O Estado de São Paulo (2020-06-19)

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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2020 NotaseInformações A


A


prisão de Fabrício Queiroz, ex-as-
sessor do senador Flávio Bolsona-
ro e amigo há décadas do presiden-
te Jair Bolsonaro, suscita muitas
perguntas incômodas que devem
ser respondidas o quanto antes, pa-
ra tranquilidade da Nação.
Queiroz foi preso sob acusação de interferir na
coleta de provas no caso em que é investigado
por suspeita de participação em esquema de “ra-
chadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Ja-
neiro. No esquema, funcionários de Flávio Bolso-
naro, então deputado estadual, devolviam parte
do salário que recebiam. O dinheiro era deposita-
do numa conta de Queiroz, que fez movimenta-
ções bancárias consideradas suspeitas em fiscali-
zação federal – inclusive um depósito de R$ 24
mil na conta da hoje primeira-dama, Michelle
Bolsonaro. Para o Ministério Público, trata-se de
uma organização criminosa montada no gabine-
te de Flávio Bolsonaro.
Desde que o escândalo emergiu, em dezembro
de 2018, o presidente e Flávio Bolsonaro, seu fi-
lho, dizem que se trata de perseguição política. A
reação de Flávio Bolsonaro à prisão de seu antigo
assessor segue nessa linha: “Mais uma peça foi


movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro.
Em 16 anos como deputado no Rio nunca houve
nenhuma vírgula contra mim. Bastou o presiden-
te Bolsonaro se eleger para mudar tudo! O jogo é
bruto!”, escreveu o senador numa rede social.
A tese da “perseguição políti-
ca” pode ser boa para animar os
camisas pardas bolsonaristas, as-
sim como até hoje anima a tigra-
da petista na defesa do chefão Lu-
la da Silva, mas, tanto em um ca-
so como em outro, tem pouca ser-
ventia jurídica. É preciso ser um
pouco mais objetivo em relação
às muitas questões que requerem
esclarecimento.
Em primeiro lugar, por que
Queiroz estava numa casa do ad-
vogado Frederick Wassef, que
tem Flávio e Jair Bolsonaro como
clientes e grandes amigos? Por que Frederick
Wassef disse duas vezes em 2019 que não sabia
onde estava Queiroz, embora funcionários da ca-
sa onde ele foi encontrado, em Atibaia (SP), te-
nham informado que o ex-assessor de Flávio Bol-
sonaro estava lá havia cerca de um ano?

Por que Fabrício Queiroz, malgrado sua exten-
sa folha de serviços prestados aos Bolsonaros e
sua canina fidelidade à família, foi exonerado por
Flávio Bolsonaro entre o primeiro e o segundo
turno das eleições presidenciais de 2018? Segun-
do o empresário Paulo Marinho,
bolsonarista de primeira hora e
que hoje é desafeto do presidente,
os Bolsonaros ficaram sabendo na
época, por intermédio de um infor-
mante na Polícia Federal, que as
autoridades já estavam cientes das
negociatas envolvendo Queiroz.
Também é lícito perguntar por
que Queiroz intermediou a contra-
tação, para o gabinete de Flávio
Bolsonaro, da mulher e da mãe de
um conhecido líder de milícia no
Rio, que estava na cadeia. A expli-
cação de que Queiroz o fez em “so-
lidariedade” à família do amigo, “injustamente
preso”, é ofensiva à inteligência alheia.
Por fim, mas não menos importante, por que
razão, em meio a essas grossas suspeitas, o presi-
dente Bolsonaro se esforçou tanto para trocar a
chefia da Polícia Federal no Rio de Janeiro, atro-

pelando até mesmo um de seus mais populares
ministros, o ex-juiz Sérgio Moro? Na infame reu-
nião ministerial de 22 de abril, convém lembrar,
o presidente, exaltado, informou aos presentes
que queria fazer a troca porque não iria esperar
que sua família ou amigos fossem prejudicados
“de sacanagem”, o que configura indisfarçável in-
terferência política para fins pessoais.
Em resumo, estamos diante de um emaranha-
do de suspeitas sombrias envolvendo a família
do presidente da República e, talvez, o próprio
mandatário. Sendo o sr. Jair Bolsonaro um presi-
dente que foi eleito com a retumbante promessa
de acabar com a corrupção e a desfaçatez no
País, é lícito esperar que ele e seu filho tenham
boas explicações para todas essas dúvidas que
ora inquietam os brasileiros de bem.
Enquanto aguarda ansioso por esses esclareci-
mentos, o Brasil deveria aproveitar para refletir
por que razão, desde pelo menos 2005, com a
eclosão do escândalo do mensalão, a política se
tornou um permanente caso de polícia, a despei-
to de todas as promessas de saneamento. Está
mais do que na hora de mudar – sem esperar a
vinda de outro messias de quermesse, que anun-
cia milagres enquanto arruína o País.

S


e o coronavírus im-
pacta mais alguns
grupos de risco –
pessoas idosas ou
com comorbida-
des –, a contração
econômica precipitada por ele
também atinge desproporcio-
nalmente alguns segmentos so-
ciais – pobres e jovens. A pan-
demia está agravando as desi-
gualdades em todo o mundo.
No Brasil, este impacto agudo
atinge uma sociedade já vulne-
rada por mazelas crônicas. O
País, um dos mais desiguais do
mundo, com serviços públicos
custosos e ineficientes, se recu-
perava a duras penas da pior re-
cessão de sua história. Some-
se a isso o clima de tensão per-
manente provocado por um
presidente negacionista, cuja
resolução de governar exclusi-
vamente para seu eleitorado e
barganhar acordos que garan-
tam sua sobrevivência no car-
go suscita constantes atritos
com as instituições da Repúbli-
ca. Neste cenário, é alentador
descobrir que o pioneirismo
tecnológico da iniciativa priva-
da pode pôr soluções para cha-
gas sociais literalmente na pal-
ma de nossas mãos.
Todos os anos o Fórum Eco-
nômico Mundial elenca 100 no-
vos pioneiros tecnológicos de
todo o mundo. Além de proje-
tos que buscam responder à co-
vid-19, o pelotão deste ano in-
clui, entre outros, lideranças
na captura de carbono, econo-
mias circulares, segurança ali-
mentar e acesso financeiro. Na
Índia, por exemplo, a platafor-
ma ZestMoney emprega algo-
ritmos para prover crédito ba-
rato a milhões de pessoas inca-
pazes de obtê-lo no sistema fi-


nanceiro tradicional. O merca-
do digital Twiga, do Quênia,
tem reduzido custos com comi-
da na África conectando direta-
mente os negócios para otimi-
zar a cadeia de fornecimento.
Entre os pioneiros cotejados
pelo Fórum figuram dois brasi-
leiros. A CargoX permite que
caminhoneiros rastreiem ante-
cipadamente coletas e entre-
gas, ao invés de caçar fretes
nas paragens de caminhões.
Com o alinhamento digital en-
tre a demanda das cargas e a
oferta dos caminhões, os cami-
nhoneiros aumentam seus ga-
nhos e os remetentes reduzem
seus gastos. O Descomplica é
uma plataforma que oferece a

milhões de estudantes mais de
70 mil cursos online. Os alu-
nos gastam em média uma ho-
ra por aula, ao menos três ve-
zes por semana, melhorando
em cerca de 45% seu rendimen-
to nos exames nacionais.
Numa reportagem sobre as
empresas que crescem mais
rápido nas Américas, o Finan-
cial Times destacou os em-
preendimentos tecnológicos
brasileiros focados em solu-
ções para comunidades caren-
tes. O grupo de comércio so-
cial Facily viabiliza uma plata-
forma para que consumidores
de baixa renda se congreguem
para fazer compras online com
descontos expressivos. O Pra-
valer oferece um sistema de fi-
nanciamento online que permi-
te a estudantes custear mensa-

lidades que normalmente não
estariam ao alcance de sua ren-
da. Cerca de 55% dos seus clien-
tes são os primeiros membros
de suas famílias a cursar o ensi-
no superior. O Alicerce é uma
startup educacional que ofere-
ce tutorias a baixo custo. Num
país em que 40% dos cidadãos
não concluem o ensino secun-
dário e 12 milhões são analfabe-
tos, esses sistemas podem ter
um impacto significativo.
Empreendimentos como es-
ses têm a virtude de combinar
impacto social com lucrativida-
de. Entre setembro e fevereiro,
o número de usuários do Fa-
cily aumentou cerca de 20%
por semana. Entre 2015 e 2018,
o Pravaler cresceu anualmente
39%. Em 2018, o nível de finan-
ciamento em startups como es-
sas atingiu US$ 1,3 bilhão, 50%
mais do que em 2017 e 370% a
mais do que em 2016.
Atualmente, seria irrealista
pretender que o ecossistema
tecnológico brasileiro dispute
com o Vale do Silício ou a Chi-
na. Mas, se nesses lugares os
gigantes tecnológicos estão di-
minuindo a distância entre a
Terra e as estrelas, as startups
do Brasil e outros países em
desenvolvimento podem fazer
algo em certo sentido até mais
valioso: diminuir a distância
entre ricos e pobres. Como
disse Marcos Toledo, sócio de
um fundo de capital de risco,
“ao invés de pensar em fogue-
tes espaciais, os pioneiros de-
vem focar nos imensos proble-
mas do Brasil, onde as pessoas
não têm acesso a serviços bási-
cos. A grande viagem interes-
telar para um pioneiro aqui é
solucionar o setor de educa-
ção ou saúde”.

N


o mesmo dia em
que os jornais di-
vulgaram um ofí-
cio enviado à
Procuradoria-
Geral da Repú-
blica pelo ministro da Justiça,
André Mendonça, pedindo a
abertura de inquérito para
apurar se uma charge e um ar-
tigo publicados num blog con-
tra o presidente Jair Bolsona-
ro ferem a Lei de Segurança
Nacional, um deputado bolso-
narista postou no YouTube
um vídeo no qual ameaça o Su-
premo Tribunal Federal, afir-
mando que seus ministros se-
rão destituídos por uma corte
militar se continuarem toman-
do decisões contra o governo.
“Os generais estão deixando
claro que quem manda no jo-
go é o dono do fuzil, não é a ca-
neta do sr. Fux”, disse ele.
O denominador comum
desses fatos é a corrosão do
significado das liberdades de
expressão e opinião previstas
pela Constituição. A iniciati-
va de Mendonça está fundada
na premissa de que os auto-
res da charge e do artigo con-
tra Bolsonaro teriam exorbita-
do dessa liberdade. Já a fala
do parlamentar bolsonarista,
no sentido de que pelas “re-
gras do jogo” o que prevalece
é a vontade dos donos do fu-
zil, foi classificada pelos go-
vernistas como livre exercício
do direito de opinião.
Esses dois pesos também
podem ser vistos num recen-
te rompante de Bolsonaro,
quando estimulou seus segui-
dores a invadir hospitais pú-
blicos para averiguar se os lei-
tos de emergência estavam
ocupados. A entrada em uni-

dades de saúde sem autoriza-
ção não é permitida e a incita-
ção é prevista como delito pe-
las leis penais. Mas, assim que
foi advertido para o fato de
que cruzara a fronteira da le-
galidade, Bolsonaro se apres-
sou em afirmar que teria fala-
do em “fiscalização”, não em
“invasão”, e que exercera seu
direito de opinião.
Semanas antes, ao criticar a
política de isolamento social
dos Estados e municípios pa-
ra conter a covid-19, ele tam-
bém havia dito que os brasilei-
ros têm o direito de ir e vir e
que as restrições à circulação
impostas por prefeitos e go-
vernadores eram inconstitu-

cionais. Agiu, mais uma vez,
interpretando o direito ao seu
modo, como se a as liberda-
des individuais nada tivessem
a ver com a situação excepcio-
nal em que se encontra a saú-
de pública. Desprezou o fato
de que a conduta irresponsá-
vel de alguns poucos poderia
colocar em risco a vida dos de-
mais cidadãos e ainda disse
que a Constituição lhe permi-
tia dar essa opinião.
Nesse sentido, quem, de fa-
to, atenta contra a segurança
nacional? Que há limites nas li-
berdades de ação e de expres-
são, isso não apenas é sabido
como, igualmente, previsto pe-
la própria ordem jurídica, que
tipifica os crimes de calúnia, di-
famação e injúria. O que é peri-
goso, porém, é o modo como

Bolsonaro e seu entorno ten-
tam corroer aos poucos esses
limites. A estratégia é conheci-
da. Violam normas jurídicas e,
quando denunciados, distor-
cem o que fizeram e falaram,
contornando as proibições le-
gais. Quando oposicionistas se
manifestam, eles os acusam
de serem “marginais” e “terro-
ristas” e, fazendo uma inter-
pretação estrita da lei, exigem
sua aplicação pelos tribunais.
E, quando estes cumprem seu
papel, agindo com isenção e
não se deixando curvar por
pressões do Planalto e das re-
des sociais, parlamentares bol-
sonaristas invocam o direito
de opinião para intimidar a
Justiça, afirmando que do fuzil
dos generais sai bala e da cane-
ta dos juízes só sai tinta.
Esse modo de interpretar a
liberdade de expressão pelo
bolsonarismo está levando o
País a uma trilha perigosa. Ain-
da que no plano formal a de-
mocracia esteja intacta, no pla-
no substantivo a Constituição
vai sendo sistematicamente
afrontada. Ministros da área
jurídica afirmam, sem corar,
que a “vontade do povo” está
acima das instituições repre-
sentativas e pedem investiga-
ções contra jornalistas. A cul-
tura política baseada nas liber-
dades fundamentais vai sendo
corroída por interpretações es-
tapafúrdias. E as resistências
às tentativas de acabar com a
independência dos tribunais
vão sendo minadas.
Não nos esqueçamos de
que o preço das liberdades pú-
blicas é a eterna vigilância. Há
quem diga que a expressão es-
tá gasta. Infelizmente, os fatos
mostram o contrário.

Caso de polícia


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

O modo de interpretá-las
pelo bolsonarismo
está levando o País
a uma trilha perigosa

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: [email protected]


Notas & Informações


Tecnologias de ponta nas bases sociais


Startups de países em
desenvolvimento podem
diminuir a distância
entre ricos e pobres

As liberdades de expressão e opinião


l Corrupção
Operação Anjo

O Ministério Público do Rio de
Janeiro e o de São Paulo, em
ação conjunta, enfim localiza-
ram e promoveram a prisão de
Fabrício Queiroz, em Atibaia,
num imóvel do advogado de
Flávio e Jair Bolsonaro, Frede-
rick Wassef. Queiroz é acusado
de participação em rachadinha
no gabinete de Flávio Bolsona-
ro, quando deputado estadual
no Rio de Janeiro. Esse é um
crime orquestrado por parla-
mentares que forçam seus fun-
cionários a devolver-lhes parte
do salário – as verbas de gabine-
te de cada parlamentar na As-
sembleia giram em torno de R$
120 mil. A esposa de Fabrício
Queiroz é considerada foragida
e está com mandado de prisão
expedido. O foco sobre a famí-
lia do presidente da República
aperta cada vez mais o cerco e
estremece as bases pouco sóli-
das do presidente. Aguardemos.
JOSÉ CARLOS SARAIVA DA COSTA
[email protected]
BELO HORIZONTE


E daí?
Finalmente Fabrício Queiroz –


eminência parda da família Bol-
sonaro – foi preso. O Ministério
Público foi eficiente e os servi-
ços de informações do presiden-
te, mesmo aquele paralelo, não
conseguiram detectar a ação
dos órgãos de persecução crimi-
nal. A família do presidente –
leia-se filhos – pode também
ser surpreendida. E daí?
NOEL GONÇALVES CERQUEIRA
[email protected]
JACAREZINHO (PR)

Desinteligência
E agora, o presidente Bolsonaro
vai demitir seus informantes
particulares? Não conseguiram
a informação...
TANIA TAVARES
[email protected]
SÃO PAULO

De novo
E Atibaia volta às manchetes.
Mas agora pelo menos temos
um preso.
GUTO PACHECO
[email protected]
SÃO PAULO

Revisitação
Atibaia de novo? O que há de
especial nessa cidade, tão ao

gosto dos fora da lei?
JOAQUIM QUINTINO FILHO
[email protected]
PIRASSUNUNGA

Não é só Atibaia
São muitos os pontos em co-
mum entre Bolsonaro e Lula.
Ambos são contra a liberdade
da imprensa, cada um tem seu
próprio exército – os fanáticos
da base bolsonarista e o “exérci-
to do Stédile” (MST) –, são po-
pulistas, centralizadores e auto-
ritários, têm mania de persegui-
ção e são tratados como “deu-
ses” pelos seguidores. E, enfim,
a coincidência de o sítio Santa
Bárbara e a chácara Sonho
Meu, onde foi preso Fabrício
Queiroz, serem em Atibaia.
VITAL ROMANELI PENHA
[email protected]
JACAREÍ

Queima de arquivo
A maré está subindo... A água
fria já está na metade da coxa.
Qual será o próximo chilique?
Ou teremos mais um Adriano
Nóbrega?
RICARDO HANNA
[email protected]
SÃO PAULO

Ruptura
Será que a prisão de Fabrício
Queiroz significa a tal da ruptu-
ra dita por Eduardo Bolsonaro?
LUIZ FRID
[email protected]
SÃO PAULO

General Osório
Se as Forças Armadas, cujo pres-
tígio está abalado pela sustenta-
ção dada a esse governo, fica-
rem contra a Justiça nas ques-
tões nebulosas que ligam Fabrí-
cio Queiroz à família Bolsona-
ro, envolvendo rachadinha e
milicianos, estarão ignorando o
alerta do general Osório, patro-
no militar: “A farda não abafa o
cidadão no peito do soldado”.
TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO
[email protected]
BELO HORIZONTE

l Saneamento
Lei no forno
Próximo de 1 milhão de infecta-
dos e de 50 mil óbitos pela as-
sustadora pandemia de covid-
19, a “guerra pela saúde” escan-
cara de vez a grande dívida do
Brasil com nossa população po-
bre e desassistida, a da falta his-
tórica e inconcebível de sanea-

mento básico para mais de 100
milhões de brasileiros. Porém é
um alento saber, como publi-
cou o Estado em manchete
(17/6), que Nova lei do saneamen-
to pode ser impulso para a econo-
mia pós-covid. Essa lei deve, fi-
nalmente, ser votada dia 24 no
Senado e aí vai direto para san-
ção presidencial – na Câmara
esse marco regulatório foi apro-
vado em meados de dezembro
de 2019. Como destaca o jornal,
aprovada a lei, vários grupos de
investidores estrangeiros já es-
tão interessados em participar
da concessão dos serviços de
fornecimento de água potável,
coleta e tratamento de esgotos,
que pode propiciar em 15 anos
investimentos de R$ 500 bi-
lhões e a criação de milhares de
empregos. Mas o mais impor-
tante é que se dê um fim a essa
vergonha sanitária. Segundo o
IBGE, esse flagelo atinge 74,
milhões de brasileiros (35,7%
da população) que vivem sem
serviços de coleta de esgoto –
4,4 milhões ainda fazem suas
necessidades fisiológicas a céu
aberto. Sem falar nos 35 mi-
lhões de pessoas que ainda não
são servidas por água encanada

e tratada. Sempre é bom lem-
brar que, para cada real investi-
do em saneamento básico, ou-
tros quatro são economizados
pelo Serviço Único de Saúde
(SUS), por se evitarem doenças
daí decorrentes.
PAULO PANOSSIAN
[email protected]
SÃO CARLOS

l ‘Embromavírus’
Endemia nacional
Excelente o artigo do economis-
ta Roberto Macedo no Estado
de ontem (A2). Trata-se de um
diagnóstico conciso, objetivo e
perfeito do nosso querido Bra-
sil. Enquanto os políticos, parte
deles incompetente e corrupta,
continuarem a defender os pró-
prios interesses e os de corpora-
ções que agem contra os inte-
resses da população, esta vai
sofrendo e permanecendo na
miséria. Com seus ótimos arti-
gos, Macedo tem indicado os
remédios certos para os proble-
mas do País, mas nossos políti-
cos preferem manter o “embro-
mavírus” bem atuante.
KÁROLY J. GOMBERT
[email protected]
VINHEDO
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