presidente e dono da casa onde
Queiroz foi encontrado nesta quinta-
feira pelos investigadores.
Os promotores esmiúçam os
indícios que os levaram a suspeitar
do plano. Eles se baseiam em
mensagens descobertas em
aparelhos de telefone celular
apreendidos durante a investigação.
“Amiga o que vc acha de vir aqui
amanhã? Pessoalmente terça feira a
gente resolve tudo. Vc não achas?”,
escreveu Raimunda Magalhães, mãe
de Adriano da Nóbrega, à mulher de
Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar,
no dia 30 de novembro de 2019.
Márcia encaminhou as
mensagens a Queiroz, informando
que iria ao encontro da mãe e da
mulher de Adriano na cidade de
Astolfo Dutra, em Minas Gerais. A
ideia era que, em seguida, a mulher
de Adriano levasse pessoalmente a
ele uma misteriosa “proposta”, ou um
“recado”. “A esposa do amigo vai
estar com a mãe dele terça feira, aí
ela vai falar com o amigo sobre o
recado. Depois que ela falar com o
amigo ela vai entrar em contato
comigo”, escreveu Márcia a Queiroz
naquele mesmo 30 de novembro.
Já no dia seguinte à mensagem,
1º de dezembro, a mulher de
Queiroz chega à cidade mineira,
localizada a pouco mais de 100
quilômetros de Juiz de Fora, em uma
região não muito distante da divisa
com o Rio, para encontrar a mãe e a
mulher de Adriano. De lá, ela manda
uma foto para Queiroz, que
demonstra preocupação em não
deixar rastros do encontro. Ele pede:
“Apaga sua localização”.
Em 2 de dezembro, um novo
diálogo entre Queiroz e a mulher traz
para a trama Luís Gustavo Botto
Maia, o advogado de Flávio
Bolsonaro. Nessa parte da narrativa,
os promotores levantam a suspeita
de que estava em curso uma grande
concertação – com participação de
“Anjo”, o apelido que seria de
Wassef, o advogado da família
presidencial – para que o tal plano
se concretizasse.
Botto Maia tinha acabado de se
reunir com o próprio Queiroz e com
Wassef em Atibaia e seguido, logo
depois, para o encontro em Astolfo
Dutra. “Anjo já foi?”, pergunta a
mulher de Queiroz, na madrugada de
2 de dezembro. “Já”, responde o ex-
assessor.
Embora estivesse marcada para
o dia 3, a reunião na pequena cidade
de Minas só ocorreu na quarta-feira,
4, porque a mulher de Adriano da
Nóbrega teve um “imprevisto”. Feita
a reunião, a mulher de Queiroz
voltou para o Rio e, dias depois, em
13 de dezembro, voltou a encontrar
a mãe do miliciano.
Nessa nova conversa, segundo o
MP, Raimunda já estaria portando a
resposta sobre a posição do
miliciano em relação à tal proposta
- provavelmente o plano de fuga, de
acordo com o relato dos
investigadores. Era um complexo
leva-e-traz, com a participação das
mulheres ligadas tanto a Queiroz
quanto a Adriano, a dupla que se
esgueirava para não cair no radar da
polícia. Nesse vaivém, a mulher de
Queiroz viajaria em seguida para
São Paulo para comunicá-lo
pessoalmente da “resposta”. A
viagem estava marcada para o dia
18 de dezembro. Só que houve um
empecilho: naquela mesma data, ela
foi alvo de um mandado de busca e
apreensão na mesma investigação na
qual era, ao menos até esta quinta-
feira, considerada foragida.
O MP não explica por que o tal
plano de fuga não teria sido levado
adiante. Também não ficam claros os
detalhes dos recados que transitaram
entre Queiroz e Adriano. Os
cuidados de ambos para não se
expor, ao que tudo indica,
funcionaram. Foi graças àquela ação