Crusoé - Edição 112 (2020-06-19)

(Antfer) #1

Flávio Bolsonaro. Uma minuciosa
investigação, com dados das contas
e imagens de agências bancárias,
mostrou que Queiroz pagou boletos
e contas do filho de Bolsonaro.


Os promotores concluem que
Fabrício Queiroz pode ter quitado,
com dinheiro vivo, até 114 boletos
bancários de planos de saúde e
despesas das escolas das filhas de
Flávio Bolsonaro, que chegam à cifra
de 261,6 mil reais. Em alguns casos,
eles conseguiram recuperar imagens
de Queiroz realizando os
pagamentos e, também, as bobinas
do caixa para conferir os boletos
relacionados a cada transação.


Em outra frente, foi descoberto
um repasse misterioso de dinheiro
para a mulher de Queiroz pouco
antes do pagamento tratamento
médico pelo qual ele passou no
Hospital Albert Einstein, na capital
paulista. A origem dos recursos
usados para pagar as despesas no
hospital de luxo sempre gerou
desconfiança entre os investigadores.
Anotações encontradas durante as
buscas realizadas em dezembro de
2019 na casa da família e recibos


do estabelecimento mostram,
segundo o MP, que a senhora
Queiroz recebeu 174 mil reais de
“origem desconhecida”.

Ao apontar as provas do rachid
no antigo gabinete de Flávio, os
promotores juntam provas de que
Queiroz e Botto Maia, o advogado
do filho 01 do presidente, junto com
servidores da Assembleia do Rio,
tentaram adulterar os registro de
ponto para evitar a descoberta de
funcionários fantasmas. Conversas
de ex-assessores de Flávio mostram
a existência de servidores que
recebiam, não trabalhavam e
devolviam parte do salário para
Queiroz. Uma das servidoras admite
diversas vezes, em conversas com o
próprio pai, que era nomeada, mas
não frequentava a Alerj. Para o
namorado, ela chega a dizer que não
podia assinar o ponto à distância e
que, por isso, tinha que passar no
“trabalho” só para marcar o registro.

As mensagens mostram ainda
que, por intermédio de Queiroz, essa
mesma funcionária teria sido
chamada à Assembleia para assinar
o ponto retroativamente quando já

não nem era mais funcionária. A
estratégia foi combinada com um
assessor da casa, que também foi
alvo de um mandado de busca e
apreensão. Quando chamada a
depor pelo MP, ela voltou a pedir
ajuda a Queiroz, que incumbiu o
advogado Botto Maia, integrante da
equipe de campanha de Flávio
Bolsonaro, para socorrê-la. O
advogado a orientou a não
comparecer ao depoimento.

No mandado de prisão de
Queiroz, o juiz Flávio Itabaiana fez
questão de observar que ele deveria
ir para Bangu e não para uma prisão
militar. A explicação para a
preocupação do magistrado está em
uma caderneta da mulher do ex-
assessor. As anotações traziam
registros de policiais “amigos” que
poderiam ajudá-lo caso um dia ele
fosse preso e levado para o batalhão.

A gravidade das provas contra
Queiroz indica que a temporada dele
na prisão poderá ser bem longa. Para
o desespero de quem, até agora,
vinha tentando escondê-lo.

Com reportagem de Luiz Vassallo
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