O Estado de São Paulo (2020-06-18)

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%HermesFileInfo:B-1:20200618:B1 QUINTA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2020 INCLUI CLASSIFICADOS O ESTADO DE S. PAULO


E&N


ECONOMIA & NEGÓCIOS


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


BC corta Selic pela oitava vez seguida;


taxa cai a 2,25% e juro real fica negativo


‘Vejo a Selic a 2,25% por pelo menos um ano’, diz André Loes. Pág. B3 }


Fabrício de Castro
Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA


Os efeitos negativos da pan-
demia do coronavírus sobre a
economia levaram o Banco
Central a reduzir a Selic (a ta-
xa básica de juros) pela oita-
va vez consecutiva. Em deci-
são unânime, os dirigentes da
autarquia cortaram, na noite
de ontem, a taxa em 0,75 pon-
to porcentual, de 3,00% para
2,25% ao ano. Este é o menor
juro básico já registrado no
Brasil. Ao mesmo tempo, a
instituição sinalizou que, no
próximo encontro, marcado
para o início de agosto, pode
manter a taxa no atual pata-
mar ou efetuar novo corte,
mas de menor intensidade.

Com a Selic a 2,25%, o Brasil
registra juro real (descontada a
inflação) negativo. Cálculos do
site MoneYou e da Infinity As-
set Management indicam que,
com a taxa básica neste pata-
mar, o juro real brasileiro pas-
sou a ser de -0,78% ao ano. O
País possui agora o 14º juro real
mais baixo do mundo, conside-
rando as 40 economias mais re-
levantes. A economia com o me-
nor juro real do mundo atual-
mente é a de Taiwan, com taxa
de -3,00% ao ano.
Na decisão anterior do Comi-
tê de Política Monetária (Co-
pom) do BC, do início de maio,
quando a Selic havia sido fixada
em 3,00% ao ano, a taxa real,
conforme os cálculos do Mo-
neYou e da Infinity Asset, ainda
era positiva, de 0,26% ao ano.
No mercado de taxas de juros
do Brasil, porém, já havia, du-
rante o mês de maio, ativos que
embutiam em seus preços um
juro real negativo.
A decisão de ontem do BC sur-
ge na esteira de uma série de da-
dos econômicos ruins registra-
dos nos últimos meses. Desde
que o isolamento social se tor-
nou inevitável para conter o nú-
mero de vítimas da covid-19, o
País vem amargando forte redu-
ção na atividade econômica e
da renda das famílias, além de
alta do desemprego.
Um dos dados mais recentes,
divulgado na manhã de ontem
pelo IBGE, apontou para queda
de 11,7% na prestação de servi-
ços em abril ante março.
Com a economia sob pres-
são, a expectativa dos analistas
era de que o BC, de fato, cortas-
se mais uma vez a Selic. De um
total de 54 instituições consulta-
das pelo Projeções Broadcast,
52 esperavam por um corte de
0,75 ponto da Selic, para 2,25%
ao ano. Duas casas aguardavam
pela redução de 0,50 ponto, pa-
ra 2,50% ao ano.


‘Incerto’. No comunicado que
acompanhou a decisão, o BC
avaliou, em linguagem técnica,
que a “conjuntura econômica
continua a prescrever estímulo
monetário extraordinariamen-
te elevado” – ou seja, juros bai-
xos. Ao mesmo tempo, a insti-
tuição reconheceu que, como a
Selic já despencou nos últimos
meses, um novo corte é “incer-
to e deve ser pequeno”.
“Esperávamos que o comuni-
cado deixasse uma porta entrea-
berta, sem se comprometer
com o fim de ciclo ( de cortes da
Selic
)”, afirmou o superinten-
dente de pesquisas macroeco-
nômicas do Santander Brasil,
Mauricio Oreng.


Em decisão unânime, dirigentes do Banco Central reduziram a taxa em 0,75 ponto porcentual, levando o juro básico ao menor valor já


registrado no País; colegiado também sinalizou que em agosto, no próximo encontro, Selic deve ser mantida ou pode cair, mas menos

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