O Estado de São Paulo (2020-06-16)

(Antfer) #1

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A2 Espaçoaberto TERÇA-FEIRA, 16 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO






Em razão da pandemia do no-
vo coronavírus no Brasil, a 39.ª
edição da Explofora, maior ex-
posição de flores e plantas or-
namentais do País, em Holam-
bra, no interior de São Paulo,
foi adiada para 2021. Os organi-
zadores levaram em conside-
ração a Divisão de Saúde de
Campinas, à qual pertence a


cidade, encontrar-se atual-
mente na fase laranja (2) do
plano de reabertura econômi-
ca do Estado, mas com símbo-
lo de alerta para cair para a fa-
se vermelha (1), o que signifi-
ca maior rigor no controle do
isolamento social.

http://www.estadao.com.br/e/expoflora

A


“legítima defesa da de-
mocracia está funda-
da” – escreve o vice-
presidente Hamilton Mourão


  • na tolerância e no diálogo.
    Sim, mas diálogo e tolerância
    são vazios sem concessões
    mútuas entre opiniões diver-
    gentes. Toda democracia é
    compatível com divergências
    de opinião e de princípios,
    tanto políticos quanto mo-
    rais. E os princípios legais, en-
    quanto vigentes, podem até
    ser mudados, mas devem ser
    obedecidos.
    O diálogo entre divergen-
    tes é sempre possível se o
    ponto de partida for o com-
    promisso mútuo de respeito
    à Constituição. Meu pressu-
    posto é que, quando exorta à
    tolerância e ao diálogo diante
    da crise da pandemia, o vice-
    presidente reitera seu com-
    promisso com a democracia,
    e espera o mesmo de seus in-
    terlocutores.
    Porque não pode haver diá-
    logo sob ameaça de ruptura
    da Constituição, de destitui-
    ção dos Poderes da Repúbli-
    ca, ou de partidarização das
    Forças Armadas. Quando
    uma minoria radical se envol-
    ve em “baderna” exclusiva-
    mente para provocar instabili-
    dade, pode-se tratar de “caso
    de polícia”. Mas quando se
    converte em agenda oficiosa
    do presidente da República,
    cuja conduta pública tenta
    atrair as Forças Armadas em
    benefício de suas ambições
    pessoais, a baderna torna-se,
    além de caso de polícia, tam-
    bém um caso de política e co-
    mo tal deve ser julgado.
    A reprodução irresponsável
    de pedidos de impeachment
    banaliza um instrumento de-
    mocrático, que é o recurso
    constitucional mais grave,
    porque importa em anular a
    decisão das urnas. Utilizá-lo
    como arma de politicagem é
    um sinal do grau de radicalis-
    mo que se tem manifestado
    nos últimos quatro anos e se
    aprofundou desde as eleições
    de 2018.
    Portanto, rechaçar esse ra-
    dicalismo maligno, usado pe-
    los dois lados como arma pa-


ra tirar de campo a imensa
maioria de moderados, é uma
condição necessária para a
“convergência em torno de
uma agenda mínima de refor-
mas e respostas” à presente
crise. Entretanto, tratar co-
mo radicais e agitadores os
que divergem – e creio não
ser isso o que inspira os cha-
mados do vice-presidente ao
diálogo – significa condenar
“exageros retóricos” contra a
pessoa do presidente, enquan-
to se perdoam exageros re-
tóricos ameaçando delibera-
damente as instituições do
Congresso Nacional, do Su-
premo Tribunal Federal e a
Constituição.
Então, sejamos claros so-
bre o que temos em comum e
nossas diferenças. Usar a ba-
derna como arma política,
desviar suas responsabilida-
des institucionais para incen-

diar as ruas, não serve para
defender a democracia, nem
é lícito usar crimes para de-
fendê-la. E nenhuma ameaça
às instituições autoriza a rup-
tura da ordem legal no Brasil.
Ameaças existem – além da
calamidade sobre cujos des-
dobramentos pouco sabemos


  • e todas se originam no radi-
    calismo, que impede o diálo-
    go e cultiva a intolerância. O
    radicalismo que erige compe-
    tidores em adversários, e ad-
    versários em inimigos, não
    permitiu, após um ano e
    meio de mandato, o avanço
    decisivo de uma agenda de re-
    formas, apesar de anunciada
    desde 2018 e de ser considera-
    da imprescindível.
    Divergências de opinião, e
    mesmo de princípio, não im-
    pedem a convergência sobre
    uma agenda de reformas. Di-
    vergências são, ao contrário,
    salutares, porque obrigam a
    levar em conta pontos de vis-
    ta diferentes. Obrigam, sobre-
    tudo, a fazer concessões mú-
    tuas que redundem em ga-


nhos maiores para todos do
que a soma das perdas de ca-
da lado. Divergências são ine-
rentes à sociedade humana e
a única alternativa à imposi-
ção unilateral e autoritária é
o diálogo e a disposição para
concessões mútuas.
Tentativas de superação de
divergências com a maioria
do Congresso, empreendidas
por interlocutores do Planal-
to, falharam por iniciativas do
próprio presidente. Uma pro-
posta de pacto com os demais
chefes de Poder sucumbiu,
não só a exageros retóricos,
mas também a ameaças públi-
cas de Bolsonaro.
Se não dermos ouvidos aos
radicais e agitadores de lado
a lado, é possível observar
que a imensa maioria da opi-
nião pública e dos detentores
de mandato popular teme ho-
je um golpe de Estado, cada
vez mais presente na retórica
incendiária do presidente e
de seus apoiadores mais radi-
cais. Teme-se também que a
tentativa de envolvimento
das Forças Armadas seja
bem-sucedida.
Teme-se mais, em razão
das evidências de que o mode-
lo adotado por Bolsonaro é a
cartilha bolivariana: ruptura
da Constituição, cooptação
do Judiciário, organização de
milícias armadas, corrupção
das polícias e das Forças Ar-
madas, tudo levando a uma di-
visão da sociedade que fatal-
mente produzirá o caos.
Militares como o vice-presi-
dente Mourão, que se envol-
veram em política partidária,
estavam exercendo seu legíti-
mo direito, como cidadãos,
de lutar por suas ideias e con-
tribuir para a reerguer a Na-
ção. Por isso mesmo ainda há
tempo para o diálogo com a
imensa maioria de modera-
dos para defender a Constitui-
ção, sob pena de condenar-
mos o País à destruição da
economia, à doença, à misé-
ria e à anarquia.

]
PROFESSOR TITULAR DA USP,
SERVIU NOS NÍVEIS MUNICIPAL,
ESTADUAL E FEDERAL DE GOVERNO

Panini decidiu manter a pu-
blicação mesmo após tor-
neio ser adiado para 2021.

http://www.estadao.com.br/e/copaamerica

EXPOFLORA ADIADA


Para não dizer que não falei das flores


Os testes estão sendo feitos
em sistema de drive-thru no
Sambódromo. Motoristas
formaram fila no local e teve
até quem foi de carona.

http://www.estadao.com.br/e/taxi

l“Nunca estivemos no ‘azul’. A pandemia afetou muito mais a popula-
ção. Os governantes mais ricos e o Brasil cada dia mais dividido.”
WESLEY SOUZA

l“O Senado e o Congresso não abriram mão de nenhum benefício em
prol do País. Parem de tumultuar.”
IDA GRANDIM

l“Taxar grandes fortunas e templos religiosos e investir em ciência e
desenvolvimento podem acelerar isso aí.”
THIAGO SILVA

l“Mas nada de abaixarem os custos do Legislativo, do Executivo e do
Judiciário. O povo paga a conta desses senhores.”
CLEONICE MOURA

INTERAÇÕES

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA
MEMBROS
FERNANDO C. MESQUITA
FERNÃO LARA MESQUITA
FRANCISCO MESQUITA NETO
GETULIO LUIZ DE ALENCAR
JÚLIO CÉSAR MESQUITA

Clube vai usar seu CT nos
jogos enquanto o Santiago
Bernabéu ganha cobertura
retrátil sobre o gramado e
amplia estacionamento.

http://www.estadao.com.br/e/real

Espaço Aberto


É


sempre aquela encruzi-
lhada chave do catolicis-
mo: “Pequei por pensa-
mentos, palavras... e obras”. É
nessa reticência que se instala
a inversão fatal. O pecado em
pensamento conduz direta-
mente à tortura: “Pensou ou
não pensou?”. Como prová-lo?
Já o pecado em palavras está aí
para produzir “a prova” do pe-
cado em pensamento. Mas, e
os atos? Ora, os atos perdoam-
se com meia dúzia de ave-ma-
rias. Não há que perder muito
tempo com eles.
Todo mundo tem o direito
de desejar o fechamento do
Congresso, do Supremo e do
que mais quiser e de expressar
esse desejo. Só é proibido agir
para isso com o uso de força, o
que está totalmente fora do al-
cance do portador de cartazes
em manifestações ou de quem
bate palmas para eles. O STF
agir contra essas pessoas, isso
sim, está expressamente proi-
bido por lei. Quando é o STF
que viola a lei tem-se, de saída,
uma afronta institucionaliza-
da contra o estado de direito.
Mas quando ele passa a agir
sem provocação o estado de di-
reito é literalmente aniquila-
do. Quando passa por cima
das condições dentro das
quais é lícito acionar contra al-
guém a arma mais forte do sis-
tema nenhum outro direito do
cidadão permanece em pé.
Há 15 meses o sr. Dias Toffo-
li, monocraticamente, insta-
lou o vale-tudo ao censurar
uma revista por expor seus po-
dres. Subverteu, com isso, to-
das as condições dentro das
quais a arma do STF pode ser
acionada. E fez jurisprudência.
Desde então cada ministro
“ofendido” por um “pecador
em palavras” está autorizado a
agir para “fazer justiça” com
as próprias mãos sucessiva-
mente como polícia, como pro-
motor e como juiz da própria
causa. Não é preciso lei nem fi-
gura do Código Penal que defi-
na a ofensa. Nem denúncia pe-
lo Ministério Público, nem en-
dereçamento ao tribunal defi-
nido pela lei, nem sorteio de
juiz, nem indiciamento, nem
defesa para os acusados.


De que outra ditadura têm
medo, então, os nossos alarma-
dos defensores do “estado de-
mocrático de direito”?
O divisor de águas é muito
simples e claro: há democracia
quando o povo manda no go-
verno e este só tem os poderes
que o povo explicitamente lhe
conceder. Mas nas seções de
mútuo endosso entre represen-
tantes das corporações benefi-
ciadas por ela que a imprensa
enviesada exibe à exaustão não
há verdade nem democracia fo-
ra da Constituição de 1988.
Mentira!
O caráter democrático de
uma Constituição não se defi-
ne por quais privilégios deter-
minados grupos de poder ins-
crevem nela, e sim por quais
meios ela é pactuada com
quem vai acatá-la. Sem o refe-
rendo formal e explícito dado
pelo povo, única fonte de legiti-

mação do poder numa demo-
cracia, que nos Estados Uni-
dos levou 13 anos de debates
para ser alcançado e no Brasil
nunca chegou sequer a ser pro-
posto, uma Constituição não
passa da “verdade revelada”,
ou seja, da mentira da vez a
que sempre se recorreu para
justificar sistemas de opressão.
Agora anda em voga a ques-
tão das listas tríplices. “Sem
lista tríplice não ha indepen-
dência, nem democracia, nem
transparência”, dizem nossos
“democratas”. Certíssimo!
Mas independência do que em
relação a quem? Do Estado em
relação ao povo, única fonte
de legitimação do poder que,
nas democracias, elege direta-
mente os seus promotores e
demais encarregados de fiscali-
zar o governo, assim como os
conselhos gestores de suas es-
colas públicas.
Não é de um óbvio ululante
que a cadeia de lealdades que
as listas tríplices macunaími-
cas estabelecem – primeiro,
do servidor em detrimento do

servido com a corporação que
seleciona os três nomes passí-
veis de serem transformados
em deuses e, depois, de todos
com o suposto fiscalizado a
quem cabe a escolha final –
são a própria descrição da tra-
gédia do Brasil?
Não seria a cegueira da im-
prensa para essa obviedade de-
corrência do fato de haver gen-
te demais nas redações desfru-
tando, pessoalmente ou pela
interseção de “cônjuge, com-
panheiro ou parente em linha
reta ou colateral, por consan-
guinidade ou afinidade, até o
terceiro grau”, os privilégios
do emprego estatal, que por is-
so os contemplam com a mes-
ma boa vontade com que os
ministros do STF contem-
plam os seus?
De que outro modo é possí-
vel explicar que com a ajuda de
600 reais reduzida a 200 ou
300 e por apenas mais dois ou
três meses por falta de dinhei-
ro e metade da população de-
sempregada ou subempregada
não ocorra a nenhuma grande
redação brasileira pôr em pau-
ta os salários, a indemissibilida-
de, as aposentadorias, as lagos-
tas e os vinhos tetracampeões
que nem as pandemias derru-
bam? Ou as reportagens que
expliquem como conseguem
as excelências que tantas loas
cantam ao “estado de direito”,
mesmo com o gordo salário
que consta dos seus holerites,
manter suas dachas internacio-
nais em euros ou em dólares?
A única invocação da Consti-
tuição brasileira interessada
no Brasil é a que vier para rei-
vindicar a reforma que ponha
o País Oficial na dependência
estrita da sua constante recon-
firmação pelo País Real. E essa
reforma começa por extirpar
dela tudo o que não diga respei-
to a todos os brasileiros sem
nenhuma exceção. Vender pri-
vilégios medievais como demo-
cracia e uma privilegiatura se-
gura o bastante para exibir sua
arrogância como “estado de di-
reito” não engana ninguém.

]
JORNALISTA, ESCREVE
EM WWW.VESPEIRO.COM

PUBLICADO DESDE 1875

LUIZ CARLOS MESQUITA (1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)

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DIAGNÓSTICO
Rio inicia testagem de
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Real Madrid reforma
estádio na quarentena

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]
Fernão Lara Mesquita


Tema do dia


Arena Fonte Nova virou hos-
pital de campanha durante a
pandemia de covid-19.

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Será que vai


ter golpe?


Sem o referendo do
povo uma Constituição
não passa de mais
uma ‘verdade revelada’

Diálogo com adversários


e tolerância às divergências


Ainda há tempo para
entendimento com a
maioria moderada em
defesa da Constituição

AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)

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E R$ 9,50 (DOMINGO). BA, SE, PE, TO E AL: R$ 8,
(SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 10,50 (DOMINGO). AM, RR,
CE, MA, PI, RN, PA, PB, AC E RO: R$ 9,00 (SEGUN-
DA A SÁBADO) E R$ 11,00 (DOMINGO)
PREÇOS ASSINATURAS: DE SEGUNDA A DOMINGO


  • SP E GRANDE SÃO PAULO – R$ 134,90/MÊS. DEMAIS
    LOCALIDADES E CONDIÇÕES SOB CONSULTA.
    CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL: 3,65%.


Brasil pode ver


contas no azul só em


2033, indica estudo


Estimativa da Instituição Fiscal
Independente do Senado mostra que
rombo de 2020 deve ser de R$ 912,4 bi

]
José Augusto Guilhon Albuquerque

ADRIANA MOREIRA/ESTADÃO ESPANHA

No estadao.com.br


FUTEBOL

Copa América vai ter
álbum de figurinhas

COVID-

Pacientes vão ganhar
camisas do Bahia
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