O Estado de São Paulo (2020-06-20)

(Antfer) #1

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B6 Economia SÁBADO, 20 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Liliamar Pestana Gomes
Leiloeira Oficial | JUCISRS 168/00 banco.bradesco/leiloes leiloes.com.br

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LEILÃO - 33 IMÓVEIS


29/06/2020


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O Brasil empobreceu, mas não para sempre


l]


ERNESTO
LOZARDO

Nova perda. Guedes já havia sofrido uma derrota no caso da indicação para a presidência do BID, que ficou com os EUA

Cleide Silva


A Ford assinou ontem memo-
rando de intenções para a venda
da fábrica de São Bernardo do
Campo, no ABC paulista, com a
Construtora São José, especiali-
zada em empreendimentos imo-
biliários logísticos e comerciais


de alto padrão. O valor não foi
revelado pela montadora, mas,
na terça-feira, o prefeito da cida-
de, Orlando Morando, que ante-
cipou a informação da venda,
disse que são R$ 550 milhões.
Segundo Morando, a constru-
tora pretende oferecer parte da
área para uma montadora e par-
te para uma empresa de logísti-
ca. A venda ocorre um ano e qua-
tro meses após a Ford anunciar
o encerramento da produção lo-
cal, iniciada há mais de 50 anos.
O fechamento total ocorreu em
outubro. A unidade produzia o
modelo Fiesta e caminhões e em-

pregava 2,8 mil funcionários.
O acordo, segundo a Ford, é
resultado de um processo de se-
leção que envolveu uma série de
potenciais compradores no qual
a São José apresentou a melhor
alternativa para a planta e para a

região. A FRAM Capital atuou
na estruturação financeira e es-
tudo de viabilidade da operação.
Segundo a Ford, a conclusão
do processo depende da realiza-
ção de uma diligência conjunta,
que deve ser concluída em apro-
ximadamente três meses.
Procurada, a São José não se
pronunciou. Segundo fontes do
mercado, as concorrentes no
processo de licitação teriam si-
do Autonomy, Brookfield, GLP,
Prologis e Exeter Property. Ini-
cialmente três montadoras se
interessaram pela área – duas
chinesas e o grupo brasileiro
Caoa, mas não houve acerto.

Alternativas. “A assinatura des-
se memorando é um passo im-
portante para a concretização
da venda da fábrica de São Ber-
nardo”, disse Lyle Watters, presi-
dente da Ford América do Sul.
“Avaliamos uma série de alterna-
tivas e acredito que chegamos à
melhor solução entre as opções

para atender às necessidades da
região e gerar empregos”, afir-
mou o executivo. “A São José é
uma empresa grande e concei-
tuada, com presença nacional, e
tenho certeza de que será impor-
tante para São Bernardo.”
A São José atua no setor há 37
anos e está presente em dez Es-
tados nos setores de hotéis, lo-
teamentos, shoppings e ou-
tlets. O grupo foi responsável

pela construção, no ABC, do
Shopping São Bernardo Plaza.
Ontem, a Ford também con-
firmou que retomará a produ-
ção na fábrica da Bahia na segun-
da-feira e na de Taubaté em 1.º
de julho. A Toyota também vol-
ta a produzir em São Bernardo,
Indaiatuba e Porto Feliz no dia
22 e em Sorocaba no dia 26. Já a
Honda reabre as portas em Su-
maré e Itirapina em 13 de julho.

A


pandemia de covid-19 ocorre
numa fase de extrema fragili-
dade institucional, política e
fiscal brasileira. O plano emergencial
de R$ 900 bilhões, algo em torno de
12% do PIB, foi memorável, mas colo-
cou o País no desfiladeiro fiscal.
A dúvida é como e quando se dará o
retorno do crescimento e da emprega-
bilidade dos fatores de produção. Isso
estará vinculado às condições fiscais
dos governos, à manutenção do teto
fiscal, ao nível da dívida pública fede-
ral e ao controle dos preços macroeco-
nômicos para evitar a deflação.
Um dos aspectos de como evitar
uma grande recessão consiste em as-
segurar o teto fiscal e afastar a possibi-

lidade da emissão de moeda para finan-
ciar o déficit. A contenção dos gastos pú-
blicos, da dívida pública e do déficit pri-
mário será decisiva para manter o teto
fiscal – limite de dispêndios do governo
federal à inflação. Este último represen-
ta a âncora da estabilidade e da previsibi-
lidade dos preços macroeconômicos.
A retomada será pelas reformas estru-
turantes que permitam o equilíbrio fis-
cal, pois há o risco de não se reduzir o
déficit em menos de duas décadas. Para
ter ideia, em 2019 o déficit primário fis-
cal correspondeu a 1,3% do PIB; neste
ano ele crescerá mais de 7 vezes, poden-
do ficar em torno de 9,5%. Isso equivale a
consumir em um ano mais do que a pou-
pança que seria obtida com a reforma da
Previdência. Para manter a estabilidade
do teto fiscal, a redução desse déficit exi-
girá tanto aumento da arrecadação co-
mo diminuição dos gastos públicos.
Do lado da arrecadação de impostos,

só a retomada do crescimento poderá
conter o aumento da dívida pública. Pa-
ra tanto, quatro fatores serão cruciais: a
reforma tributária, a desoneração da fo-
lha de pagamento das empresas, a melho-
ra no ambiente de negócios e a consistên-
cia do marco regulatório para tornar crí-
veis os investimentos em infraestrutura.

A reforma tributária sobre o consumo
de bens e serviços, no conceito do siste-
ma IVA Dual, padronizará e simplificará
a arrecadação. Se o novo sistema tributá-
rio for aprovado neste ano, em 2023 ele
estará implementado. Essa reforma am-
pliará a base da arrecadação, eliminará

as isenções fiscais e pelo uso da nota fis-
cal eletrônica cobrada no destino promo-
verá eficiência na arrecadação em todos
os entes federados. Assim, a reforma tra-
rá dois benefícios imediatos: aumento
da arrecadação e redução da carga tribu-
tária no consumo e na produção. Desse
modo, descarta-se a irresponsabilidade
de novos pacotes fiscais e elevação de
impostos de qualquer natureza.
Do lado dos gastos, destacam-se a rele-
vância da reforma administrativa e o con-
gelamento dos salários de servidores pú-
blicos dos Três Poderes do governo bra-
sileiro por três anos. Esse gasto está em
torno de R$ 200 bilhões ao ano.
Abre-se, também, a oportunidade de
reduzir a obrigatoriedade dos gastos pú-
blicos: dos 93% atuais do Orçamento pa-
ra 75% ao longo de dez anos. Essa medi-
da permitirá a retomada dos investimen-
tos públicos em maior escala.
Por último, mas não menos importan-

te, nesta fase de redução abrupta da
demanda, da oferta e do emprego por
causa do isolamento social, ocorre
queda dos índices de preços: a defla-
ção. Ela impacta a dívida nominal das
pessoas e das empresas, que permane-
ce fixa, enquanto o valor nominal das
garantias de empréstimos, das recei-
tas e das rendas declina. Assim, dívida
e deflação de preços se retroalimen-
tam. Consequentemente, empresas
vão à concordata ou à falência, a reces-
são se aprofundará e o desemprego
aumentará. Esse cenário será transitó-
rio, caso se mantenha a taxa real da
Selic próxima de zero, reduzindo o im-
pacto da dívida social sobre a receita
das empresas e a renda das famílias.
A superação da crise exige as refor-
mas mencionadas. Todas estão na
agenda do Congresso Nacional. Caso
contrário, teremos banido a moderni-
dade do capitalismo corresponsável e
enraizado o atraso tecnológico, cultu-
ral e socioeconômico na Nação.
]
PROFESSOR DE ECONOMIA DA EAESP-FGV

Lorenna Rodrigues
Idiana Tomazelli / BRASÍLIA


A indicação de Abraham
Weintraub para o Banco Mun-
dial –Banco Internacional pa-
ra a Reconstrução e Desenvol-
vimento (Bird) – atrapalhou
os planos do ministro da Eco-
nomia, Paulo Guedes, para o
cargo e representa a segunda
derrota dele no campo inter-
nacional nesta semana. O no-
me foi mal recebido por inte-
grantes do banco e provocou
reação no Brasil: uma carta
contra a nomeação, com mais
de 250 assinaturas de econo-
mistas, intelectuais, parla-
mentares e artistas foi enca-
minhada ao organismo inter-
nacional.
Segundo o Estadão/Broadcast
apurou, Guedes queria que o
atual diretor executivo do Fun-
do Monetário Internacional (F-
MI), Antônio Bevilaqua, acumu-
lasse também a cadeira no Ban-
co Mundial. Isso estava sendo
discutido no início do ano, mas
a questão acabou sendo coloca-
da em espera por conta da pan-


demia do coronavírus.
Na quarta-feira, o governo
brasileiro teve de apoiar a indi-
cação, dos Estados Unidos, de
um nome para a presidência do
Banco Interamericano de De-
senvolvimento (BID). O Brasil
queria indicar um nome do País
para o cargo e vinha tentando o
apoio dos EUA para isso, o que
não se concretizou.
Agora, a pressão foi domésti-
ca e, apesar de a diretoria execu-
tiva do Banco Mundial ser de in-
dicação do ministro da Econo-
mia, Guedes teve de aceitar o no-
me do presidente Jair Bolsona-
ro. Segundo integrantes da pas-
ta, porém, isso foi acolhido pelo
ministro “com tranquilidade”.

Reação. Quinze instituições e
257 pessoas assinam o docu-
mento contra a indicação de
Weintraub, entre elas, o ex-mi-
nistro da Fazenda Rubens Ricu-
pero e os economistas Octavio
de Barros, José Roberto Afonso
e Laura Carvalho. Também
subscrevem o cantor Chico
Buarque e a socióloga Maria Ali-
ce Setubal, além de parlamenta-

res de oposição.
A carta foi enviada para os em-
baixadores dos países no Brasil
que são corepresentados e para
a representação do Banco Mun-
dial. O documento foi encami-
nhado para a representação do
Banco Mundial em Brasília e pa-
ra os embaixadores dos oito paí-
ses que o Brasil representa no
organismo. Enviamos essa car-
ta para desaconselhar fortemen-
te a indicação de Weintraub pa-

ra essa importante posição e pa-
ra informá-lo do potencial de
causar danos irreparáveis à posi-
ção do seu País junto ao Banco
Mundial”, afirma o texto.
Para Ricupero, a indicação de
Weintraub é altamente prejudi-
cial aos interesses brasileiros.
“O Banco Mundial tem uma
agenda comprometida com o
meio ambiente, tribos indíge-
nas, têm uma pauta progressis-
ta. Não vejo como um sujeito

como esse pode trabalhar nesse
ambiente”, afirmou. “Um ho-
mem que se autodefine como
militante não vai representar o
país imparcialmente”.
O ex-vice presidente do Ban-
co Mundial Otaviano Canuto,
que também ocupou o cargo
de diretor executivo para o
qual Weintraub foi indicado,
disse ao Estadão que esse é
um posto que exige “técnica e
diplomacia”. “Todas as pes-

soas que ocuparam esse cargo
construíram uma reputação de
respeito que permitiu ao Brasil
influenciar o banco além dos
4% do capital que essa cadeira
representa”, afirmou.
Sem citar Weintraub, Canu-
to disse que o contrário tam-
bém pode ocorrer: se o ocupan-
te do cargo não for bem-suce-
dido, o Brasil pode perder in-
fluência e cair no ostracismo.
Desde a indicação, o gover-
no vem ressaltando as expe-
riências de Weintraub em ban-
cos – ele foi economista-chefe
do Banco Votorantim –, na aca-
demia e no setor público. A
passagem de Weintraub pelo
Votorantim gerou polêmica.
Na quinta-feira, o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia, dis-
se que ele “quebrou o banco”,
o que Weintraub logo negou
nas redes sociais. Em 2009,
quando o ex-ministro estava
na instituição, o Banco do Bra-
sil comprou 49% do banco da
família Ermírio de Moraes, de-
pois do Votorantim ser atingi-
do fortemente pela crise finan-
ceira do ano anterior.

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


lUnidade fechada

lO Banco Mundial recebeu on-
tem a indicação do governo brasi-
leiro para que Abraham Wein-
traub, que deixou o Ministério da
Educação, passe a integrar os
quadros da instituição. Em nota
encaminhada ao “Estadão”, o ban-
co disse que recebeu comunica-
ção oficial do Brasil que indica “o

sr. Abraham Weintraub para dire-
tor executivo, representando o
Brasil e demais países do seu gru-
po (constituency) no Conselho de
Diretores Executivos do Grupo
Banco Mundial”. O tempo de seu
mandato, no entanto, não passa-
ria de três meses.
“Se eleito pelo seu consti-
tuency, ele cumprirá o restante
do atual mandato que termina
em 31 de outubro de 2020”, diz a
instituição, ressaltando que, da-
qui a quatro meses, “será neces-
sária uma nova nomeação e nova

eleição”.
Segundo a assessoria do Ban-
co Mundial, diretores executivos
são os representantes dos 189
países membros no Conselho de
Diretores do Banco Mundial e
são indicados ou eleitos pelos
acionistas.
O ex-ministro anunciou na
quinta-feira sua saída do gover-
no. Em vídeo publicado nas re-
des sociais ao lado do presidente
Jair Bolsonaro, Weintraub não
falou sobre o motivo para sua
saída. / PATRIK CAMPOREZ

‘É fundamental manter o auxílio de R$ 600’, diz presidente do Atacadão. Pág. B7 }


GABRIELA BILO / ESTADAO–19/2/2019

Ford avança na venda da fábrica do ABC


2,8 mil
era o número de funcionários
que trabalhavam na unidade da
Ford de São Bernardo, que
produzia o Fiesta e caminhões

Perfil. Empresa de logística e montadora devem dividir área

Construtora assinou


memorial de intenção


de compra com a


montadora; valor deve


chegar a R$ 550 milhões


Banco Mundial diz


que mandato só vai


durar três meses


A superação da crise exige as
reformas que permitam o
equilíbrio fiscal. Todas estão
na agenda do Congresso

Opinião


DIDA SAMPAIO/ESTADAO–29/4/2020

Weintraub


no Bird é


derrota


de Guedes


Ministro da Economia queria que diretor


executivo do FMI acumulasse a função

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