O Estado de São Paulo (2020-06-20)

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O ESTADO DE S. PAULO SÁBADO, 20 DE JUNHO DE 2020 Especial H5


Nathalia Molina
ESPECIAL PARA O ESTADO


Turismo dentro do Brasil e, de
preferência, em lugares aonde
se vá de carro. Com essas ten-
dências na pós-pandemia, a re-
tomada das viagens certamente
passa pelos hotéis. Resorts ou
pousadas, tanto faz. Daqui em
diante, o que os viajantes devem
ficar de olho são as práticas de
higiene e cuidados com a saúde.
“Quem conseguir passar uma
imagem de segurança vai ter van-
tagem”, avalia Marcela Ferreira,
professora do curso de Turismo
da Universidade Anhembi Mo-
rumbi. Para ela, marcas conheci-
das da hotelaria podem signifi-
car solidez. “A pessoa vai pesqui-
sar a viagem e, se encontrar um
Ibis, já sabe o que vai encontrar.
Se for ver uma pousada qual-
quer, pode ficar na dúvida.”
Hotéis menores também po-
dem transmitir confiança devi-
do ao número reduzido de visi-
tantes. “As sete villas, em um
bosque natural de 7 mil metros
quadrados, são bem ventiladas,
assim como o lounge ao redor
da piscina”, diz André Zanona-
to, proprietário do Etnia Casa
Hotel, em Trancoso, na Bahia.
“Justamente por propormos es-
se conceito, cada família ou ca-
sal em sua villa já está, pratica-
mente, seguindo o distancia-
mento.” Entre as várias medidas
para o retorno, em julho, está o
intervalo de 72 horas após o
check-out em cada quarto, an-
tes da entrada de novo hóspede.
“Acreditamos que os resorts,
por exemplo, sairão na frente,
exatamente por terem mais espa-
ços abertos do que os menores”,
afirma Emerson Belan, diretor
geral da CVC. “A retomada das
viagens vai se dar principalmen-
te no setor doméstico. Lugares
de praia, de campo e hotéis que
oferecem muito espaço de fato
livre serão as nossas apostas.”
A reabertura dos integrantes
da Resorts Brasil, associação bra-
sileira do segmento, depende
do controle da covid-19 nas cida-
des e de adaptações aos protoco-
los de segurança, diz Sérgio Sou-
za, presidente da instituição. Só
sete dos 56 empreendimentos
estão funcionando em junho; a
maioria volta em julho ou agos-
to. Outro aspecto é evitar retro-
cesso. “O que aconteceu em Gra-
mado (que reabriu para o turismo
e teve de retroceder) é a pior coisa.
A gente não quer isso”, diz Sou-
za. “A preparação não é peque-
na. Tem de começar a operar e
aperfeiçoar os protocolos. Ima-
gine isso em um resort com mil
apartamentos, embora todos es-
tejam com capacidade reduzida
para ter distanciamento.”
Segundo ele, sauna e jacuzzi
ficam fechadas em todos os re-
sorts. Estão liberados spa (“é
mais fácil de controlar com hora
marcada”) e piscina (“o vírus
não sobrevive no cloro e garanti-
mos o distanciamento entre ca-
deiras”). “Apesar de todo cuida-
do, a gente não vai ter uma explo-
são de demanda. A gente quer
passar essa segurança de que as
pessoas podem passar a ter o
seu lazer de volta, mas sabe que
o retorno vai ser paulatino”, diz.
A Airbnb, plataforma de com-
partilhamento de imóveis, vem
fazendo parcerias no mundo pa-
ra fomentar viagens localmen-
te. Por aqui, escolheu o Estado
de São Paulo. “Cidades perto
dos grandes centros ou de onde
a pessoa vive são a bola da vez”,
disse Leonardo Tristão, chefe


do Airbnb no País, em entrevis-
ta ao caderno Link do Estadão.
“No Brasil, estamos medindo o
interesse em viajar no volume
de buscas na plataforma e isso já
cresceu, quando olhamos para o
verão de 2021.” Para a limpeza
dos imóveis, a empresa criou o
Protocolo Avançado de Higieni-
zação, com a orientação de auto-
ridades sanitárias como o Cen-
tro de Controle e Prevenção de
Doenças dos Estados Unidos. O
intervalo mínimo entre hospe-
dagens deve ser de 24 horas.

Medidas. Independentemente
do tamanho e do estilo de hospe-
dagem, todos investem em uma
extensa lista de regras. A Asso-

ciação Roteiros de Charme lan-
çou o Guia de Orientação para
seus 73 integrantes. Entre as re-
comendações estão a entrega
de kit com máscara e álcool em
gel na chegada, a conscientiza-
ção dos hóspedes em relação ao
distanciamento e à higiene das
mãos e o treinamento para aten-
der a quem apresente sintomas.
Já o Fórum de Operadores Ho-
teleiros do Brasil (FOHB) lan-
çou um protocolo de biossegu-
rança feito com base em informa-
ções da Organização Mundial da
Saúde (OMS), da Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária (Anvi-
sa) e do Ministério da Saúde. No
link fohb.com.br/protocolos, há
o material para download.

Cada rede ou hotel busca uma
solução. “No início desta pande-
mia fechamos um acordo com o
Bureau Veritas para estabelecer
um protocolo, com selo de certi-
ficação de higienização e condu-
ta dos hotéis”, conta Patrick
Mendes, CEO da Accor América
do Sul. “Com isso, lançamos um
rótulo de limpeza e prevenção:
Allsafe. Em paralelo, revimos to-
dos os nossos procedimentos e
lançamos o Guia da Retomada,
para assegurar o seguimento de
novas medidas e procedimen-
tos, garantindo a saúde de cola-
boradores e clientes.” Dos 321
hotéis da Accor no Brasil, em tor-
no de 100 estão abertos.
Uma parceria do Palladium

Hotel Group com a suíça SGS,
empresa de inspeção, verifica-
ção, testes e certificação, leva-
ram à criação do protocolo de se-
gurança e bem-estar. A decisão
da Atlantica Hotels foi lançar o
selo Atlantica Safe & Clean Pro-
tocol (AS&CP) e um Manual de
Diretrizes, aprovado pelo Insti-
tuto do Coração (InCor) da Fa-
culdade de Medicina da Univer-
sidade de São Paulo (USP). En-
tre diversas medidas estão a me-
dição de temperatura dos hóspe-
des na recepção e a espera de 24
horas entre o check-out e a entra-
da da equipe de limpeza.

Hi-tech. Luiz Gonzaga Godoi
Trigo, professor do curso de La-
zer e Turismo da Escola de Ar-
tes, Ciências e Humanidades da
USP, destaca ainda os investi-
mentos da ho-
telaria em tec-
nologia de
ponta. “Além
da higiene
das camarei-
ras e do pes-
soal da cozi-
nha, vai fazer
diferença o uso de equipamen-
tos como o de ultravioleta para
higienizar bagagens e até robôs
no room service.”
O Botanique, que conta com
chalés individuais e suítes, locali-
zado na Serra da Mantiqueira, já
usa disparos de luz ultravioleta
para limpar as malas. “O hotel es-
tá com procura altíssima”, conta
Fernanda Semler, sócia e ideali-
zadora do hotel, reaberto desde
4 de junho. “As opções de mergu-
lho na natureza são raras em ho-
téis. A região de fazendas não ofe-
rece relevo, altitude, clima tem-
perado ou águas minerais. Certa-
mente mais pessoas se darão con-
ta, a partir de agora, que imersão
na natureza não equivale a con-
domínios lotados de paulista-
nos.” Antes da pandemia, o café
da manhã já era servido nos cha-
lés. Agora, todas as refeições são
entregues em room service.
Uma das mudanças mais visí-
veis no setor, aliás, diz respeito à
comida. “Recomendamos que o
atendimento de alimentação se-
ja feito, preferencialmente, nos

quartos. Caso seja em salões, de-
ve diminuir o número de mesas
para assegurar o distanciamen-
to mínimo de dois metros e as
refeições são servidas nas me-
sas, pois proibimos o bufê”, diz
Rebecca Wagner, presidente da
Agência do Desenvolvimento
de Monte Verde e Região (Mo-
ve), em Minas Gerais, cujos ho-
téis e pousadas também volta-
ram a funcionar em 4 de junho.
Nos pequenos hotéis, em ge-
ral, o bufê foi abolido. Nos gran-
des, encontram-se variações.
“Tem resort que faz à la carte ou
bufê invertido, com funcioná-
rios servindo as refeições. Em
outros, os hóspedes pegam a co-
mida com luvas descartáveis,
mas sempre com uma proteção
de acrílico por cima”, explica o
presidente da Resorts Brasil.
O Tauá Re-
sort Atibaia rea-
briu em 5 de ju-
nho com os hós-
pedes se servin-
do com luvas,
depois descar-
tadas. “Os talhe-
res serão saniti-
zados e embalados, sem contato
manual”, informou o Departa-
mento de Marketing do Grupo
Tauá de Hotéis. As refeições são
marcadas no check-in, quando
hóspedes recebem um kit com
cartilha de boas práticas, másca-
ra e álcool em gel. A luz ultravio-
leta está na tecnologia contra po-
luentes do ar no Tauá Aquapark
Indoor, parque aquático com 5
mil metros quadrados.
Para ser usado nos dez em-
preendimentos da GJP Hotels
& Resorts, que começam a vol-
tar em julho, um aplicativo com
várias funcionalidades está qua-
se pronto. “O hóspede poderá
realizar check-in e check-out,
consulta de cardápios e reser-
vas de serviços, além da geoloca-
lização nos resorts para verifi-
car o mapa de pessoas em tem-
po real, para que não haja aglo-
merações”, diz Fabio Godinho,
CEO do grupo, que conta com o
Hospital Sírio-Libanês para cer-
tificar e auditar os novos pa-
drões de higiene e desinfecção e
segurança em seus hotéis.

Pousada ou resort, não importa: o que trará o viajante de volta


será a imagem de higiene que a hospedagem conseguir transmitir


l]


HOTÉIS


NA PÓS-PANDEMIA


‘A PREPARAÇÃO NÃO É


PEQUENA. TEM DE


COMEÇAR A OPERAR E


APERFEIÇOAR’


Prato do Dia


PATRÍCIA FERRAZ
[email protected]
@patriciacferraz

D


izem que a melhor torta de
queijo da Espanha é a do bar de
tapas La Vinã, em San Sebas-
tian. Com seu balcão repleto de pint-
xos, como os bascos chamam as tapas,
este bar localizado no casco viejo, a par-
te histórica da cidade, vivia apinhado
antes da pandemia. Aos costumes, os
clientes comiam e bebiam de pé ao re-
dor do balcão e na calçada e encerra-
vam o programa com uma fatia da fa-
mosa tarta de queso. As tortas com a su-
perfície tostadinha, quase queimada, fi-

cam nas formas, expostas em pratelei-
ras, e vão sendo desenformadas confor-
me os pedidos. Elas têm parentesco evi-
dente com o cheesecake americano,
mas são mais cremosas, menos doces e
não levam cobertura.
A preparação é bem fácil. Um aviso: a
torta sai alta do forno, lembrando um
suflê, mas murcha conforme esfria. É
assim mesmo.

Ingredientes
(1 torta com 6 a 8 porções)

450g de cream cheese
4 ovos
250 ml de creme de leite fresco
200g de açúcar
60g de farinha de trigo (peneirada)
Raspas de limão (opcional)
Gotas de extrato de baunilha (opcional)
Preparo


  1. Corte dois pedaços de papel-manteiga
    para forrar uma forma redonda de fundo
    removível, calculando para sobrar papel
    para fora da forma. Molhe o papel, aperte
    levemente e estique, com muito cuidado
    para não rasgar. Forre a forma com o pa-
    pel molhado, deixando maior nas laterais.

  2. Bata o cream cheese e o açúcar (de
    preferência use a pá da batedeira, mais


resistente que o globo) até misturar bem.


  1. Acrescente os ovos, um a um, sem pa-
    rar de bater.

  2. Acrescente o creme de leite, sem parar
    de bater. Se for usar a baunilha e as raspas
    de limão (opcionais), adicione neste mo-
    mento.

  3. Junte a farinha de trigo peneirada. Bata
    mais um pouco.

  4. Preaqueça o forno.

  5. Despeje a massa na forma forrada com
    papel molhado e asse a 180º (forno bem
    baixo) por aproximadamente 50 minutos.
    Depois de 30 minutos, vá acompanhando a
    cor da superfície. Tire do forno quando esti-
    ver dourada. Deixe esfriar antes de desen-
    formar.


viagem


AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DE MONTE VERDE

Monte Verde. Hotéis criaram protocolos

GRUPO TAUÁ DE HOTÉIS

Cuidados. Tauá reforçou limpeza

Torta de queijo basca


Personalizado. No Botanique, na Serra da Mantiqueira, o café da manhã já era servido nos chalés – agora, todas as refeições são entregues no quarto

HOTEL BOTANIQUE

ELLEN SILVERMAN/NYT
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