| São Paulo, 17 de junho de 2020 4
Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.
EMBAIXADOR DA MOBILIDADE
Quais mudanças já
podemos ver na mobilidade
P
or mais tentador que seja listar
as tendências que eu acredito
(e algumas que eu desejo) para
o novo normal da mobilidade, qual-
rmação neste momento pode quer afi
ser precipitada. A crise mundial da
covid-19 ainda afeta muitos países e
setores, e há diversos fatores que po-
dem mudar de forma imprevisível.
No entanto, enquanto o futuro ainda
é incerto, podemos analisar o presente.
Como as pessoas estão se movendo
agora? Quais são as mudanças que já
estão acontecendo ao redor do mundo?
Historicamente, crises são acelera-
doras de tendências, pois temos corpo-
rações se reinventando para continuar
existindo e consumidores abandonando
o status quo em busca de soluções para
novas necessidades. A atual crise segue
esse padrão, e já é possível ver mudanças
de comportamento e demanda que fo-
ram antecipadas pela pandemia.
Já estávamos presenciando debates
sobre quais seriam as novidades para
a mobilidade há algum tempo. Mas as
movimentações que vemos de fato acon-
tecendo são relativamente diferentes das
previsões que se desenhavam nos meses
que antecederam a pandemia. Em vez
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de inovações de matriz energética, de-
senvolvimentos tecnológicos e novos
modelos de veículos – que atenderiam
somente a uma pequena parcela da po-
pulação –, a sociedade está mostrando
que sua real necessidade é por modelos
já existentes e acessíveis de mobilidade.
MENOS AGLOMERAÇÃO
Diante das recomendações de isola-
mento social, cresceram as buscas por
modelos de transporte com menos aglo-
meração, causando o primeiro grande
impacto da mobilidade como conhecía-
mos: a redução de movimento nas ruas.
Segundo a Consultoria McKinsey, o
movimento nas metrópoles do mundo
registrou queda entre 70% e 90%.
Dentro desse contexto, cresceu uma
modalidade que há muito tempo já
vem sido incentivada, porém timida-
mente até agora: a conexão entre mo-
nal de abril, a própria dais. De fato, no fi
OMS recomendou bicicleta e caminha-
da como as melhores maneiras de se
locomover durante a pandemia.
Na Austrália, por exemplo, as vendas
de bicicleta dispararam desde o começo
da quarentena, segundo reportagem do
. A prefeitura de Bogotá The Guardian
abriu 117 quilômetros de novas ciclovias
na cidade, visando diminuir as multi-
dões nos transportes públicos. Paris vai
fechar 50 quilômetros de ruas para car-
ros e reservá-las para bicicletas, e outras
30 localizações ainda serão unicamente
para pedestres, como anunciou a prefei-
ta Anne Hidalgo. O governo do Reino
Unido lançou um pacote de £ 2 bilhões
para ‘criar uma nova era’ para ciclistas e
pedestres, com iniciativas que incluem
aumentar o número de ciclovias e par-
cerias com empresas de aluguel de bici-
cletas e patinetes. O mundo todo registra
medidas em favor da micromobilidade.
O CARRO AINDA TERÁ ESPAÇO
Analisando o que já acontece em países
que estão relaxando as restrições como
França e Alemanha, observamos que o
uso do Waze já atingiu 80% do período
pré-covid. Uma pesquisa realizada pela
Ipsos na China mostra que os chineses
tendem a trocar o ônibus e o metrô pelo
uso do carro privado. Junto com a volta
do uso do carro, vemos também, nos
dados do Waze, a volta dos congestio-
namentos, que já chegaram ao mesmo
nível do período anterior da pandemia
nesses países, e isso é preocupante.
Foto: Waze
SERVIÇOS
Por Daniela Saragiotto
E
m torno de 70% da frota brasi-
leira de automóveis não possui
seguro contratado, de acordo
com a Confederação Nacional das
Empresas de Seguros Gerais (CN-
SEG). Se levarmos em conta que
temos 65 milhões de automóveis
(mais picapes e caminhonetas), da-
dos de 2018 do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), a
informação mais recente disponível,
quase 20 milhões de carros circulam
por nossas ruas, avenidas e estradas
sem nenhum tipo de seguro.
Com foco nesse enorme público,
ainda neste mês de junho será lan-
çada uma modalidade diferente de
seguro, que as pessoas podem con-
ou pay per use, tratar pelo sistema
pago conforme o uso, pelo período
que o usuário desejar.
VEÍCULOS FORA DAS REGRAS
“As pessoas não contratam seguro
por diversos motivos: algumas real-
mente não podem pagar ou acham
muito caro. Mas há também os que
possuem veículos que não entram
nas regras de aceitação das segura-
doras, seja por causa da idade, seja
Seguro pago conforme
o uso chega ao Brasil
pelo modelo ou mesmo característi-
cas como blindagem, entre outras”,
explica Bruno Porte, diretor de ope-
rações e TI da Argo Seguros.
O novo produto da Argo Seguros
chama-se Instant, oferece proteção por
perda total por acidente e pode ser con-
tratado por períodos curtos,
como 24 horas. “Antes de
viajar, por exemplo, o
cliente aciona o se-
guro por meio de
um aplicativo,
indicando seu
ponto de par-
tida e o desti-
no. O seguro
cobrirá todo o
trajeto, ou seja,
a estrada ou ro-
dovia, além de
parte do perímetro
urbano, por 24 horas. O
nal vai depender da valor fi
importância segurada – no
caso, o valor de tabela do
veículo”, explica Porte.
REGULAÇÃO
A modalidade, que já existe em outros
países, foi autorizada pela Superinten-
dência de Seguros Privados (Susep),
em agosto do ano passado, por meio
da Circular 592, que permitiu a cus-
tomização de planos de seguros com
vigência reduzida de contrato e perío-
do intermitente. “Nós nos posiciona-
mos como pioneiros na contratação
exclusivamente pelo uso sob demanda
porque, ao contrário de outras
empresas do mercado,
não cobramos taxas
mensais nem valo-
res recorrentes”,
explica Porte.
A contra-
tação do Ins-
tant é feita
via corretor
de seguros,
que cadastra
o cliente por
meio de um app
desenvolvido pela
empresa para funcio-
nar como uma carteira
digital, em que será pos-
sível acessar os créditos,
ativar o período de co-
bertura, obter dados da
apólice e pontos de contato.
“Para o consumidor, é muito fácil
de manusear e o sistema conta com
um geolocalizador, que é ativado
ponto a ponto do trajeto do veículo.
Até a vistoria, que é virtual, é feita
por meio de uma câmera no próprio
app”, explica o diretor de operações
e TI da Argo Seguros. Ele esclarece
que serão comercializados créditos,
que o cliente utiliza conforme sua
necessidade. “Iremos disponibilizar
20 créditos, que podem ser usados
pelo período de 12 meses. O valor
por 24 horas de crédito varia de
acordo com o veículo, mas começa-
mos em R$ 26,90”, diz.
ALINHADO ÀS NOVAS TENDÊNCIAS
O produto também foca nas pessoas
que utilizam outros modais durante
a semana, sobretudo para seus des-
locamentos diários, mas que conti-
nuam tendo carro para situações es-
pecíficas. De acordo com o diretor
da Argo, para esse perfil, o preço do
seguro cheio ficou muito alto, por-
que usam pouco o veículo.
“Vemos um movimento forte de
descentralização das habitações,
com muita gente indo morar em ci-
dades próximas dos grandes centros
e usando fretados em seus desloca-
mentos ou mesmo bicicletas. Nosso
seguro entra como uma opção que
faz muito sentido”, afirma.
Batizado de Instant, o produto pode ser contratado
por curtos períodos (como antes de uma viagem) ou por
quem tem carro, mas não o utiliza com muita frequência
Inscreva-se no
Summit Mobilidade
2020, que será
realizado em
12 de agosto:
summitmobilidade.
estadao.com.br
No caso de viagens,
o seguro é acionado
por meio de recurso
de geolocalização
no próprio app
Bruno Porte,
da Argo Seguros: nova
opção para atender
a nichos do mercado
Fotos: Fernando Gavronski
Bom, no começo deste texto, eu
disse que não temos como fazer pre-
visões, e mantenho minha fala. Sendo
assim, eu diria que o mundo caminha
cação da forma de para uma ressignifi
cação não se locomover. Essa ressignifi
está baseada em um modal único e so-
lucionador, e sim em uma combinação
ciente de todos eles.inteligente e efi
No Waze, acreditamos fortemente
que as cidades devem ser criadas para
pessoas, e não para carros. Defende-
mos também que o primeiro passo
para a transformação é a mudança de
hábitos, pois é ela que vai pautar as po-
líticas públicas. E essa mudança está,
nalmente, acontecendo em massa.fi
Estamos caminhando para um
mundo em que não teremos separa-
ções entre ciclista, pedestre, motorista
ou passageiro. Todos alternarão entre
todas as modalidades de transpor-
te, gerando uma redistribuição bem
mais equalizada e evitando a satura-
ção das infraestruturas e, por que não
dizer?, da saúde das pessoas.
é head do Waze Douglas Tokuno
Carpool para a América Latina
O PRIMEIRO
PASSO PARA A
TRANSFORMAÇÃO É A
MUDANÇA DE HÁBITOS,
POIS É ELA QUE VAI
PAUTAR AS POLÍTICAS
PÚBLICAS.
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20 milhões
de carros
não possuem
nenhum tipo
de seguro
Eles
representam
70%
da frota
brasileira de
automóveis*
* Fonte: CNSEG
R$ 26,90
é o preço inicial
do seguro
por 24 horas
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