O Estado de São Paulo (2020-06-17)

(Antfer) #1

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B10 Economia QUARTA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Negócios


VOLVO XC60 2.0 T5 MOM 16/17 - LEILÃO DIA 18/06, QUINTA, 11H.

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Frente à pandemia, Azul e Latam fecham


acordo para compartilhamento de voos


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Bruno Romani


A startup de transferên-
cias internacionais Remes-
sa Online anunciou on-
tem que recebeu um apor-
te de R$ 110 milhões em rodada
liderada pelo fundo Kaszek,
que já fez investimentos em al-


gumas das principais startups
do País, como o Nubank, Loggi
e QuintoAndar. Participaram
também da rodada o fundo
Bewater Ventures e Kevin
Efrusy, sócio do fundo america-
no Accel Partners, que já inves-
tiu em empresas como Face-
book e Dropbox.
Fundada em 2016 pelos vete-
ranos do mercado financeiro
Alexandre Liuzzi (ex-Santan-
der e JP Morgan) e Fernando Pa-
vani (ex-Itaú e Franklin Temple-
ton), a startup permite que bra-
sileiros recebam pagamentos
do exterior e que enviem dinhei-

ro para fora do Brasil. Com o no-
vo investimento, o objetivo é ex-
pandir o serviço para pequenas
e médias empresas, diz Liuzzi.
Segundo o executivo, a nova
rodada de aportes estava sendo

negociada desde fevereiro, an-
tes que a pandemia do novo co-
ronavírus virasse o mundo de ca-
beça para baixo. Na visão do exe-
cutivo, porém, o período de iso-
lamento social acelerou as opor-

tunidades da empresa para aten-
der pequenos empresários, que
passaram a vender mais pela in-
ternet em momentos de crise.
“Grandes corporações têm
uma assistência razoável de ban-

cos tradicionais para realizar
transações no exterior. O mes-
mo não acontece para os peque-
nos”, afirma Liuzzi. “Para eles fa-
zerem transações internacionais
é doloroso e não há previsibilida-
de.” Com um time de 200 pes-
soas, a Remessa Online promete
cobranças de taxas até dez vezes
mais baratas em alguns casos – a
plataforma cobra 1,3% de custo
sobre a operação, IOF e taxa ban-
cária, que são obrigatórios.
Com processos digitais mais
acessíveis e o barateamento da
mão de obra brasileira causado
pelo atual patamar do dólar, a
Remessa Online consegue ima-
ginar um cenário no qual peque-
nos empreendedores realizarão
mais trabalhos para contratan-
tes internacionais. “A pandemia
afetou o volume de operações
feitos pelos clientes pessoa físi-
ca, mas o segmento de pessoa
jurídica impulsionou nossos ne-
gócios”, afirma o executivo.

Luciana Dyniewicz


Em meio à crise causada pela
pandemia, as concorrentes
Azul e Latam fecharam uma
parceria para compartilha-
mento de voos (‘codeshare’,
no jargão do setor) no merca-
do doméstico. Segundo as em-
presas, o acordo valerá inicial-
mente para 50 rotas em que
apenas uma delas atua. As
passagens dos voos comparti-
lhados devem começar a ser
vendidas em agosto.

Com a parceria, que se esten-
de também para os programas
de fidelidade e tem possibilida-
de de avançar para voos interna-
cionais, as empresas preten-
dem elevar a demanda por pas-
sagens, ao conectar um maior
número de cidades brasileiras.
As companhias poderão tam-
bém oferecer mais opções a
seus clientes, em uma estraté-
gia de fidelização durante a cri-
se. Um passageiro frequente da
Azul, por exemplo, poderá via-
jar a um destino que antes só
era atendido pela Latam com-
prando a passagem da Azul, que
receberá um porcentual do va-
lor do bilhete.
Há possibilidade de o acordo
de codeshare ser ampliado para
rotas em que hoje as empresas
competem entrem si, segundo
a assessoria de imprensa da
Azul. A Latam, porém, limitou-
se a dizer que o foco da parceria
é “melhorar a conectividade
dos itinerários com voos com-
plementários operados por ca-
da uma das empresas”.
Se avançarem em um acordo
que atinja também rotas sobre-
postas, as companhias ganha-
rão sinergia. Quando uma par-
ceria é fechada nesses moldes,
uma das empresas deixa de fa-
zer determinada rota, mas as
duas vendem as passagens e di-
videm a receita. A companhia
que para de atender o destino
economiza, por exemplo, ao
não precisar mais de funcioná-
rios no aeroporto.
Um acordo de codeshare entre
Azul e Latam cobrindo rotas so-
brepostas também reduziria a
oferta de voos, podendo aumen-
tar o número de passageiros
por viagem e pressionando os
preços de passagens para cima



  • o que seria benéfico para as
    companhias em um momento
    em que a demanda despencou.
    “Com uma parceria assim, uma
    empresa consegue cobrir um
    mercado sem estar operando.
    As empresas deixam de compe-


tir na operação para cooperar e
continuam competindo na ven-
da”, diz o especialista no setor
aéreo André Castellini, da con-
sultoria Bain & Company.
Questionadas sobre a possibi-
lidade de o acordo de codeshare
evoluir para uma parceria mais
profunda, como uma fusão, a
Azul informou não haver chan-
ce de isso ocorrer. “O foco é for-
talecer as duas malhas e levar
mais opções aos clientes”, disse
a assessoria da Azul. A Latam
afirmou “estar sempre aberta a
avaliar opções de serviços que
possam beneficiar o passagei-
ro, sobretudo para melhoria de

sua eficiência”.
Assim como empresas aéreas
do mundo todo, a Azul e a La-
tam lutam agora para sobrevi-
ver à maior crise da história do
setor. A primeira recorreu a con-
sultoria Galeazzi para renego-
ciar as dívidas e ao escritório de
advocacia TWK, o mesmo que
foi responsável pela recupera-
ção judicial da Avianca Brasil. Já
a Latam pediu recuperação judi-
cial (chapter 11) na Justiça ame-
ricana. As duas empresas aguar-
dam um socorro do Banco Na-
cional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES),
que está em negociação desde o

início da pandemia. A ajuda,
que envolverá bancos privados,
poderá chegar a R$ 2 bilhões
por companhia.

Passado. A parceria entre
Azul e Latam vem um ano de-
pois de as duas travarem uma
disputa na Justiça, que envol-
veu também a Gol, para ficar
com os horários de pouso e de-
colagem (slots) da Avianca Bra-
sil no aeroporto de Congonhas,
em São Paulo. Durante o proces-
so de recuperação judicial da
Avianca, os presidentes das
companhias chegaram a trocar
farpas publicamente.

Parceria valerá inicialmente para 50 rotas domésticas em que apenas uma das companhias atua; o acordo, que deve entrar em vigor em


agosto, também vai se estender aos programas de fidelidade, e cliente poderá escolher em que empresa acumular os seus pontos


Pré-crise. Azul e Latam atendiam 137 destinos no País

UE abre duas


investigações


contra a Apple


REMESSA ONLINE–15/6/2020

Com recursos, empresa


que faz transferências


internacionais quer se


tornar solução para


pequenos negócios


Startup Remessa


Online levanta aporte


de R$ 110 milhões


Aposta. Com dólar mais barato, Liuzzi crê que brasileiros farão serviços para o exterior

PAULO WHITAKER/REUTERS-11/9/17

A Apple passou ontem a ser alvo
de duas investigações antitrus-
te da União Europeia sobre sua
App Store e o serviço Apple Pay,
com o bloco aumentando a pres-
são sobre alegadas práticas co-
merciais anticompetitivas da
empresa destinadas a prejudi-
car rivais. A Comissão Europeia
disse que uma investigação ana-
lisará o uso obrigatório do siste-
ma de compras interno da Ap-
ple e suas regras, que impedem
desenvolvedores de aplicativos
de informar aos usuários de iP-
hone e iPad sobre opções mais
baratas em outros lugares.
O caso ocorreu após uma quei-
xa do serviço de streaming de
música Spotify em 2019, que di-
zia que a Apple estava restringin-
do injustamente os rivais em be-
nefício de seu próprio serviço, o
Apple Music. Outra queixa foi a
taxa de 30% cobrada dos desen-
volvedores de aplicativos.
“Parece que a Apple teve um
papel de 'guardiã' no que diz res-
peito à distribuição de aplicati-
vos e conteúdo para os usuários
de seus dispositivos”, afirmou
em nota Margrethe Vestager,
chefe da Comissão Europeia.
O segundo caso se concentra
nos termos e condições do servi-
ço de pagamentos Apple Pay e
na recusa da empresa em permi-
tir que rivais acessem o sistema
de pagamento. A Apple criticou
as investigações da UE, dizen-
do que as queixas partem de em-
presas que querem uma “caro-
na grátis”, sem seguir as regras
“feitas para todos”. / REUTERS
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