de busca e apreensão realizada em
meados de dezembro que os
investigadores conseguiram ter
acesso às trocas de mensagens.
“Restou evidenciado nos autos o
risco real de fuga da família do
operador financeiro da organização
criminosa”, dizem eles na peça
enviada ao juiz Flávio Itabaiana, que
ordenou a prisão do casal Queiroz.
Os promotores afirmam,
textualmente, que “Anjo”, o apelido
que depois se descobriu ser o de
Wassef, foi o responsável por
articular o plano para manter a família
de Fabrício Queiroz escondida.
“Fabrício de Queiroz e sua esposa
Márcia Aguiar passaram a adotar
uma complexa rotina de ocultação de
seu paradeiro, articulada por alguém
identificado como ‘Anjo’, que
propôs ocultar toda a família do
operador financeiro em São Paulo”,
diz o texto. Procurado, Wassef não
respondeu às tentativas de contato
de Crusoé.
Para além da interação com
Adriano Nóbrega – de quem,
segundo o MP, Queiroz recebeu ao
menos 400 mil reais – o ex-assessor
de Flávio Bolsonaro também é
suspeito de exercer influência sobre
um grupo de milicianos que atua na
região onde o ex-policial militar morto
pela polícia na Bahia exercia
influência.
Um capítulo à parte do pedido de
prisão levanta a suspeita da atuação
do ex-assessor de Flávio Bolsonaro
nas regiões de Itanhangá, onde mora
a Raimunda Magalhães, a mãe de
Adriano, e de Rio das Pedras, onde
atuava com mais força a milícia de
Adriano, e ainda na Tijuquinha, outra
área dominada pelos grupos
criminosos.
Um dos exemplos dessa
influência é um diálogo, de dezembro
de 2019, quando a mulher de
Queiroz encaminha um áudio no qual
um homem pedia a intervenção do
ex-assessor de Flávio para “telefonar
para milicianos em seu favor após ter
sido ameaçado por ‘meninos’ do
grupo que domina a região do
Itanhangá, em razão de um
desentendimento com um
comerciante local”.
“Eles foram lá na Tijuquinha, né,
os ‘caras que comanda aqui’ e foi
falar que eu bati nele, isso e aquilo.
Uma coisa que não aconteceu. Os
‘meninos’ me chamaram. Entendeu?
Só que eu conheço eles, né.
Conheço os ‘meninos’ tudo. Aí,
poxa. Aí eu queria que se desse para
ele ligar, se conhecer alguém daqui,
Tijuquinha, Rio das Pedras, os
‘meninos’ que cuida daqui”, diz o
interlocutor, que não chegou a ser
identificado.
Segundo os promotores, apesar
de demonstrar receio em fazer
contato telefônico com os milicianos,
por temer estar grampeado nas
investigações sobre o rachid no
gabinete, que já o cercavam, Queiroz
se comprometeu a resolver a
contenda e interceder pessoalmente
junto aos criminosos quando
estivesse no Rio.
“Ô Márcia, avisa a ele que é
impossível ligar pra alguém,
entendeu? Isso aí vai, uma ligação
dessa acontece de eu estar
grampeado, vai querer me envolver
em alguma coisa aí porque o pessoal
daí vai estar tudo grampeado. Isso
aí a gente, eu posso ir quando estiver
aí pessoalmente...”, respondeu.
Os promotores também
mencionam provas de como o
dinheiro proveniente do rachid
operado por Queiroz voltava para