O Estado de São Paulo (2020-06-17)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:A-13:20200617:
O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2020 Metrópole A


Pedro Prata
Rayssa Motta

A


Polícia Militar de Goi-
ás apreendeu 300 qui-
los de maconha escon-
didos em caixões transporta-
dos por um carro funerário. A
droga foi encontrada na ma-
drugada de segunda-feira, du-
rante fiscalização na BR-060,
na altura do município de Ja-

taí, localizado a cerca de 300 qui-
lômetros da capital do Estado.
De acordo com os agentes, o
motorista, de 22 anos, disse que
estava transportando dois cor-
pos de vítimas da covid-19 e os
caixões estavam lacrados, se-
guindo protocolo para evitar a
contaminação pelo vírus. Ele in-
formou ainda que havia saído
de Ponta Porã, em Mato Gros-
so, e seguia para Goiânia.

Os policiais solicitaram a docu-
mentação necessária para o trans-
porte dos corpos, mas o condutor
não apresentou. Diante disso, a

equipe decidiu abrir os caixões
e encontrou a droga. O suspei-
to e o carregamento foram leva-
dos para a Delegacia de Polícia.

Bom Jesus


dos Perdões


2
Terreno | 1.150 m

CEM ADMINISTRAÇÃO E
PARTICIPAÇÕES S/A

IMÓVEIS À VENDA


TRATAR: Sr. Valdemir Colleone (CRECI J-23555)

(19) |99604-0404 (19) (^) 3894-
Salto
2
Terreno | 20.000 m
Ituverava
2
Terreno | 900 m

PM apreendeu droga dentro de carro funerário
300 KG DE MACONHA
EM ‘CAIXÃO DA COVID’
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Renata Okumura
O Ministério da Educação
(MEC) alterou o prazo das ins-
crições para o Sistema de Sele-
ção Unificada (Sisu) do segun-
do semestre de 2020 para os
dias 7 a 10 de julho. Em maio, o
MEC havia informado que as
inscrições começariam ontem
e iriam até a próxima sexta.
O Sisu é o sistema online em
que instituições públicas de en-
sino superior oferecem vagas
para quem fez o Exame Nacio-
nal do Ensino Médio (Enem).
Ontem, no início da manhã, an-
tes de terem conhecimento da
nova data, estudantes demons-
traram indignação nas redes so-
ciais diante da não abertura das
inscrições. Na página do Sisu
não havia nenhuma informa-
ção, apenas dados referentes ao
último processo seletivo.
A União Nacional dos Estu-
dantes (UNE) também cobrou
um posicionamento do MEC so-
bre a abertura das vagas. A pasta
informou que o edital com o no-
vo prazo será publicado hoje no
Diário Oficial da União. Segun-
do o MEC, a mudança ocorreu
por causa da suspensão de algu-
mas atividades acadêmicas e ad-
ministrativas nas universida-
des, ocorridas em consequên-
cia da pandemia do novo coro-
navírus.
“Até o momento, mais de 51
mil vagas foram ofertadas por
57 instituições públicas. O nú-
mero pode aumentar. Nesta edi-
ção, haverá a novidade da oferta
de vagas em cursos a distância”,
informou, em nota, o ministé-
rio. A consulta dos estudantes
às vagas disponíveis no Sisu po-
derá ser feita a partir do dia 30
de junho.
Só no processo seletivo do pri-
meiro semestre deste ano hou-
ve 1,8 milhão inscritos para 237
mil vagas. O Sisu do primeiro
semestre do ano foi marcado
por uma série de falhas. Segun-
do os relatos, estudantes que fi-
zeram apenas uma opção de cur-
so e não conseguiram a vaga na
chamada regular não estavam
conseguindo participar da lista
de espera. O adiamento da aber-
tura das inscrições do Sisu do
segundo semestre ocorre no
momento em que o presidente
Jair Bolsonaro discute uma saí-
da para o ministro da Educação,
Abraham Weintraub, deixar o
governo de forma menos trau-
mática.
Outros programas. Também
foi alterada a data de inscrição
do Programa Universidade Pa-
ra Todos (Prouni), que passou
para o dia 14 de julho, e do Finan-
ciamento Estudantil (Fies),
postergada para 21 a 24 de julho.
A realização do Enem tam-
bém foi adiada pelo MEC, em
maio, após pressão de estudan-
tes, secretários de Educação e
entidades. A prova estava mar-
cada anteriormente para os
dias 1.º e 8 de novembro.
O argumento para adiar o exa-
me foi o de que a pandemia do
novo coronavírus provocou de-
fasagem na aprendizagem de es-
tudantes, principalmente os de
escolas públicas. Com a suspen-
são das atividades nas escolas,
parte dos alunos deixou de
acompanhar as aulas. As novas
datas para o Enem ainda não es-
tão definidas, mas o MEC pre-
tende lançar uma enquete com
os estudantes que se inscreve-
ram para realizar o exame. Há a
possibilidade de que a prova se-
ja realizada só no ano que vem.
Gonçalo Júnior
Quando forem retomadas, as
aulas presenciais nas escolas
terão menos alunos por sala e
só atividades individuais, na-
da de trabalhos em grupo. Ha-
verá rodízio entre estudantes
em sala e em casa, com conti-
nuidade das atividades onli-
ne. No intervalo, refeitórios
terão lugares marcados para
que estudantes mantenham a
distância entre si. Cada um
deverá ter a própria garrafi-
nha de água. Podem ocorrer
aulas de reposição aos sába-
dos ou em outros períodos.
Professores e alunos devem
usar máscaras o tempo todo.

Essas são algumas das diretri-
zes elaboradas pelo Conselho
Nacional de Secretários de Edu-
cação (Consed) para o retorno
às aulas presenciais no País. Os
secretários estaduais não têm
previsão de datas para a volta,
mas elaboraram a cartilha nacio-
nal para que Estados façam
adaptações às realidades locais,
principalmente em relação às
ações sanitárias. O documento
dedica grande espaço a medi-
das pedagógicas.
As escolas devem apresentar
alternativas para o cumprimen-
to da carga horária mínima
anual com ampliação da jorna-
da diária e reposição de aulas
aos sábados ou à noite. O docu-
mento prevê a “possibilidade
de prorrogação do calendário
para o período de recesso ou pa-
ra o ano seguinte”. Isso signifi-
ca que o ano letivo não deve aca-
bar em dezembro.
“Os anos letivos de 2020 e
2021 serão entendidos como
um ciclo. Com isso, os alunos
não seriam prejudicados. Os
conteúdos de 2020 seriam dis-
tribuídos nesse ciclo”, diz a se-
cretária de educação de Ala-
goas, Laura Souza, uma das
coordenadoras do documento.
“Vamos olhar para o currículo e
identificar aprendizagens fun-
damentais que não podem fal-
tar para todos os estudantes.”
Embora seja orientado princi-
palmente para escolas públicas,
a cartilha do Consed também
influencia as particulares. Em
São Paulo, gestores e professo-
res já começaram a quebrar a
cabeça para se adequar ao “no-
vo normal” antes mesmo de o
documento ser divulgado. Me-
didas de prevenção, como más-
caras, medição de temperatura
e álcool em gel, são itens de con-
senso. O problema será o distan-
ciamento social.
Rodízio. No Colégio Equipe,
em Higienópolis, região central
paulistana, os mais de 600 alu-
nos deverão viver um rodízio de
uma turma por vez, por dia e
por período na escola. “Na se-
gunda-feira, teremos aulas ape-
nas para os alunos do 1.º do ensi-
no médio, por exemplo. Esses
alunos, da mesma turma, serão
distribuídos em várias salas”,
diz a diretora Luciana Fevorini.
O mesmo rodízio deve ocor-
rer com os 814 alunos do Colé-
gio Gracinha, no Itaim-Bibi, na
zona oeste de São Paulo. “Será
muito difícil que a gente retor-
ne com todos de uma vez. Con-
cordamos que o retorno deve
ser gradual, por partes, com
poucos alunos”, avalia Wagner
Cafagni Borja, diretor geral.
Eliana Rahmilevitz, diretora
pedagógica da Stance Dual
School, escola bilíngue na Bela
Vista, região central da cidade,
mostra preocupação com o la-
do emocional dos quase 500 alu-
nos e suas famílias. “Queremos
ouvir o que eles têm a dizer nas
aulas de teatro, música e artes.”
O documento divulgado pelo
Consed faz recomendações so-
bre “como” as escolas devem
proceder, mas não faz referên-
cia ao “quando”. Ainda não há
previsão de reabertura das esco-
las para aulas presenciais.
Benjamim Ribeiro da Silva,
presidente do Sindicato dos Es-
tabelecimentos de Ensino de
São Paulo, aposta no mês de
agosto como a possível retoma-
da de todas as escolas, privadas
e públicas. Os colégios particu-
lares de São Paulo preparam
protocolo próprio, já apresenta-
do ao governo estadual, mas ain-
da não obtiveram retorno.
Uma das preocupações dos
autores do estudo é com o finan-
ciamento das ações na esfera pú-
blica. “Os cuidados de preven-
ção vão criar custos extras. Não
temos margem para tantos in-
vestimentos. É preocupante”,
diz Claudio Furtado, secretário
de Educação da Paraíba e tam-
bém coordenador do estudo do
Consed. Ele diz que não houve
participação do Ministério da
Educação (MEC). “Por isso, o
protocolo é importante como
ação unificada de Estados e Dis-
trito Federal.” Procurado, o
MEC não se manifestou.
ORIENTAÇÕES
Plano esbarra
em falta de
recursos
l Enquete
Estudantes inscritos no Enem
terão de 20 a 30 de junho para
votar em opções de datas da pro-
va, distribuídas entre dezembro
de 2020, janeiro ou maio de 2021.
MEC adia para julho abertura das inscrições do Sisu
l Convivência
POLICIA MILITAR
Lacrados. Motorista não apresentou documentação
Tráfico
l Salas mais vazias
O documento do Conselho Nacio-
nal de Secretários de Educação
indica que as aulas presenciais
nas escolas deverão ter menos
alunos por sala.
l Lugares marcados
Em áreas comuns, como refeitó-
rios, os alunos deverão manter a
distância entre si.
l Reposições
Para cumprir a carga horária
mínima anual, pode haver amplia-
ção da jornada diária e reposição
de aulas aos sábados ou à noite.
Também é possível que se pror-
rogue o calendário deste ano pa-
ra o ano seguinte.
Especialistas ouvidos pelo Esta-
dão
apontam desafios para a im-
plementação do plano, tanto
em relação à disponibilidade de
profissionais e recursos quanto
à diversidade das redes de ensi-
no pelo País.
Silvia Colello, professora de
pós-graduação da Faculdade de
Educação da Universidade de
São Paulo, afirma que algumas
medidas estão distantes da rea-
lidade escolar. “Temos propos-
tas sobre contratação de mais
servidores e formação dos pro-
fessores. Outra cita ampliação
das aulas em horários alternati-
vos. Mas as escolas já funcio-
nam em três turnos e os profes-
sores trabalham em diferentes
instituições”, argumenta. “Há
boa intenção. Mas é preciso to-
mar cuidado entre boas inten-
ções e um discurso prescritivo
sem a efetivação das medidas.”
O professor Wagner Cafagni
Borja, diretor geral do colégio
Gracinha, no Itaim-Bibi, zona
oeste, classifica o documento
como “embasado e que alinha
medidas bastante razoáveis do
ponto de vista sanitário, ainda
que apresentem grande dificul-
dade de implementação, e do
ponto de vista pedagógico”.
O documento foi criado pela
Frente Protocolo de Retomada,
que reúne técnicos das secreta-
rias estaduais de Educação e do
Distrito Federal, a partir da ex-
periência de outros países que
já retomaram as aulas, como a
França, organismos internacio-
nais, entre eles a Unesco, e de
protocolos de Estados que já se
adiantaram nesse quesito. O Se-
brae foi parceiro técnico.
Método. Luiz Miguel Martins
Garcia, presidente da União
dos Dirigentes Municipais de
Educação de São Paulo (Undi-
me), afirma que o documento
não contempla as necessidades
dos municípios. “Não basta di-
zer o que fazer. Também temos
de dizer ‘como’ fazer”, diz.
“O documento traz a leitura e
o olhar das redes estaduais. Ele
olha para o atacado, como um
todo. O Estado de São Paulo,
por exemplo, tem 645 municí-
pios. Cada um tem uma realida-
de diferente entre si”, avalia o
presidente da Undime, que pre-
tende lançar o seu próprio pro-
tocolo de diretrizes para reto-
mada das escolas na próxima
sexta-feira. /G.J.
Mudança na data ocorreu
por causa da suspensão
de algumas atividades
nas universidades,
segundo o ministério
JF DIORIO/ESTADÃO-23/5/
Conselho
prevê aulas
com rodízio
e máscaras
“O trabalho presencial vai
tentar recuperar o que se
perdeu do convívio, aspecto
fundamental da escola.”
Wagner Cafagni Borja

DIRETOR DO COLÉGIO GRACINHA
Documento de secretários lista diretrizes
para volta às aulas; data segue indefinida
Currículo. Retorno deverá garantir que alunos não deixem aprender temas fundamentais

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