O Estado de São Paulo (2020-06-18)

(Antfer) #1

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O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2020 Economia B


Paridade na


aposentadoria de


PFs é admitida


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Sandra Manfrini
BRASÍLIA

A Advocacia Geral da União (A-
GU) deu ontem parecer que re-
conhece a integralidade e pari-
dade das aposentadorias dos po-
liciais federais, rodoviários fe-
derais, legislativos e civis do Dis-
trito Federal. O parecer foi assi-
nado pelo presidente Jair Bolso-
naro e está publicado em edição
extra do Diário Oficial da União
(DOU) que circulou ontem.
A Federação Nacional dos Po-
liciais Federais (Fenapef) vinha
cobrando a edição desse pare-
cer à AGU, para que tivessem
garantido o direito à paridade e
integralidade das aposentado-
rias e pensões. O benefício cons-
ta na Emenda Constitucional
103/2019, que estabeleceu as no-
vas regras da Previdência.
No parecer publicado ontem,
a AGU conclui que os policiais
civis da União que ingressaram
nas respectivas carreiras até
12/11/2019, quando da imple-
mentação dos requisitos, fa-
zem jus à aposentadoria com
proventos integrais (totalidade
da remuneração do servidor no
cargo efetivo em que se der a
aposentadoria).
Os policiais civis da União,
ingressos nas respectivas car-
reiras a partir de 13/11/2019 fa-
zem jus à aposentadoria, com
proventos calculados pela mé-
dia aritmética e reajustados
nos termos estabelecidos para
o Regime Geral de Previdência
Social.

Idiana Tomazelli/ BRASÍLIA


Após desavenças em torno da
proposta de aumento dos inves-
timentos com recursos públi-
cos na fase pós-pandemia, os
ministros da Economia, Paulo
Guedes, e do Desenvolvimento
Regional, Rogério Marinho, se-
laram uma trégua e acertaram
um plano mais enxuto de obras
para ajudar na recuperação da
economia sem inviabilizar o
ajuste fiscal.
Os dois discutiram o assunto
na última quarta-feira, dia 10,
na primeira conversa que tive-
ram desde 22 de abril, quando
se desentenderam após a apre-
sentação do chamado Plano
Pró-Brasil. Na ocasião, Mari-
nho defendeu o aumento de gas-
tos do governo para financiar


investimentos, e Guedes o acu-
sou de atrapalhar a atuação do
Banco Central na crise e na po-
lítica de juros diante da reação
negativa do mercado, que te-
mia afrouxamento do ajuste
nas contas.
Segundo apurou o Esta-
dão/Broadcast , a conversa ser-
viu para “abaixar a temperatu-
ra” entre os dois ministros e
acalmar os ânimos. Interlocuto-
res afirmam que Marinho redi-
mensionou seu programa e ago-
ra “está alinhado” à orientação
da equipe econômica. Ao mes-
mo tempo, Guedes estendeu a
bandeira branca e deu sinais fa-
voráveis ao plano do ministro
do Desenvolvimento Regional.

Mais enxuta. As iniciativas do

MDR devem envolver a aplica-
ção de R$ 16 bilhões em três
anos – bem menos que o plano
inicial da pasta, que demanda-
ria o dobro desse valor (R$ 33
bilhões) apenas em 2020. Os nú-
meros ainda podem sofrer ajus-
tes, mas o importante, segundo
uma fonte, é o acerto para que a
parcela do plano bancada com
recursos públicos seja mais en-
xuta.
A previsão de recursos deve
contemplar o novo programa
habitacional que substituirá o
Minha Casa, Minha Vida. Como
antecipou o Estadão/Broadcast ,
o chamado “Casa Verde Amare-
la” deve focar num amplo esfor-
ço de regularização e titulariza-
ção fundiária. A ideia de Mari-
nho é mapear casas que já exis-
tem em áreas que sejam regula-
rizáveis para conceder o título
da propriedade e do terreno,
juntamente com uma verba pa-
ra reformas e melhorias que se-
jam necessárias. A pasta está fe-
chando os últimos detalhes pa-
ra o anúncio.
O anúncio do Plano Pró-Bra-

sil em abril, feito pelas alas mili-
tar e política do governo sem a
presença da equipe econômi-
ca, repercutiu mal no mercado
financeiro à época porque
soou como um abandono do
compromisso com o ajuste das
contas públicas. A área econô-
mica viu a iniciativa como uma
“bomba fiscal” e chegou a apeli-
dar o programa de “Dilma 3”
por prever a ampliação dos gas-

tos para a retomada econômi-
ca por meio de obras em in-
fraestrutura.
Guedes teceu críticas públi-
cas a esse modelo e, sem men-
cionar nomes, chegou a compa-
rar o desejo de colegas de am-
pliar investimentos públicos a
uma tentativa de “bater a car-
teira” do governo em meio à
crise provocada pela pandemia
do novo coronavírus.

Centrão. Na equipe econômi-
ca, a avaliação é de que Marinho
tentou atuar como um “pé de
cabra” do Centrão, bloco de par-
tidos que agora dá sustentação
política ao governo Jair Bolso-
naro e já manifestou desejo por
um governo mais “gastador”,
mas a estratégia deu errado.
O próprio ministro Paulo
Guedes tem intensificado a in-
terlocução com lideranças do
Centrão e teve, na semana pas-
sada, uma reunião com o depu-
tado Arthur Lira (PP-AL) e o se-
nador Ciro Nogueira (PP-PI),
dois caciques do PP, uma das
principais legendas do bloco. O
encontro foi uma “conversa po-
lítica” para tentar “aproximar”
os políticos da visão da área eco-
nômica.
Nessas conversas, segundo
interlocutores do ministro, os
líderes têm demonstrado posi-
ções “moderadas”. A avaliação
na equipe econômica é de que
os parlamentares estão cons-
cientes de que não é o momen-
to de pôr lenha na fogueira dos
gastos, e há a expectativa de que
o bloco seja um importante pi-
lar de sustentação na articula-
ção pelas reformas no período
pós-pandemia.

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


l Motivo da disputra
Rogério Marinho defendeu o au-
mento de gastos do governo para
financiar investimentos e Paulo
Guedes o acusou de atrapalhar a
atuação do BC na crise.

Guedes e Marinho selam trégua com plano mais enxuto


O governo estima que até 3,
milhões de empresas e contri-
buintes possam aderir ao no-
vo programa de renegociação
de dívidas tributárias, lança-
do ontem, e que R$ 56 bilhões
em débitos sejam renegocia-
dos. O programa, antecipado
pelo
Estadão/Broadcast e
batizado como Transação Ex-
cepcional, só atenderá contri-
buintes que comprovem pas-
sar por dificuldades financei-
ras devido à pandemia da co-
vid-19, mas permitirá que se-
jam incluídas dívidas anterio-
res à quarentena considera-
das irrecuperáveis ou de di-
fícil recuperação.

Os descontos oferecidos pe-
lo governo poderão chegar a
70% da dívida no caso de pes-
soas físicas, pequenas empre-
sas e instituições de ensino. Pa-
ra empresas em geral, serão de,
no máximo, 50%.
Segundo cálculos do gover-
no, do total renegociado com os
contribuintes, R$ 1,2 bilhão po-
derá ser arrecadado até o fim de
2020, possivelmente o ano
mais difícil em termos de recei-
ta para a União. Nos dois anos
seguintes, a arrecadação com o
programa poderá chegar a R$ 7
bilhões.
Em entrevista coletiva conce-
dida ontem para apresentar o
plano, técnicos do Ministério
da Economia negaram se tratar
de um Refis. Isso porque, em
programas de renegociação de
dívida anteriores, não havia a
análise da situação econômica
do contribuinte.
“A Transação Tributária não
é Refis, que concede benefício
linear. A Transição Tributária
tem esse viés mais refinado, ava-
lia a situação de cada contribu-
inte”, disse o procurador-geral


da Fazenda Nacional, Ricardo
Soriano de Alencar.
Ao lançar o Transação Excep-
cional, o governo toma a diantei-
ra no debate sobre o tema. Os
partidos do Centrão, que agora
sustentam politicamente o pre-
sidente Jair Bolsonaro no Con-
gresso, vinham discutindo um
projeto que criava um Refis

com descontos de até 90% nos
débitos tributários. Na terça-
feira, porém, o presidente da Câ-
mara dos Deputados, Rodrigo
Maia, afirmou que o novo Refis
devia se concentrar apenas nas
dívidas contraídas durante a
pandemia. “Tem de tomar cui-
dado para não misturar com
dívidas anteriores. Há sempre

uma cultura no Brasil de não pa-
gar impostos para esperar um
novo Refis e isso faz muito mal
para a economia”, disse.

Modelo. O Transação Excep-
cional prevê o pagamento de
4% do valor da dívida nos pri-
meiros 12 meses após o acordo.
Depois desse período e realiza-

dos os descontos, o valor restan-
te deverá ser quitado em até 72
meses. Para empresas peque-
nas e pessoas físicas, o prazo é
de até 133 meses.
Empresas com dívida de até
R$ 150 milhões, poderão fazer a
solicitação por um formulário
na internet, onde terão de infor-
mar receita, número de funcio-

nários e demissões realizadas
neste ano, entre outros itens.
Débitos superiores a R$ 150 mi-
lhões terão de ser renegociados
pessoalmente. Dívidas com o
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço), do Simples
Nacional e criminais não serão
aceitas no programa./ LUCIANA
DYNIEWICZ

Prestação de serviços tem queda histórica, 11, 7%. Pág. B6}


Bandeira branca. Marinho e Guedes fizeram acordo de paz

PABLO VALADARES/CÂMARA DOS DEPUTADOS-4/6/

Ministros têm consenso


sobre gastos públicos,


depois das desavenças


causadas pelo anúncio


do Plano Pró-Brasil


l Receita


R$ 1,2 bi
deverá ser a arrecadação do go-
verno com o programa em 2020


R$ 7 bi
deverão ser arrecadados
em 2022 e 2023


NAJARA ARAUJO/AGENCIA CAMARA

Novo ‘Refis’


deve somar


R$ 56 bi,


diz governo


Projeção é que 3,5 milhões de contribuintes


se enquadram em renegociação de débitos
Posição contrária. Maia era contra a possibilidade de que dívidas anteriores à pandemia pudessem ser renegociadas

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