de 2020, terça-feira, EM FORMATO VIRTUAL DIGITAL, EM FACE DA
PANDEMIA, por proibições de reuniões presenciais, através do endereço eletrônico http://www.zoom.us,
em 1ª convocação, às 19h00, com a presença mínima de um terço de seus membros e,
em 2ª convocação, às 19h30, com qualquer número, com o fim de apreciar a seguinte:
ORDEM DO DIA
a) Leitura, discussão e votação da ata da reunião anterior;
b) Comunicações da Mesa;
c) Apreciação, discussão e votação do Parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância, sobre o
processo nº 04/19, referente às Contas de 2018.
Santos, 16 de junho de 2020
Marcelo Teixeira
Presidente
Notas


  1. A presente reunião será em formato inteiramente digital em ambiente virtual, usando a
    plataforma de vídeoconferência Zoom, em consonância com as determinações legais das
    autoridades governamentais que recomendam isolamento, com o objetivo de conter a
    disseminação do CORONAVÍRUS (COVID-19), no seguinte endereço http://www.zoom.us.

  2. As instruções especiais para a participação na reunião serão encaminhadas por e-mail,
    diretamente aos conselheiros, a partir das fichas cadastrais fornecidas pelos próprios
    conselheiros. Qualquer dúvida, ou alteração destes dados, solicitamos contatar pelo e-mail:
    [email protected].

  3. De acordo com o art. 90, alínea “a”, do Regimento Interno, esta convocação se refere ao
    edital publicado para a reunião que seria realizada no dia 16 de março de 2020, suspensa
    ante as regras proibitivas de reuniões presenciais, emanadas pelos órgãos de saúde e do
    governo brasileiro.

  4. A partir da entrada do(a) conselheiro(a) na sala virtual da plataforma Zoom, o registro de
    presença será permitido até às 20h30, quando então faremos o encerramento da lista de
    presença para fins de registro. Após este horário, não serão permitidas as manifestações,
    nem computados votos. Caso acessem após o horário, o(a) conselheiro(a) será considerado
    mero(a) observador(a).

  5. Documentos referentes ao “item c” da ORDEM DO DIA permanecem à disposição dos(as)
    Senhores(as) Conselheiros(as) na Secretaria do CD, desde o dia 11 de março de 2020, e
    podem ser analisados, através de pedidos de agendamentos, conciliando dias e horários
    para evitar aglomeração.

  6. Para uso da palavra, o(a) conselheiro(a) deverá se inscrever até 24h (vinte e quatro horas) do início
    da reunião na Secretaria do CD, pelo e-mail: [email protected], pelo prazo regimental
    de 3 (três) minutos, controlado pelo Presidente do Conselho Deliberativo ou a quem este indicar,
    permitindo somente pronunciamentos referentes ao tema pautado.

  7. O processo de votação será nominal, quando o(a) conselheiro(a) somente optar por aprovar,
    rejeitar ou abster do parecer da Comissão, sem discutir ou comentar.

  8. Para participar da reunião, o equipamento do(a) Conselheiro(a) deverá dispor de câmera
    frontal habilitada e desobstruída, sendo de sua responsabilidade possíveis custos, o sinal e
    conexão, não podendo ser responsabilizado o Conselho Deliberativo por problemas decorrentes
    dos aparelhos de informática ou da conexão a rede mundial destes.
    O INGRESSO NESTA REUNIÃO É RESTRITO AO(A) CONSELHEIRO(A). A DISPONIBILIZAÇÃO DE ACESSO A
    TERCEIROS IMPLICARÁ PROCEDIMENTO INCOMPATÍVEL COM A ÉTICA, TENDO CONSEQUÊNCIAS DE
    ENCAMINHAMENTO À COMISSÃO DE INQUÉRITO E SINDICÂNCIA PARA APURAÇÃO, CONSTITUINDO-SE
    PROVA AS IMAGENS CAPTURADAS.


333 gols
marcou Zico no Maracanã. Ele é
o maior artilheiro do estádio,
onde jogou 435 partidas por
Flamengo e seleção brasileira

Templo do Futebol completa 70 anos


CIDADE RIO DO JANEIRO - 17/06/1950 WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Momentos distintos. Na partida inaugural, torcedores dividiram as arquibancadas com andaimes; atualmente, o Maracanã abriu espaço para receber infectados pelo novo coronavírus


Marcio Dolzan / RIO

Não é exagero dizer que a única
coisa que permaneceu intacta
desde o nascimento até os 70
anos do Maracanã é sua histó-
ria. As principais mudanças na
estrutura do principal estádio
do País ocorreram num interva-
lo de 15 anos, e isso depois de
passar mais de meio século pra-
ticamente como fora fundado.
A primeira reforma ocorreu
no fim da década de 1990 e ti-
nha como objetivo colocar o Ma-
racanã em condições de sediar
o Mundial de Clubes da Fifa de


  1. Eram os primórdios do
    “padrão Fifa” e a famosa arqui-
    bancada de concreto duro e ca-
    deiras de metal cedeu lugar aos
    assentos de plástico. Orçada à
    época em cerca de R$ 50 mi-
    lhões, a obra no estádio acaba-
    ria custando mais que o dobro.
    Meia década depois, o Mara-
    canã passaria por intervenção
    ainda maior – em custos e estru-


tura. Escolhido para ser um dos
principais palcos dos Jogos
Pan-Americanos de 2007, o es-
tádio teve o gramado rebaixado
e a famosa Geral – setor onde os
torcedores ficavam em pé – foi
extinta. A reforma consumiu
seis vezes o valor previsto e cus-
tou o equivalente a um estádio
novo, R$ 300 milhões.
Mas foi a Copa do Mundo de
2014 que atingiu de fato o Mara-
canã. O “padrão Fifa” exigido
para que o estádio pudesse se-
diar a final do Mundial fez com
que até suas marquises, tomba-
das pelo patrimônio histórico,
fossem derrubadas. Do projeto
original, restou o esqueleto – e
olhe lá. O famoso teto de con-
creto deu lugar a um mais leve,
de fibra. Os assentos foram tro-
cados e camarotes e setores
VIPs, construídos. Tudo isso ao
custo de mais de R$ 1 bilhão.
Para os Jogos Olímpicos do
Rio, estava prevista mais uma
reforma, quando os responsá-
veis pelo evento alertaram que
os portões de acesso ao grama-
do não estavam nas especifica-
ções desejadas para as cerimô-
nias de abertura e encerramen-
to. Na ocasião, porém, nada foi
mexido – a não ser mudanças
temporárias na arquibancada.
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