O Estado de São Paulo (2020-06-16)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:A-8:20200616:
A8 Internacional TERÇA-FEIRA, 16 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


PARIS


A União Europeia reabriu on-
tem suas fronteiras internas
após meses de isolamento pa-
ra frear a propagação do coro-
navírus. A iniciativa veio em
meio ao medo de uma segun-
da onda de contaminações na
China e a situação crítica na
América Latina. Apesar de um
acordo prévio, cada país ado-
tou um protocolo de permis-
são de entrada de visitantes.
Ontem, Alemanha, Bélgica,
França e Grécia decidiram res-
tabelecer a livre circulação com
todos os países da UE. No caso
dos gregos, a medida é ainda
mais ousada, pois o país já deve
receber turistas de outros conti-
nentes, como Austrália, Nova
Zelândia, Japão e China.


A ilha de Santorini, ponto tu-
rístico da Grécia, receberá os pri-
meiros visitantes, dividida en-
tre a necessidade de recupera-
ção da economia e o receio de
novos contágios. “Estamos espe-
rando desesperadamente por
eles. Precisamos deles. Se eles
não aparecem, como vamos so-
breviver?”, disse Michalis Dro-
so, que trabalha em uma loja de
suvenires do centro de Fira, prin-
cipal cidade da ilha.
Ontem os primeiros ale-
mães chegaram às Baleares,
ilhas espanholas no Mediterrâ-
neo, como parte de um proje-
to-piloto que receberá 11 mil
turistas. Além disso, a Espa-
nha, que registrou 27 mil mor-
tes por coronavírus, antecipa-
rá para 21 de junho a reabertu-
ra de suas fronteiras com os
países da UE, exceto Portugal.
“É um momento crítico para o
qual estamos nos preparan-
do”, disse o primeiro-ministro
espanhol, Pedro Sánchez.
A Itália, com mais de 34 mil
mortos por covid-19, abriu as
fronteiras em 3 de junho e regis-
trou dois novos focos nos últi-
mos dias em Roma. Na França,
onde o coronavírus deixou qua-

se 30 mil mortos, o ministro da
Saúde, Olivier Véran, afirmou
que “o pior da epidemia ficou
para trás”.
Em Paris, os turistas poderão
visitar a Torre Eiffel, mas terão
de subir pelas escadas. Ontem,
os restaurantes reabriram suas
áreas internas, embora pratica-

mente sem visitantes e com mui-
tos franceses ainda trabalhando
em casa. Os estabelecimentos
que servem comida fora da re-
gião de Paris já tinham a autori-
zação para reabrir desde o dia 2.
No bistrô Le Mesturet, entre
a Ópera Garnier e o Museu do
Louvre, o dono, Alain Fontaine,

afirmou que era um alívio rea-
brir as portas, mas alertou que,
sem turistas e com muitas pes-
soas ainda trabalhando remota-
mente, os restaurantes não de-
veriam operar em plena capaci-
dade para evitar o risco de falên-
cias. “Estou certo de que, no fi-
nal do verão, todos reabrirão,

mas pode levar de seis meses a
um ano até que os negócios se
recuperem totalmente”, disse.
Bulgária, Croácia, Hungria,
Letônia, Lituânia, Estônia, Eslo-
váquia e Eslovênia também já
começaram a levantar restri-
ções para estrangeiros, mas ex-
cluíram os turistas de países
que consideram não seguros –
em muitos casos, essa lista in-
clui Suécia e Reino Unido.
Os suecos, cujo governo ado-
tou uma estratégia questiona-
da de contenção da crise, tam-
bém estão vetados na Noruega
e Suíça, país que não integra a
UE. O Reino Unido, que deixou
a UE em janeiro, mas permane-
ce alinhado com o bloco até o
fim deste ano, impôs na sema-
na passada uma exigência de
quarentena de 14 dias para a
maioria das chegadas de estran-
geiros ao país. / AFP, REUTERS e
EFE

lAs autoridades de saúde de
Pequim, capital da China, deter-
minaram ontem o fechamento
de instalações esportivas e de
lazer e intensificaram o contro-
le da circulação de pessoas
após o aparecimento de mais

de 100 novos casos de covid-
em 24 horas.
Pelo menos 11 bairros foram
isolados e as autoridades dizem
que as novas infecções estão vin-
culadas ao mercado de Xinfadi,
no distrito de Fengtai. O local,
que é responsável pelo abasteci-
mento de 80% das verduras, dos
legumes e da carne consumida
em Pequim, foi fechado nas pri-
meiras horas de sábado.
A Organização Mundial da Saú-

de (OMS) confirmou ontem o no-
vo foco. “A China registrou um
novo surto em Pequim, após 50
dias sem casos na cidade, com
mais de 100 notificações. A ori-
gem e extensão do surto estão
sendo investigadas”, afirmou o
diretor-geral da OMS, Tedros Ad-
hanom Ghebreyesus. “Mesmo os
países que demonstraram capaci-
dade de suprimir a transmissão
de covid-19 precisam permane-
cer vigilantes.” / AFP

MARTIN BUREAU/AFP

lReceio


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Com novo surto,


China fecha áreas


de lazer e mercado


UE reabre


fronteiras


com regras


divergentes


“Estamos esperando
desesperadamente por eles
(turistas). Se eles não
aparecem, como vamos
sobreviver?”
Michalis Droso
LOJISTA DE SANTORINI, NA GRÉCIA


Medidas variam de quarentena para viajantes


até uma ousada liberação total para turistas


Volta. Mulheres fazem refeição em restaurante de Paris: reabertura ocorre em meio ao medo de nova onda de contágio
Free download pdf