O Estado de São Paulo (2020-06-17)

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A12 Metrópole QUARTA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


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Denise Suzette Debbas – Aos
82 anos. Filha de Victor Schinasi e
Fanny Schinasi. Era casada com
Elie Basile Debbas. Deixa os filhos
Adriana Debbas, Victor Debbas,
parentes e amigos. O enterro foi
realizado no Cemitério Israelita
do Butantã.
Péricles Cardoso – Dia 11, aos
94 anos. Era viúvo de Dinorah de
Oliveira Santos Cardoso. Deixa os

filhos Maura, Roberto e Edgard. O
enterro foi realizado no Cemitério
da Lapa.
Bernhard Hanns Julius
Schwarzer – Dia 4, aos 88 anos.
Filho de Bernhard Schwarzer e Ju-
liana Schwarzer. Era casado com
Dorothea Schwarzer. Deixa os fi-
lhos Cristian, Claudia, parentes e
amigos. O enterro foi realizado no
Cemitério da Paz.

RECUPERADOS RELATAM


ROTINA DE DOR E FADIGA


WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Sintomas. Adriana
só teve exame
negativo 28 dias
após o diagnóstico

Alta hospitalar após a covid-19 está longe de significar que o problema acabou


O cervejeiro Teddy Tambosi, de Blu-
menau, teve uma situação sui gene-
ris. Perdeu, por tempo bem maior
do que relatos mais comuns, os dois
sentidos que mais usa em sua profis-
são: o olfato e o paladar. Foram mais
de três semanas sem conseguir sen-
tir nenhum aroma ou sabor. Ele teve
um quadro considerado leve de co-

vid-19. Sentiu dores de cabeça, certo
peso para respirar, mas não teve febre.
“A perda dos sentidos foi repentina e
total. Um dia acordei sem eles. Não é
como quando a gente fica resfriado,
que não sente cheiros porque está com
o nariz entupido. Eu cheirava pote de
café e Vick Vaporub para ver se sentia
algo e nada”, diz. “Depois foi voltando,

mas ainda não é 100%. Chegou a bater
um desespero de que nunca mais fosse
voltar. Por trabalhar com cerveja, sem-
pre presto atenção em aromas e sabo-
res de tudo. Isso foi ruim demais.”
Já pacientes que chegaram ao ponto
de serem entubados, com comprome-
timento da função pulmonar, também
perdem massa e força muscular pelos
muitos dias que ficam de cama, o que
torna ainda mais lenta a recuperação.
É o caso do médico anestesista Rober-
to Guerra, de 70 anos. Morador de Be-
lém, ele foi internado na capital paraen-
se, mas teve de vir para São Paulo de

avião, às pressas, quando sua situação
ficou muito grave. Na Beneficência
Portuguesa, foi atendido pelo cardiolo-
gista Marcelo Sampaio.

Demora. Foi quase um mês de hospi-
talização, oito dias entubado. Mais de
75% de seu pulmão foi tomado pelo
coronavírus. Ao ser extubado, ainda ex-
perimentou alucinações. Já está há um
mês de volta a Belém e tem feito fisiote-
rapia para recuperar tanto a força mus-
cular quanto a função pulmonar. A ex-
pectativa, porém, é de que a recupera-
ção de seus pulmões leve de quatro a

seis meses. Ele conta que tomou clo-
roquina e azitromicina, que cha-
mou de “medicações empíricas”,
mas afirma que “não deram em na-
da, é papo furado”. O médico admi-
te que subestimou a doença no co-
meço. “Confesso que achava meio
igual ao Bolsonaro, que seria uma
gripezinha passageira. Não é. Agora
estou comendo, andando um pou-
co. Mas minhas mãos estão trêmu-
las, canso com facilidade, até a me-
mória foi afetada. Não consigo nem
lembrar do período em que fiquei
internado em Belém.” / G.G.

Giovana Girardi

“U


m dia estava
bem, parecia
que tinha pas-
sado. No dia se-
guinte, acorda-
va super cansa-
da, com dor no corpo. Do nada você
piora, vem uma falta de ar, dor que
faz nem conseguir levantar da ca-
ma.” O relato é da enfermeira Adria-
na Brito Leone, de São Paulo. Mas
poderia ser da Rebeca, de Natal. Do
Altair, de Niterói. Do Teddy, de Blu-
menau. Ou do Roberto, de Belém.
Todos engrossam a estatística das
pessoas que já tiveram covid-19 no
Brasil. Segundo o Ministério da Saú-
de, entre os mais de 923 mil casos
confirmados da doença até ontem,
mais de 441 mil são considerados re-
cuperados. Nas últimas semanas, o
governo federal tem feito questão
de destacar o dado – mais até do que
informações sobre os novos casos e
mortes –, tentando passar uma boa

notícia. “O número de pessoas cura-
das tem crescido dia após dia por causa
dos esforços que o governo do Brasil
tem empenhado em auxiliar Estados e
municípios a prepararem suas estrutu-
ras de saúde”, diz o ministério na nota
diária que envia à imprensa.
Mas especialistas e pacientes ouvi-
dos pelo Estadão mostram que ser um
“recuperado” não exatamente repre-
senta estar curado ou sem sequelas.
Pacientes que foram entubados en-
frentam um processo complicado de
reabilitação, mas mesmo alguns que ti-
veram quadros considerados menos
severos, e não demandaram hospitali-
zação, relatam que a doença pode se
manifestar por um tempo mais longo,
com os sintomas voltando em ondas.
“Quando falamos em recuperados,
estamos falando de quem teve alta hos-
pitalar. Não significa alta médica. Os
leitos precisam girar. Então às vezes o
paciente sai ainda com algum sintoma,
alguma queixa. Não estão aptos a vol-
tar para o trabalho, voltar a fazer ativi-
dade física. São recuperados só da fase

aguda da doença, mas é um processo
gradual”, afirma Marcelo Sampaio, car-
diologista da Beneficência Portuguesa
(BP) de São Paulo.
Como a doença é ainda muito nova,
não houve tempo para observar se po-
dem ocorrer sequelas de longo prazo.
Já se sabe que a covid-19 pode ter uma
manifestação sistêmica, causando não
só sintomas respiratórios, como tam-
bém afetar coração, cérebro, rins. Se
são problemas reversíveis ou se, em al-
gumas pessoas, esses danos poderão
ser duradouros ou permanentes, só da-
qui um tempo será possível saber.
Um grupo liderado pelo pneumolo-
gista Carlos de Carvalho, do Incor e do
Hospital das Clínicas de São Paulo, pre-
tende identificar sequelas a longo pra-
zo. Os pesquisadores devem acompa-
nhar, por um ano, cerca de 2 mil pacien-
tes que saírem do HC após a infecção
de covid-19. “Além de observar a recu-
peração da parte respiratória, vamos
acompanhar se apresentam fraqueza
muscular, problemas nefrológicos
(rins) , como se dá a recuperação neuro-

lógica (volta de olfato e paladar) .”
Como parte do projeto, já estão sen-
do feitos estudos anátomo-patológi-
cos – com tomografia, ressonância e
biópsia – em alguns pacientes que vão
a óbito para identificar o comprometi-
mento que a covid causa em órgãos vi-
tais. As descobertas vão orientar os
cientistas sobre pontos que eles de-
vem prestar atenção nos pacientes que
serão acompanhados.
“A primeira etapa é a alta, mas os
pacientes não saem zerados e podem
ocorrer vários desfechos funcionais.
Queremos saber quando a pessoa vol-
tou a ter capacidade para trabalhar, pa-
ra subir uma escada, tomar banho sozi-

nha. Sabemos que alguns pacientes
saem com certo grau de confusão
mental, um pouco de delírio. Vamos
acompanhar para saber quanto é re-
versível ou não”, diz.

Fadiga. Mesmo em pacientes que
não chegaram a ser internados, os
médicos têm notado que as queixas
de fadiga e cansaço após fazer ativi-
dades simples têm durado mais do
que os 14 dias normalmente descri-
tos como de ocorrência dos qua-
dros moderados a leves.
É o que ocorreu com Adriana. A
enfermeira de 40 anos trabalhava
na UTI do AC Camargo Cancer Cen-
ter quando começou a sentir sinto-
mas no dia 5 de maio. Três dias de-
pois já tinha resultado positivo para
covid-19. Duas semanas depois, vol-
tou a fazer o exame, e continuava
positivo. A mesma coisa se repetiu
após mais uma semana.
O exame só foi dar negativo – ou
seja, o vírus só tinha sido completa-
mente eliminado do corpo dela – 28
dias depois do diagnóstico. E naque-
le dia ela ainda tossia e sentia dor
muscular. Seu quadro nunca che-
gou a ficar grave, mas os sintomas
tampouco foram de uma “gripezi-
nha”. No início, ela diz ter sentido
muito cansaço e uma dor muito for-
te. “Começava na lombar e descia
para as pernas. Parecia que estava
rasgando meu músculo.” Depois vie-
ram a dor de cabeça, a falta de ar.
Uma tomografia revelou que 25%
do pulmão já estava comprometido.
“Não são só 14 dias. E a gente fica
sem certeza de nada, se ainda está
transmitindo, se pode piorar. Eu tra-
balhava em UTI, sentia na pele o
que os pacientes estavam sentindo
e morria de medo de ser entubada e
parar lá dentro”, diz.
A arquiteta Rebeca Grilo, de 32
anos, de Natal, e o engenheiro elétri-
co Altair Ruiz, de 40, de Niterói, afir-
mam que a sensação de fadiga é a
mais duradoura.
Rebeca diz que sentiu os primei-
ros sintomas em 22 de abril. O diag-
nóstico foi confirmado com exame
de PCR em 6 de maio e, como a oxige-
nação estava normal, foi orientada a
ficar duas semanas em casa, isolada.
Nesse período, ela piorou, voltou ao
hospital para receber um pouco de
oxigênio, mas, passado o período re-
gulamentar de 14 dias da infecção,
continuou tendo episódios ruins.
“Estou fazendo exercícios respira-
tórios desde o dia 29 de maio e senti
uma melhora. Hoje já consigo falar
ao telefone por 5 minutos sem sen-
tir tanto cansaço, consigo tomar ba-
nho normalmente, mas não consigo
subir um lance de escada sem me
sentir exaurida. É como se tivesse
subido dez lances correndo. Ainda
tenho episódios de tosse, dor de ca-
beça, de ouvido e no abdome na re-
gião do fígado”, disse ao Estadão. A
situação de Ruiz é ainda mais pro-
longada. Ele diz ter sentido os pri-
meiros sintomas ainda em março e
foi diagnosticado no começo de
abril. Também não chegou a ser in-
ternado, mas não melhorou até ho-
je. “Ainda sinto dor nas costas. É
uma fadiga debilitante, que não per-
mite nem tomar banho direito.”

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


É com pesar que o É com pesar que o É com pesar que o É com pesar que o Banco FatorBanco FatorBanco FatorBanco Fator
comunica o falecimento de um de seus ex-sócios e ex-diretor executivocomunica o falecimento de um de seus ex-sócios e ex-diretor executivocomunica o falecimento de um de seus ex-sócios e ex-diretor executivocomunica o falecimento de um de seus ex-sócios e ex-diretor executivo

CARLOS ALBERTO PAES BARRETOCARLOS ALBERTO PAES BARRETOCARLOS ALBERTO PAES BARRETOCARLOS ALBERTO PAES BARRETO


ocorrido em 16 de junho de 2020, em São Paulo. ocorrido em 16 de junho de 2020, em São Paulo. ocorrido em 16 de junho de 2020, em São Paulo. ocorrido em 16 de junho de 2020, em São Paulo.
Nossa homenagem e sinceros agradecimentos ao eterno amigo.Nossa homenagem e sinceros agradecimentos ao eterno amigo.Nossa homenagem e sinceros agradecimentos ao eterno amigo.Nossa homenagem e sinceros agradecimentos ao eterno amigo.

RECUPERAR PULMÕES


PODE LEVAR MESES


l Processo longo

Conselho prevê aulas com rodízio e máscaras. Pág. A13 }


A família do inesquecível A família do inesquecível A família do inesquecível A família do inesquecível

Álvaro LotaifÁlvaro LotaifÁlvaro LotaifÁlvaro Lotaif


agradece as manifestações de carinho agradece as manifestações de carinho agradece as manifestações de carinho agradece as manifestações de carinho
e convida para a missa de 30° dia e convida para a missa de 30° dia e convida para a missa de 30° dia e convida para a missa de 30° dia
online da Igreja Nossa Senhora do online da Igreja Nossa Senhora do online da Igreja Nossa Senhora do online da Igreja Nossa Senhora do
Brasil, dia 19/06 às 13:00 horas. Brasil, dia 19/06 às 13:00 horas. Brasil, dia 19/06 às 13:00 horas. Brasil, dia 19/06 às 13:00 horas.
Condolências pelo e-mail: Condolências pelo e-mail: Condolências pelo e-mail: Condolências pelo e-mail:
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l Monitoramento
Pesquisa no Hospital das Clínicas pre-
tende acompanhar por um ano cerca
de 2 mil pacientes que tiveram a covid.

Reportagem especial ]


Efeitos da doença


“O tempo de recuperação após
um esforço tem sido cada vez
menor, mas permanece maior do
que no período antes da doença.”
Rebeca Grilo
DIAGNOSTICADA EM MAIO
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