O Estado de São Paulo (2020-06-17)

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2020 Especial H3


G


osta de bobó de camarão?
O Tordesilhas faz o melhor
da cidade, com o creme de
mandioca brilhante e aveludado,
camarões grandes, firmes e ma-
cios, aquele tempero que te leva
direto para a Bahia e dois delicados
acaçás (R$ 79).
Se o apetite estiver mais para o
baião de dois (R$ 69; foto ), o do Tor-
desilhas é delicadíssimo, com fei-
jão manteiguinha de Santarém (a-
quele mini), minúsculos cubinhos
de queijo de coalho, carne seca refo-
gada na manteiga de garrafa, couve
fininha e quibebe com gengibre.
Deu vontade?
Desde ontem, o restaurante de
Mara Salles está fazendo delivery.

Em alto estilo. Não apenas porque a
dona da casa é uma grande cozinheira,
professora, escritora, pesquisadora,
viajante atenta aos modos de fazer e
às técnicas regionais e porque os pra-
tos em cartaz viajam bem em embala-
gens biodegradáveis. Mas também
porque a entrega oferece uma chance
de você aprender sobre a cozinha bra-
sileira: basta apontar a câmera do celu-
lar para o QR Code na embalagem pa-
ra ouvir a chef falar da origem do pra-
to ou dos bastidores da preparação, de
um jeito delicioso. Ela gravou uma
série de podcasts com comentários
curtos e bem simpáticos. Enquanto
você abre a caixinha da mandioca
(R$ 22), rouba uma só para provar e
fica tentando entender como é que a

mandioca frita pode chegar tão cro-
cante na sua casa, a chef explica que
tem um fornecedor especial, o Léo, na
feira do Mandaqui, e que adaptou a
mandioca para viagem cortando fini-
nha e comprida. Você vai saber tam-
bém que a moqueca que está receben-
do é a capixaba (sem dendê), prepara-
da em panelas artesanais, de barro,
feitas pelas paneleiras de Goiabeira,
patrimônio imaterial do Espírito San-
to, reconhecido pelo Iphan. Se prefe-
rir deixar a história para outra hora,
sem problemas, terá diversão de sobra
com os camarões tenros e o peixe, co-
zido ao ponto, acompanhados por um
caldo suave, com molho de pimenta à
parte, arroz e farofa de dendê (R$ 89).
Além dos clássicos regionais, o deli-

very oferece PFs fixos a cada dia da
semana, por R$ 49. Terça-feira tem
picadinho; quarta é dia de feijoada;
na quinta, vem o baião; e, na sexta,
o PF é caiçara – peixe com molho
de moqueca, arroz, farofa e bana-
na-da-terra grelhada.
Escolha o prato que tiver vonta-
de, sem medo de errar. Mas, na so-
bremesa, não hesite: vá de cocada
de tabuleiro com calda de tamarin-
do (R$ 22). É uma perfeição, o aze-
dinho da calda equilibra a doçura
da cocada...
Esse recomeço em plena pande-
mia dá início às comemorações de
30 anos do restaurante dedicado à
cozinha brasileira, que, desde o iní-
cio, soube prestigiar o produto e os
fazeres autênticos, com um toque
de delicadeza da chef, claro.
Delivery pelo iFood.

Fica aí


PELA CASA


l]


casa


E BOAS ENERGIAS


HARMONIA

Técnicas do feng shui e dicas do método de Marie Kondo podem mudar o astral da casa


Ana Lourenço


Se alguém falar que insônia ou
estresse pode ter relação com
sua casa, você acreditaria? A ma-
neira como se relaciona com ela



  • seja pela disposição dos mó-
    veis, seja pelos objetos acumula-
    dos – pode refletir no bem-es-
    tar. Para os mais místicos, um
    caminho é a prática do feng
    shui, que prega que a decoração
    de um ambiente – cores, adere-
    ços, posição dos objetos – gera
    um fluxo constante de senti-
    mentos e percepções. Já os
    mais práticos podem se identifi-
    car com o método Konmari,
    idealizado por Marie Kondo.
    “Isso traz felicidade?”, nor-
    malmente indaga Marie em seu
    programa da Netflix. O questio-
    namento é feito em uma tentati-
    va de evitar tudo aquilo que não
    é mais útil na casa e, claro, o ex-
    cesso. “Todo mundo acha que o
    movimento é sobre jogar as coi-
    sas fora, mas, na verdade, é ficar
    com aquilo que alegra; justamen-
    te o oposto”, diz Mônica Vieira,
    especialista em organização for-
    mada no método Konmari.
    O feng shui, por sua vez, é
    uma técnica milenar chinesa
    que nasceu com mestres taois-
    tas que, a partir da observação
    da natureza, faziam uma análi-
    se do espaço onde as comunida-
    des iriam viver, segundo expli-
    ca a consultora Vera Souza.
    Não é preciso escolher entre
    o feng shui e o método da organi-
    zadora japonesa – se quiser, po-
    de adotar ambos. A seguir, confi-
    ra dicas para harmonizar a casa.


Feng shui. “A premissa do
feng shui é a harmonização dos
espaços com intenção de melho-
rar a circulação da energia vital,
que chamamos de ‘chi’”, diz Elai-
ne Gonzalez, da UMM Arquite-
tura de Interiores. Por isso, se a
casa tem essa energia garantida,
seus moradores também sen-
tem a vibração. “Casa é – ou de-
veria ser – o lugar que a gente vai
se reabastecer”, diz Vera Souza.
São várias vertentes que têm
como base o feng shui. Uma de-
las utiliza o baguá, uma mandala
octogonal que demonstra os no-
ve setores importantes da vida:
sabedoria, carreira, família, pros-
peridade, sucesso, relacionamen-
to, criatividade, amigos e, no cen-
tro, a saúde. “Fazemos a leitura
física desse espaço usando a plan-
ta baixa da casa, e ela nos mostra
quais aspectos podem ter desa-
fios”, conta Vera. “Eu leio os si-
nais – uma parede descascando,
uma infiltração, pode ser que eu
tenha dificuldades no aspecto
correspondente da minha vida.”


O fundamento é se espelhar na
natureza e em seu equilíbrio. As
forças yin e yang, por exemplo,
mostram essa estabilidade. “A
primeira seria a noite, o frio, o es-
curo. Já o yang seria o dia, claro,
quente, aberto. Não existe um
mais importante; existe a necessi-
dade dos dois”, comenta Vera.
O quarto deveria ser o lugar
mais yin da casa. Porém, com o
home office, muitas pessoas pas-
sam grande parte do dia nele, tra-
balhando e, assim, carregando-o
com energia yang, o que pode in-

fluenciar negativamente o sono.
“Um pouco antes de dormir, é
legal deixar a janela aberta, desli-
gar o computador e até tirá-lo da
tomada, se possível, para trans-
formá-lo em um lugar de descan-
so”, aconselha a consultora.
No quarto, é indicado ter uma
cabeceira e evitar que ela encoste
em superfície com tubulação, o
que ocorre quando a parede divi-
de o quarto do banheiro, por
exemplo. “A água pode influen-
ciar a energia e o sono”, diz Vera.
Coloque a cama em “posição de

comando”, de forma que quem es-
tá deitado possa ver quem entra.
“Na cozinha, é importante ob-
servar a localização do fogão,
que é símbolo de abundância”,
sugere a arquiteta Elaine Gonza-
lez. O ideal seria ter uma cozi-
nha em formato de ilha ou que o
fogão fosse posicionado de for-
ma que ninguém possa assustar
o cozinheiro chegando por trás.
A sala, onde receberemos (no
pós-pandemia) amigos e familia-
res, deve ser pensada com a ideia
de anfitrião. “Escolha móveis

com escala adequada, tomando
cuidado para não obstruir a circu-
lação e deixar livre o caminho da
porta de entrada”, indica Elaine.
Já o banheiro deve ser pensa-
do como local de limpeza. As-
sim, tente deixá-lo relaxante
com a ajuda de velas, aromas e
plantas. “Recomendo também
sempre fechar a tampa do vaso
e a porta do local, pois ali existe
um vórtice de energia muito for-
te para baixo, que pode sugar a
energia boa”, explica Vera.
De acordo com as duas espe-

cialistas, os cinco elementos –
água, madeira, fogo, terra e me-
tal – são qualidades energéticas
que podemos combinar em ca-
sa. “A bagunça e aquilo que está
em desuso pode ser obstáculo.
Por isso, feng shui e organização
caminham juntos”, diz Vera.

Konmari. Tudo o que você tem
em casa deveria partir de uma
escolha consciente. “Se tem al-
guém de que você não gosta
muito, você se afasta. Dentro de
casa, deveria ser a mesma lógi-
ca”, diz Vera Souza. Caso guar-
de um presente de que não gos-
ta, um objeto que não usa ou al-
go quebrado, que tal se livrar de
tudo? Ter somente aquilo que o
representa e lhe faz feliz é o le-
ma do método de Marie Kondo.
Para saber de quais objetos se
livrar e conhecer mais seu pró-
prio lar, é interessante observar
item por item – a organização
deve ser por categoria, e não
por ambiente. “Sempre há obje-
tos que estão em mais de um
ambiente. Por exemplo, um is-
queiro, que é da cozinha e foi
parar no quarto ao acender um
incenso”, detalha Mônica Viei-
ra, especialista em organização
formada no método Konmari.
A primeira categoria deve ser
roupas, o que inclui sapatos, ves-
timentas, cintos e bolsas. “Colo-
que todas em uma pilha só. O
choque de ver tudo junto ajudará
no processo”, diz Mônica. O que
for sobrando, durante o proces-
so, separe em caixas e não mexa.
“O que faz o método funcionar é
o foco. A categoria roupas, por
exemplo, inclui bolsa, mas não o
batom que você acha dentro ne-
la”, orienta. Em seguida, arrume
papéis, livros e objetos diversos.
A última – e mais difícil – cate-
goria são objetos com valor sen-
timental. “Tem gente que tem
muita dificuldade de desape-
gar. Mas precisamos perceber
que é um ciclo”, conta Mônica.
O que liberta da sensação de cul-
pa na hora de jogar fora ou doar,
de acordo com ela, é agradecer.
É interessante também levar
a própria natureza para dentro
de casa. “Espada-de-são-jorge,
lavanda, lírio-da-paz e jiboias
são espécies bem legais”, indica
Vera. Outra base essencial é dei-
xar o espaço fluir pela casa, ou
seja, não ter móveis maiores do
que a casa pode acomodar e poli-
ciar a quantidade de objetos.
Fique atento aos mitos.
“Achar que pintou uma parede
e resolveu sua vida ou que posi-
cionou um móvel de forma dife-
rente e tudo se transformou é
falso. A grande beleza está em
visualizar sua intenção à medi-
da que você insere objetos, tra-
balha com cores ou reposiciona
móveis”, observa Elaine.

PATRÍCIA FERRAZ
[email protected]
@patriciacferraz

KELLY PACIULO

Na sala de estar. Organize os móveis de forma que a passagem dos futuros convidados esteja garantida

Gaveta. É importante ver
todas as peças ao abri-la

Cozinha. Posicionamento
do fogão é prioridade

KELLY PACIULO FOTOS: MÔNICA VIEIRA

Pontapé. Para organizar a
casa, comece pelas roupas

Método Konmari. Olhe
cada objeto separadamente

Tordesilhas estreia delivery em grande estilo


LUCAS TERRIBILI

Plantas. A presença da natureza
dentro de casa renova o ar. Dê pre-
ferência às plantadas em terra.
Não escolha as artificiais, que têm
apelo somente visual, mas não
cumprem o objetivo desejado.


Reservado. Se possível, organi-
ze seus ambientes sozinho – a pre-
sença do outro pode influenciar
suas escolhas. Deixe o trabalho em
equipe para ambientes comuns.


Desapego. Saiba discernir o que


pode ser doado do que deve ser joga-
do fora. “Precisamos mostrar consi-
deração pelos outros, ajudando-os a
evitar o incômodo de possuir mais
do que precisam ou podem desfru-
tar”, conta Marie Kondo, em livro.

Amuleto. Tenha algum objeto
que realmente o represente e lhe
traga felicidade. O ideal é deixá-lo
bem à vista, para gerar um senti-
mento bom ao longo do dia.

Compreensão. Não adianta co-

locar vários objetos sem sentido
pela casa. “O espelho amplia as
coisas. Então, se você colocar um
em um local que não tem energia
muito boa, você pode ampliar os
seus problemas”, diz Vera Souza.

Adaptação. Para que a bagunça
ou a energia negativa não tenham
vez, conecte-se com sua casa e
passe seus objetos para o uso diá-
rio. “Por que usar aquela taça so-
mente uma vez por ano? Passe a
usá-la já”, sugere Mônica Vieira.
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